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Psicologia da Educação
versão impressa ISSN 1414-6975versão On-line ISSN 2175-3520
Psicol. educ. no.53 São Paulo jan./dez. 2021
https://doi.org/10.23925/2175-3520.2021i53p86-96
ARTIGOS
Políticas públicas e mobilidade social: egressos do Programa Universidade Para Todos (PROUNI)
Public Policies and Social Mobility: students of University for All Program (PROUNI)
Políticas Públicas y Movilidad Social: egresos del Programa Universidad para Todos (PROUNI)
Gislei Mocelin PolliI; Jamille MartinelliII; Ari ZugmanIII; Fabio OliveiraIV; Juliana TavaresV; Francislaine Wiczneski DoiVI; Maria Sara de Lima DiasVII
IUniversidade Tuiuti do Paraná - UTP - Curitiba - PR - Brasil; gismocelin@gmail.com
IIUniversidade Tuiuti do Paraná - UTP - Curitiba - PR - Brasil; jamduda@hotmail.com
IIIUniversidade Tuiuti do Paraná - UTP - Curitiba - PR - Brasil; ari.zugman@lavrasul.com.br
IVUniversidade Tuiuti do Paraná - UTP - Curitiba - PR - Brasil; fabio.rodrigoveira@gmail.com
VUniversidade Tuiuti do Paraná - UTP - Curitiba - PR - Brasil; juliana.kwitschal@gmail.com
VIUniversidade Tuiuti do Paraná - UTP - Curitiba - PR - Brasil; franwdoi@gmail.com
VIIUniversidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Curitiba - PR - Brasil; msaradldias@gmail.com
RESUMO
A educação tem se mostrado uma importante ferramenta de transformação social. A partir dessa compreensão, políticas públicas para acesso ao ensino superior têm sido desenvolvidas no Brasil com o objetivo de promover igualdade social. O Programa Universidade para Todos (PROUNI) é direcionado a estudantes com renda familiar de até três salários-mínimos e atinge um número crescente de estudantes. Este estudo objetivou averiguar a ascensão desses estudantes beneficiados pelo PROUNI, envolvendo três dimensões: satisfação profissional, econômica e pessoal. Para tanto foram contatados 1200 alunos egressos de uma Universidade privada que foram beneficiados pelo PROUNI. Os questionários foram enviados por e-mail e foram obtidas 212 respostas. A análise foi realizada por meio de estatística descritiva e relacional. Os resultados indicam que a graduação universitária através do PROUNI propiciou mobilidade social ascendente. A maioria dos entrevistados declarou que obteve melhorias em sua vida, tanto nos aspectos pessoais, profissionais e econômicos, o que ressalta a importância da existência de políticas públicas voltadas ao acesso à educação.
Palavras-chave: Políticas públicas; Mobilidade social; Ensino superior.
ABSTRACT
Education has proved to be an important tool for social transformation. From this understanding, public policies for access to higher education have been developed in Brazil with the aim of promoting social equality. The University for All Program (PROUNI) is aimed at students with a family income of up to three minimum salaries and reaches an increasing number of students. This study aimed to ascertain the rise of these students benefited by PROUNI, involving three dimensions: professional, economic, and personal satisfaction. For this purpose, 1,200 students from a private university who were benefited by PROUNI were contacted. The questionnaires were sent by e-mail and 212 responses were obtained. The analysis was performed using descriptive and relational statistics. The results indicate that university graduation through PROUNI provided upward social mobility. Most interviewees stated that they have made improvements in their lives, both in personal, professional, and economic aspects. What stands out the importance of the existence of public policies focused on access to education.
Keywords: Public policies; Social mobility; Higher education.
