SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.20 número2Expansão de classes ordinais em pré-escolaresAvaliação da qualidade de vida de sobreviventes de leucemia na infância índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

artigo

Indicadores

Compartilhar


Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.20 no.2 Ribeirão Preto dez. 2012

https://doi.org/10.9788/TP2012.2-11 

ARTIGOS

 

Araraiana e Combu: um estudo comparativo de dois contextos ribeirinhos amazônicos

 

Araraiana and Combu: a comparative study of two amazonian riverine context

 

Araraiana y Combu: un estudio comparativo de dos contextos ribereños amazónicos

 

 

Daniela Castro dos Reis; Maria Elizabeth Costa Araújo; Suzane Santana Lima dos Santos; Simone Souza da Costa Silva; Fernando Augusto Ramos Pontes

Universidade Federal do Pará - Belém, PA, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho teve por objetivo caracterizar sociodemograficamente dois contextos ribeirinhos, discutindo suas distinções e similaridades. Participaram da pesquisa 250 pessoas, 125 moradores de cada comunidade, 22 famílias da Comunidade do rio Araraiana e 24 famílias da Ilha do Combu. O rio Araraiana localiza-se a cerca de 4 horas de barco e a ilha do Combu, 15 minutos de rabeta da Capital Belém. O instrumento utilizado foi o Inventário Sociodemográfico (ISD), constituído por itens referentes: à identificação dos moradores, aos aspectos domiciliares, à renda familiar, à cidade de origem e ao tempo de moradia. A pesquisa recebeu autorização do comitê de ética a partir do consentimento dado pelos participantes para a realização deste estudo. Os resultados mostraram que a proximidade com a área urbana é um fator determinante para a diferença no modo de vida das comunidades pesquisadas. Apesar das semelhanças estruturais na vegetação e topografia, existem diferenças quanto ao bem-estar físico, educacional e quanto às estratégias de sobrevivência, identificadas no modo de vida.

Palavras-chave: Contexto ribeirinho, Araraiana, Combu, Caracterização sociodemográfica.


ABSTRACT

This work aimed to characterize sociodemographically two riverine contexts, discussing their similarities and distinctions. 250 people participated in the survey, 125 residents of each community, 22 families of the community of the river and 24 families of Araraiana Island Combu. The Araraiana river is located about 4 hours by boat and 15 the Combu island 15 minutes from the tail of the capital, Belém . The instrument used was the Sociodemographic Inventory (SDI), consisting of items related to: the identification of residents, household aspects, family income, city of origin and duration of residence. The study received the approval of the ethics committee from the consent of the participants of this study. The results showed that the proximity to the urban area is a determining factor for the difference in the way of life of these communities. Despite the structural similarities in vegetation and topography, there are differences in the physical well-being, education and the survival strategies identified in the way of life.

Keywords: Riverine context, Araraiana, Combu, Sociodemographic characterization.


RESUMEN

Este trabajo tuvo como objetivo caracterizar sócio y demográficamente dos contextos fluviales, discutir sus similitudes y diferencias. En la encuesta participaron 250 personas, 125 residentes de cada comunidad, 22 familias de la comunidad del río Araraiana y 24 familias de la isla Combu. El río Araraiana se encuentra a 4 horas de barco y la isla de Combu a 15 minutos de la capital Belém. El instrumento utilizado fue el Inventario Sociodemográfico (SDI), constituido por temas relacionados a: la identificación de los residentes, los aspectos del hogar, la renta familiar, la ciudad de origen y tiempo de residencia. El estudio recibió la aprobación del comité ético del consentimiento de los participantes en este estudio. Los resultados mostraron que la proximidad a la zona urbana es un factor determinante para la diferencia en la forma de vida de estas comunidades. A pesar de las similitudes estructurales de la vegetación y la topografía, existen diferencias en el bienestar físico, la educación y las estrategias de supervivencia identificadas en la forma de vida.

Palabras clave: Contexto ribereño, Araraiana, Combu, Caracterización sociodemográfica.


 

 

Este artigo teve por objetivo demonstrar o modo de vida de duas comunidades ribeirinhas amazônicas, através das características sociodemográficas do rio Araraiana e da ilha do Combu, discutindo suas distinções e similaridades. Em geral, o senso comum percebe a Amazônia como uma unidade, seja pela sua topografia, seja pelas dinâmicas e estruturas sociais existentes, é como se fosse um grande bloco homogêneo. Porém, estudos em contextos amazônicos distintos podem revelar especificidades de um modo de vida diferenciado, embora com aspectos físicos e culturais gerais similares. Essas diferenças, apesar de serem específicas de um contexto e sem visibilidade aparente, são essenciais para a compreensão das populações ribeirinhas e demonstram uma riqueza ímpar e ainda pouco estudada pela Psicologia, o que sinaliza a necessidade de ampliação das investigações.

