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Revista Brasileira de Psicanálise
versão impressa ISSN 0486-641X
Resumo
BOTELLA, Sára. A memória do sonho: um conflito epistêmico na teoria freudiana.Traduzido porClaudia Berliner. Rev. bras. psicanál [online]. 2015, vol.49, n.2, pp.142-153. ISSN 0486-641X.
A noção de "memória do sonho" (Traumgedãchtnis) aparece logo de início na obra freudiana, desde o primeiro capítulo d'A interpretação dos sonhos. Revela o interesse de Freud pelas "experiências" e pelas "impressões sensoriais" dos "primeiríssimos tempos da infância". Mas a importância concedida a essa memória da "vivência" da primeira infância que só o sonho é capaz de conservar, uma "memória sem lembrança", desaparecerá, sobretudo a partir dos anos 1910, em prol da memória da "transferência infantil", do conteúdo do relato do sonho, portadores das lembranças representadas. Para a autora, Freud impõe, assim, uma limitação a seu método e reduz o campo da rememoração. Isso torna ainda mais marcante o retorno da concepção de 1900 no final da obra freudiana. Em 1938, no Compêndio de psicanálise, a retomada da noção de "memória do sonho" deve ser entendida como um momento de ampliação do método, como indicação por parte de Freud da via a seguir para ter acesso aos traços não representáveis dos traumas dos "primeiríssimos tempos da infância", sem o que a análise fracassa, tal como a do Homem dos Lobos.
Palavras-chave : memória do sonho; sentimento de realidade efetiva; emergência sensorial; pré-história; conflito epistêmico.