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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.49 no.2 São Paulo abr./jun. 2015

 

EM PAUTA

 

A angústia do analista e a do analisando são a mesma?1

 

Is the analyst's anguish the same as the analysand's anguish?

 

¿La angustia del analista y la del analizado son la misma?

 

 

Luís Carlos Menezes

Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), com função didática

Correspondência

 

 


RESUMO

Esta comunicação foi apresentada durante um encontro sobre o seminário que Lacan dedicou ao tema da angústia na análise, articulada por ele em torno do conceito de objeto a. Trata-se da apresentação de um caso clínico centrado em uma fobia de contato, particularmente viva na situação analítica. Alguns desdobramentos desta análise permitiram ao autor situá-la na linha de reflexão de Lacan, assinalando ao mesmo tempo o interesse em aproximá-la da concepção freudiana de uma neurose atual no cerne das psiconeuroses.

Palavras-chave: angústia; complexo de Édipo; objeto a; neurose atual.


ABSTRACT

This paper was presented during a meeting about the seminar of Lacan on the subject of the anguish in analysis. The idea of the anguish in analysis was developed by him regarding the concept of object a. It is about a clinical case of phobia of contact, particularly vivid in the psychoanalytic situation. Some of the observed results enabled the author to relate this analysis to Lacan's thinking and, at the same time, to the Freudian idea of actual neurosis (in the core of psychoneurosis).

Keywords: anguish (angst); Oedipus complex; object a; actual neurosis.


RESUMEN

Esta comunicación fue presentada durante un encuentro sobre el seminario que Lacan dedicó al tema de la angustia en el análisis, articulada por él en torno del concepto de objeto a. Se trata de la presentación de un caso clínico centrado en una fobia de contacto, particularmente viva en la situación analítica. Algunos desdoblamientos de este análisis le permitieron al autor situarlo en la línea de la reflexión de Lacan, apuntando al mismo tiempo el interés en aproximarlo de la concepción freudiana de una neurosis actual en el centro de las psiconeurosis.

Palabras clave: angustia; complejo de Edipo; objeto a; neurosis actual.


 

 

Tenho interesse em interrogar o aporte de Lacan para o tema a partir de um caso clínico em que a angústia é uma constante. O paciente ocupa as suas sessões, várias por semana, falando com empenho, do início ao fim, em busca do entendimento de seu mal-estar. O que o angustia é ter de estar em companhia de alguém, ter de falar com outra pessoa, ou seja, aquilo que ele tem de fazer cada vez que vem às suas sessões. Enquanto se descreve, se explica, numa fala que se movimenta, acompanhada por uma gesticulação que completa o caráter expositivo-reflexivo do que diz. A angústia é evidente e ele a nomeia com frequência. Já na véspera das sessões, ficava, dizia ele, apreensivo, tenso.

Mais recentemente, conta de uma tarde de domingo sossegada em que ele desfruta da leitura de um romance policial, em companhia da mulher, quando acende o alerta perturbador de que a semana vai começar no dia seguinte, com a segunda-feira. E a angústia, literalmente sinal, se espraia na forma de desassossego, de preocupação, roubando o prazer do momento. Absurdo, nota ele, pois não teria nada em especial para fazer nem na segunda nem nos outros dias úteis. Nada, a não ser a expectativa de ser expulso da redoma dominical, ocupada apenas por ele e a mulher - relação que tem a virtude implícita de não ameaçar em nada a sua homeostase -, para, iniciada a semana, se ver jogado na vida ruidosa e imprevisível dos inevitáveis encontros com as pessoas em suas movimentações.

As suas sessões têm por objetivo tratar de sua angústia, me explicou ele tantas vezes; portanto, ele se concentra nisto e procura "me municiar" (sic) para que trabalhemos na direção certa. Ou seja, nenhum risco de imprevistos (palavra sua), enquanto se mantiver constantemente no rumo fixado, contando comigo, certo de que eu não possa querer senão isto mesmo - afinal, sou o psicanalista, não sou?

Estratégia prenhe de angústia para evitar a angústia do pior, da emergência do inesperado desestabilizador, do estrangeiro com seu potencial de subversão das coisas. Constrói uma prótese de Heim (familiar) - não o Heim como lugar para o objeto a, como diz Lacan, mas um Heim blindado defensivamente, em que possa compor com o analista um todo, um bloco, sem restos; principalmente porque estes podem estar vivos... e coisas vivas se mexem, como a semana que ameaça começar. Assim entendo o objeto a, formulado por Lacan (2004), em sua função de causa da angústia - tão presente nesta análise como aquilo que tem que ser constantemente exorcizado, neutralizado, pelo analisando, pois é ameaça iminente que o mantém acuado na sua análise, como em sua vida.

