Serviços Personalizados
Journal
artigo
Indicadores
Compartilhar
Revista Brasileira de Psicanálise
versão impressa ISSN 0486-641X
Rev. bras. psicanál vol.53 no.2 São Paulo abr./jun. 2019
PROJETOS E PESQUISAS
Rodas de conversa entre educação e psicanálise: o nascer de um projeto de pesquisa1
Conversation circles about education and psychoanalysis: the birth of a research project
Ruedas de conversación entre educación y psicanálisis: nacer de un proyecto de investigación
Conversations en ronde entre éducation et psychanalyse: la naissance d'un projet de recherche
Carlos Augusto Ferrari FilhoI; Lúcia Helena Machado FreitasII; Maria Cláudia Bombassaro CallegariIII; Alice Becker LewkowiczIV; Maria de Fátima Loureiro de Carvalho FreitasV; Rosangela CostaVI; Maristela Priotto WenzelVII; Geani Regina DroescherVIII
IPsiquiatra. Psicanalista. Membro efetivo da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA). Mestre em administração pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)
IIPsiquiatra. Membro graduado da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA). Mestre em saúde pública pela Universidade de Harvard. Doutora em clínica médica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora associada do Departamento de Psiquiatria da UFRGS-HCPA. Professora colaboradora do curso de pós-graduação em psiquiatria e ciências do comportamento da UFRGS
IIIPedagoga. Diretora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (SMED) de Porto Alegre. Mestre em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
IVPsiquiatra. Psicanalista. Membro associado da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)
VPsicóloga. Psicanalista. Membro associado da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)
VIPsicóloga. Membro aspirante da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)
VIIPsicóloga. Psicanalista. Membro associado da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)
VIIIPedagoga. Especialista em supervisão escolar pela Faculdade São Francisco de Barreiras (Fasb)
RESUMO
A parceria SMED-SPPA, que há mais de 12 anos trabalha na disponibilização e aplicação do conhecimento psicanalítico para a formação continuada de educadores da educação infantil, constituiu um grupo de pesquisa interinstitucional e interdisciplinar. O objetivo desta investigação, fruto desse grupo de pesquisa, é estudar o trabalho realizado com grupos de educadores, assessores pedagógicos e psicanalistas, que em ciclos de oito encontros conversam processualmente sobre graves problemas vividos no dia a dia desses educadores, como violência extrema nas comunidades em que se situam as escolas e situações de abuso de crianças. Pretende-se, através desta pesquisa, estudar o impacto de tal intervenção (rodas de conversa SMED-SPPA) para os sujeitos participantes, sejam eles educadores, assessores pedagógicos ou psicanalistas, nesse contexto específico, que é o de conversar e pensar, de forma articulada, estruturada e processual, sobre situações traumáticas vividas em sala de aula pelos educadores presentes nas reuniões.
Palavras-chave: rodas de conversa, educação, psicanálise, desamparo, campo intersubjetivo
ABSTRACT
The partnership SMED-SPPA between the Board of Education of Porto Alegre (SMED) and the Psychoanalytic Society of Porto Alegre (SPPA) has played an active role for more than twelve years to provide and apply psychoanalytic knowledge towards the continuing education of early childhood educators. The inter-institutional and interdisciplinary Research Group, resulting from that partnership, studies the interactions between educators, pedagogical advisors, and psychoanalysts in those groups. In eight-meetings cycles, the groups discuss procedurally serious problems, experienced daily by the educators. Examples of topics discussed are the extreme violence in the communities where their schools are located, as well as child abuse, among others. In this article, we discuss the impact of the Conversation Circles SMED-SPPA for all participants: educators, pedagogical advisors, and psychoanalysts, and we articulate traumatic situations experienced in the classroom by the educators that attended these meetings.
Keywords: conversation circles, education, psychoanalysis, helplessness, inter-subjective field
RESUMEN
La Asociación SMED-SPPA, que trabaja hace más de doce años en la puesta a disposición y aplicación del conocimiento psicoanalítico para la formación continua de educadores de la educación infantil, constituyó un Grupo de Investigación interinstitucional e interdisciplinario. El objetivo de esta investigación, fruto de este Grupo, es estudiar el trabajo realizado con grupos de educadores, asesores pedagógicos y psicoanalistas, que en ciclos con ocho encuentros, conversan procedimentalmente sobre graves problemas vividos en el día a día de esos educadores, tales como violencia extrema en las comunidades donde se sitúan las escuelas; situaciones de abuso de los niños, entre otros. Se pretende, a través de esta investigación, estudiar el impacto de esa intervención (Ruedas de Conversación SMED-SPPA) en el contexto específico, que es el de conversar y pensar, de forma articulada, estructurada y procesal, sobre situaciones traumáticas vividas en el aula por los educadores presentes en las reuniones.