A relevância teórica desse tipo de trabalho fundamenta-se na ideia de que cada contexto, ou ambiente, e neste caso o amazônico, desvela aspectos específicos do desenvolvimento do caboclo ribeirinho. Os ambientes onde os indivíduos compartilham experiências cotidianas por um prolongado período de tempo atuam diretamente no desenvolvimento humano, uma vez que marcam as habilidades e estratégias de sobrevivência adquiridas pelas pessoas. Esses ambientes são experienciados de forma diferente por cada indivíduo, o que leva a processos de interação e de desenvolvimento distintos, conforme já teorizado por muitos estudiosos (Lewin, 1973; Vygotsky, 1998). O papel do ambiente, então, na vida das pessoas é fundamental para a compreensão do desenvolvimento humano e justifica a necessidade de estudos contextuais em localidades amazônicas distintas.

Inúmeros teóricos (Bronfenbrenner, 1998; Luria, 2008; Vygotsky, 1998) têm discutido a influência do ambiente no desenvolvimento do indivíduo. Segundo Bronfenbrenner (2011), o processo que promove o desenvolvimento humano está alocado sobre quatro componentes que mantêm entre si trocas interdependentes, a saber: 01) a pessoa; 02) o contexto; 03) as relações; e 04) o tempo na vida das pessoas. A ênfase não está somente no contexto imediato, mas nas interações processuais, e, neste caso, a cultura local ribeirinha e suas interfaces com o indivíduo amazônico.

No caso da população amazônica, poucos pesquisadores na área da Psicologia têm se engajado na investigação de comunidades aí inseridas. O interesse acadêmico pelas sociedades ribeirinhas amazônicas teve início somente nas décadas de 1970-80, quando os grandes projetos se instalaram na Amazônia, porém, as pesquisas enfatizavam a topografia dos solos e da flora, bem como dos impactos causados pelos projetos nas populações locais, deixando de lado estudos sobre o modo de vida das pessoas (Ferreira, Venticinque, & Almeida, 2005; Murrieta, Bakri, Adams, Oliveira, & Strumpf, 2008; Neves, 2004). Isso pode justificar o desconhecimento do meio científico acerca da população ribeirinha.

A Amazônia é uma grande "toalha de retalho", com povos distintos, características próprias e diferentes modos de vida. Este bioma estende-se do oceano Atlântico às encostas orientais da Cordilheira dos Andes, até aproximadamente 600 m de altitude, contendo parte de nove países da América do Sul, sendo 69% dessa área pertencente ao Brasil (Ab'Saber, 2002).

No Estado do Pará, a população, segundo o Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é composta de sete milhões e meio de habitantes, dos quais 68,48% vivem na área urbana e 31,51% na área rural, entre estes, os índios. Essa dimensão populacional é constituída por diferentes etnias em pleno domínio e uso de suas línguas e culturas. Além da cultura indígena, há também, a cultura cabocla, vivenciada pelos grupos ribeirinhos que vivem no interior, às margens de rios, lagos e igarapés. Estas especificidades caracterizam os modos de vida amazônicos, representando a vivência e o conhecimento sobre formas de coexistência e utilização do meio local.

As populações caboclas ou ribeirinhas da Amazônia são produto da miscigenação entre índios e colonizadores portugueses e, posteriormente, escravos africanos trazidos para a região. Isso levou a uma mistura de crenças e lendas, que ainda hoje fazem parte da vida dos ribeirinhos.

Há quem classifique o caboclo como sendo aquele nascido nas terras Amazônicas, ou os que nela vivem e tenham assimilado sua cultura, assim como o índio, aquele que perde suas características fundamentais e adquire um modo de vida igual aos de sua nova convivência (Serra, 2001). De qualquer forma, os ribeirinhos da Amazônia são trabalhadores que residem nas proximidades dos rios e se caracterizam por ter, como principal atividade de subsistência e econômica, a pesca e a coleta (Neves, 2004).

A formação do caboclo ribeirinho se deu por intensos conflitos, mortes e muitos desentendimentos. Os ribeirinhos espalhados no ambiente amazônico constituíram populações isoladas e carentes, criando e organizando seu modo de vida, ampliando ou restringindo seus espaços, originando uma população diferenciada pelos seus traços físicos, culturais, alimentares, pelas crenças e formas de organização para o trabalho (Serra, 2001). Determinados estudos têm evidenciado um perfil regional caracterizado por sistemas de subsistência dominados pela pesca, caça, agricultura de corte e cultivo da terra, extração e comercialização de produtos florestais e engajamento crescente em atividades assalariadas.

Em meio a esse contexto, rico em biodiversidade e cultura, com diversas peculiaridades, como o modo de vida extrativista, as comunidades sofrem com a ausência de energia elétrica, falta de saneamento básico e, principalmente, com o precário acesso às políticas públicas nas áreas de educação e saúde. Este artigo, portanto, pretende caracterizar o modo de vida de duas comunidades ribeirinhas inseridas no contexto Amazônico e discutir modos de vida tão similares, mas ao mesmo tempo distintos nas suas peculiaridades e especificidades locais.

