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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.52 no.4 São Paulo out./dez. 2018

 

OUTRAS PALAVRAS

 

Intuição: do que se trata?

 

Intuition: what is it about?

 

Intuición¿De qué se trata?

 

Intuition - De quoi s'agit-il?

 

 

Débora Schaf

Psiquiatra pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre, mestre em ciências médicas - psiquiatria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista em psicoterapia de orientação analítica pelo Centro de Estudos Luís Guedes (Celg), membro aspirante da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho é uma tentativa de ampliar a compreensão e o debate sobre a capacidade que, por vezes, chamamos de intuição. Utilizando visões princIPAlmente da psicanálise, mas também da biologia, da física e da filosofia, procuro traçar um percurso com distintos pontos de visão sobre o tema. A intuição é tratada como uma forma de conhecer a realidade e o outro que não envolve processos descritivos, mas provém da vivência, do contato direto com o objeto. O que apresento é o resultado de uma reflexão sobre que vias e processos estão envolvidos no conhecimento intuitivo, associada a uma busca em diferentes áreas teóricas para auxiliar esta compreensão.

Palavras-chave: psicanálise, intuição, Bion, Kant, conhecimento


ABSTRACT

This work is an attempt at broadening the understanding and the debate about the ability we sometimes call “intuition”. The author's purpose is to draw a path with different points of view about the subject, by using perspectives from Biology, Physics, Philosophy, and especially from Psychoanalysis. Intuition is treated as a way of knowing the reality and the other person. It does not involve descriptive processes, but comes from experience, i.e. from the direct contact with the object. This work results from a reflection on what pathways and processes are part of the intuitive knowledge. The author searched in different theoretical areas to help this understanding.

Keywords: Psychoanalysis, intuition, Bion, Kant, knowledge


RESUMEN

Este trabajo es un intento de ampliar la comprensión y el debate sobre la capacidad que, a veces, llamamos intuición. Utilizando visiones princIPAlmente del psicoanálisis, pero también de la biología, la física y la filosofía, busco trazar un camino con distintos puntos de vista sobre el tema. La intuición es tratada como una forma de conocer la realidad y al otro que no involucra procesos descriptivos, pero proviene de la vivencia, del contacto directo con el objeto. Lo que presento es el resultado de una reflexión sobre qué vías y procesos están involucrados en el conocimiento intuitivo, asociada a una búsqueda en diferentes áreas teóricas para ayudar en esta comprensión.

Palabras clave: psicoanálisis, intuición, Bion, Kant, conocimiento


RÉSUMÉ

Ce travail-ci est une tentative d'élargir la compréhension et le débat concernant la capacité que, parfois, nous appelons intuition. Tout en employant des avis, surtout de la psychanalyse, mais également de la biologie, de la physique et de la philosophie, je cherche à tracer un parcours ayant différents points de vue sur ce thème. L'intuition est traitée comme une façon de connaître la réalité et l'autre, ce qui ne comprend pas des procédés descriptifs, mais qui est issue du vécu, du contact direct avec l'objet. Ce que je vous présente, c'est le résultat d'une réflexion que discute quels voies et procédés sont impliqués dans la connaissance intuitive, associée à une recherche dans de différents domaines théoriques, pour aider à comprendre l'intuition.

Mots-clés: psychanalyse, intuition, Bion, Kant, connaissance


 

 

Duas cenas iniciais

O primeiro cenário é a sala da casa dos meus pais. Minha mãe conversa com uma senhora que eu nunca havia visto. Eu a cumprimento com ar adolescente educado de 13 anos que não está a fim de conversa e vou adiante. Mais tarde, minha mãe comenta que vai alugar o apartamento da praia a ela. Eu, revoltada, digo que ela deve estar “viajando”, pois aquela senhora é uma “charlatona”. Minha mãe protesta, afirmando não saber de onde eu tirei aquela ideia absurda. Pois bem. Um dia o condomínio da praia entra em contato devido a uma queixa da inquilina sobre não ter máquina de lavar roupas. Qual foi a surpresa da minha mãe ao constatar que não conhecia a inquilina! Além de sublocar o imóvel, aquela senhora roubou a máquina e diversos outros itens de valor. Minha mãe a procurou para cobrar, mas foi ameaçada e descobriu que ela já sofria diversos processos na justiça.