Palabras clave: ruedas de conversación, educación, psicoanálisis, desamparo, campo intersubjetivo
RÉSUMÉ
Le partenaire SMED-SPPA, qui travaille depuis plus de dix ans à la disponibilisation et à l'application des connaissances psychanalytiques à la formation continué des éducateurs de la petite enfance, a mis en place un groupe de recherche interinstitutionnel et interdisciplinaire. Le but de cette recherche, issue de ce groupe de travail, c'est celui d'étudier le travail effectué auprès de groupes d'éducateurs, de conseillers pédagogiques et de psychanalystes qui, en cycles de huit séances, discutent d'une façon processuelle des graves problèmes rencontrés dans la vie quotidienne de ces éducateurs, tels que la violence extrême dans les communautés où se situent leurs écoles, les situations d'abus sur les enfants, parmi d'autres. Au moyen de cette recherche, nous avons l'intention d'étudier l'impact de cette intervention (Conversations en ronde SMED-SPPA) sur les participants, soient-ils des éducateurs, des conseillers pédagogiques ou des psychanalystes, dans le contexte spécifique, soit celui de discuter et de penser, d'une façon structurée et procédurale, sur les situations traumatisantes vécues en classe par les éducateurs assistant aux réunions.
Mots-clés: roues de conversation, éducation, psychanalyse, impuissance, champ intersubjectif
Introdução
Este relato, centrado na descrição de um trabalho interinstitucional realizado pela Secretaria Municipal de Educação (SMED) e pela Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA), narra uma história cujo início se conhece, cujo desenrolar pode em boa parte ser descrito, mas que neste momento, meados de 2019, encontra-se ainda em construção. Como todo processo institucional que nasce restrito a alguns objetivos individuais, depende, para crescer e desenvolver-se, da estruturação de uma capacidade coletiva adaptativa, que lhe permita ir resolvendo os desafios inerentes à transformação dos objetivos em realidades operativas. Obviamente, numa caminhada dessa natureza, que transcende aos indivíduos, é necessário desenvolver estruturas integradoras, centradas na realização de tarefas - ou, dito de outra forma, é preciso que, ao longo do percurso, o coletivo interinstitucional se mantenha preponderantemente como um grupo de trabalho.
Assim, o foco deste artigo é a descrição da história de um grupo de trabalho interinstitucional e interdisciplinar. Esta se inicia com o desejo de disponibilizar conhecimento psicanalítico aos educadores que atendem crianças de 0 a 6 anos na rede municipal da cidade de Porto Alegre. Durante certo tempo, utilizou-se um modelo mais tradicional de ensino, com um sujeito que supostamente detém o conhecimento, e portanto ativamente ensina, e outro que passivamente é ensinado. Uma parte importante dessa história, ou dessa caminhada, é a transformação do agente passivo em copartícipe do processo de aprendizagem, culminando com a disponibilização de um espaço de discussão com especificidades bem determinadas, o que no âmbito da parceria SMED-SPPA foi denominado rodas de conversa entre educação e psicanálise. Estudar os resultados desse novo modelo de aprendizagem, testado com sucessivas turmas de educadores, serviu de estímulo e constituiu-se no desencadeante para a realização do projeto de pesquisa "Rodas de conversa entre educação e psicanálise". Neste artigo, centrado na descrição da experiência que gerou as rodas de conversa SMED-SPPA, serão discutidos acessoriamente alguns de seus pressupostos conceituais, com ênfase nos fundamentos psicanalíticos. Sendo um texto de natureza interdisciplinar, convém lembrar, sua abordagem conceituai precisa ter suficiente densidade, quando observada da perspectiva particular desta ou daquela disciplina, sem no entanto deixar-se cair no hermetismo.
Neste artigo serão apresentados capítulos do acontecer dessa história. No momento em que este texto foi enviado para a publicação, o grupo de pesquisa preparava-se para iniciar a primeira rodada do trabalho de campo, a ser realizada através de uma edição de rodas de conversa (serão descritos mais adiante a lógica e os elementos operacionais desse espaço de aprendizagem) no primeiro semestre de 2019. O objeto de estudo da pesquisa é o conjunto de narrativas que emerge dos encontros. Foge aos limites deste artigo a exposição da metodologia, o que acontecerá detalhadamente em descritivo a ser elaborado futuramente. Como um dos objetivos de pesquisa é exatamente a construção de um conhecimento sistematizado, que ajude a compreender a fenomenologia dos possíveis efeitos (transformação subjetiva) para o sujeito participante das rodas de conversa SMED-SPPA, uma descrição analítica comparativa dos resultados, o mais rigorosa possível e ancorada nas categorias existentes do conhecimento, é prioridade para os pesquisadores. Serão mostrados aqui, brevemente, aspectos do referencial teórico inicial utilizado. Os pesquisadores consideram que, para fazer frente à dimensão dos objetivos de pesquisa, será preciso um esforço processual. Assim, pertence ao horizonte dessa investigação imaginar a realização de outra(s) rodada(s) de trabalho de campo. Uma próxima experiência de campo já deverá ser balizada e adaptada, inclusive metodologicamente, pelos resultados do trabalho de campo realizado no primeiro semestre de 2019. Ou seja, a base teórico-conceitual desse estudo tem um caráter evolutivo e processual, e necessariamente deverá ser uma resultante do encontro dialético entre o esperado (referencial implícito) e o encontrado (conhecimento em desenvolvimento).