RESUMEN
La educación se ha mostrado una importante herramienta de transformación social. A partir de esa comprensión, políticas públicas para acceso a la enseñanza superior se han desarrollado en Brasil con el objetivo de promover igualdad social. El programa Universidad para Todos (PROUNI) es dirigido a estudiantes con ingresos familiares de hasta tres salarios mínimos y alcanza un número creciente de estudiantes. Este estudio objetivó averiguar el ascenso de esos estudiantes beneficiados por el PROUNI, involucrando tres dimensiones: satisfacción profesional, económica y personal. Para ello se contactaron a 1200 alumnos egresados de una Universidad privada que fueron beneficiados por el PROUNI. Los cuestionarios fueron enviados por e-mail y se obtuvieron 212 respuestas. El análisis fue realizado por medio de estadística descriptiva y relacional. Los resultados indican que la graduación universitaria a través del PROUNI propició movilidad social ascendente. La mayoría de los encuestados declaró que obtuvo mejoras en su vida, tanto en los aspectos personales, profesionales y económicos. Lo que resalta la importancia de la existencia de políticas públicas dirigidas al acceso a la educación.
Palabras clave: Políticas públicas; Movilidad social; Enseñanza superior.
Introdução
As relações sociais de dominação podem ser modificadas pela utilização da educação com uma ferramenta de transformação social. Saviani (1995) indica que a educação vai além do desenvolvimento tecnológico, ela gera oportunidades para superação de relações de dominação e alienação alicerçadas nos desígnios culturais e sociais que sustentam tais relações, de modo que o acesso universal à educação escolar pode contribuir ou fomentar o rompimento com esse círculo vicioso. A educação possibilita posicionamento crítico e, consequentemente, mudanças na ordem estabelecida.
O crescimento do número de estudantes matriculados em cursos superiores em todo o mundo reflete uma demanda também crescente por profissionais com educação superior, pois cada vez mais a formação superior é considerada de fundamental importância para o desenvolvimento social e econômico das nações. O ensino superior tornou-se prioritário em todo o mundo, pois seu papel de transformação da sociedade é reconhecido mundialmente. É reconhecido o papel que a escolarização da população desempenha no desenvolvimento dos países e que a formação superior deve estar alinhada às necessidades de inserção dos profissionais em um sistema de produção que constantemente se reorganiza e se transforma (Neves, 2007).
Deste modo, deve-se reconhecer que o acesso ao ensino superior pode promover mudanças pessoais e sociais. O que está em jogo não são apenas a escolarização e o acesso à educação pela população, mas também o desenvolvimento global de cada país. O desafio está em disponibilizar educação superior de qualidade e acessível aos diferentes extratos sociais. Essas demandas impactam todo o sistema educacional em diversos países e todos buscam desenvolver estratégias para atender as demandas, sendo que no Brasil não é diferente. No entanto, não se trata de reproduzir modelos enraizados, mas de romper com padrões e modelos que se desenvolveram ao longo de décadas e que não respondem às necessidades atuais. Para que a formação superior possa dar resposta às demandas sociais é necessário que sejam promovidas mudanças no perfil de formação, com flexibilidade para lidar com as tecnologias de informação e de comunicação, que mudam rapidamente (Neves, 2007).
Os ganhos sociais refletem ascensões pessoais. Essa interface entre o individual e o social permeia constantemente o campo da educação. Os indivíduos ascendem socialmente ao ter acesso à formação mais consistente, adentrando o mercado de trabalho através de postos que permitem maior reconhecimento social e econômico. Isso, por sua vez, gera desenvolvimento social. A mobilidade social é conquistada por meio da educação, especialmente a educação superior, que é mais valorizada pela sociedade, pois quanto maior a escolarização de um povo, maior será o desenvolvimento de uma nação (Lemos, Dubeux & Rocha-Pinto, 2014).
A influência que a educação exerce para a mobilidade social, em especial a educação superior, norteou o presente estudo. A realização pessoal ou ascensão social da maioria das pessoas parece ser a principal finalidade de quem busca ingressar nas instituições de ensino superior.
No Brasil, especialmente após 1990, a procura pelo ensino de graduação cresceu de maneira significativa (Queiroz, et al. 2013). A ampliação da oferta de ensino superior no país é fundamental para o futuro da educação e formação da população. Após a aprovação da Lei nº. 9.394 (Brasil, 1996), foram abertos espaços para um cenário diferente no contexto do ensino superior, como o surgimento de um conjunto de instituições públicas e privadas, voltadas a diferentes nichos educacionais, buscando aproveitar as oportunidades abertas, o que culminou com um significativo aumento do número de vagas disponibilizadas.