O que foi que eu “vi” naquela senhora? O que me vem à cabeça são os cabelos muito loiros ou certa barriga que ela tinha. Mas há outras senhoras muito loiras e com certa barriga que me despertam sentimentos muito diversos. A verdade é que eu não sei.

O segundo cenário é o consultório de Cassorla (1991). Após três anos de tratamento, uma paciente apresenta angústia devido à ideia recorrente de que sua análise terminaria em outubro, sem ideia de por quê. Por três meses, Cassorla e a paciente buscam compreensão do que ela sente, sem sucesso. Ela entra em crescente sofrimento. Num dia de agosto, Cassorla associa a situação ao fato de ele estar esperando uma filha para outubro. Mas ele fica cético. Investiga um pouco, pergunta se a paciente ouvira algo sobre ele: nada. Um dia resolve perguntar se a paciente notou algo diferente nele. Ela responde rindo que olhou sua barriga e achou que estivesse grávido. Ele fica assustado. Em dado momento, ele intui que deveria comunicá-la de que estava esperando um bebê. De repente, pergunta se a paciente sabe que ele está esperando um filho. Ela rapidamente pergunta: “Para outubro?” Essa comunicação foi um ponto de virada no tratamento. A paciente se tranquilizou e agradeceu imensamente por ele ter lhe contado esse fato. Ambos puderam então analisar uma série de sentimentos de uma forma que antes não tinha sido possível.

 

Alerta aos caminhantes

Antes que você siga este percurso, gostaria de explicar que não visualizaremos de forma completa esses fenômenos, mas visitaremos alguns pontos na tentativa de ampliar a visão desta capacidade que, por vezes, chamamos de intuição. Por se tratar de um trajeto complexo e pouco sólido, esteja preparado para contradições e inconsistências, ainda que eu as evite ao máximo. O objetivo é abrir novos diálogos. Vamos usar princIPAlmente a perspectiva da psicanálise, mas também a da biologia, a da física e a da filosofia. Espero apresentar minhas visões de um jeito que você consiga aproveitar e imaginar novos percursos.

 

Ideias de partida

A palavra intuição tem origem latina e quer dizer “olhar para dentro” (Intuition, s.d.). Em nossa língua, recebe dois significados. O primeiro se refere a uma apreensão direta e clara, ao conhecimento imediato de um objeto em sua realidade. O segundo, mais popular, está ligado a uma capacidade de pressentir eventos (Ferreira, 2009), o que cria uma aura mística e faz com que esse termo seja menos utilizado em meios científicos. Desde que Freud sistematizou o estudo do inconsciente, a teoria psicanalítica lançou luz sobre esses fenômenos, possibilitando-nos considerar que boa parte dos chamados pressentimentos são intuições sobre processos que já se iniciaram, mas que ainda não foram processados de forma consciente.

Vista como parte fundamental da capacidade de conhecer, a intuição recebe grande importância no corpo filosófico de Kant, que embasou diversos aspectos da psicanálise, com influência marcante em Bion, mas também em Freud. Para Kant (1787/2012), o conhecimento é composto de dois elementos: a intuição (apreensão através dos sentidos) e os conceitos (advindos do entendimento). Ambos são interdependentes na geração de conhecimento. O aspecto mais inovador da teoria de Kant sobre a intuição consiste na proposição de que ela apreende objetos de acordo com princípios formais que se dão a priori (antes da experiência), como a percepção de tempo e espaço. Assim, a intuição tem um caráter paradoxal de tanto ser afetada pelas experiências quanto fornecer as condições para os objetos afetarem nossa sensibilidade (Caygill, 2000).

No contexto da psicanálise, a intuição recebe importância e significados diversos. Freud cita o termo poucas vezes ao longo de sua obra. Em termos gerais, é tratada como uma fonte de conhecimento advinda de um dom peculiar para a compreensão direta, rejeitada cientificamente por não ser investigável, e por vezes equIPArada a adivinhações e fenômenos religiosos (Freud, 1900/2006d, 1919/2006a, 1927/2006b, 1933[1932]/2006f). Apesar de Freud se referir explicitamente à intuição como algo sem muita confiabilidade, para alguns autores (Piccini, 1985; Piha, 2005) ele implicitamente sugeriu que os psicanalistas confiassem na intuição, ou seja, no conhecimento imediato de algo sem o uso consciente da razão.