Breve relato de uma experiência interinstitucional
O início
A parceria entre a SPPA e a SMED começou em 2006, a partir de uma iniciativa da então secretária de Educação para disponibilizar um espaço de aquisição de conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil, do ponto de vista psicanalítico, aos educadores ligados às instituições de educação infantil conveniadas com a Prefeitura de Porto Alegre. Esse movimento, ao ser acolhido pela Diretoria da SPPA, impulsionou a criação de uma parceria interinstitucional constituída por profissionais específicos, que passaram a investir parte de seu tempo para programar ações, implementá-las e reavaliá-las continuamente. Sob uma estrutura de cocoordenação, na qual tanto a SMED como a SPPA determinaram seus representantes, criou-se uma parceria formal sem um ente jurídico correspondente. Com o tempo, em cada instituição estabeleceu-se um grupo de trabalho, de natureza aberta (profissionais entram e saem), que se dedica voluntariamente a esse empreendimento conjunto. Mudam os profissionais, mas mantém-se uma mesma sistemática e estrutura de trabalho, que tem:
como filosofia, desenvolver conhecimento aplicável à prática do educador, a partir de um esforço interdisciplinar e interinstitucional;
como objetivo principal, ajudar no aperfeiçoamento formativo dos educadores;
como ações prioritárias, oferecer espaços de trabalho compartilhado entre educadores, assessores da SMED e psicanalistas da SPPA.
A primeira ação dessa parceria foi um curso denominado Quem São Nossas Crianças?, ocorrido em 2007. Com frequência semanal, na sede da SPPA, e com duas horas de duração ao longo de três meses, previa uma continuidade já a partir do segundo semestre. Num primeiro momento, o formato que materializou a incipiente parceria programava palestras sobre o desenvolvimento infantil e, a seguir, um espaço para dialogar sobre o assunto tratado em cada encontro em pequenos grupos coordenados por psicanalistas. Em média, participavam de cada encontro cerca de 100 educadores, os quais, trabalhando nas escolas em situação de maior vulnerabilidade social, atendiam crianças de 0 a 6 anos.
Após a reedição de cursos dessa natureza, entendeu-se que aquele trabalho pioneiro, que despertava satisfação tanto nos profissionais da SMED quanto nos integrantes da SPPA, tinha atingido seus objetivos iniciais, de caráter essencialmente informativo. Isso não só incentivou a continuidade da parceria como fez pensar em possíveis evoluções. Do ponto de vista dos psicanalistas, essa interlocução com os educadores despertou dúvidas importantes: qual o alcance desse trabalho, que procura levar conhecimento psicanalítico sobre o desenvolvimento infantil? Ele tem efetivo caráter preventivo? Realizar esses cursos, nos quais, a partir de demandas oriundas da curiosidade e das necessidades dos educadores, trabalha-se com conhecimentos como a noção de inconsciente e a presença de mecanismos psicológicos de defesa (que permeiam a ação pedagógica em sala de aula), constitui de fato uma ferramenta que auxilia o educador? Participar de um treinamento em que se conversa, por exemplo, sobre o impacto em sala de aula, na mente do sujeito educador adulto que cuida de crianças pequenas, de elementos não racionais, como o reviver de seus próprios sentimentos infantis, realmente ajuda o educador? Em caso positivo, isso poderia constituir-se, secundariamente, num facilitador para a educação das crianças de 0 a 6 anos?
Cabe destacar que esses questionamentos só foram possíveis em razão do clima dos pequenos grupos de discussão. Foi nesses grupos, no calor da interação emocional entre educadores e psicanalistas, que percebemos que a transmissão de nossas teorias sobre o desenvolvimento infantil era insuficiente e até inadequada. A demanda era de outra ordem. Consideramos importante ressaltar a participação de todos os sujeitos envolvidos no processo nessa mudança de enfoque.
Momento de inflexão
Analisando-se esse contexto e percebendo-se a complexidade do trabalho desenvolvido, verificou-se que a proposta de um curso informativo, apenas para ensinar, não era suficiente. Constatou-se a necessidade de criar um espaço compartilhado de reflexão e estudo entre educadores, assessores da SMED e psicanalistas da SPPA, com o objetivo específico de dialogar sobre os problemas concretos vividos nas escolas. Entendeu-se que, para avançar nesse sentido, seria necessário disponibilizar um espaço-tempo continuado, à semelhança de um setting psicoterapêutico/psicanalítico, no qual há certo número de encontros, em local apropriado, com regras claramente definidas.
Assim, decidiu-se adaptar aqueles encontros, anteriormente pensados como informativos, e criar um espaço de formação, a fim de oferecer aos educadores vivências que resultassem no fortalecimento de sua capacidade para suportar/enfrentar as pressões cotidianas vinculadas a seu difícil e delicado exercício profissional, a educação de crianças de 0 a 6 anos. Um dos pressupostos foi o de que investir no desenvolvimento da capacidade de distinguir entre o fato traumático externo (a violência do tiroteio que impede o dia escolar; a criança que é violenta em sala de aula, como consequência do abuso sofrido em casa; etc.) e o fato psíquico potencialmente traumático (por exemplo, o abuso sofrido pelo sujeito educador em sua infância) poderia constituir-se em elemento capaz de otimizar a força profissional do educador, ao melhorar sua autoestima. Em decorrência, pensou-se que, quando (e se) o conhecimento psicanalítico se materializa como um constructo mental apreendido nas conversas sobre os problemas experimentados em sala de aula - nas conversas, no espaço de formação, sobre problemas que muitas vezes geram impotência diante do não saber o que pensar -, tal conhecimento (psicanalítico), ao transformar-se em competência adquirida na mente do sujeito educador, pode vir a auxiliar no enfrentamento da impotência em face do sentimento de desamparo, tantas vezes vivido lá fora, na solidão da sala de aula.