Neutro para escamotear qualquer particularidade pessoal: ideal do uniforme, do conforme e da reserva prudente. Nunca se arrisca a dar uma opinião que não esteja nos limites do convencional, nunca manifesta empolgamento com o que quer que seja e, com isto, não deixa brecha para a possibilidade de surgirem perguntas da parte do outro, em que o mais temido são as familiaridades, as aproximações em torno de pequenas coisas, mais pessoais, me diz ele. Se o objeto a é resto, e resto vivo, a aproximação com o outro em seus restos, em sua materialidade desejante, corpórea, é para ele, para além da angústia, ocasião de promiscuidade repulsiva. Mas como manter um comércio animado, vivo, com outros, sem passar por estas "materialidades corpóreas" pelas quais ele e os outros são seres pulsionais, desejantes e desejáveis?

O eixo desta análise, que se estende há já vários anos, encontra-se entre a angústia proeminente, sempre presente, impregnando qualquer contato com as pessoas, e o desejo pressentido, ignorado, impossível, de ter prazer em alguma forma de intimidade, o que leva à neutralização de si e dos outros.

As dificuldades desta análise em relação à reserva do analista (em que o paciente ficava entregue à angústia) e às tentativas de interpretação que se revelavam de pouquíssimo alcance encontram respaldo, para serem hoje pensadas, na postulação lacaniana de que o objeto a como causa da angústia se situa no real, sendo, pois, irredutível a qualquer tentativa de ser trazido para o plano do simbólico e do imaginário (Lacan, 2004). Ou seja, não é interpretável, assim como não o é a angústia na neurose atual para Freud, em outro contexto referencial (Freud, 1895/1989, 1920/2010).

Ora, se não é interpretável, o analista se equivocará ao ficar buscando a via de acesso interpretativa, pois esta cairá no registro transferencial do explicativo, na mecânica causal-compreensiva em que o analista era transferencialmente pressionado a entrar. O analista foi fazendo uma correção de rumo, passando a intercalar falas emergentes, associativas, suas, muito próximas do que era dito pelo paciente, e que produziam, no ir e vir, decalagens significativas.

Penso que assim estaríamos contornando um real irredutível, ao nos situarmos no terreno de evocações imaginárias com algum potencial simbolizante capaz de ir tornando mais porosa a sua blindagem autoinvestigativa. Desta maneira, possibilitamos o deslocamento de uma fala movida apenas pela angústia, e, portanto, toda na defensiva, para uma fala mais habitada pela busca desejante, pega em seus impasses edípicos, narcísico-edípicos, como vemos a seguir.

"Se eu saísse do pedestal, eu seria banal", disse ele, referindo-se à figuração dele como estátua, em que o banal, apesar de dizer a dimensão da perda, aponta para "ser livre". Há algum tempo vem afirmando em sessão o seu desejo de anonimato, de ser "como os outros". Numa ilustração recente, se referiu a Narciso, vendo-se ele próprio absorvido consigo mesmo, enquanto "o rio da vida passa ao largo". O analisando vem, pois, se pondo "na semana", vislumbrando o interesse em sair da "redoma dominical" junto à mulher, com a interrogação inevitável sobre partes de si utilizáveis ou não, na dimensão da castração.

Será útil, neste ponto, a menção a um sonho recente: trata-se de uma tentativa de fuga, que se inicia por "um avião com asas enormes andando pela cidade"; perguntando-se, no interior do sonho, "Como é possível isto?" (andar com um avião pelas ruas), para logo constatar que o avião não tinha asas. Ele quer fugir e ir para o exterior; é uma ditadura, Cuba. Ele entra no avião. Dentro, tudo é muito velho. Ele tenta fechar o cinto, mas não consegue. Vê a mulher na frente, conversando com as amigas: "É um outro mundo", pois "não têm a menor preocupação sobre como o avião vai poder voar sem asas". Estão falando do que vão fazer quando chegarem a Nova York.

O sonho nutre associações e afirmações suas, assim como algumas intervenções minhas. Não vou reproduzi-las aqui. Retenho apenas o que ele diz, nos desdobramentos do relato do sonho, ao me falar da pergunta que lhe fez seu irmão sobre como era possível que, sabendo nadar bem, ele não conseguisse nadar em águas mais profundas, quando não dá pé. Ele me diz que, se estivesse em alto mar, ficaria tão angustiado que daria "um branco" e não conseguiría nadar. Lembra também de uma emissão na tv em que "uns caras" se jogavam de falésias muito altas, contavam até três e puxavam o cordão que abria o paraquedas. Comenta que nunca faria isto: "Imagine se não conseguisse, num momento de medo, pegar o cordão e puxá-lo". No final da sessão, faz uma última afirmação bastante categórica referindo-se ao sonho: "É... O avião sem asas é velho, não funciona. Se quiser voar, será preciso trocar de avião".

