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PsicoUSF

versão impressa ISSN 1413-8271

PsicoUSF v.12 n.2 Itatiba dez. 2007

 

ARTIGOS

 

Produção científica da revista Psico-USF de 1996 a 2006

 

Sientific production of Psico-USF journal from 1996 to 2006

 

 

Adriana Cristina Boulhoça Suehiro *; Neide Brito da Cunha **; Evelin Zago Oliveira ***; Silvia Verônica Pacanaro ****

Universidade São Francisco

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente estudo investigou a produção científica da revista Psico-USF, entre os anos 1996 e 2006. Foram utilizados 11 volumes, dos quais 188 artigos foram analisados com base nos seguintes critérios: quantidade, média de volumes e artigos publicados por ano, tipo de trabalho, região de origem, natureza da autoria, gênero dos autores, temas de avaliação, palavras do título, amostra e etapa de escolarização. Os dados evidenciaram um aumento das publicações nos últimos seis anos, sendo 2006 o ano com maior número de artigos. Observou-se que o relato de pesquisa foi a forma mais utilizada e o sudeste, a região que mais publicou nesse período. Houve ainda a predominância da autoria múltipla e feminina e, quanto às temáticas, a maioria dos trabalhos se voltou aos fundamentos e medidas em psicologia. Considera-se que o estudo traçou um panorama dos conhecimentos produzidos, identificando carências de temas que podem ser pesquisadas futuramente.

Palavras-chave: Metaciência, Bibliometria, Qualidade das publicações.


ABSTRACT

The present study investigated the scientific production of the Psico-USF journal, between the years of 1996 and 2006. 11 volumes were used, in which 188 articles were analyzed based in the following criteria: amount, average of volumes and articles published per year, type of paper, region of origin, nature of authorship, authors' gender, evaluation themes, words of the title, sample and education stage. The data evidenced an increase of publications in the last six years, being 2006 the year with larger number of articles. The research report was the most used form and southeast, region had published more in that period. There was still the predominance of multiple and feminine authorship. As to thematic, were observed the predominance of works turned to the foundations and measures in psychology. It is considered that the study drew a new picture of the produced knowledge, identifying lacks that can be researched hereafter.

Keywords: Metascience, Bibliometric, Quality of publications.


 

 

Introdução

As revistas científicas, desde o seu surgimento, constituem importantes canais de comunicação formal da ciência. Esse tipo de publicação teve início no século XVII, na Europa, com a criação das sociedades e academias científicas. É interessante observar que a primeira revista de psicologia editada no Brasil foi a Revista Brasileira de Psicanálise, que teve seu primeiro número publicado em 1928, graças ao pioneirismo de Durval Marcondes, que escreveu a Freud dando conta dessa edição, tendo recebido uma estimulante carta-resposta do fundador da psicanálise (Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, 2007; Gonçalves, Ramos & Castro, 2006).

O advento da aplicação dos computadores no processamento das informações bibliográficas, a partir da década de 60, trouxe como vantagens o armazenamento de grandes quantidades de informação. Várias bases de dados foram disponibilizadas para facilitar o acesso a elas. Recentemente foi criado o PEPSIC, uma coleção de revistas científicas em psicologia e áreas afins, fruto da parceria entre a Biblioteca Virtual em Saúde - Psicologia (BVS-Psi) e a Associação Brasileira de Editores Científicos de Psicologia - ABECiP. Nesse site estão disponíveis 38 revistas eletrônicas, podendo ser consultados, atualmente, 13 números da revista Psico-USF, foco deste estudo bibliométrico (Periódicos Eletrônicos em Psicologia, 2007).