Entendia-se, portanto, naquele momento da história da parceria SMED-SPPA, que seria atuando como um catalisador do desenvolvimento de competências nesse sujeito (sobre o qual recai toda a responsabilidade de educar e cuidar de crianças tão pequenas), a partir da experiência no espaço de formação, que o conhecimento psicanalítico poderia transformar-se em vetor e multiplicador de caráter preventivo naquelas comunidades de vulnerabilidade social.
Um novo modelo
A necessidade de materializar uma matriz que permitisse adquirir novas competências foi um fator decisivo para a evolução das experiências acontecidas no espaço de formação rumo a um novo modelo de aprendizagem, sistematizável, baseado na construção compartilhada de conhecimento. Decidiu-se pela utilização das rodas de conversa, nas quais os participantes, em igualdade, fossem eles educadores, psicanalistas ou assessores da SMED, a partir de suas próprias experiências e conhecimentos, se colocavam a pensar sobre a vida cotidiana na escola infantil. Conversar em roda é uma prática social que envolve o encontro de pessoas. Existe desde tempos imemoriais, talvez desde os primórdios da humanidade, num mítico nascimento da cultura humana. Funciona como uma forma de provocar o encontro entre as pessoas, para fazerem coisas juntas ou tratarem de assuntos de seu interesse.
Bombassaro, ao definir o conceito de roda de conversa, destaca sua natureza de
um encontro ... para conversar sobre aquilo que [a seus integrantes] interessa, provoca, impressiona, instiga, ... sobre o familiar, o próximo, o cotidiano e o distante, o estranho, o inusitado; sobre seus medos, dúvidas e sentimentos; sobre si, sobre o outro e sobre o mundo. (2010, p. 24)
É um encontro entre sujeitos permeado pelo diálogo, com estrutura e regras próprias de funcionamento. Essas regras são produzidas e acionadas pelos diferentes sujeitos que convocam essa estrutura e a colocam em ação. No caso das rodas de conversa entre educação e psicanálise, são seus integrantes, psicanalistas, pedagogos e educadores, os sujeitos a pôr-se em roda, que criam o novo conhecimento e usufruem dele.
Segundo Warschauer, a roda "constitui-se num momento de diálogo por excelência, em que ocorre a interação entre os participantes do grupo, sob a organização do coordenador" (1993, p. 47). A mesma autora destaca como característica da roda a reunião de
indivíduos com histórias de vida diferentes e maneiras próprias de pensar e sentir, de modo que os diálogos, nascidos desse encontro, não obedecem a uma mesma lógica. São, às vezes, atravessados pelos diferentes significados que um tema desperta em cada participante. (p. 47)
Nesse sentido, Vasconcelos descreve as conversas em roda como um meio de as pessoas darem "sentido a suas experiências e ao mundo que as rodeia" (1997, p. 152).
Com a materialização das rodas de conversa SMED-SPPA, entendeu-se que se estava criando uma metodologia formativa entre educação e psicanálise, capaz de contribuir para os processos de formação continuada de todos os participantes, fossem eles psicanalistas, assessores ou educadores. A partir desse entendimento, a estrutura e a sistemática de funcionamento dos encontros foram continuamente adaptadas. Como filosofia, nessa evolução do modelo informativo - no qual "quem sabe" ensina, escolhe o que é relevante e define o que e como vai ser ensinado -, gradualmente caminhou-se para uma crescente divisão de tarefas e responsabilidades. Nas rodas de conversa, modalidade mais participativa, a escolha do tema geral e de seus subtemas, em cada encontro, foi repassada a um número maior de interessados. Em resumo, chegou-se à seguinte forma de trabalho, que permanece até o momento:
1. Define-se o tema e seu conjunto de subtemas, que serão o objeto de trabalho em cada um dos sete encontros, visto que o oitavo, e último, objetiva avaliar e integrar os conhecimentos produzidos durante todo o processo; essa definição do tema geral e de seus subtemas acontece em reuniões preliminares.
2. Em cada um dos sete primeiros encontros, escolhe-se um educador, que em poucos minutos descreve uma situação concreta vivida na escola, ilustrativa do subtema. A seguir, um assessor e um psicanalista, ainda no grande grupo, fazem breves comentários sobre a situação relatada. Considera-se esse momento introdutório um estímulo para o trabalho em pequenos grupos.
3. Dá-se continuidade à conversa, já em pequenos grupos, em livre associação, com um assessor e dois psicanalistas (sempre os mesmos, em todos os encontros), que atuam com educadores em cada pequeno grupo. Trabalha-se na SPPA, ao longo de oito encontros semanais, com duração de duas horas cada um, empregando-se os 30 primeiros minutos, no grande grupo, para a realização do estímulo e os 90 minutos restantes para a conversa em livre associação, sob a coordenação de dois psicanalistas.