Abrir mão do sintoma e tomar um novo avião seria a possibilidade de parar de fugir, usando o avião para viajar, como os outros, como qualquer um, como a mulher e as amigas, neste "outro mundo" em que ele não fosse o tempo todo prisioneiro da angústia. Seria poder, em face do mar profundo, ter uma resposta - fálica - de maneira a não ficar à mercê deste; ao se jogar da falésia, poder, "como os caras", puxar o cordão que abre o paraquedas.

Seria algo incerto, mas que está se apresentando como possível de contrapor ao grande Outro do enigma edípico - este, tão bem figurado em outro sonho, dos primeiros tempos de sua análise, em que ele se vê sobre uma pedra olhando para uma paisagem desértica, quando os tentáculos de algo que está sob a pedra o envolvem e o puxam para baixo, sem que ele possa saber o que esta coisa quer fazer com ele e sem qualquer recurso que lhe dê a possibilidade de descobrir uma saída. É uma situação inegociável e ansiogênica ao extremo, tanto quanto a ansiedade de vir, todas as semanas, a estas sessões em que o analista encontra-se atrás dele, fora de sua vista.

Estar no terreno fálico tem a ver tanto com a possibilidade de dispor de uma potência quanto com a de fracassar em seu uso: ter de confrontar-se com o "branco" em que não sabe mais como nadar ao se ver em águas profundas ou não ter a segurança de poder pegar e puxar o cordão do paraquedas a tempo. O mesmo vale para o analista, ao qual ele explica, no início de uma sessão recente, que está falando rápido porque teme perder o fio e que, se isto acontecesse, o analista não teria como dizer a ele o que ele ia dizer... e que assim perdería a comunicação. Que o analista lhe pergunte se isto já não é uma comunicação dá alguma trégua, pois ele silencia por alguns momentos...

Na sequência, lembra-se de um episódio cômico da infância em que estava montando um aviãozinho, seguindo as instruções. Em dado momento, ele lê que deve misturar a cola com parcimônia. Pensa que parcimônia seja alguma substância e vai à loja comprar; rindo, diz que o vendedor também não devia saber o que era parcimônia, pois só disse que não tinha e ele acabou dando um jeito. Solicitado, me diz que não perguntou para o pai ou para a mãe, que isto simplesmente não lhe ocorrera, o que, conjetura ele, poderia ter a ver com o jeito sempre calado e autossuficiente do pai.

Acaba, a seguir, contando que naquela semana vira no corredor de sua casa um pozinho: era cupim. Foi ficando irritado, conta ele, já meio desesperado, foi sendo tomado pela ideia destas casas em que os móveis, em que tudo é comido pelos cupins. Houve uma virada neste estado ao pensar que o que tinha de fazer era ligar para uma empresa que mandasse alguém para ver qual a extensão do problema e como tratá-lo. Comenta que a irritação inicial era por ter de depender da ajuda de alguém, completando que, por isto, a situação da análise é para ele expressão de fracasso.

Ele pode fracassar, certo, perder o fio, mas também o analista não terá como restituir-lhe o que ele não conseguiu dizer. Um analista que, como ele, pode falhar é uma presença muito diferente do monstro sob a pedra, do início da análise, apavorante por ser alguém que se encontra aquém da função simbólica, aquém da sujeição ao operador (-fi), na notação de Lacan, o que é indicativo da possibilidade de privação deste objeto imaginário com função simbólica que é o falo para o autor. O monstro, sem falhas, sem brechas, é um ser incapaz de fala, não estando assujeitado à linguagem, encontra-se aquém da castração simbólica como saída do complexo de Édipo (Lacan, 1998).

Na sequência associativa, ele disse que, finalmente, conseguiu montar o seu aviãozinho por conta própria, e também, acrescento, que contar com o funcionário "suposto saber" nos situa num plano em que "o fracasso", a afronta narcísica por ter de contar com uma análise e com um analista, apresenta-se como bem menos catastrófica, como mais praticável.

O funcionário, que lembra o encanador do sonho resolutivo do pequeno Hans, sonho no qual um encanador troca o seu "pipi" por um maior (Freud, 1908/1998), me faz supor que, nesta análise, no ponto em que está, a angústia pode apresentar-se numa forma dizível e figurável metaforicamente como angústia de castração. Esta é indissociável da emergência, tímida, mas esperada por ele, de fantasias recalcadas de ser apenas mais um entre outros, "banal" ou "anônimo", livre da tirania de seu "público", um público que figura a seu enredamento no desejo materno suposto.