A proposta do Ministério da Educação (MEC) promoveu uma reforma no sistema de ensino superior brasileiro. O governo federal direcionou muitos esforços para a inclusão social através do acesso ao ensino superior para jovens com baixa renda familiar. O Programa Universidade Para Todos (PROUNI) é resultado de uma política pública afirmativa que busca o desenvolvimento socioeconômico e a inclusão das pessoas no mercado de trabalho (Amaral & Oliveira 2011; Dias 2011).
O jovem, ao ingressar na universidade, cria expectativas para seu futuro, visando um avanço socioeconômico, acreditando que pode crescer futuramente em sua escolha profissional e obter uma estabilidade financeira que lhe proporcione novos desafios. Quando é possível aumentar a renda financeira, melhorar suas condições de vida e mudar de classe social identifica-se tal avanço como uma mobilidade social (Amaral & Oliveira 2011; Dias 2011).
A mobilidade social é caracterizada pela mudança de estrato social realizada por uma pessoa. Permite diferentes acessos aos bens de consumo e melhorias em termos de qualidade de vida. É oportunizada por movimentos no mercado de trabalho e gera mudanças nas posições de classe. Pode estar ligada a fatores ocupacionais ou de renda. Além disso, há que se considerar o fator educacional, pois a educação pode ser considerada o principal elemento que impulsiona a mobilidade social (Pinheiro, Silva, Dias & Andrade, 2013).
Amaral e Oliveira (2011) indicaram que o PROUNI, criado em janeiro de 2005 pelo Governo Federal, tem por objetivo ampliar o acesso dos estudantes de baixa renda ao Ensino Superior, por meio de bolsas de estudos integrais (100%) ou parciais (50% e 25%), para os estudantes brasileiros não portadores de diploma de curso superior. A bolsa de estudos é destinada a estudantes que cursaram o ensino médio completo em escola da rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral. É preciso se enquadrar nos parâmetros estabelecidos para fazer parte do programa PROUNI. O benefício oferecido pelo Governo visa o futuro do jovem, com o intuito de direcioná-lo para o mercado de trabalho, na perspectiva de uma melhor condição para sua mobilidade social. Uma oportunidade que beneficia estudantes cuja renda familiar seja de até um salário-mínimo e meio para bolsas integrais e três salários-mínimos para bolsas parciais.
Em pesquisa sobre o PROUNI e os egressos do programa, Costa (2014) destacou a importância do aumento da escolaridade, associada à oportunidade de melhoria na renda, para obtenção de uma mobilidade social ascendente. De modo semelhante, Rocha (2012) identificou que os bolsistas do PROUNI tiveram suas vidas modificadas para melhor em diferentes aspectos, tais como: acesso a novos bens culturais e qualificações acadêmicas, ampliação das redes de relacionamento, possibilidades de emancipação superando desigualdades, obtenção de diploma com melhores chances no mercado de trabalho, acarretando em mobilidade social e reforçando a autoestima destes jovens e suas expectativas quanto ao futuro. Valladares (2010) aponta para a mobilidade social entre moradores de favelas do Rio de Janeiro que tiveram acesso ao ensino superior. A autora destaca que em muitos casos o PROUNI foi fundamental para o acesso ao ensino superior.
A abertura do sistema de ensino superior no Brasil para estudantes oriundos de extratos sócios econômicos menos privilegiados é um importante passo em busca da superação das desigualdades sociais tão proeminentes na sociedade (Rocha, 2012). No entanto, é importante ter em conta que outros fatores também podem contribuir para a obtenção dessa mobilidade como experiência profissional, cursos de formação e o acesso a uma educação de qualidade. As políticas públicas possibilitam o acesso à isonomia na educação superior e promovem uma valorização da educação e do conhecimento científico, fundamentais para o desenvolvimento social e econômico e diminuição da desigualdade social (Costa, 2014).
Segundo Bourdieu (1997), a educação gera reconhecimento e legitimação na sociedade. Ela gera oportunidades diferenciadas nas mais diversas esferas sociais. O capital cultural, que é um recurso diferenciado, pode levar uma pessoa a receber destaque, pois em nossa sociedade a posse desse recurso ainda é considerada um privilégio de poucas pessoas. O capital cultural tem um grande potencial para a existência de reconhecimento e mobilidade social.