 

Método

Participantes

A proximidade e o distanciamento em relação ao contexto urbano foi o critério determinante para a escolha das comunidades pesquisadas. A comunidade do rio Araraiana foi escolhida em função do seu isolamento geográfico, enquanto que a comunidade da Ilha do Combu foi selecionada pela proximidade com o contexto urbano. Participaram da pesquisa todos os 125 moradores, no total de 22 famílias, da Comunidade do rio Araraiana/Ponta de Pedras/Ilha do Marajó/PA/Brasil, ou seja, sendo 100% do universo da população, e 125 moradores, totalizando 24 famílias, pertencentes à comunidade da Ilha do Combu/Belém/PA/Brasil. Os participantes combuenses foram selecionados pelo método de conveniência, escolhidos, conforme informado anteriormente, em função da proximidade com baía do Guajará, o que facilitou o acesso dos pesquisadores. Não foi possível mensurar o universo e amostra da ilha do Combu por não se ter dados oficiais sobre o número de habitantes da referida localidade.

Ambiente

A comunidade do rio Araraiana caracteriza-se como uma localidade isolada geograficamente da área urbana, distante quatro horas de barco da capital Belém, com vegetação nativa da região marajoara, sendo ora mata fechada, ora campos alagadiços na época de chuva. O rio é a principal via de locomoção, porém é, ao mesmo tempo, uma barreira natural entre os moradores de Araraiana e de outras comunidades.

A Ilha do Combu é uma área de proteção ambiental, localizada à margem esquerda do rio Guamá, com extensão de 15 Km², distante da capital Belém cerca de 15" de rabeta1. Neste trabalho, a pesquisa concentrou-se às margens dos rios Piriquitaquara, Furo da Paciência e Furo de São Benedito. Dessa forma, toda vez que a ilha do Combu for citada, a referência corresponderá apenas aos três furos onde a pesquisa foi realizada.

Instrumentos

O Inventário Sociodemográfico (ISD) (Assef-Mendes et al., 2008a) é constituído pelos seguintes itens: identificação dos moradores (nome, idade, estado civil, ocupação, escolaridade, união estável); aspectos domiciliares (situação de moradia, tipo de construção, origem e destino do lixo e da água); renda familiar, cidade de origem e tempo de moradia.

Procedimentos

A primeira etapa se deu com a solicitação de autorização dos moradores, por meio de um termo de consentimento livre e esclarecido, assim como a autorização da Prefeitura Municipal, viabilizando-se a aprovação no comitê de ética (Nº 2716/06 e Nº 203/10).

A de coleta se deu pela aplicação do ISD nas residências, sendo que o grupo de pesquisa, composto por 8 membros, dividia-se em díades ou tríades para abordar as famílias. A aplicação durou, aproximadamente, 03 meses. No caso do Araraiana, devido à distância, as viagens ocorriam uma vez ao mês e a equipe permanecia no local em períodos de até 11 dias consecutivos. No Combu, as visitas ocorriam semanalmente, entre duas ou três vezes por semana.

 

Resultados e Discussão

A População

Os dados populacionais demonstraram que, nas comunidades, havia uma distribuição etária equitativa, com 72 crianças/adolescentes (entre 0 e 19 anos) e 53 adultos (entre 20 e 90 anos) no rio Araraiana; no Combu, eram 68 crianças e adolescentes (de 0 a 19 anos) e 57 adultos (de 20 a 90 anos).

As comunidades constituíam-se essencialmente por uma população jovem, já que 65,6 % dos moradores encontravam-se no intervalo etário de 0 a 24 anos. Ressalta-se, ainda, que 48,8% e 51,2% correspondiam ao gênero feminino na comunidade do Araraiana e Combu respectivamente, enquanto que 57,6%, no Araraiana, e 42,4%, no Combu, eram do gênero masculino, havendo semelhanças ao longo das faixas etárias, com uma leve variação entre a população masculina.

Moradia

As casas ribeirinhas, em estilo palafitas, eram adequadas ao sistema de cheias dos rios, geralmente havia um pequeno trapiche na parte frontal das residências, o qual servia para atracar rabetas ou montarias, apresentando características distintas nas comunidades pesquisadas. No Araraiana, 10 moradias foram cedidas pelos latifundiários da região, os quais permitiram o uso da terra, e 12 eram próprias. Em contrapartida, os dados mostraram que 21 casas na Ilha do Combu eram próprias dos moradores, e 03 casas eram cedidas, porém, por se tratar uma área de proteção ambiental, os moradores usufruíam da terra, mas sem a posse definitiva destas.

Nas duas comunidades, a maioria das casas foi construída com tábuas, tendo um registro de residência de alvenaria no Combu. Os principais materiais utilizados na construção das casas no Araraiana constituíam-se de tala de Jupati (Raphia Taedigera) ou de Paxiuba2 (Socratea exorrhiza), tábua e palha de palmeira da região; no Combu, além das tábuas, as telhas de barro e amianto prevaleciam.

Ambas as comunidades possuíam casas com sala, quarto e cozinha e assoalhos de tábuas. Em algumas casas no Araraiana, a sala não tinha divisória na sua parte frontal, sendo uma sala ampla sem paredes nas laterais, contrastando com a do Combu, que apresentava casas similares às das periferias do contexto urbano. Os quartos, a cozinha e sala eram, geralmente, pequenos, com dimensões aproximadas de 3m2; x 3m2;. A cozinha, em alguns casos, tinha uma pequena mesa, um fogão e um jirau3 para lavar roupa, louça ou preparar a alimentação. Nas duas comunidades, o banheiro localizava-se na parte externa da casa, uma espécie de compartimento independente. Descrito como um pequeno barraco coberto, com um orifício no assoalho, normalmente, esse aposento interligava-se à área residencial por troncos de açaizeiro ou miritizeiro semelhante a uma ponte.