O verbete intuição não consta em alguns dos princIPAis dicionários de psicanálise (Laplanche & Pontalis, 2001; Roudinesco & Plon, 1998). Piccini (1985) afirma haver uma lacuna na psicanálise em relação a esse conceito. Para ela, muitos trabalhos se referem à intuição, mas sem utilizar o termo, em relação ao qual ela pensa ter se desenvolvido certa fobia. No entanto, a partir de Bion, o termo ganha novos ares, recebendo importância central. A intuição passa a ser vista como um instrumento fundamental ao psicanalista. Veremos mais adiante em que contexto Bion utiliza o termo.

Poucos autores psicanalíticos escreveram especificamente sobre intuição. Piccini opta por considerá-la “o traço de união entre o sensorial e o intelectual, embora em si própria não seja percepção sensorial” (1985, p. 51). Escobar (1986) trata da intuição integrando conceitos psicanalíticos e filosóficos, e enfatiza seu aspecto vivencial como um ponto privilegiado de método de conhecimento. Sandler (1997), na esteira das teorias de Kant, vê a intuição como uma apreensão destituída de raciocínio. Para Rosenblatt e Thickstun (1994), trata-se de uma forma de cognição inconsciente que lida com categorização e correspondência de padrões, formando modelos internos e redes auto-organizáveis que permitem a tomada de decisões sem o envolvimento da consciência. Para uma descrição mais detalhada da visão de outros autores, ver Piccini (1985) e Piha (2005).

Neste trabalho, me refiro a intuição enquanto forma comum de conhecer que não envolve processos descritivos, mas que vem da vivência, do contato direto com o objeto. Para Kant (1787/2012), caberia ao entendimento a ligação entre as representações dadas pela intuição (experiência), uma atividade de síntese que propiciaria o conhecimento. Assim, me refiro a conhecimento intuitivo, processo que envolve não apenas a percepção, mas também as ligações que fazemos com essas informações sensoriais em instâncias não regidas pela palavra.

Na psicanálise, esse modo de conhecimento é ligado ao inconsciente. Esse termo, porém, abarca uma diversidade de conceitos. Neste trabalho, o inconsciente é tratado como um sistema que abrange funções da mente não regidas pela palavra. Por vezes, o inconsciente é visto como não acessível, mas talvez seja apenas não descritível. Isso não quer dizer que seus conteúdos não estejam disponíveis de alguma forma. O conhecimento intuitivo seria, assim, acessível porém não descritível.

O objetivo deste trabalho não é esgotar o conceito de intuição, mas abordar um aspecto específico que norteou toda esta reflexão: como se dá a intuição? Através de quais vias acontece esse tipo de conhecimento que não se consegue descrever?

Ao adentrar essas questões, Freud fala sobre telepatia e transmissão de pensamento. O conhecimento seria transferido de uma pessoa a outra “por algum método desconhecido que excluiu os meios de comunicação que nos são familiares” (1941[1921]/2006e, p. 195).

Bolognini (2016), ao imaginar o que contribui para que, mesmo em silêncio e sem contato visual, pacientes percebam o estado de ressonância de seu analista com eles, considera que isso segue sendo um “mistério parcial” e uma pergunta a que “os animais poderiam dar uma resposta silenciosa”. É nesse método desconhecido ou mistério parcial que este trabalho está interessado. Vamos então tentar conversar com o corpo, com os animais, com fenômenos físicos e com o inefável na psicanálise para nos aproximarmos desse mistério, cientes da impossibilidade de compreensão satisfatória.

Partindo dessas ideias, pararemos em três mirantes, os quais proporcionam pontos de visão distintos. Eles formam hipóteses, mas nenhuma delas pretende ser a realidade em si, apenas lentes diferentes. O fenômeno que observaremos é a via pela qual se dá o conhecimento intuitivo.

 

Primeiro mirante

Proposição: o conhecimento intuitivo se daria via sistemas de percepção que não conhecemos completamente.

Normalmente, quando falamos sobre percepção, nos vêm à mente nossos órgãos dos sentidos. O que são os sentidos? Foram considerados, a princípio, cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. O tato na realidade envolve três tipos de sensibilidade: pressão, calor e dor. Atualmente se fala em mais dois sentidos: sinestésico e vestibular.

Vamos tratar da limitação desses sentidos. O olho é apenas um captador de uma faixa específica de ondas eletromagnéticas. O ouvido, um captador de certa faixa de ondas mecânicas. Quaisquer estímulos acima ou abaixo dessa faixa não são percebidos por nós, o que não quer dizer que não nos afetem. Além disso, vou dar exemplos sobre o quanto nossa ideia dos sentidos e das formas pelas quais fenômenos podem interferir em nosso organismo precisa se ampliar.

