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Interações

versão impressa ISSN 1413-2907

Interações v.8 n.16 São Paulo dez. 2003

 

EDITORIAL

 

Com o número 16, Interações dá um importante passo em relação às metas editoriais traçadas em 2002. Além da progressiva consolida­ção dos novos procedimentos editoriais e da ampliação da rede de distribuição, investimos também no aperfeiçoamento da divulgação da revista. Um primeiro resultado destes esforços foi a total reformulação de nosso site (www.smarcos.br/interacoes), no qual aguardamos a visita do leitor! Como parte do projeto de tornar o periódico disponível também on line, o site contém os sumários de todos os números da Interações, além dos editoriais e de alguns artigos integrais, selecionados a partir do número 13. Lembramos o leitor que os resumos de todos os artigos publicados em Interações constam da base Index Psi Periódicos, podendo ser acessados pelo site da BVS (Biblioteca Virtual de Saúde): www.bvs-psi.org.br.

Além disso, o número 16 representa um avanço significativo no que se refere à consonância entre o material nele reunido e as diretri­zes da Linha Editorial. O leitor verificará que se trata de um número especialmente harmônico, cujos artigos, apesar das (bem-vindas) diferenças, acabam por ressoar e amplificar-se uns aos outros. Isto se deve ao fato de termos conseguido agrupar contribuições que aliam um apurado nível teórico-metodológico a preocupações de cunho social e afiado gume crítico.

O número abre com um artigo inédito do professor Ian Parker, um exemplo de como a psicanálise pode se renovar a partir de uma profunda e feroz autocrítica. Em trabalhos anteriores, Parker reco­nhece não apenas que as categorias psicanalíticas são tributárias de circunstâncias históricas (como a ascensão do capitalismo e da es­fera privada), como vê na “subjetividade psicanalítica”, tal como tradicionalmente descrita (desejos infantis escondidos, e assim por diante), um perfeito complemento da exploração capitalista. O artigo que aqui publicamos é um instigante, bem-humorado e didático exem­plo de como proceder na pesquisa psicanalítica; dentre os deslizes a serem evitados, destaque para a postura ingênua de tomar como verdade o que diz a teoria...

Em seguida, Regina Herzog examina a noção de Bindung (ligação), mostrando como a reflexão sobre a dissolução do laço social contem­porâneo requer uma leitura crítica dos próprios fundamentos da metapsicologia freudiana. Outro trabalho, pois, em que revisão e críti­ca teórica são efetuadas com rigor e, por assim dizer, “de dentro” da própria teoria.

Em “Modelos de família e intervenção terapêutica”, Ponciano e Féres-Carneiro abordam a família nuclear como um constructo históri­co que, a partir de determinado momento, passa a ser alvo de cuidados terapêuticos. As autoras discutem as práticas terapêuticas de família, seus efeitos e transformações, com base em depoimentos de profissionais cariocas; o artigo resulta em um estimulante entrelaçamento de história social, teoria sistêmica e prática clínica na área de família, deixando en­trever como tais dimensões se afetam mutuamente.

O quarto artigo também mobiliza um rico material empírico, pro­duto de uma pesquisa sobre as expectativas de gestantes gaúchas. Piccinini e demais autores nos guiam através das lindas fantasias que cercam o “bebê imaginário”; como toda boa pesquisa, os achados desconfirmam as expectativas dos pesquisadores em relação a diferenças expressivas entre gestantes adultas e adolescentes.

O conjunto de artigos se encerra com um ensaio de Christian Dunker sobre várias produções do chamado “novo cinema brasileiro”, que lhe fornecem subsídios para discutir as novas configurações do erotismo nacional, bem como para discordar de uma idéia de ampla aceitação no meio “psi”, qual seja, a de que a imagem/autoridade paterna encontra-se em crise.

A seção “Comunicações” traz um relato dos debates ocorridos no evento promovido pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa “Desenvolvi­mento humano e processo ensino-aprendizagem”, um dos três que compõem nosso Programa de Pós-graduação. Psicologia e Educação, teoria e prática, pesquisa acadêmica e realidade de sala de aula: uma excelente amostra de como a produção e a transmissão de conhecimen­tos só podem se beneficiar do diálogo efetivo com o “outro” sempre presente em nossas reflexões.

Por fim, “Resenhas” noticia a publicação de duas relevantes contribuições sobre temas de primeira grandeza no cenário nacio­nal: alfabetização e alcoolismo. O número se encerra com a listagem das dissertações defendidas no Programa no ano de 2003.

Tendo em vista que a missão editorial de Interações prevê a veiculação de conhecimento histórico-crítico sobre temas de interface social, abor­dados pela Psicologia e por áreas afins (com as quais o psicólogo com­partilha questões epistemológicas, metodológicas e éticas), pode-se considerar que o presente número cumpriu, literalmente, sua missão.

 

COMISSÃO EDITORIAL