As casas apresentavam similaridades no aspecto estrutural, a diferença encontrava-se no material utilizado nas construções, o que indica uma variedade de matéria-prima. No caso do Combu, a facilidade de acesso à capital Belém possibilitava maior número de casas construídas de tábua e uma de alvenaria, com uma arquitetura amazônica. Segundo Bauch, Sills, Sampaio e Silva (2009), as características das casas de comunidades ribeirinhas modificaram-se bastante em relação às suas estruturas. As casas estão em período de mudanças: o estudo demonstrou que existiam casas de chão batido evoluindo para os de madeiras e os telhados de palha estão diminuindo cada vez mais, perdendo espaço para as telhas de barro. Neste sentido, o Combu parece ser um exemplo de comunidade em processo de mudança.

Origem da População das comunidades

Os dados demonstraram que os moradores originavam-se de outras localidades que tinham forte relação com o rio. Os habitantes do Arariana eram oriundos de locais como Abaetetuba, Icoaraci, Paricatuba, Ponta de Pedras, enquanto que os moradores do Combu derivavam de regiões próximas da ilha como Acará, Murucutum e Cotijuba. No entanto, 11 famílias araraienses e 3 combuenses narraram ter suas origens na comunidade. O que se destaca é que ambas as comunidades apresentavam semelhanças no modo de vida, uma vez que os moradores, principalmente osmais antigos, vieram de locais onde mantinham alguma relação com o rio e continuaram morando na beira do rio.

A economia

Os resultados demonstraram que o extrativismo, a pesca e as atividades domésticas apresentavam-se como as principais ocupações. A diferença entre os contextos se deu pela variação das ocupações. No Combu, houve os registros de DJ, doceira, estagiária, recepcionista, empregada doméstica e serviços gerais (9), o que reflete a mudança ocupacional que uma comunidade próxima à área urbana adquire, indicando, ainda, outras formas de interações contextuais e mudanças no modo de vida desses ribeirinhos, que se revelam nas estratégias de convivência e sobrevivência, como processos relacionais, interacionais e de percepção do espaço vivenciado, não restrita ao extrativismo, como formas de adaptação à adversidade do contexto. As principais ocupações encontradas no Combu foram: atividades do lar (18), extrativista (9), lavrador (4) e barqueiro (2). No Araraiana, as principais atividades ocupacionais identificadas foram: ajudantes de atividade diária (20), atividades do lar (19), pescador (26), extrativista (10) e artesão (2).

A atividade de pesca, por sua vez, caracterizava-se como artesanal, apresentando um caráter não predatório, porém, nem sempre se respeitava o ciclo de reprodução das espécies. Técnicas simples eram utilizadas para a captura do peixe, como: tarrafa, curral, pequenas redes de pesca, matapi, montaria e rabetas.

A condição de extrativista submetia o ribeirinho a viver em função de um ciclo sazonal. No período de escassez de fruta ou de caça, a população sofria com a diminuição de recursos naturais, pois a coleta, a caça e a pesca caracterizavam-se como as principais fontes de nutrientes e de renda, durante todo o ano. Wagley (1988) considera que as preocupações na vida cotidiana dos ribeirinhos eram determinadas pelo sol e pela chuva, ou seja, pela sazonalidade. Scherer (2002) aponta que os "Povos das Águas" estão condicionados ao ciclo da natureza, pois o fenômeno da enchente e da vazante regula, em grande parte, o cotidiano ribeirinho, de tal modo que o mundo do trabalho obedece ao ciclo sazonal quando desenvolvem as atividades de extrativismo vegetal, agricultura, pesca e caça.

A cultura do açaí, a extração do palmito, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o Progama Bolsa Família (PBF), o benefício do seguro-desemprego e o incentivo fiscal na época do defeso complementavam a renda familiar nas comunidades. No caso do Araraiana, os moradores confeccionavam e utilizavam a venda de paneiros e peneiras como forma de agregar renda. No Combu, não houve registro, entre os moradores, de atividades ligadas à confecção destes utensílios, embora as duas populações os utilizassem para transportar açaí, camarão e cacau. Como ressalta Noda (2001), o excedente ocorre com frequência em períodos de maior demanda. O modo de vida ribeirinho aponta, portanto, para uma questão central relacionada ao tipo de trabalho essencialmente extrativista.

Os dados sobre a ocupação dos moradores refletem a dinâmica do local e a ausência de uma política voltada para a capitalização ou otimização dos produtos locais. As pessoas relataram ter pouca ou nenhuma oportunidade de trabalho ou crescimento profissional, o que acaba gerando uma migração para os centros urbanos na tentativa de melhoria de vida, porém, sem mão-de-obra qualificada, acabam entrando em um ciclo de pobreza extrema e violência (Martine, 2005).