A percepção pela visão não é mais considerada um registro passivo, ao estilo de uma câmera fotográfica. O sistema visual transforma padrões de luz em uma interpretação tridimensional. A interpretação visual de um objeto não depende apenas das propriedades dele, mas de uma interação contextual, dentro de uma ideia de Gestalt. Essa é a base das ilusões de óptica (Kandel, Schwartz & Jessell, 2000).

Além da ampliação dos sentidos conhecidos, existe a possibilidade de formas de captação que não conhecemos ainda. Alguns fenômenos observados em animais por muitos anos se mantiveram um mistério para nós. Um exemplo é a magnetorrecepção, envolvida na orientação de animais em grandes migrações e que estudos apontam existir em humanos, ainda que atrofiada (Foley, Gegear & Reppert, 2011). Outro exemplo são as alterações antecIPAtórias no comportamento de animais decorrentes de alterações na composição da atmosfera e de emissões eletromagnéticas próximas a epicentros de terremotos (Freund & Stolc, 2013; Hayakawa, 2013). Estudos mostram também interferência física de ondas sonoras sobre o desenvolvimento de plantas (Creath & Schwartz, 2004; Qin, Lee, Choi & Kim, 2003). E nós, será que somos afetados por música fisicamente? Podemos afirmar que não?

Vínhamos falando sobre sentidos voltados para a realidade externa. No entanto, nosso corpo e nosso ser também são fenômenos para nós mesmos. Quais seriam os elementos que afetam nossa captação de nós mesmos? Diversos processos físicos e químicos do corpo devem ter implicações. Mas como se dariam as Gestalten internas? Qual seria o papel das emoções? No contexto da teoria psicanalítica freudiana, em algum ponto do encontro corpo-mente se situaria a pulsão.

 

Segundo mirante

Proposição: o conhecimento intuitivo se daria pelas vias perceptivas usuais, porém com integração em sistemas mentais que envolvem processos não descritíveis.

O conhecimento intuitivo envolveria não necessariamente formas de apreensão ainda não descritas, mas sistemas de processamento em um nível que não conseguimos perceber conscientemente. Nas palavras de Bolognini, “um componente misterioso da elaboração existente em um nível onírico profundo: algo desconhecido para o ego trabalha, combina, se agrupa, imagina, cria, transforma” (2014, p. 270).

São elaborações que se dão além do simples processamento de percepções, que “falam” a língua das metáforas e das metonímias. O olhar além da visão, o escutar além da audição, o degustar além do paladar, o carinho além do tato. É onde reside o segredo da raposa: “É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos” (Saint-Exupéry, 1943/2006, p. 72). Envolvem experiências humanas que não temos condições de descrever, apenas de vivenciar. Por operar em instâncias não regidas pela palavra, esse próprio sistema em si é indescritível para nós.

Se estamos tentando compreender intelectualmente um sistema indescritível, o que temos à disposição são fenômenos relacionados a esse sistema, mas jamais a visão do sistema em si. A analogia que me vem à mente é o nosso conhecimento dos buracos negros. São regiões em que a gravidade é tão forte que nem a luz escapa, ou seja, não os vemos. Nosso conhecimento sobre eles deriva dos fenômenos que ocorrem em torno deles, na fronteira em que a luz pode escapar, chamada de horizonte de eventos. O tamanho dos buracos negros é apenas uma convenção baseada no horizonte de eventos. Considerare, porém, que a matéria colapse em seu interior até um ponto infinitesimal em seu centro (Tyson, 2016).

Podemos pensar que nosso sistema inconsciente está para nossa compreensão intelectual assim como está um buraco negro para nossa visão. Não sabemos qual a dimensão de eventos desse sistema, ou se ele tem um centro igualmente infinito. Mas, se nossa compreensão intelectual não enxerga diretamente esse sistema, parece que nossa intuição o vivencia. Em sua cegueira, ela “sente” o que se passa nesses processos.

Este talvez seja o ponto de maior revolução da psicanálise com Freud: o estudo de nosso buraco negro, o inconsciente - “regiões” em que a luz da consciência não penetra, que para conhecermos precisamos nos cegar artificialmente, como sugeriu Freud, ou lançar um “penetrante facho de escuridão” (Bion, 1970/2006d, p. 69).