A Psico-USF é uma revista semestral vinculada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco. É editada desde 1974, já tendo sido denominada de Klínica e de Revista das Faculdades Franciscanas, tendo recebido o nome atual em 1996. Ela se destina a publicar trabalhos originais que relatem estudos em áreas relacionadas à psicologia, incluindo processos básicos, experimentais, aplicados, naturalísticos, etnográ-ficos, históricos, artigos teóricos, análises de políticas e sínteses sistemáticas de pesquisas, entre outros, assim como revisões críticas de livros, instrumentos diagnósticos e softwares. Com vistas a estabelecer um intercâmbio entre seus pares e pessoas interessadas em psicologia, conta com uma revisão às cegas e, em conseqüência, os conteúdos não refletem a posição, opinião ou filosofia do Programa de Pós-Graduação nem da Universidade São Francisco (Periódicos Eletrônicos em Psicologia, 2007).

Com o objetivo de criar um elo de comunicação entre os pesquisadores da Universidade São Francisco (USF) e os de outras instituições de ensino, a revista sempre teve como compromisso possibilitar aos pesquisadores da USF um diálogo científico nacional, considerando ser este uma exigência sine qua non para melhorar a qualidade do ensino dos formandos. Nunca houve restrições em relação à orientação clínica ou linha de pesquisa, mas sempre foi exigido que os estudos e trabalhos fossem originais e relevantes para a área da psicologia (Lindmeier, 1996).

A Psico-USF é classificada como um periódico A Nacional, de acordo com a avaliação da Qualis, que compreende uma qualificação da produção científica dos docentes e discentes, que subsidia a avaliação conduzida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES e pela Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia - ANPEPP (2007) dos programas de pós-graduação credenciados pela instituição e é alimentada a partir dos relatórios enviados pelos referidos programas. Os periódicos são classificados quanto ao âmbito de circulação (local, nacional e internacional) e quanto ao conceito (A, B e C) (Costa, 2006; Paula, 2002).

Tendo em vista essa classificação, Costa (2006) realizou uma metanálise sobre o processo de avaliação de periódicos científicos utilizado pela CAPES, nas revistas de psicologia, para alimentação da classificação Qualis. Os aspectos evidenciaram que: (a) há divergência entre os autores envolvidos, quanto à adequação do modelo, em retratar a realidade editorial da área; (b) há discordância em relação aos critérios adotados, que são vistos, simultaneamente, como necessários e úteis; (c) há melhoria nas revistas, principalmente no que se refere à normalização e difusão e (d) há indicação de que esse modelo de avaliação não aprecia a qualidade da revista propriamente dita, ou seja, o conteúdo dos periódicos por meio dos artigos. A autora concluiu que, apesar desses pontos, a avaliação dos periódicos em psicologia continua a ser o principal instrumento para garantir um padrão mínimo de qualidade nas publicações da área.

A perceptível melhora na classificação das revistas brasileiras já havia sido constatada no trabalho de Yamamoto e cols. (2002) sobre a avaliação dos periódicos brasileiros de psicologia, conduzida pela Comissão Editorial CAPES - ANPEPP (2007). As demandas para a realização do empreendimento, que teve a sua versão inicial realizada em 1999, foram as seguintes: qualificação dos veículos científicos nos quais publicam pesquisadores brasileiros vinculados aos programas de pós-graduação em psicologia; criação de mecanismos para viabilizar a manutenção dos periódicos com melhor avaliação; estabelecimento de parâmetros para o incremento da qualidade dos periódicos da área.

Com relação à quantidade, uma pesquisa da National Science Foundation, principal agência de fomento dos Estados Unidos, apontou que o número de artigos científicos publicados por pesquisadores de países latino-americanos quase triplicou em pouco mais de dez anos. O maior aumento ocorreu no Brasil, cujo número de artigos publicados por pesquisadores nacionais quadruplicou entre 1988 e 2001 (Hill, 2004).