Os resultados demonstraram, ainda, que as atividades se diferenciavam conforme o gênero: as mulheres se responsabilizavam pelas atividades domésticas e os homens pelas atividades de cortar lenha, caçar, pescar e coletar, dado observado nas duas comunidades. Destaca-se o envolvimento das crianças no processo de trabalho nas duas localidades investigadas, onde se verificou que há a participação frequente destas ajudando os pais em atividades diárias, assim como há crianças que possuem renda própria a partir dos trabalhos que realizavam. Fabre e Ribeiro (2003) descrevem que, muitas vezes, as crianças deixam de frequentar a escola da comunidade pelo fato de terem que ajudar os pais na faxina doméstica, coleta de açaí e na pesca, principalmente no período de safra.

A prática de criação de animais, principalmente de pequeno porte, como galinhas, patos e porcos, servia como fonte econômica e alimentícia alternativas para os moradores. Não se identificou nenhuma cultura agrícola no sentido de um plantio sistemático, pois a maioria das plantações ocorria de modo assistemático, por exemplo, as sementes do açaí e do cacau que eram jogadas na terra após a retirada de sua polpa.

É preciso destacar que essas comunidades apresentavam características de sociedades tradicionais e fundamentavam suas atividades num vasto conhecimento empírico do ecossistema em que vivem, adquirido e acumulado por meio de várias gerações. Como referem Miguez, Fraxe e Witkoski (2007), a percepção e a vivência são parte desses "saber tradicional" que consolidam suas práticas agrícolas, pesqueiras e extrativistas, bem como constituem o principal meio de sustento e geração de renda. A importância do conhecimento produzido e transmitido oralmente pelos moradores das comunidades pesquisadas contribui para uma gestão participativa e para validar as práticas tradicionais.

A educação

Em ambas as comunidades, havia a oferta de educação infantil até a 4ª série do Ensino Fundamental. No Araraiana, a única escola funcionava na sala da casa de um dos moradores, caracterizada como uma turma multisseriada funcionando em dois turnos. O período matutino voltava-se para alunos da alfabetização à 2ª série, e o vespertino aos alunos de 3ª e 4ª séries. Ao final da etapa escolar, os alunos continuavam frequentando a escola, repetindo durante anos a mesma série. Aliado a esse fator, o currículo escolar descontextualizado, isto é, inadequado ao ambiente ribeirinho, o que produzia um distanciamento da educação, pois não se tinha clareza dos conteúdos educacionais no cotidiano, como ressaltado no trabalho de Assef-Mendes et al. (2008b).

Na ilha do Combu, a escola, administrada pela Secretaria Municipal de Educação de Belém, era composta por 02 salas de aula e funcionava como anexo de uma escola municipal no bairro da Condor/Belém. Nessa escola, utilizava-se um sistema de ensino denominado de ciclo, no qual estudavam alunos da educação infantil até a 4ª série, agregando-se em uma única sala duas séries simultaneamente. Durante o período matutino, funcionava a educação infantil, 1ª e 2ª séries; as turmas de 3ª e 4ª séries funcionavam no período vespertino.

Nos dados sobre escolaridade dos ribeinhos, identificou-se uma discrepância, ou seja, na ilha do Combu, 56 moradores possuíam o Ensino Fundamental Menor (2º ao 5º ano) e, no Araraiana, havia 66 pessoas com o mesmo nível de escolaridade; quanto ao Fundamental Maior (6º ao 8º ano), havia 7 registros nos moradores araraiense e 32 entre os combuenses com esse nível de ensino. Considerando o Ensino Médio, os dados demonstraram que, no Combu, 6 pessoas concluíram o referido nível, contrapondo-se a 2 registros encontrados no Araraiana. Entre os moradores, 6 pessoas relataram, no Araraiana, não saber ler, nem escrever, enquanto, no Combu, não houve registro de tal situação entre os pesquisados.

Para os araraienses, a educação atuava como forma de manutenção das condições de pobreza do local (Silva, 2006), o que é um reflexo do contexto em que viviam, principalmente pelo isolamento geográfico e ausência de uma política voltada para a educação contextualizada. Mota e Oliveira (2004) afirmam que as escolas ribeirinhas possuem condições precárias, tanto físicas, quanto pedagógicas, além de dificuldades no acesso e continuidade dos estudos, provocadas, principalmente, pela distância e deslocamento até os lugares onde ocorrem as aulas.

Por outro lado, os moradores do Combu tinham acesso facilitado à rede regular de ensino de Belém, pela proximidade com a Capital, fator importante para a continuidade dos estudos nos ensinos fundamental, médio e superior.

A saúde

A pesquisa identificou que a maioria dos moradores araraienses utilizava o rio como principal fonte de água para beber, higiene pessoal ou para os trabalhos domésticos. Segundo os relatos dos moradores, toda água consumida vinha do rio e, em nenhuma das residências, havia qualquer tipo de sistema de tratamento e nem de filtragem. Somente em alguns casos, a água recebia certo cuidado, sendo coada em pedaços de panos e armazenada em potes de barro.

Na ilha do Combu, a água consumida provinha, principalmente, de um sistema de abastecimento característico da ilha, em que um barco distribuía água em garrafões de 20 litros, vendidos a, aproximadamente, R$ 2,00 (dois reais) no ano de 2012. Essa água não tinha autorização para a venda, ou seja, não havia supervisão da vigilância sanitária, pois os galões chegavam à comunidade sem lacre e, mesmo assim, eram comercializados. Além disso, alguns moradores relataram que utilizavam hipoclorito de sódio, fervura ou sulfato de alumínio, o que indica um grau de percepção e conhecimento sobre a saúde básica, situação não observada na comunidade do rio Araraiana.