A noção de que nossa mente abarca fenômenos que a consciência não alcança já estava presente na época de Freud, porém ele foi o primeiro a sistematizar o estudo do funcionamento inconsciente. Iniciando pelos sonhos, percebeu que havia na mente um sistema regido por leis diferentes das que costumamos considerar. Se Einstein postulou a relatividade objetiva do tempo-espaço, Freud descobriu a relatividade do tempo-espaço na mente.

Diversos outros autores contribuíram com concepções interessantes sobre esse sistema. Melanie Klein desenvolveu o conceito de fantasia inconsciente como uma forma de expressão constante do sistema inconsciente, e descreveu o universo de relações objetais compondo um mundo interno. Fairbairn ressaltou a organização do sistema inconsciente como relações entre partes dissociadas, as quais representam díades com estilos de relação objetal que formam um sistema mais ou menos fechado, que influencia a percepção da realidade externa. Bion desenvolveu uma ampla teoria sobre os processos de pensamento. Matte-Blanco postulou a mente como uma estrutura bilógica, que envolve uma série de estratos, com diferentes parcelas de lógica simétrica e assimétrica.

Mais recentemente, alguns autores vêm buscando compreender o sistema inconsciente inserido nas teorias do caos e da complexidade (Mondrzak et al., 2003). O inconsciente funcionaria como um sistema com oscilação contínua entre material caótico e tendência a se auto-organizar em padrões com uma estrutura básica comum, porém com criatividade infinita.

O conhecimento intuitivo envolveria esses tipos de processamento das experiências. Quais desses processos de fato contribuem para uma maior fluidez intuitiva ainda é objeto de estudo, mas podemos fazer algumas conjecturas.

Se consideramos que intuição envolve conhecer o outro, ou seja, uma abertura ao novo, podemos pensar que, quanto maior a fixidez de organização de um sistema, menor sua abertura. Imaginar a mente em alternância entre caos e organização parece favorecer essa abertura. De modo contrário, o sistema fechado postulado por Fairbairn (1958) remete a uma menor abertura ao novo, e ele acreditava que o objetivo do tratamento analítico seria justamente criar aberturas nesse sistema fechado. Para Bolognini (2014), a intuição envolve consultar os objetos internos sem se fixar em identificações com nenhum deles, possibilitando assumir múltiplos pontos de vista. As fixações gerariam arranjos psíquicos prejudiciais à intuição criativa. As descrições de Freud e Matte-Blanco sobre as condensações e simetrias da mente parecem justificar a rapidez e a imprecisão do conhecimento intuitivo.

Há diversas concepções de possíveis lógicas a reger esse sistema, desenvolvidas, entre outros, por Freud, Bion e Matte-Blanco. Algumas experiências parecem evidenciar que essa instância envolve, inclusive, processos lógicos complexos. Vários cientistas reconhecidos, como Gauss, Poincaré e Einstein, apresentam relatos que valorizam a contribuição do conhecimento intuitivo em suas descobertas, ressaltando a solução de problemas complexos sem envolver o raciocínio (Sandler, 1997).

Outro aspecto interessante desse sistema é sua proximidade com o somático. Diversos processos corporais desencadeiam fenômenos psíquicos inconscientes, com repercussão nos afetos e no comportamento. Um exemplo seriam os efeitos hormonais sobre o psiquismo na puberdade. Na via inversa, Freud sugere que “o ato inconsciente tem uma influência intensa e plástica sobre os processos somáticos, de uma forma que o ato consciente jamais conhecerá” (1915/2006c, p. 70, nota F75). Podemos observar esse fenômeno no enrubescer do rosto ou no disparar do coração em consequência de situações psíquicas que por vezes nem compreendemos no momento. Piha (2005) considera a intuição um modo integrado de pensamento cenestésico, baseado em experiências arcaicas em que ainda não há diferenciação entre percepção e afeto, somático e psíquico. A intuição, aqui, se conecta com a percepção da sensação interna do corpo.

Uma questão interessante a ser abordada é a possibilidade de plasticidade desse sistema. Ainda que ele não esteja sob controle consciente, seria possível treiná-lo? Desejamos que isso ocorra ao longo de uma formação psicanalítica, mas como se daria esse processo? Imaginamos que alguns fatores, como aumento na capacidade simbólica ou maior trânsito pelos processos inconscientes através da análise pessoal, poderiam ajudar.