Esse fato também ocorreu na psicologia, pois os indicadores qualitativos e quantitativos que apontam novas configurações da produção científica nacional variam. Nesse sentido, Witter (1996) aponta que a maior produção científica está relacionada à área da psicologia clínica. Na área de psicologia escolar as pesquisas refletiram uma produção focada nos processos psicológicos, disciplinas acadêmicas, aprendizagem e dificuldades no processo de ensino e aprendizagem. Concluiu-se, portanto, que há ainda assuntos muito pouco pesquisados na literatura nacional, especialmente quando se considera a vasta produção sobre esses temas no cenário internacional.

Embora haja assuntos ainda muito pouco pesquisados, Yamamoto e Gouveia (2003), que também investigaram a produção científica nacional, consideram que houve um incremento da produção em psicologia. Tal fato se deve ao aumento do número de dissertações e teses, proliferação de cursos de graduação e programas de pós-graduação, multiplicação de títulos de periódicos, maior diversidade de temáticas, inovação nos recursos metodológicos e construção do compromisso social, entre outros.

Considerando esse panorama, o aspecto que sobressaiu ao longo de mais de três décadas de regulamentação da profissão de psicólogo foi o marcante predomínio do sexo feminino entre os seus profissionais (Bock, 2003; Conselho Federal de Psicologia - CFP, 2003; Rosas, Rosas & Xavier, 1988). Segundo Castro e Yamamoto (1998), ao considerar o peso relativo do gênero na configuração da profissão, a psicologia estará sempre incluída na categoria de profissão feminina. Essa configuração também foi constatada na pesquisa de Yamamoto, Souza e Yamamoto (1999), ao avaliarem seis periódicos brasileiros especializados em psicologia, de circulação nacional, editados entre 1990 e 1997.

Nesse estudo, os pesquisadores analisaram a política de publicação desses periódicos e os perfis dos autores e das instituições às quais eles pertencem. Para tanto, foram examinados 719 artigos distribuídos pelas 80 edições dos periódicos. Os resultados apontaram que há poucos pesquisadores publicando sistematicamente e que essa produção está concentrada em um grupo reduzido de instituições localizadas nas regiões Sul e Sudeste. Estas informações corroboram os trabalhos de Suehiro, Cunha e Santos (2007) e Oliveira, Cantalice, Joly e Santos (2006).

Alguns desses resultados foram destacados também no estudo de Souza Filho, Belo e Gouveia (2006) que traçou o perfil da utilização dos testes psicológicos na literatura científica brasileira nos últimos anos. Foram analisados artigos de periódicos brasileiros entre 2000 e 2004, disponíveis na base de artigos Periódicos CAPES em fevereiro de 2005. Os principais resultados demonstraram predominância dos artigos que não consideram nenhum teste. Dentre os que consideram, há uma equivalência entre aqueles que utilizam os testes de forma direta e indireta, sendo a maioria deles de natureza empírica. A maior concentração dessas produções está situada na região Sudeste. Em termos institucionais, as universidades mais produtivas foram as federais e privadas, sobretudo aquelas que têm um histórico pautado pelo interesse na área de avaliação psicológica. Os autores concluíram que, de forma geral, a utilização dos testes psicológicos no contexto da produção nacional ainda é modesta e está, em grande parte, restrita aos âmbitos acadêmicos mais intensamente dedicados ao estudo dos testes.

Estudo bibliométrico semelhante ao aqui apresentado, realizado por Oliveira e cols. (2006), investigou a produção científica de dez anos de publicações da revista Psicologia Escolar e Educacional. A análise se baseou em alguns critérios da metaciência, como autoria, temática, discurso e análise dos tipos de avaliações. Os resultados evidenciaram a predominância da autoria múltipla e feminina. Quanto à temática, a distribuição da produção mostrou que não houve diferença significativa. Constatou-se um aumento do número de artigos publicados nos últimos anos, tendo sido a maior parte das publicações de pesquisas de campo e a região Sudeste foi a que mais apresentou trabalhos. No que se refere ao número de palavras do título dos artigos, percebeu-se que a maioria tinha de 8 a 13 palavras, como preconizado pelas normas científicas. Já com relação ao número de sujeitos, observou-se que, na maior parte das pesquisas relatadas, a amostra variou de 50 a 300 participantes e o nível escolar mais pesquisado foi o superior. Pôde-se concluir que a produção divulgada no período revelou o amadureci-mento da área.