A falta de informação pode ser um dos fatores que contribui para a conscientização da utilização da água. Verificou-se que, no contexto ribeirinho amazônico, esse aspecto é maximizado pela distância da área urbana e ausência de políticas públicas, como no caso do Araraiana.

Quanto ao destino do lixo, no Araraiana, a maioria dos moradores o descartava, jogando-o no próprio rio e, em alguns casos, queimando-o e/ou depositando-o na floresta, o que demonstra a desinformação da comunidade quanto à preservação ambiental. Já no Combu, os moradores queimavam o lixo no terreno da própria casa. Todas as famílias araraienses jogavam seu esgoto no rio, enquanto que, no Combu, 14 famílias depositavam o esgoto em céu aberto e 10 famílias possuíam fossas.

Em geral, observou-se que, nas localidades investigadas, culturalmente, há pouco cuidado com o meio ambiente e com a higiene, fato corroborado no levantamento das doenças mais frequentes encontradas nas duas comunidades: problemas de pele e de diarreia.

A família

A pesquisa levantou informações sobre a estrutura familiar, considerando: status familiar, estado civil e o tempo de união estável. Os dados sobre status familiar demonstraram que as famílias do Araraiana e Combu eram constituídas de níveis hierárquicos, isto é, pai, mãe, filhos e netos, as quais podem ser caracterizadas como famílias tradicionais com níveis geracionais de até três gerações convivendo no mesmo núcleo familiar.

Os resultados quanto ao estado civil dos moradores apresentaram discrepância. No Araraiana, 37 pessoas relataram viver juntos (união estável) e, no Combu, 24 pessoas viviam em união estável. Os casamentos oficiais somaram 7 registros no Araraiana e 38 no Combu. Mais uma vez, é possível observar que a proximidade e o contato com o contexto urbano possibilita o acesso a serviços básicos como cartórios, entre outros. Apesar de considerar que a comunidade do Araraiana, pelo isolamento, deveria apresentar costumes arraigados, como a exigência de casamentos oficiais, esse ritual parece não ser determinante para a união de casais, ou seja, o matrimônio não é decisivo para a sobrevivência e manutenção da comunidade.

 

Considerações Finais

Os dados demonstraram que, apesar das semelhanças gerais existentes entre as comunidades, há distinções peculiares, desmistificando a noção de homogeneidade tão disseminada nos meios de comunicação. Não se pode negar que as características gerais são mais visíveis, porém deve-se atentar para as minúcias dos contextos, pois revelam uma face das comunidades ribeirinhas ainda pouco pesquisada.

A localização geográfica é um dos fatores que merece ser considerado na análise dos modos de vida das populações ribeirinhas. A proximidade e o distanciamento constituem fatores que marcam o cotidiano das pessoas de modo especial. A localização geográfica das comunidades pesquisadas atua, funcionalmente, no modo de vida dessas populações, interferindo no cotidiano da vida dessas pessoas e atuando em tipos específicos de estratégias de sobrevivência de cada contexto, inclusive, na forma como se relacionam e se desenvolvem. As características sociodemográficas das comunidades revelam o impacto que a proximidade e a distância com o contexto urbano provocam no cotidiano da população, como: as estruturas das casas; as ocupações; a escolaridade; o acesso à educação e as políticas públicas. Pode-se afirmar, portanto, que a proximidade com contexto urbano é um fator relevante para a discussão dos padrões culturais e do modo de vida dos moradores ribeirinhos, assim como o isolamento geográfico natural.

Os materiais utilizados nas construções das residências sofreram variações em função da localização geográfica. No caso do Combu, a proximidade com Belém promoveu o acesso aos materiais industrializados para a construção das residências, como telha de barro ou amianto, assim como insumos para a construção de casas de alvenaria. Por outro lado, as residências dos araraienses eram, essencialmente, de produtos nativos da vegetação.

A economia das comunidades também sofreu variação em função da distância do centro urbano, embora a regra geral fosse o extrativismo como meio de subsistência. No Araraiana, as ocupações se restringiam ao extrativismo, artesanato e às atividades domésticas, enquanto, no Combu, as atividades direcionavam-se para serviços peculiarmente urbanos.

No aspecto educacional, a continuidade do ensino também sofreu influência do isolamento ou da proximidade, gerando níveis escolares distintos entre a população das comunidades, como percebido no Combu e no Araraiana. O acesso à saúde e aos serviços básicos também foi influenciado pela localização geográfica, entretanto os dados demonstraram a ausência de políticas públicas voltadas para a população ribeirinha.

Complementar a esses fatores, encontra-se a Universidade Federal do Pará, que atua por meio de pesquisa e extensão na ilha do Combu, tanto na escola, quanto nas residências. Apesar do estudo não se propor a descrever o papel da Universidade, levanta-se a hipótese de que a atuação da citada instituição é um eixo preponderante na comunidade e que interfere no modo de vida dessa população, porém seu papel precisa ser investigado.