Nesse ponto, porém, vejo um paradoxo: ao mesmo tempo que esse sistema parece treinável, está bem mais próximo do natural (como vemos em crianças, por exemplo), podendo ser atrapalhado ou inibido. Bolognini (2014) trata a resolução de problemas sem a particIPAção do ego consciente como um trabalho colaborativo entre inconsciente e pré-consciente. Ele imagina “uma dupla que colabora bem graças ao fato de um deles 'deixar o outro trabalhar' em áreas em que o outro faz melhor” (p. 271). Para ele, essa colaboração é mais eficiente “quando há certo arranjo psíquico interno, que geralmente inclui o ego consciente do sujeito sendo 'colocado em modo stand by ou o ego tendo uma presença muito discreta, periférica e não invasiva” (p. 269).

Essa visão cria a ideia de um sistema não a ser desenvolvido, mas a não ser obstruído ou obstruído o mínimo possível enquanto nos desenvolvemos. Uma função do tratamento analítico talvez seja desobstruir esses aspectos ou fazer com que essa colaboração ocorra de forma mais livre.

Sob a visão deste mirante, o conhecimento intuitivo adviria do processamento de estímulos externos e internos por sistemas não legíveis pelo sistema consciente - sistemas que permitam a leitura imediata de inúmeras informações e suas relações ao mesmo tempo (Gestalten), fazendo comparações com parâmetros internos, padrões conhecidos, mas não baseados na lógica consciente.

 

Terceiro mirante

Proposição: o conhecimento intuitivo se daria por via não sensorial, mas relacional.

Bion (1970/2006a) descreve a atividade do psicanalista como dependente de experiência não sensorial, em contraste com a atividade do médico. Ele propõe o termo intuir para a ferramenta do analista de captar esses dados não sensoriais, um paralelo com o ver, o tocar e o cheirar do médico. O que Bion quer dizer com experiência não sensorial? É possível pensar essa questão em diferentes níveis.

Podemos imaginar que não exclui o envolvimento sensorial, mas enfatiza um processo que não se dá somente por percepção e elaboração, mas essencialmente pelas relações entre sujeito e objeto. Voltamos a Kant, o responsável por iniciar no pensamento ocidental a ideia de que o que conhecemos não são as coisas em si, mas os fenômenos, dependentes da relação das coisas com nossos sentidos.

Mais recentemente, contamos com a concepção da física quântica de dualidade onda-partícula. Quando físicos buscavam a verdadeira natureza da luz, descobriram que fótons se comportam como ondas e como partículas, na dependência de como são tratados (Baker, 2013/2015). Usando essa dualidade como metáfora, a realidade estaria para nós sempre na interdependência entre o que projetamos nela e o que dela percebemos, como uma via de mão dupla simultânea, não sendo possível distinguir o que vem antes. A percepção seria um processo ativo, que modifica o objeto. Em outras palavras, a interferência do observador faria parte da intuição.

Bion (1970/2006c) trouxe algumas ideias de Kant para o contexto psicanalítico, usando a letra O para representar a “coisa-em-si”. Ele considera que O não está no âmbito do conhecimento, podendo ser conhecido apenas fenomenologicamente através de derivados da experiência sensorial. Isso serve também para a apreensão de nós mesmos e de nossa mente. Bion postula o espaço mental como uma “coisa-em-si”, que pode ser representada por pensamentos, mas que é incognoscível. Ele está de acordo com Kant, que descreve um sentido interno pelo qual intuímos a nós mesmos: “Nós só conhecemos, no que diz respeito à intuição interna, nosso próprio sujeito como fenômeno, mas não segundo o que ele é em si mesmo” (1787/2012, p. 143). Estamos novamente no horizonte de eventos do buraco negro.

Assim, pensaríamos a intuição não como um acesso direto às coisas em si, mas como o estabelecimento de certas formas de relação com esses objetos que podem ser lidas tanto através de processos inconscientes, como no conhecimento intuitivo, quanto através de processos conscientes, como no conhecimento descritivo.

Melanie Klein foi responsável por uma grande ampliação na compreensão da passagem de informações inconscientes de uma mente a outra, mas enfatizou seu aspecto defensivo e a chamou de identificação projetiva. A partir princIPAlmente de Bion (1957/1988) e de Rosenfeld (1971/1988), o aspecto comunicacional da identificação projetiva se tornou evidente. Esta veio a ser considerada o mecanismo fundamental da comunicação inconsciente e, mais adiante, da formação do campo analítico. Apesar disso, seguiu-se utilizando (talvez infelizmente) o mesmo termo.

