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Aletheia

versão impressa ISSN 1413-0394

Aletheia  no.40 Canoas abr. 2013

 

RESENHA

 

Maternidade e paternidade: a parentalidade em diferentes contextos

 

 

Angela Helena Marin; Tagma Marina Schneider Donelli

Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Endereço para contato

 

 

A maternidade e a paternidade podem ser consideradas como fenômenos complexos e são alvo de estudo de muitos pesquisadores interessados no desenvolvimento infantil, o que explica a variedade de teorias disponíveis e métodos de pesquisa utilizados. Consequentemente, inúmeras ideias sobre a parentalidade têm sido frequentemente divulgadas nos meios científicos e de comunicação, o que pode levar às mães e pais a sensação de que os modelos por eles aprendidos e/ou utilizados já não possuem mais validade ou são inadequados (Bernardino & Kupfer, 2008). Portanto, destaca-se a importância de discutir tais fenômenos na atualidade, como propõe o livro Maternidade e paternidade: a parentalidade em diferentes contextos, organizado por Piccinini e Alvarenga (2012).

O livro é o resultado de um dos trabalhos do Grupo de Trabalho Interação Pais-Bebê/Crianças da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP), e está dividido em duas partes. A primeira tem como título Parentalidade e desenvolvimento inicial, sendo composta por seis capítulos que abordam a construção da parentalidade e o desenvolvimento infantil ao longo do primeiro ano de vida. Nessa parte encontram-se capítulos que enfocam a parentalidade como uma coconstrução pais e filhos, que abordam a maternidade e a paternidade nos contextos da prematuridade, da internação neonatal e da depressão pós-parto, além de considerações teóricas e metodológicas sobre o desenvolvimento das relações de apego e da linguagem infantil. Já a segunda parte, intitulada Parentalidade em diferentes contextos de desenvolvimento, é composta por dez capítulos que exploram situações diversas como parentalidade, trauma e cultura, coparentalidade e autismo, implicações da parentalidade no desenvolvimento do comportamento antissocial infantil, doença crônica na infância e sua influência na relação pais-criança, maternidade no contexto do nascimento do segundo filho, cuidado entre irmãos, maternidade adolescente, contexto da creche e empatia parental como um fator protetor contra abuso.

Como visto, os assuntos são bastante diversos o que denota que não há uma abordagem única sobre a parentalidade, mas uma variedade de fundamentos teóricos, metodológicos e clínicos para se aproximar desta temática, o que confere à publicação um caráter amplo e variado. Um dos méritos do livro é que os seus autores consideram que, embora a responsabilidade em relação aos filhos tenha sido atribuída quase que exclusivamente às mães e aos pais na sociedade ocidental, outras instâncias sociais são importantes, como, por exemplo, o contexto da creche, contemplando em sua discussão fatores intra e extrafamiliares (Szymanski, 2004). Além disso, percebe-se em cada capítulo o esforço dos autores em aproximar as questões teóricas sobre a parentalidade da prática clínica dos profissionais envolvidos com a atenção à infância, transcendendo a simples constatação e trazendo considerações importantes sobre as possibilidades de intervenção junto a pais e crianças em diferentes contextos.

A diversidade temática é um diferencial do livro, revelando o quão complexo é o estudo da parentalidade. Frente a diversas possibilidades de abordar o tema, acredita-se que uma publicação sobre parentalidade comportaria, devido à sua amplitude, uma divisão em subtemas, que poderiam ser agrupados em diferentes volumes com ênfases dadas de acordo com a abordagem teórica, por exemplo, ou por faixas etárias, entre outros.

Por fim, é importante ressaltar que ser mãe e pai é uma tarefa complexa e que muito tem se questionado acerca do melhor modo de realizá-la. A construção da parentalidade, considerando a história dos próprios pais desde antes da concepção, os seus desafios frente às situações esperadas e não esperadas, como a prematuridade, a hospitalização, o adoecimento físico e emocional da criança ou dos pais, a ampliação da rede de cuidado à criança e as transformações pelas quais a família pode passar ao longo de seu desenvolvimento, parecem ser fundamentais para o entendimento da parentalidade como um processo dinâmico e bidirecional entre pais e filhos. Assim, identifica-se na publicação potencial para inspirar reflexões sobre a importância dos papeis materno e paterno para o desenvolvimento da criança e do adolescente.

 

Referências

Bernardino, L. M. F., & Kupfer, M. C. M. (2008). A criança como mestre do gozo da família atual: Desdobramentos da “pesquisa de indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil”. Revista Mal-estar e Subjetividade, 8(3), 661-680.

Piccinini, C. A., & Alvarenga, P. (Eds.) (2012). Maternidade e paternidade: a parentalidade em diferentes contextos. São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

Szymanski, H. (2004). Práticas educativas familiares: a família como foco de atenção psicoeducacional. Estudos de Psicologia, 21(2), 5-16.         [ Links ]

 

Endereço para contato
E-mail: angelahm@unisinos.br

Recebido em janeiro de 2013
Aceito em setembro de 2013

 

 

Angela Helena Marin: Psicóloga (UFSM), mestre e doutora em Psicologia (UFRGS) e professora dos curso de Graduação e Pós-Graduação em Piscologia da Unisinos.
Tagma Marina Schneider Donelli: Psicóloga (UNISINOS), mestre e doutora em Psicologia (UFRGS) e professora dos cursos de Graduação e Pós-graduação em Psicologia da Unisinos.