4. Entende-se que é no conjunto das experiências vivenciais de construção compartilhada de conhecimento, que basicamente resultam em estruturas psíquicas subjetivas (competências) de cada um, conjunto esse pertencente à função memória cognitiva de seus participantes, que se materializam os resultados para os participantes do processo de rodas de conversa SMED-SPPA. Ao mesmo tempo, como ao final de cada reunião cada pequeno grupo cunha uma frase que expresse sinteticamente o trabalho realizado, e na oitava reunião, em grande grupo, edita-se e apresenta-se o todo das frases dos subgrupos, há também uma preocupação de, brevemente, resgatar a história da caminhada através dessa minimemória escrita.
Resumindo, a pesquisa apresentada neste artigo pretende descrever como as rodas de conversa SMED-SPPA contribuem para a formação dos sujeitos educadores, psicanalistas e assessores, e também identificar as competências que esses sujeitos desenvolvem ao participar dessa modalidade formativa, nesse espaço de formação continuada relevante, que convém lembrar é um exemplo de intervenção psicanalítica no campo social.
Elementos psicanalíticos e sua relação com as rodas de conversa SMED-SPPA
Nesse encontro interdisciplinar entre educação e psicanálise, que se materializa num trabalho grupal, com grupos constituídos por psicanalistas, assessores pedagógicos e educadores, e cujo objetivo é disponibilizar uma melhor educação infantil através do fortalecimento da condição de resiliência dos educadores, é necessário descrever os seguintes elementos do referencial psicanalítico.
Setting/enquadre
Pode-se afirmar que, nas rodas de conversa SMED-SPPA, é a noção intrapsíquica de setting que, ao se constituir na mente dos sujeitos participantes, à medida que se sucedem os encontros em espaços-tempos regulares, sob uma mesma coordenação, funciona como elemento estruturante de um todo intersubjetivo. Está-se falando de algo, um enquadre ou setting, compreendido aqui como um fenômeno intrapsíquico resultante da soma de todos os procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam um processo intersubjetivo, como o encontro psicanalítico ou o acontecer grupal das rodas de conversa SMED-SPPA - resultante de uma conjunção de regras, atitudes e combinações, dentro de uma regularidade demarcada pela sucessão de encontros, em dias e horários previamente combinados. Isso significa a criação de um espaço intersubjetivo, que permite a seus integrantes fazer emergir seus aspectos infantis, assim como usar sua parte adulta, ao tratar dos problemas conversados em grupo; implica a criação e a manutenção de uma atmosfera de trabalho e de firmeza no indispensável cumprimento das combinações feitas, juntamente com uma atitude de acolhimento, respeito e empatia (Eizirik, 1992; Freud, 1912/1976e; Laplanche & Pontalis, 1990; Pechansky, 2015; Zimerman, 1999).
Freud: modelo do inconsciente e modelo da transferência-contratransferência
Nas rodas de conversa SMED-SPPA, o psicanalista participante traz consigo a escuta psicanalítica. O que estrutura sua compreensão das narrativas grupais, e portanto determina suas falas, é resultante de conhecimentos e vivências profissionais embasadas em seus próprios modelos conceituais. Escuta psicanalítica, nesse estudo, do ponto de vista dos modelos freudianos, significa ficar atento, em modo atenção flutuante, aos elementos inconscientes, ao conteúdo latente que acompanha o discurso manifesto. A narrativa grupal, além de contar sobre problemas concretos, com frequência muito sérios, permite também um olhar-escuta para uma dimensão intersubjetiva em que é necessário considerar a existência de elementos (por vezes, conflitos) inconscientes nos sujeitos participantes, sejam eles educadores, assessores ou psicanalistas, elementos esses que podem estar se reapresentando agora, no cenário grupal, nas narrativas que contam os problemas vividos nas escolas. Segundo Freud, é normal que sentimentos e emoções mais primitivos, que fazem parte de uma matriz básica de cada ser humano, composta das vivências da mais tenra infância, as memórias inconscientes, sejam transferidos para o outro, isto é, projetados no outro, o objeto externo, muitas vezes dando um colorido emocional diferente àquela situação de vida no presente do sujeito. Quando em grupo, como nas rodas de conversa, esse ir e vir entre os sujeitos pode constituir-se em elemento determinante na comunicação grupal (Freud, 1895/1974a, 1900/1976d, 1909/1972a, 1909/1972b, 1920/1976a, 1926/1976c).
Alguns autores chamam a atenção para o fato de que o fenômeno da transferência-contratransferência, uma constante em vínculos humanos processuais como as rodas de conversa, abre uma janela para a percepção dos sentimentos inconscientes presentes no campo intersubjetivo (Blum, 1986; Eizirik, Schestatsky, Kruel & Ceitlin, 2011; Hinshelwood, 2002; Racker, 1982; Steiner, 2008). Sendo emoções primitivas, muitas vezes vinculadas, segundo Freud, a um desamparo infantil vivido muito precocemente, estas não são memórias ligadas à compreensão pela palavra, constituindo-se portanto em elementos psíquicos à espera de uma possível simbolização (Freud, 1913/1974b, 1917/1976b, 1926/1976c). Assim, como hipótese, seria possível pensar no espaço processual das rodas de conversa SMED-SPPA como uma nova oportunidade - auxiliada pela compreensão dos elementos que circulam na via intersubjetiva da transferência-contratransferência - para o sujeito que delas participa de construir categorias de representação simbólica psíquica do traumático.