Acredito que esses autores descobriram não apenas um fenômeno que ocorre no contexto psicanalítico nem apenas um mecanismo defensivo que envolve projeção e identificação. Descobriram uma habilidade humana básica para conhecer e para se comunicar, um nível de comunicação que ocorre em todas as relações e que forma um campo relacional, em grande parte captado apenas intuitivamente.

Bion deu passos fundamentais na ampliação desse conhecimento. Em seu contato com grupos, percebeu que estes funcionavam como uma unidade e que as características da unidade não se manifestavam da mesma forma nos componentes individualmente. Além disso, os integrantes do grupo não tinham consciência desse funcionamento de unidade (Grinberg, Sor & Bianchedi, 1991). Isso está de acordo com a teoria dos sistemas complexos, que envolvem interações com características de propriedades emergentes, ou seja, o conjunto demonstra propriedades que não se resumem ao somatório de suas unidades e que não são previsíveis ao observar as unidades individualmente.

As contribuições de Bion abriram caminho ao estudo dos fenômenos de campo. Na teoria do casal Baranger, entre dois indivíduos ligados emocionalmente se forma uma estrutura afetiva comum organizada por uma fantasia inconsciente básica. Madeleine Baranger (2005) considera útil para compreender esse fenômeno a metáfora da Gestalt de uma melodia ser mais do que a soma das notas musicais. O observável seria o campo, a música que embala os integrantes, e o não observável seria a fantasia inconsciente básica da dupla. No encontro entre duas pessoas, cada uma tem seu instrumento, o qual, no encontro com o instrumento do outro, forma uma música que embala a ambos. Às vezes forma ruídos, e não música.

Nesse contexto de interdependência sujeito-objeto, pode-se compreender melhor que cada análise seja única, pois cada dupla forma uma sequência de músicas irreprodutíveis. Diferentes analistas, diferentes análises. A invariante é o instrumento do analisando. Este não tem como ser ouvido individualmente como uma coisa em si. Apenas é observado e individualizado na medida do possível a partir da música conjunta. No que diz respeito ao analista, seu instrumento também é invariante para ele, mas vai produzir um conjunto diferente com cada paciente. Creio que, quanto mais um analista conhece seu instrumento, maior a chance de conhecer o de seu paciente.

Outros autores trouxeram ideias inseridas nesse campo conceitual que leva em consideração a interdependência entre sujeito e objeto para o conhecimento da realidade. Alguns exemplos: Winnicott, com a visão de que não existe algo como um bebê separado da mãe, nem uma mãe sem um bebê; Meltzer, com o conceito de conflito estético; e Ogden, com a noção de terceiro analítico intersubjetivo. Ogden (1996) acredita que a tarefa do analisa não é discernir os elementos que pertencem a cada indivíduo do par, mas apenas descrever a natureza da intersubjetividade. Acho difícil imaginar que consigamos ajudar um paciente ou mesmo conhecer alguém sem fazer certo discernimento desses elementos. Talvez Ogden queira dizer que, no campo analítico, não devemos fazer um esforço consciente para organizar a experiência dessa forma ou nos centrar em buscar relações de causalidade no fenômeno de campo. Sintonizo com a ideia de Gabbard (1997) de que precisamos de certa objetividade inserida no contexto da intersubjetividade para poder tratar um paciente.

Conjecturo que ter a capacidade de estabelecer conexão com o outro sem ter a capacidade de discernir os elementos de cada um possa ser um dos motivos que faz com que crianças e pacientes regressivos sejam conhecidos por captar o outro com mais facilidade, porém sem ter clareza da distinção entre eu e outro. Poderiamos imaginar que um processo intuitivo maduro envolveria a capacidade dupla de submergir e emergir do campo formado com o outro, ou estar dentro e fora ao mesmo tempo, poder se desorganizar e reorganizar de modo flexível.

Outro conceito que entrou para o contexto intersubjetivo foi o de enactment, que tem sido compreendido como um aspecto comunicacional da relação analítica, trazendo através de encenações aspectos não simbolizados verbalmente (Cassorla, 2007; Sapisochin, 2015). Segundo Sapisochin (2015), o enactment não seria resultado de aspectos não representados do psiquismo, mas a encenação de gestos psíquicos do par que expressam estados emocionais do paciente nunca pensados de forma verbal, mas que têm representação ideopictográfica. Para ele, a mente dispõe de diferentes níveis de funcionamento atuando em sincronia: alguns utilizam recursos de representação verbal; outros utilizam pensamento não verbal e representações dramático-imaginárias.