Em termos de políticas públicas, é evidente a necessidade de políticas direcionadas para estas comunidades, instrumentalizando-as na relação com o meio ambiente, contribuindo com a construção de estratégias ecologicamente adequadas e organização política dos ribeirinhos. É preciso dar condições ao homem ribeirinho de continuar vivendo às margens dos rios, cuidando de si, da sua família e da natureza em sua volta.

Em termos gerais, parece que quanto mais próximo dos centros urbanos, mais as comunidades apresentam mudanças no modo de vida. Ressalta-se que esta mudança, no caso do Combu, apresenta-se em um ritmo acelerado, e é percebida como um processo dinâmico com impactos positivos e negativos. Compreende-se que este processo de mudança traz, em seu bojo, avanços positivos, como por exemplo o aumento do nível de escolaridade entre a sua população e entre as mulheres, assim como o acesso à saúde e às formas de manutenção econômica diversificada e regular.

Porém, na mesma direção, apontam-se os impactos negativos, como a perda de uma cultura genuinamente ribeirinha, com as lendas e os costumes locais. O legado cultural, neste caso, é o mais afetado, pois são histórias e processos culturais que vão sendo perdidos e esquecidos por uma população jovem, a qual é afetada diretamente pela cultura urbana.

Na comunidade do rio Araraiana, o processo de modificação é pouco perceptível, pois este se apresenta em um ritmo mais lento e menos impactante do ponto de vista sociocultural (Assef-Mendes, 2008; Reis, 2007; Silva, 2006). Na referida comunidade, as mudanças são mais diluídas em um ciclo de perpetuação de cultura local, historicamente reproduzida transgeracionalmente, exemplificado nas construções das casas com troncos de madeiras. Para Arruda (1997) e Little (2002), essas comunidades, com grupos humanos culturalmente diferenciados, vivem há, no mínimo, três gerações em um determinado ecossistema, historicamente reproduzindo seu modo de vida, de forma sustentável.

No processo de mudanças, mesmo não sendo visivelmente perceptível no Araraiana, há um movimento em direção ao novo, no entanto o isolamento geográfico funciona com uma espécie de filtro que promove um ciclo de transmissão cultural das culturais tradicionais ainda pouco afetadas e preservadas pela baía do Marajó e pela Floresta Amazônica. Tais barreiras impermeabilizantes, ao mesmo tempo em que preservam, direcionam para a inacessibilidade de políticas públicas essenciais comprometendo, de modo substancial, a qualidade de vida dessa população.

Por fim, considerando que as ações das pessoas influenciam na percepção que estas têm sobre a realidade, entende-se que as mudanças no modo de vida das populações ribeirinhas, geradas pela localização geográfica, repercutem na forma como as pessoas percebem a sua realidade que, por sua vez, atuam agindo no processo de construção de identidade, cultura, papéis e relações. Exemplo disso é a comunidade do Piriquitaquara, cuja proximidade com o grande centro urbano possibilita às pessoas darem continuidade aos seus estudos. Assim, pode-se dizer que o avanço na escolaridade explicar, por exemplo, a compreensão que a população tem sobre a inadequação da água do rio para o consumo humano. Neste sentido, verifica-se, ainda, que as mudanças empíricas geradas pela proximidade/distanciamento repercutem no funcionamento psicológico das populações ribeirinhas, o que corrobora a conclusão de que, de fato, a comunidade do Combu passa por um intenso processo de transição.

 

Referências

Ab'saber, A. (2002). Bases para o estudo dos ecossistemas da Amazônia Brasileira. Revista Estudo Avançado, 16(45),23-35.         [ Links ]

Arruda, R. (1997). Populações 'Tradicionais' e a proteção dos recursos naturais em Unidades de Conservação. Primeiro Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação , Brasil. Curitiba. Recuperado em 03 de Maio, 2011 de http://www.usp.br/nupaub/ArtigoCuritiba.pdf         [ Links ]

Assef-Mendes, L. A. (2008). A escola enquanto contexto de desenvolvimento: Um estudo ecológico em uma comunidade ribeirinha na ilha do Marajó. Tese de doutorado, Universidade Federal do Pará, Belém, Brasil.         [ Links ]

Assef-Mendes, L. S., Pontes, F. A. R., Silva, S. S. C., Bucher-Maluschke, J. S. N. F., Reis, D. C., & Silva, S. D. B. (2008a). Inserção Ecológica no Contexto de uma Comunidade Ribeirinha Amazônica. Revista Interamericana de Psicologia, 42(1),1-10.         [ Links ]

Assef-Mendes, L. S., Ramos, T. S., Pontes, F. A. R., Reis, D. C., Silva, S. S. da C., & Silva S. D. B. da (2008b). A prática docente em uma escola ribeirinha na ilha do Marajó: um estudo preliminar em contexto naturalístico. Educação, 31(1),80-87.         [ Links ]

Bauch, S., Sills, E., Sampaio, L., & Silva, P. (2009). Meios de vida nas Comunidades Ribeirinhas da Flora do Tapajós: Um acompanhamento ao longo dos anos. Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia/Departamento de Ciências Florestais e Recursos Ambientais e Universidade Estadual da Carolina do Norte - Raleigh, EUA. Recuperado em 03 de Maio, 2011, de http://www.imazon.org.br/publicacoes         [ Links ]