Bion: modelo dos grupos operativos e modelo continente-conteúdo
A partir do trabalho grupal, amparado pela capacidade de reverie,2 através do exercício da função continente, psicanalistas, assessores pedagógicos e educadores, ao mesmo tempo que conversam sobre experiências do cotidiano das escolas, o conteúdo manifesto da narrativa grupal, precisam lidar com elementos emocionais tóxicos, que podem colapsar a capacidade de pensar com criatividade. Não haveria aqui um elemento significativo a ser estudado? Como hipótese, se e quando o conhecimento formal não dá conta dos problemas enfrentados em sala de aula, não se estaria muito próximo do traumático? É claro que aqui se está falando de problemas de grande impacto - violência externa extrema, descaso familiar absoluto em relação às crianças da escola etc. E, se a isso ainda se soma algo de natureza semelhante, mas que vem de dentro, um reviver de outros traumáticos (vivências infantis inconscientes, por exemplo), qual seria a intensidade da carga a ser suportada pelo educador? É nesse sentido que esse estudo se refere ao sofrimento pelo desamparo do não saber o que pensar sobre o que está acontecendo na sala de aula.
De acordo com Bion, a transformação da experiência emocional insuportável em algo tolerável só é possível através da função de pensar essas emoções primitivas, que estão presentes ali, na mente do sujeito, em qualquer época de sua vida adulta. Ele toma como modelo o vínculo mãe-bebê, no qual, a partir da simbolização de experiências de gratificação e frustração, vai se estabelecendo no bebê a capacidade de entender o que se passa com ele. Bion (1962, 1963/1966) chama a atenção para a importância da mente da mãe (capacidade de reverie) nesses primeiros estágios (Zimerman, 1995).
Entre as concepções sobre a dinâmica do campo grupal propostas por Bion (1943, 1946, 1961/1975) estão as seguintes:
Mentalidade grupal: um grupo adquire uma unidade de pensamento e objetivo, que transcende aos indivíduos.
Cultura do grupo: resulta da oposição conflitiva entre as necessidades da mente grupal e a dos indivíduos.
Grupo de trabalho: todos os grupos operam sempre em dois níveis, que são simultâneos, opostos e interativos, a saber, um nível mais regressivo, que se opõe à realização da tarefa, e outro mais maduro, capaz de operar no nível do princípio da realidade.
Tratar-se-ia, portanto, do ponto de vista do educador, de estabelecer, a partir das rodas de conversa e através da construção de novas vertentes para a simbolização do sofrimento causado pela não compreensão, saídas mais saudáveis às situações até então impeditivas do livre pensar em sala de aula. Do ponto de vista do grupo, nesse estudo, a questão estaria centrada na compreensão dos elementos que, ao invadir inconscientemente as mentes no campo intersubjetivo coletivo, estariam dificultando o funcionamento como grupo de trabalho (Biazzi Jr., 1994; Dejours, Abdoucheli & Jayet, 1994; Etkin & Schvarstein, 2005; Fleury, Shinyashiki & Stevanato, 1997; Schein, 1986, 1999; Souto, 2007)
Winnicott: modelo dos fenômenos transicionais
Winnicott concebeu o processo de amadurecimento infantil como uma tarefa que só pode ser solucionada através de um esforço em comum, visto que ambos, mãe e bebê, inicialmente vivem num estado simbiótico, psiquicamente indiferenciado (Castilho, 2012; Escribens, 2012). Do ponto de vista do bebê, a constituição de um sujeito psiquicamente diferenciado e autônomo, a partir dessa matriz simbiótico-indiferenciada, implica passar por experiências que configuram um estado de completo desamparo, uma vez que ele, o bebê, é ainda incapaz de expressar por vias comunicativas suas carências físicas e emocionais. É em meio ao contato físico, tão próximo, entre o bebê e uma mãe suficientemente atenta a suas necessidades (função holding exercida pela mãe) que, segundo Winnicott (1978, 1982a, 1982b, 1982c), se configura a possibilidade para o desenvolvimento do psiquismo do bebê, algo que implica um processo de desilusão, pois em suas fantasias onipotentes o bebê e quem cuida dele constituem uma só estrutura. Nessa etapa, portanto, têm decisiva importância os fenômenos transicionais, ou seja, aqueles que permitem a transição para outra situação evolutiva, correspondente à instauração no psiquismo da autoconsciência (noção de si mesmo), como algo separado da noção interna do outro (noção interna do objeto externo). Esse passo fundamental tem um papel decisivo no desenvolvimento da criatividade na vida futura do sujeito (Winnicott, 1975a, 1975b).
Olhando por esse vértice conceitual, seria possível pensar nas rodas de conversa SMED-SPPA como um processo em que, além do diálogo sobre uma realidade externa atual traumatizante, se configuraria algo como um possível neoespaço transicional, agora em nível grupal compartilhado, através do qual primitivas vivências relacionadas ao desamparo encontram uma nova oportunidade grupal sublimatória (uma experiência capaz de resgatar potenciais criativos)?