Nesta análise, a angústia durante anos foi onipresente e imobilizadora, inclusive para a própria análise. Podemos dizer que a angústia estaria agora menos colada ao "objeto a", que a causa - no real -, e mais próxima do "objeto a" em sua função de causa do desejo, como ancoragem no real pulsional, certo, mas em que o recalque primário garante derivações imaginárias e simbólicas - fantasias - que vetorizam a vida psíquica na busca desejante com maior plasticidade. De fato, não é no real que a angústia de castração se sustenta, e sim no imaginário e no simbólico, terreno a que o falo foi promovido por Freud (1923/2011) e retomado por Lacan em suas formalizações sobre o complexo de Édipo (Lacan, 1998).

Tenho elementos para avançar a hipótese de que o que está em jogo, neste ponto da análise, diz respeito ao aprisionamento imaginário do paciente na função de cuidador do pai. Um pai muito presente em sua análise como alguém infeliz, incapaz de prazer e de vida, ensimesmado, imobilizado num estado implosivo, como alguém eternamente silencioso e inerte sentado frente à tv, estado que só se reverte na forma de explosões de raiva nas brigas com a mãe. Da mãe, ele recebe a incumbência de fazer companhia, de ir falar com o pai, mas enquanto fica ali, junto ao pai, é tomado pelo constrangimento e pela inibição de ambos. Penso que se desvencilhar desta tarefa, cuja função é marcada por uma identificação à imobilidade paterna, seria a condição para ele poder dirigir-lhe o pedido, conflitivo, mas indispensável, da autorização edípica para o uso de seu pênis, como falo - autorização que, vinda do pai, trouxesse com ela a garantia da interdição materna, pois se o pai pode autorizar, ele garante, ao mesmo tempo, a sua condição de poder assumir junto à mãe o lugar que lhe cabe.

Em relação à esquematização feita por Lacan do complexo de Édipo, o que estaria em jogo para este paciente, no ponto em que a análise se encontra, se situaria entre o segundo e o terceiro tempo do complexo, condição para não ter que se haver, por conta própria, com a sedução materna e, portanto, poder dar lugar, como qualquer um ("tornar-se banal"), à fantasia de desejo como vetor de sua animação libidinal (Lacan, 1998).

Em suma, acredito que possa apostar em sua possibilidade de pedir ao pai para ajudá-lo a conseguir a "parcimônia" necessária para poder terminar de montar o seu aviãozinho e, assim, conseguir fugir de onde está ilhado.

A concepção insistente em Freud de que no sintoma há um grão de areia do "atual", na imagem e na temática freudiana do automatismo da repetição, pode ser cotejada, quem sabe de forma fecunda, com o objeto a no real, postulado por Lacan como causa da angústia. Ao menos, me ajuda a pensar esta análise.

 

Nota

1 Trabalho apresentado na VII Jornada de Lacan na IPA, sobre a angústia, realizada na SBPSP, nos dias 9 e 10 de maio de 2014.

 

Referências

Freud, S. (1989). Du bien-fondé à séparer de la neurasthénie un complexe de symptômes déterminé, en tant que "névrose d'angoisse". In S. Freud, Oeuvres complètes (J. Laplanche et al., Trads., Vol. 3, pp. 29-58). Paris: PUF. (Trabalho original publicado em 1895)        [ Links ]

Freud, S. (1998). Analyse de la phobie d'un garçon de cinq ans. In S. Freud, Oeuvres complètes, (J. Laplanche et al., Trads., Vol. 9, pp. 1-130). Paris: PUF. (Trabalho original publicado em 1908)        [ Links ]

Freud, S. (2010). Além do princípio do prazer. In S. Freud, Obras completas (P.C. de Souza, Trad., Vol. 14, pp. 161-239). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1920)        [ Links ]

Freud, S. (2011). A organização genital infantil. In S. Freud, Obras completas (P.C. de Souza, Trad., Vol. 16, pp. 168-175). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1923)        [ Links ]

Lacan, J. (1998). Le séminaire, livre 5: les formations de l'inconscient, 1957-1958. Paris: Seuil.         [ Links ]

Lacan, J. (2004). Le séminaire, livre 10: l'angoisse, 1962-1963. Paris: Seuil.         [ Links ]

 

 

Correspondência:
Luís Carlos Menezes
Rua Deputado Lacerda Franco, 300/134
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luismzes@hotmail.com

Recebido em 27.4.2015
Aceito em 11.05.2015]

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