O poder público, por sua vez, nutre uma expectativa de que o capital cultural possa ser convertido em capital econômico e social e, para tanto, o Governo Federal deve investir em políticas públicas para aumentos das vagas no ensino superior (Souza & Menezes, 2014). No entanto, é necessário ter em conta que, apesar da legitimidade social alcançada pelo programa, e apesar do acesso ao diploma de nível superior que o PROUNI possibilita aos alunos que conseguem se manter no curso até sua finalização, as verdadeiras chances de ascensão social são dadas a uma pequena parcela dos estudantes beneficiados que conseguem ter acesso a instituições de qualidade. Uma boa parte dos estudantes acaba por ingressar em instituições com pouco ou nenhuma tradição no setor educacional, que visam apenas o lucro e não a formação de qualidade. Para estes estudantes o programa pode se revelar como uma promessa não cumprida. Além disso, cabe considerar que a gratuidade, integral ou parcial, dos cursos superiores não é suficiente para que todas as pessoas possam estudar, pois há outras necessidades que apenas programas de assistência estudantil poderiam garantir (Carvalho, 2006).
Algumas pesquisas identificaram aspectos do PROUNI que indicam a necessidade de uma análise mais criteriosa. Almeida (2013) identificou que o programa não foi criado tanto para beneficiar alunos de baixa renda, como salvar as faculdades e universidades particulares da insolvência. Segundo ele, os alunos do PROUNI na maior parte das vezes conseguem vagas apenas nas instituições de menos qualidade, o que não possibilita uma mudança estrutural na educação brasileira pela implementação do Programa, e isto põe em dúvida se de fato houve uma democratização da educação. O autor aponta que o PROUNI possibilita a mobilidade social na imobilidade, isto é, de fato após a conclusão do curso superior há um aumento de renda, mas esse aumento não é equivalente ao obtido por alunos que concluíram suas formações em universidades mais conceituadas.
Além disso, nem sempre a permanência no curso superior é privilegiada; Catani, Hey e Gilioli (2006) destacam que o programa possibilita o acesso ao curso superior, mas desconsidera que a democratização do ensino superior depende da conclusão do curso, não apenas da possibilidade de ingresso. Criticam ainda o privilégio dado aos cursos que respondem às demandas imediatas para o mercado de trabalho, desconsiderando o contexto mais amplo. Honorato (2011) aponta as dificuldades destes alunos se manterem no curso superior por quatro ou cinco anos até a obtenção do diploma. A autora indica que dificuldades experimentadas pelos alunos para concluir o curso extrapolam as limitações financeiras, passando por dificuldades para se adaptarem à cultura acadêmica. Há de se considerar o fato de que muitas vezes esses alunos possuem escassos recursos culturais, sociais e simbólicos para manter-se numa vida acadêmica.
Segundo Dias (2011), um importante aspecto social deve ser considerado frente às escolhas do estudante universitário. O contexto cotidiano dos estudantes, ligado às suas condições econômicas e pertencimento social, se relacionam à escolha de um curso ou de uma instituição para estudar. A realidade diária tem importante papel nas decisões sobre a futura profissão e põe limites que o estudante busca alcançar ou transpor.
É importante ter em conta as trajetórias acadêmicas, satisfação com a escolha profissional e expectativas dos estudantes. O período universitário é um período propício para a existência de inseguranças e conflitos em relação à escolha profissional. Embora uma parte considerável dos estudantes esteja satisfeita com o curso escolhido, é natural que haja períodos de dúvidas, frustração ou desejo de mudar de curso. Esses conflitos são vividos pela maior parte dos estudantes (Bardagi, Lassance & Paradiso, 2003).
Outro aspecto igualmente importante se refere à transição da universidade para o mercado de trabalho. Tanto estudantes de cursos de graduação como recém-graduados destacam as dificuldades para entrar no mercado de trabalho, indicam preocupações com a dificuldade para conseguir emprego, avaliação da universidade, imagem da profissão e projetos futuros de trabalho. Os estágios realizados pelos estudantes durante o curso contribuem para que eles possam construir uma visão do mercado de trabalho realista, e permite que possam realizar uma avaliação mais crítica sobre a formação recebida no ensino superior (Melo & Borges, 2007).