Reflexões finais
Evidentemente, tentar descrever a riqueza de experiências intersubjetivas dessa natureza, a exemplo do encontro psicanalítico ou das rodas de conversa SMED-SPPA, é uma tarefa complexa, na qual se torna necessário encontrar recortes elucidativos o bastante, sabendo-se que toda uma (grande) parte ficará de fora. De um lado dessa (estreita) fronteira se reconhece o luto pelo que vai sendo deixado fora de uma narrativa possível e, do outro lado, não se abandona o esforço da busca daquelas ideias que pareçam fazer sentido para quem procura recriar o (aparentemente) não narrável, na tentativa de contar as inúmeras experiências coletivas da parceria SMED-SPPA. Assim como nas histórias narradas durante as rodas de conversa, este artigo se propôs a dividir com o leitor, em forma de uma história em construção, a riqueza de um acontecer interinstitucional.
Resumiu-se neste artigo uma história que já tem mais de 12 anos, com ênfase na descrição do contexto responsável pelo desenvolvimento das rodas de conversa SMED-SPPA, um espaço de formação (talvez transformativo) que se acredita poder constituir-se em metodologia formativa acessória (por exemplo, para educadores), produto do encontro interdisciplinar entre educação e psicanálise. Descreveram-se brevemente alguns fundamentos psicanalíticos desse fazer coletivo, com a ressalva de que esse conjunto conceitual inicial, sendo útil neste ponto da caminhada, necessariamente vai ser expandido e reformulado à medida que acontecer a discussão dos resultados da primeira edição do trabalho de campo.
Referências
Biazzi Jr., F. (1994). O trabalho e as organizações na perspectiva sociotécnica. Revista de Administração de Empresas, 34(1),30-37. [ Links ]
Bion, W. R. (1943). Intra-group tensions in therapy: their study as a task of the group. The Lancet, 2,678-681. [ Links ]
Bion, W. R. (1946). The leaderless group project. Bulletin of the Menninger Clinic, 10,3-70. [ Links ]
Bion, W. R. (1962). Theory of thinking. The International Journal of Psychoanalysis, 43,306-310. [ Links ]
Bion, W. R. (1966). Elementos de psicoanálisis. Buenos Aires: Paidós. (Trabalho original publicado em 1963) [ Links ]
Bion, W. R. (1975). Experiências com grupos (W. I. Oliveira, Trad.). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1961) [ Links ]
Blum, H. P. (1986). Countertransference and the theory of technique: discussion. Journal of the American Psychoanalytic Association, 34(2),309-328. [ Links ]
Bombassaro, M. C. (2010). A roda na escola infantil: aprendendo a roda, aprendendo a conversar. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. [ Links ]
Castilho, P. T. (2012). Algumas considerações sobre o objeto na psicanálise de Winnicott e Lacan: do objeto transicional ao objeto pequeno a. Estudos de Psicanálise, 37,127-142. [ Links ]
Dejours, C., Abdoucheli, E. & Jayet, C. (1994). Psicodinâmica do trabalho (M. I. S. Betiol et al., Trads.). São Paulo: Atlas. [ Links ]
Eizirik, C. (1992). A neutralidade psicanalítica: uma contribuição ao seu estudo. Porto Alegre: SPPA. [ Links ]
Eizirik, M., Schestatsky, S., Kruel, L. & Ceitlin, L. H. F. (2011). Contratransferência no atendimento inicial de mulheres vítimas de violência sexual? Revista Brasileira de Psiquiatria, 33(1),16-22. [ Links ]
Escribens, A. (2012). Los fenómenos y objetos transicionales en la reorganización perdurable del ámbito subjetivo. Revista Psicoanálisis, 10(1),31-41. [ Links ]
Etkin, J. & Schvarstein, L. (2005). Identidad de las organizaciones. Buenos Aires: Paidós. [ Links ]
Fleury, M. T. L., Shinyashiki, G. & Stevanato, L. (1997). Entre a antropologia e a psicanálise: dilemas metodológicos dos estudos sobre cultura organizacional. Revista de Administração, 32(1),23-37. [ Links ]
Freud, S. (1972a). Análise de uma fobia de um menino de cinco anos. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 10, pp. 155-250). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1909) [ Links ]
Freud, S. (1972b). Notas sobre um caso de neurose obsessiva. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 10, pp. 11-154). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1909) [ Links ]
Freud, S. (1974a). Estudos sobre a histeria. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 2, pp. 13-367). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1895) [ Links ]
Freud, S. (1974b). Totem e tabu. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 11, pp. 13-191). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1913) [ Links ]
Freud, S. (1976a). Além do princípio do prazer. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 18, pp. 11-85). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1920) [ Links ]
Freud, S. (1976b). Uma dificuldade no caminho da psicanálise. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 17, pp. 167-179). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1917) [ Links ]
Freud, S. (1976c). Inibições, sintomas e ansiedade. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 20, pp. 93-180). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1926) [ Links ]
Freud, S. (1976d). A interpretação dos sonhos. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 4). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1900) [ Links ]