Todavia, no Brasil ainda há uma carência de estudos cientométricos recorrentes que conceituem e caracterizem a publicação psicológica nacional (Santos, 2003; Witter, 1999; Yamamoto e cols., 1999). Como uma de suas principais funções é o registro da produção intelectual e dos avanços do conhecimento, as revistas científicas também têm sido utilizadas como fonte de avaliação da produção científica de pesquisadores e instituições, por meio de indicadores de citação, autoria, co-autoria e acesso. A cientometria, cuja meta é gerar informações e discussões que contribuam para a superação dos desafios característicos da ciência moder-na, constitui-se fundamentalmente num reducionismo bibliométrico. Essas análises se introduzem no campo da metaciência, que busca avaliar a qualidade do conteúdo publicado, possibilitando a caracterização dos indicadores que permeiam essa qualidade.

Em acréscimo, é relevante destacar que Suehiro e cols. (2007) verificaram que nos artigos de periódicos estão as informações mais utilizadas para a fundamentação dos artigos científicos. Dessa forma, fica evidente a importância da avaliação da quantidade e qualidade das produções dos pesquisadores, entendida como uma análise que assegura o desenvolvimento e o aprimoramento das áreas e das atividades de pesquisa. Diante do exposto, este estudo tem a finalidade de analisar a tendência das publicações da revista Psico-USF no período de 1996 a 2006.

 

Método

Fonte

Foram analisados 22 números da revista Psico-USF, totalizando 188 artigos, 2 comunicações breves e 59 resenhas. Deve-se ressaltar que somente os artigos foram analisados neste estudo. Utilizaram-se somente as versões impressas do periódico.

Procedimento

Os artigos foram analisados na íntegra com base em alguns critérios estabelecidos por Witter (1999) e outros considerados relevantes pelas autoras. Os itens pesquisados foram: (a) a quantidade de volumes publicados por ano e a média de publicações por ano; (b) a distribuição do tipo de trabalho (relato de pesquisa de campo, relato de pesquisa documental ou manuscrito teórico); (c) a distribuição da produção por origem (Sul, Sudeste, Norte, Nordeste, Centro-Oeste, parcerias regionais, internacionais e parcerias nacionais e internacionais); (d) a natureza da autoria (individual ou múltipla), bem como, (e) o gênero dos autores; (f) a quantidade e a distribuição por temas de avaliação; (g) as palavras contidas no título do trabalho e, por fim, (h) o número e (i) a etapa de escolarização dos participantes.

O levantamento de todos os dados foi realizado pelas autoras da pesquisa, separada e concomitantemente, para dar confiabilidade à avaliação. O índice de concordância ficou em 91%.

 

Resultados e discussão

Inicialmente, foram levantados a quantidade de volumes, números e o total de artigos e comunicações breves publicados por ano. Os resultados desse levantamento estão apresentados na Tabela 1.

 

 

Observou-se que a média de publicações da Psico-USF aumentou a partir de 2001 (M=9,5). Dois mil e seis foi o ano no qual se constatou o maior número de publicações (N=25; M=12,5). Esse resultado pode ser analisado sob o ponto de vista da National Science Foundation, cujos dados apontaram que quase triplicou o número de artigos científicos publicados por pesquisadores de países latino-americanos, especialmente no Brasil, onde o número quadruplicou (Hill, 2004; Oliveira e cols., 2006; Yamamoto & Gouveia, 2003).