Há de se considerar que vários fatores influenciam a inserção do recém-formado no mercado de trabalho. Conforme Dias (2011):
Determinadas direções articuladas com a prática social e carregadas por elementos ideológicos acabados, pois para concretizar um objetivo de futuro profissional o sujeito deve se adequar a um determinado perfil profissional proposto pelo mercado de trabalho. O formato concebe uma determinada realidade de mercado de trabalho com a qual deve se adaptar para se vincular. (p. 131)
As perspectivas de futuro e os projetos de vida surgem como estratégias para adentrar ao mercado de trabalho, mas as ações dos universitários vão além da busca de estabilidade. Seus projetos, muitas vezes, são pautados no desejo de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e melhor (Dias, 2011). Durante a trajetória desenvolvida pelos indivíduos ao longo de suas vidas pessoais e profissionais, diversos aspectos são considerados. A realidade social impacta fortemente as trajetórias pessoais e o ser humano tem a possibilidade de adaptar-se a ela ou de transformá-la. Em ambos os casos, o indivíduo não se limita à ação, pois além de agir ele é capaz de planejar e de refletir sobre a realidade vivida por ele em particular, e pela sociedade em geral (Minayo, 2007).
A construção de uma carreira profissional é uma experiência que todo estudante busca conquistar, tanto financeiramente, como para a realização pessoal. No entanto, conforme Amaral e Oliveira (2011), estudantes oriundos de classes sociais menos favorecidas, muitas vezes não têm oportunidade de fazer escolhas sobre sua formação e vida profissional. Aqueles que têm acesso a um curso superior muitas vezes fazem uma não-escolha, pois muitas vezes são admitidos em cursos menos procurados, em instituições pouco reconhecidas ou menos valorizadas, pois não conseguem acesso ao curso desejado, na instituição em que há maior concorrência. Suas trajetórias são construídas ao acaso e, como afirma Bourdieu (1998, p. 223), "terão que encontrar seu caminho em um universo cada vez mais complexo e são, assim, levados a investir na hora errada e no lugar errado, em um capital cultural, no final das contas, extremamente reduzido".
Diversos são os fatores relacionados à escolha profissional. Entre eles estão os fatores políticos, econômicos, sociais, educacionais, psicológicos e familiares, que atuam conjuntamente exercendo pressões de diversas ordens sobre a pessoa que escolhe os direcionamentos de seu futuro profissional. Tal escolha é influenciada por preocupações com políticas governamentais, oportunidades de emprego, desemprego, classes sociais, ascensão social, cultura familiar, o sistema de ensino público e privado, entre outros (Nepomuceno & Witter, 2010).
O mercado de trabalho, que não consegue absorver toda a mão de obra oriunda das escolas e universidades, acaba determinando de forma preponderante a decisão de muitos jovens, que acabam por não ter liberdade de escolha e direcionam sua formação para as profissões que são reconhecidamente mais valorizadas ou que oferecem maior número de oportunidades, aumentando a chance de conseguir um emprego, preferencialmente com melhores remunerações (Albanese-Valore & Selig, 2010).
A condição de universitários e a relação destes com a universidade, como lugar de formação e saber representa uma determinada mediação presente na história da vida dos sujeitos. Dias (2011) afirma que o universo acadêmico, além de estar voltado para o ensino, a pesquisa e a extensão, apresenta dimensões outras relativas ao aspecto mais específico da profissionalização, sendo coparticipante e responsável no processo do sujeito de preparar ou projetar um determinado futuro. Além disso, a universidade representa na história de vida dos sujeitos uma transição de uma condição de aluno para uma condição de profissional.
Considerando o papel da universidade como instituição mediadora e produtora de sentidos para o trabalho, considerada com um lugar de busca de qualificação profissional, vista como uma garantia de profissionalização, e de tal modo geradora de possibilidades e impossibilidades de inserção profissional, este estudo buscou averiguar a ascensão social de estudantes beneficiários do PROUNI, envolvendo três dimensões: satisfação profissional, econômica e pessoal.
Método
Os procedimentos utilizados para seleção de participantes, coleta e análise de dados serão apresentados a seguir.
Participantes
Foram contatados 1200 alunos egressos, bolsistas do PROUNI, que concluíram a graduação em uma universidade privada da cidade de Curitiba, Paraná. Destes, 212 ex-alunos concordaram em participar, respondendo ao instrumento de coleta de dados.