Freud, S. (1976e). Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 12, pp. 145-159). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1912) [ Links ]
Hinshelwood, R. D. (2002). Countertransference. In R. Michels, L. Abensour, C. L. Eizirik & R. Rusbridger (Orgs.), Key papers on countertransference: ijp education section (pp. 41-80). London: Karnac. [ Links ]
Laplanche, J. & Pontalis, J.-B. (1990). Vocabulário da psicanálise (P. Tamen, Trad.). São Paulo: Martins Fontes. [ Links ]
Pechansky, I. (2015). Setting psicoterápico: neutralidade, abstinência e anonimato. In C. L. Eizirik, R. W. Aguiar & S. S. Schestatsky (Orgs.), Psicoterapia de orientação psicanalítica (pp. 224-237). Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Racker, H. (1982). A neurose da contratransferência. In H. Racker, Estudos sobre técnica psicanalítica (J. C. A. Abreu, Trad., pp. 100-119). Porto Alegre: Artes Médicas. [ Links ]
Schein, E. (1986). Organizational culture and leadership. San Francisco: Jossey Bass. [ Links ]
Schein, E. (1999). Guia de sobrevivência da cultura corporativa. São Paulo: José Olympio. [ Links ]
Souto, M. A. (2007). Hacia uma didáctica de lo grupal. Buenos Aires: Miño y Dávila. [ Links ]
Steiner, J. (2008). Transference to the analyst as an excluded observer. The International Journal of Psychoanalysis, 89(1),39-54. [ Links ]
Vasconcelos, T. M. S. (1997). Ao redor da mesa grande: a prática educativa de Ana. Porto: Porto Editora. [ Links ]
Warschauer, C. (1993). A roda e o registro: uma parceria entre professor, alunos e conhecimento (4.ª ed). Rio de Janeiro: Paz e Terra. [ Links ]
Winnicott, D. W. (1975a). A criatividade e suas origens. In D. W. Winnicott, O brincar e a realidade (J. O. A. Abreu & V. Nobre, Trads., pp. 95-120). Rio de Janeiro: Imago. [ Links ]
Winnicott, D. W. (1975b). O uso de um objeto e relacionamento através de identificações. In D. W. Winnicott, O brincar e a realidade (J. O. A. Abreu & V. Nobre, Trads., pp. 121-131). Rio de Janeiro: Imago. [ Links ]
Winnicott, D. W. (1978). Aspectos clínicos metapsicológicos da regressão dentro do setting psicanalítico. In D. W. Winnicott, Da pediatria à psicanálise (J. Russo, Trad., pp. 459-481). Rio de Janeiro: Francisco Alves. [ Links ]
Winnicott, D. W. (1982a). Da dependência à independência no desenvolvimento do indivíduo. In D. W. Winnicott, O ambiente e os processos de maturação (I. C. S. Ortiz, Trad., pp. 79-87). Porto Alegre: Artes Médicas. [ Links ]
Winnicott, D. W. (1982b). Dependência no cuidado do lactente, no cuidado da criança e na situação analítica. In D. W. Winnicott, O ambiente e os processos de maturação (I. C. S. Ortiz, Trad., pp. 225-233). Porto Alegre: Artes Médicas. [ Links ]
Winnicott, D. W. (1982c). Distorção do ego em termos de verdadeiro e falso self. In D. W. Winnicott, O ambiente e os processos de maturação (I. C. S. Ortiz, Trad., pp. 128-139). Porto Alegre: Artes Médicas. [ Links ]
Zimerman, D. E. (1995). Bion: da teoria à prática. Porto Alegre: Artes Médicas. [ Links ]
Zimerman, D. E. (1999). Fundamentos psicanalíticos. Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Correspondência:
Carlos Augusto Ferrari Filho
Rua Tobias da Silva, 253/203
90570-020 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 3737-6864
augustoferrari@terra.com.br
Lúcia Helena Machado Freitas
Avenida Carlos Gomes, 141/810
90480-003 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 3328-8750
luciahelena.frei@gmail.com
Maria Cláudia Bombassaro Callegari
SMED, Rua dos Andradas, 860
09020-004 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 99286-6009
bombassaro@smed.prefpoa.com.br
Alice Becker Lewkowicz
Rua Luciana de Abreu, 267/405
90570-060 Porto Alegre, RS
aliceblew@gmail.com
Maria de Fátima Loureiro de Carvalho Freitas
Rua Doutor Florêncio Ygartua, 271/309
90430-010 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 3346-5890
fatima-freitas@terra.com.br
Rosangela Costa
Rua dos Andradas, 1646/72
90020-012 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 3225-0942
costa.rosa@terra.com.br
Maristela Priotto Wenzel
Rua 24 de Outubro, 111/705
90510-003 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 3311-2826
maristelapw@terra.com.br
Geani Regina Dröescher
SMED, Rua dos Andradas, 860
90020-004 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 98447-4799
geanird@educar.poa.br
Recebido em 1/4/2019
Aceito em 15/4/2019
1 Em abril de 2018, o projeto de pesquisa "Rodas de conversa entre educação e psicanálise" foi distinguido, após seleção em nível internacional, com uma bolsa de pesquisa ofertada pelo Comitê de Pesquisa da Associação Psicanalítica Internacional (IPA). A nominata dos integrantes desse grupo de pesquisa, por razões pessoais ou institucionais, se altera às vezes, sem no entanto que se modifique sua estrutura básica. A composição atual é a apresentada neste artigo, a qual trabalhará na coleta de dados e na análise dos resultados ao longo de 2019.
2 Capacidade da mãe (ou do psicanalista) de permanecer numa atitude de poder receber, acolher, descodificar e nomear as angústias do filho (paciente) e somente depois devolvê-las devidamente desintoxicadas (Zimerman, 1995).