No que se refere à análise por tipo de trabalho, buscou-se investigar a modalidade na qual o manuscrito se enquadrava. Para tanto, consideraram-se as seguintes categorias: relato de pesquisa de campo, relato de pesquisa documental ou manuscrito teórico. Os resultados evidenciaram que a maior parte do material publicado se referia a relatos de pesquisa de campo (N=130; 69,16%), seguidos pelos manuscritos teóricos (N=50; 26,59%) e pelos relatos de pesquisa documental, que representaram apenas 4,25% (N=8) do total. Esses dados corroboram os de Oliveira e cols. (2006) e Suehiro e cols. (2007).

Para avaliar a origem da produção, levantou-se a procedência dos artigos. Para tanto, avaliou-se a região, o país e as parcerias regionais e internacionais realizadas. Esses resultados encontram-se na Tabela 2.

 

 

Os resultados referentes à origem da produção indicaram que a região Sudeste foi a que mais contribuiu para as publicações da revista (N=92; 48,94%) e a região Norte a que menos contribuiu (N=01; 0,53%). Diversos estudos têm atestado essa tendência, como os de Yamamoto e cols. (1999), Oliveira e cols. (2006), Souza Filho e cols. (2006) e Suehiro e cols. (2007). Quanto ao tipo de autoria, individual ou múltipla, verificou-se que os artigos foram escritos, na maioria, por mais de um autor (N=127; 67,55%), assim como constatado por Oliveira e cols. (2006) e Suehiro e cols. (2007).

Os resultados também indicaram que há um número maior de publicações tanto envolvendo a parceria entre homens e mulheres (N=78; 41,49%) quanto apenas de mulheres na autoria dos trabalhos (N=78; 41,49%). É marcante o predomínio do sexo feminino entre os profissionais de psicologia, profissão tida como feminina (Bock, 2003; Castro & Yamamoto, 1998; Oliveira e cols., 2006; Rosas e cols., 1988; entre outros). A Tabela 3 mostra a análise do título dos trabalhos, considerando o número de palavras em cada um deles.

 

 

Conforme pode ser observado na Tabela 3, a maioria das publicações apresentou de 8 a 13 palavras em seus títulos (N=130; 69,15%), como preconizado pelas normas científicas e verificado por Oliveira e cols. (2006). Ao lado disso, buscou-se analisar a distribuição dos manuscritos por temáticas pesquisadas. Para tanto, recorreu-se à listagem de áreas do conhecimento disponibilizada pela Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A distribuição de tais temáticas pode ser visualizada na Tabela 4.

 

 

Observou-se que a maioria dos artigos analisados (N=63; 33,51%) abordou assuntos relacionados a "fundamentos e medidas da psicologia", quais sejam, construção e validade de testes, escalas e outras medidas psicológicas; história, teorias e sistemas em psicologia; metodologia, instrumentação e equipamento em psicologia e técnicas de processamento estatístico, matemático e computacional em psicologia. Esses resultados são incongruentes, em parte, com os da pesquisa de Souza Filho e cols. (2006), que constataram que a utilização dos testes psicológicos no contexto da produção nacional ainda é modesta.

A segunda maior freqüência se deu na categoria "psicologia do ensino e da aprendizagem", que aborda a aprendizagem e desempenho acadêmico, ensino e aprendizagem na sala de aula, planejamento institucional, programação de condições de ensino e treinamento de pessoal. No trabalho de Witter (1996), na área de psicologia escolar, as pesquisas analisadas refletiram uma produção focada nos processos psicológicos, disciplinas acadêmicas, aprendizagem e dificuldades no processo de ensino e aprendizagem.

Dentre as temáticas, a de "tratamento e prevenção psicológica", que considera desvios de conduta, distúrbios da linguagem, distúrbios psicossomáticos, intervenção terapêutica, programas de atendimento comunitário e treinamento e reabilitação, foi a que teve a terceira maior freqüência. Diferentemente, Witter (1996) encontrou maior produção científica na área de psicologia clínica.

Foi realizada, ainda, uma análise dos participantes dos 130 estudos classificados como relatos de pesquisa de campo. Na Tabela 5 podem ser vistas as freqüências e porcentagens do número de participantes nos estudos.