Neste terceiro vértice de visão, a capacidade intuitiva parece envolver ainda mais complexidade. Em primeiro lugar, necessita uma abertura a ser afetado pelo outro a ponto de permitir que se forme a música. Além disso, exige um se deixar embalar um pouco pela música conjunta. Ou seja, estamos falando de certa permeabilidade.

Bion é radical nesse sentido: não seria apenas a capacidade de estar permeável, mas a capacidade de estar uno ao objeto. Bion (1970/2006b) não se limita a dizer que a experiência intuitiva vai além da captação sensorial. Afirma que o envolvimento com experiências sensoriais pode mesmo prejudicar a capacidade analítica. Ele acredita que não se pode chegar a O através de vínculos de conhecimento (K), ou seja, por meio de fenômenos. Deve ocorrer uma transformação de O para K, e isso depende de nos livrarmos de memória e desejo, formulações prontas que derivam de experiências sensoriais.

O estado mental receptivo a O envolveria um ato de fé - fé de que existe uma realidade última, um infinito desprovido de forma. Esse estado mental propiciaria estar uno a O (Bion, 1970/2006c). O ato de fé dependeria de uma recusa disciplinada de memória e desejo, pois ambos criam saturação em elementos que precisariam permanecer insaturados. Seria necessário abster-se também do entendimento e da percepção sensorial (Bion, 1970/2006b).

Após essa receptividade (ou unicidade), imagino que entrem em cena as funções que descrevi no segundo mirante. Aqui se torna ainda mais fundamental a leitura do que se passa internamente, a percepção de como eu sou afetado pelo outro. É com base nisso que talvez se possa intuir algo do outro, primeiro um tanto misturado, depois desenredado. Para eu chegar à conclusão de que a senhora que visitava minha mãe não era confiável, estava distinto ali algo do outro, considerando não se tratar de uma projeção paranoide.

Nesse contexto, poderíamos ver o conhecimento intuitivo como envolvendo a capacidade de, a partir da música, do ruído, do campo, do terceiro, do corpo, conhecer algo do outro - como um ouvido muito fino capaz de discernir numa música os pequenos barulhinhos derivados de cada instrumento.

 

Fim do percurso

Podemos observar que a progressão de um mirante ao próximo trouxe hipóteses que foram evoluindo em grau de complexidade, provavelmente na mesma direção das evoluções que vêm tendo a psicanálise e a ciência.

Ainda que haja uma progressão, não penso que esses vértices se anulem nem que tenhamos de optar por algum deles. Creio que de cada mirante é possível avistar os anteriores. Haverá elementos excludentes, mas imagino que os três aspectos têm contribuições ao conhecimento intuitivo e que os três ainda necessitam de desenvolvimentos. Certamente, existem outros vértices que ainda não conheci ou que ainda não absorvi como possibilidades.

Por fim, me parece que a abordagem de Bion não é amplamente contemplada nem mesmo do terceiro mirante. Quando ele fala sobre não sensorial e estar uno a, tenho a impressão de não alcançar o que ele quer dizer. “O analista tem que se tornar infinito por meio da suspensão de memória, desejo, entendimento” (Bion, 1970/2006b, p. 59).

Conseguimos conceber, ainda que com dificuldades, o que Matte-Blanco descreve como um núcleo da mente em que os parâmetros de tempo, espaço e diferenciação estão ausentes e, assim, imaginar que possamos, em parte, tratar a realidade a partir desses parâmetros. Mas imaginamos isso sempre em conjunto com outras instâncias da mente, que tratam a realidade a partir da presença desses parâmetros. O que seria um analista infinito? É uma força de expressão? Será que nossa mente é realmente capaz de abarcar experiências além do tempo-espaço? Conseguiríamos imaginar a possibilidade de um encontro de mentes ao ponto de estar uno? Podemos imaginar que estaríamos realmente num estado atemporal, não espacial, indiferenciado em relação ao outro por um instante que seja?

Alguns pensamentos de Bion ainda escapam ao meu horizonte de eventos.

 

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Débora Schaf
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Recebido em 6/3/2017
Aceito em 20/12/2018

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