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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Resumo

TANIS, Bernardo. O infantil1: suas múltiplas dimensões.Traduzido porClaudia Berliner. Rev. bras. psicanál [online]. 2021, vol.55, n.1, pp.63-83. ISSN 0486-641X.

O objetivo deste texto é apresentar a importância fundamental do infantil para a clínica e a teoria psicanalíticas. O infantil pode ser apreendido na experiência psicanalítica como expressão princeps da realidade psíquica, da dimensão inconsciente da subjetividade humana. O infantil não concerne apenas aos analistas de crianças, pois não é assimilável à infância ou às fases de desenvolvimento. Diferente do infantilismo comportamental, o infantil obedece a uma sobredeterminação causal, não linear, de composição aberta ao acaso, ao incerto. Longe de ser uma memória fotográfica do passado ou de condutas infantis no adulto, o infantil aponta para os modos de registro e inscrição do que Freud chamou de Erlebnis, "vivência infantil". A tese nuclear é que, para o sujeito, na clínica psicanalítica e independentemente de preferências por um ou outro modelo teórico-clínico, estará sempre em jogo a eficácia dessas inscrições, sua metabolização e simbolização possível ou não, e sua força pulsional viva no presente. O infantil não emerge apenas como resistência ou testemunho do recalcamento da sexualidade infantil, mas como representante atual e vivo da busca por uma experiência criativa e reparadora (neogênese) do que não pôde ser experimentado como continuidade de ser, como expressão potencial, como impulso criativo, e que, por incapacidade ou inadequação do objeto primário, teve de ser recalcado ou clivado. Transformar a relação com o infantil não significa eliminá-lo, mas permitir um reordenamento, uma ressignificação para que o novo possa advir. Fonte de desilusão ou inspiração, nunca deixará de ser referência.

Palavras-chave : infantil; memória; temporalidade; sexualidade infantil; enquadre.

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