Bronfenbrenner, U. (1998). A ecologia do Desenvolvimento Humano: experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artes Médicas.         [ Links ]

Bronfenbrenner, U. (2011). Bioeceologia do desenvolvimento Humano: Tornando os seres humanos mais humanos. Porto Alegre: Artes Médicas.         [ Links ]

Fabre, N., & Ribeiro, M. O. (2003). Sistemas abertos sustentáveis: Uma alternativa de gestão ambiental na Amazônia. Manaus/UFAM: EDUA.         [ Links ]

Ferreira, L. V., Venticinque, E., & Almeida, S. (2005). O desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas. Estudos Avançados, 19(53),157-166.         [ Links ]

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010). Censo Demográfico 2010 - Características da População e dos Domicílios - Resultados do Universo Brasileiro. Recuperado em 05 de Junho, 2011, de http://www.ibge.gov.br/home         [ Links ]

Lewin, K. (1973). Princípios de Psicologia Topológica. Brasil: Cultrix.         [ Links ]

Little, E. P. (2002). Territórios sociais e povos Tradicionais no Brasil: por uma Antropologia da territorialidade. Brasília: Departamento de Antropologia.         [ Links ]

Luria, A. R. (2008). Desenvolvimento Cognitivo. São Paulo: Ícone Editora.         [ Links ]

Martine, G. (2005). A globalização inacabada: Migrações internacionais e pobreza no século 21.São Paulo em Perspectiva, 19(3),3-22.         [ Links ]

Miguez, S. F., Fraxe, T. J. P. E., & Witkoski, A. C. (2007). O tradicional e o moderno na agricultura familiar amazonense: a introdução de tecnologias em comunidades de várzea no rio Solimões, Amazonas. Recuperado em 03 de Maio, 2011, de www.cnpat.embrapa.br/sbsp/anais/Trab_Format_PDF/96.pdf         [ Links ]

Mota, J. C. N., & Oliveira, I. A. (2004). Saberes da terra, da mata e das águas, saberes culturais e educação. In: I. A. Oliveira (Ed.), Cartografias ribeirinhas: saberes e representações sobre práticas sociais cotidianas de alfabetizandos amazônidas (pp. 53-66). Belém: CCSE-UEPA.         [ Links ]

Murrieta, R. S. S., Bakri, M., Adams, C., Oliveira, P. S., & Strumpf, R. (2008). Consumo alimentar e ecologia de populações ribeirinhas em dois ecossistemas amazônicos: Um estudo comparativo. Revista de Nutrição, 21(5),123-133.         [ Links ]

Neves, J. (2004). Ribeirinhos, desenvolvimento e a sustentabilidade possível. Presença revista de educação: cultura e meio ambiente, 28(4),1-13.         [ Links ]

Noda, S. N. (2001). Utilização e Apropriação das Terras por Agricultura Familiar amazonense de Várzeas. In A. Diegues, & A. C. Moreira (Eds.), Espaços e Recursos Naturais de Uso Comum. (pp. 181-203). São Paulo: NUPAUB/USP.         [ Links ]

Reis, D. C. (2007). Cultura da Brincadeira uma Comunidade Ribeirinha na Ilha do Marajó. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Pará, Belém.         [ Links ]

Scherer, E. (2002). O desafio da inclusão na Amazônia Ocidental. Trilhas, 2(3),15-35.         [ Links ]

Serra, N. E. M. (2001). Compreendendo a Lógica do Trabalho em Populações Tradicionais Ribeirinhas. Revista de Educação, Cultura e Meio Ambiente, 22(3),18-27.         [ Links ]

Silva, S. S. C. (2006). Estrutura e dinâmica das relações familiares de uma comunidade ribeirinha da região amazônica. Tese de doutorado, Universidade de Brasília, Brasília: DF.         [ Links ]

Vygotsky, L. S. (1998). Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes.         [ Links ]Wagley, C. (1988). Uma comunidade na Amazônia: Estudos dos Homens nos trópicos. São Paulo: Itatiaia/Edusp.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência:
Daniela Castro dos Reis
Telefone: +55 91 3273-7797 / +55 91 8129-2178
E-mail: danireispara@yahoo.com.br

Recebido em 03 de Novembro de 2011
Texto reformulado em 19 de Julho de 2012
Aceite em 25 de Agosto de 2012
Publicado em 31 de Dezembro de 2012
Apoio financeiro do Edital MCT/CNPq/MDS-SAGI nº 36/2010, do projeto Dinâmica de Famílias Ribeirinhas e Urbanas: O Uso do Tempo de Crianças Atendidas pelo Programa Bolsa Família (PBF), executado pela Professora Dr. Simone S. Costa. Silva.

 

 

Trabalho apresentado na sessão de painéis na 41ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia com o Título: Araraiana e Combu: Um estudo Comparativo de dois contextos ribeirinhos.
1 Pequena embarcação; espécie de canoa movida por motor, muito utilizada em comunidades ribeirinhas.
2 Árvores nativas da região Amazônica.
3 Armação em madeira, no formato de mesa, utilizado como pia na parte externa das casas ribeirinhas.