 

 

A maioria dos estudos realizados trabalhou com amostras que variaram de 51 a 400 participantes (N=75; 57,69%). Resultado semelhante foi encontrado por Oliveira e cols. (2006). Por fim, avaliou-se também a distribuição dos trabalhos considerando-se a etapa de escolarização desses participantes. Na Tabela 6 aparecem os percentuais relativos à freqüência de pesquisas focalizando esses participantes.

 

 

Embora em um número considerável de trabalhos não tenha sido possível identificar a escolaridade dos participantes (N=27; 20,77%;), é possível observar que a escolaridade mista foi a categoria que mais apareceu nos estudos analisados (N=39; 30,00%), seguida do ensino superior (N=37; 28,46%). Supletivo, pós-graduação, ensino fundamental (5ª a 8ª), pré-escola e ensino fundamental (geral) foram as etapas de escolarização menos estudadas, aparecendo em onze (8,47%) dos 130 artigos estudados. Com relação a essa categoria, os resultados foram próximos aos de Oliveira e cols. (2006), que constataram que o nível escolar mais pesquisado foi o ensino superior, segundo colocado neste estudo.

 

Considerações finais

Os achados do presente estudo destacam que a revista Psico-USF acompanhou a tendência verificada em periódicos dos Estados Unidos e da América Latina, revelando o aumento nas publicações científicas na área da psicologia. Confirmou-se mais uma vez a predominância da região Sudeste como a mais produtiva, assim como uma maior freqüência de trabalhos com autoria múltipla e feminina.

Constatou-se, quanto às temáticas, que houve superioridade de publicações na categoria "fundamentos e medidas da psicologia", o que pode estar refletindo a recente revalorização da área pelos profissionais da psicologia, que mobilizou alguns segmentos da comunidade científica e profissional. Nessa linha, pode-se citar a criação do Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP) e a Resolução n.º 2/2003 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que regulamentou o uso, elaboração e comercialização de testes psicológicos no Brasil.

Os resultados aqui obtidos reforçam a importância de que sejam realizadas pesquisas recorrentes dos periódicos científicos, a fim de buscar avaliar a qualidade do conteúdo publicado, propiciando a caracterização dos indicadores que permeiam essa qualidade. Eles também podem suscitar possíveis diretrizes para novos temas de pesquisas e de distribuição de fomento.

Finalizando, considera-se relevante destacar, entre os resultados obtidos, a carência de estudos que contemplem as etapas de escolarização de crianças e adolescentes, assim como das publicações voltadas para a compreensão do idoso. A identificação dessas lacunas pode auxiliar os pesquisadores da área da psicologia a concentrarem esforços para ampliar o conhecimento sobre os inúmeros fenômenos que ocorrem nessas fases do desenvolvimento humano. Desse modo, espera-se que novas pesquisas considerem as necessidades aqui detectadas.

 

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Endereço para correspondência
E-mail: dricbs@yahoo.com.br

Recebido em junho de 2007
Reformulado em agosto de 2007
Aprovado em outubro de 2007

 

 

Sobre as autoras:

* Adriana Cristina Boulhoça Suehiro é psicóloga, mestre em Psicologia, doutoranda pelo Programa de Pós-Gradução Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco/Itatiba e bolsista CAPES.
** Neide Brito da Cunha é bacharel em Letras, doutora em Psicologia pelo Programa de Pós-Gradução Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco e docente da Graduação da Universidade São Francisco/Bragança Paulista e Itatiba.
*** Evelin Zago Oliveira é graduanda em Psicologia pela Universidade São Francisco/Itatiba e bolsista do Programa de Iniciação Científica do CNPq.
**** Silvia Verônica Pacanaro é psicóloga, mestre em Psicologia pelo Programa de Pós-Gradução Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco/Itatiba e bolsista CAPES.