Entre os respondentes 63,7 % foram mulheres (n=135) e 36,3% homens (n=77), com idades entre 21 e 60 anos, e com média de idade de 29 anos (DP 5,7).
Instrumentos
Os participantes responderam a um questionário contendo 26 questões fechadas, sendo que 13 foram desenvolvidas e formuladas com base na escala Likert composta por três dimensões: 1) Pessoal; 2) Profissional e 3) Econômica. Seis questões de múltipla escolha e sete questões dicotômicas com o intuito de conhecer e investigar a mobilidade social na vida dos egressos. A escala foi desenvolvida pelos pesquisadores.
Procedimentos
Para dar início à pesquisa foi solicitada autorização para a realização da presente pesquisa junto a Pró Reitoria Acadêmica da Universidade. Na sequência, os endereços eletrônicos dos ex-alunos que concluíram seus estudos com bolsas parciais ou totais do PROUNI foram solicitados ao responsável por Análise de Sistemas da Universidade.
Foi realizado um estudo piloto do questionário, com 15 alunos egressos, graduados, a fim de testar, avaliar, revisar e aprimorar o instrumento e os procedimentos da pesquisa; foram realizadas pequenas alterações na forma da escrita, sem alterar o sentido inicial das questões formuladas.
O envio do instrumento de coleta de dados foi realizado por meio de endereço eletrônico, para 1200 alunos egressos bolsistas do PROUNI. No corpo do e-mail fez-se o convite à participação, explicando que se tratava de uma pesquisa e que não era necessária a identificação pessoal. O questionário foi enviado em 29 de setembro de 2014 e a coleta foi encerrada em 10 de outubro do mesmo ano, obtendo-se 212 respostas.
O questionário foi construído através do Google Forms e, ao acessar o link, antes de preencher o questionário, os participantes deveriam ler e concordar com o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética, pelo parecer número 31993414.5.0000.0103 na Plataforma Brasil
Análise dos dados
Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e relacional, com auxílio do software SPSS (StatisticalPackage for the Social Sciences). Foram utilizados os testes Qui-quadrado para verificar a relação entre as variáveis. Os dados oriundos da escala Likertforam tratados estatisticamente em termos de média e desvio padrão, que possibilitou a identificação e análise dos principais fatores relacionados à ascensão socioeconômica dos egressos bolsistas do PROUNI.
Resultados
O período de coleta de dados foi de 10 dias e encerrou-se o levantamento de dados devido ao baixo índice de respostas na segunda semana da pesquisa, após seis dias sem ocorrência de respostas.
Constatou-se que os egressos iniciaram o curso de graduação entre os anos de 1994 e 2012 e o concluíram entre os anos de 2007 e 2014, sendo que o maior índice de inserção na Universidade, no mesmo período, foi em 2009, com 20,8% iniciantes, e o maior índice de concluintes em 2012 com 18,9%. Com base no ano de início do PROUNI, 2005, entende-se que os alunos que declararam início na graduação antes desse período não iniciaram sua graduação como bolsistas, porém, a concluíram como tal, o que justifica sua participação neste estudo.
Dentre os participantes, 36% (n=76) declararam que trabalhavam quando entraram na graduação e 96% (n=197) declararam que trabalham atualmente. Dos que trabalhavam durante a graduação, 53% (n=113) mudaram de atividade profissional. Constatou-se também que 67,5% (n=143) trabalham na área em que se graduaram. De acordo com o levantamento, os participantes estão atuando nas profissões enumeradas na Tabela 1:
Com o propósito de averiguar se o tempo de graduação influenciou na inserção dos egressos no mercado de trabalho, foi realizado o teste Qui-quadrado, que indicou não haver associação entre essas variáveis: [χ2 (1) = 0,91; p= 0,44]. Esse dado indica que estar ou não inserido no mercado de trabalho não está relacionado ao tempo de conclusão do curso.
Comparando as faixas salariais dos participantes que declararam trabalhar durante a graduação, com os que declararam trabalhar atualmente, pode-se observar, conforme a Tabela 2 que houve uma ascensão salarial, de modo geral:
Verifica-se, portanto, que dos 54% que tinham salário de até R$ 1000,00 por mês caíram para 8% no momento da pesquisa. Por outro lado, os 21% que ganhavam acima de R$1000,00 por mês passaram a 92 %; com a faixa maior, ganhando entre R$ 2000,00 e R$ 3000,00 mensais, 46% (n=98) afirmaram ter feito um curso de pós-graduação.
Tendo como base as faixas salariai apresentadas na Tabela 2, foi realizada uma comparação com as especializações declaradas pelos egressos após suas graduações, a fim de averiguar se houve ascensão salarial conforme essas variáveis, o que pode ser observado na Tabela 3:
Para verificar se existe associação entre a realização de um curso após a graduação e ascensão salarial, utilizou-se o teste Qui-quadrado que indicou significativa associação entre as variáveis: [χ2 (2) = 0,91; p< 0,05]. A fim de se averiguar a força da relação mencionada acima, optou-se por utilizar o teste V de Cramer, cujo resultado foi de 0,25, o que indica uma força baixa de associação.
Os egressos foram questionados quanto à moradia, enfatizando a época da faculdade e a atual. Verificou-se que, após graduados, houve aumento de 22% na aquisição do imóvel próprio. Para verificar se existe associação estaticamente significativa entre a moradia dos egressos na época da faculdade e a atual, utilizou-se o teste Qui quadrado: [χ2 (12) =110,4; p <0,05], o que corresponde a uma diferença significativa. A fim de se averiguar a força da relação mencionada, no que se refere à moradia dos egressos, optou-se por utilizar o teste V de Cramer, cujo resultado foi de 0,43, o que indica uma força média de associação.
Foi solicitado aos egressos que respondessem a uma escala do tipo Likert, de 5 pontos, contendo 11 questões que possibilitam a averiguação da ascensão socioeconômica. Foi calculada a confiabilidade da escala e o teste apresentou um alfa de Cronbach de valor 0,88, o que indica que a confiabilidade da escala é boa. A média geral da escala foi 3,78 (DP 0,85) acima do ponto médio da escala (3,00), o que indica que a maior parte dos respondentes concorda que houve mudanças positivas e significativas em sua trajetória de vida, após ter concluído a graduação usufruindo do PROUNI.
A análise por dimensões permitiu verificar que
1. Dimensão Pessoal - Foram analisados 05 itens, cujo temas são: gratificação no trabalho atual, círculo de amizades interessantes, felicidade e realização pessoal, conquistas pessoais e bem-estar. A média desses itens foi 3,91 (DP 0,83), o que indica que os respondentes estão mais felizes após terem concluído a graduação.
2. Dimensão Profissional - Foram analisados 05 itens, cujo temas são: formação acadêmica determinante para conquistar o cargo atual, expectativas de estudante cumpridas, trabalho associado à graduação, apreciação da atividade atual e expectativa futura. A média desses itens foi 3,83, (DP 1,01), o que indica que os respondentes concordam que, se não fosse pelo PROUNI, talvez não tivessem conquistado a posição que ocupam hoje. Além de manifestarem satisfação por ocupar os cargos que ocupam e com perspectivas positivas para o futuro.
3. Dimensão Econômica - Foi analisada uma questão, cujo tema é: renda atual adequada. A média desse item ficou em 2,89 (DP 1,44). Este foi o único item que ficou abaixo da média, o que indica que os respondentes não concordam que sua renda atual esteja adequada em função do curso no qual se graduaram.
Foi analisada uma única questão separadamente, embora esteja incluída na escala Likert, cujo tema trata essencialmente da importância do Programa em voga neste estudo: "Sem o benefício do PROUNI eu não teria conseguido concluir o curso superior". Obteve-se média de 4,32 (DP 1,13). Este índice indica que os respondentes concordam que sem o benefício do PROUNI não teriam conseguido concluir suas graduações.
Discussão
Os resultados encontrados neste estudo indicam que a aquisição de graduação universitária através do PROUNI propicia, na maioria dos casos, uma mobilidade social ascendente. A maioria dos entrevistados declarou que houve melhorias em suas vidas, tanto nos aspectos pessoais, profissionais e econômicos. O curso superior propiciou a essas pessoas contato com professores e alunos das mais diferentes origens, classes sociais e formações, o que muito os enriqueceu. Tais resultados são corroborados pelas pesquisas de Valladares (2010), Rocha (2012) e Costa (2014) que identificaram que os cursos superiores obtidos por meio do PROUNI ajudaram os egressos do programa a obterem mobilidade social ascendente.
Apurou-se que quase metade dos participantes continuou a estudar em cursos de pós-graduação ou mestrado, nos quais estes relacionamentos são ainda incrementados. O PROUNI foi considerado como determinante na trajetória dos participantes, visto que, sem o benefício, a maioria não teria conseguido concluir a graduação. O resultado vem ao encontro da pesquisa realizada por Casali e Mattos (2015), que ressaltam a relevância social do PROUNI ao gerar oportunidades aos estudantes que teriam dificuldade para ter acesso ao ensino superior na ausência de políticas públicas voltadas à democratização do ensino superior.
Cabe ainda considerar que as melhorias salariais dos egressos de curso superior, em comparação com os empregos que possuíam anteriormente, é um aspecto importante, que envolve melhoria financeira, porém, constatou-se que os salários não são elevados. Os entrevistados demonstram insatisfação e frustração com o nível de salários que encontram no mercado. Não é apenas a formação em curso superior que proporciona o acesso aos melhores empregos. Depende ainda da área de formação e da qualidade do curso, pois existe significativa discrepância salarial entre as áreas profissionais. Além disso, o mercado costuma valorizar mais os profissionais formados pelas universidades mais renomadas, nas quais, mesmo que particulares, muitas vezes existe disputa pela vaga, que os alunos bolsistas muitas vezes não conseguem acessar, como foi observado por Almeida (2013).
O mercado de trabalho está cada vez mais exigente com o nível e perfil do profissional, o que pode impactar para uma melhor colocação no mercado de trabalho, ou seja, o diploma de um curso superior pode não ser suficiente. O presente estudo identificou uma ascensão salarial dos egressos que fizeram especializações após a graduação.
Uma carreira profissional que exija uma formação qualificada, através de curso superior, também destaca o indivíduo da média e o eleva socialmente. Muitos dos entrevistados dão a este aspecto uma grande importância e fator de melhoria subjetiva de seu sentimento sobre si mesmo. Ou seja, gera um ganho apreciável de autoestima, principalmente em casos em que o formado é proveniente de famílias mais simples, quando aparece um ganho de autoestima de todo o grupo familiar com as conquistas do formando.
Portanto, é importante ter em conta não apenas os conhecimentos técnicos, mas a possibilidade que uma educação continuada propicia, em um processo de amadurecimento global do indivíduo. De modo que, convergindo com as ideias de Birman (2000), nessas condições, e a considerar o atravessamento das lógicas que regem o mundo do trabalho, passa a determinar o modo de funcionamento dos indivíduos e as formas de inscrição de suas subjetividades.
Considerações finais
A despeito das ressalvas, depreende-se que este estudo demonstrou que o PROUNI possibilitou a ascensão social de seus participantes. De modo que, em geral, os egressos reconhecem ganhos pessoais, financeiros e de carreira. Pode-se considerar que a qualificação profissional, obtida por meio do ensino superior de um primeiro membro de uma família gera reflexos horizontais e verticais. Os reflexos horizontais ocorrem quando outros membros da família passam a buscar oportunidades semelhantes, buscando também a qualificação profissional e o acesso ao ensino superior. Os reflexos verticais levarão a geração seguinte a buscar uma formação universitária e posterior inserção profissional, com formação mais completa, fazendo com que as mudanças se tornem perenes na família e na sociedade. Estudos longitudinais poderão comprovar tais desencadeamentos.
Cabe destacar que o presente estudo foi realizado com estudantes de uma única universidade localizada na região Sul do Brasil, o que não possibilita generalizações para outras localidades, visto que os resultados encontrados podem estar relacionados a peculiaridades regionais. Para ampliação do escopo deste trabalho sugere-se a realização de uma análise mais ampla envolvendo diferentes faculdades e diferentes regiões do Brasil, e ainda incluindo outros programas voltados ao desenvolvimento educacional da população.
Referências
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Recebido em:12 Jul. 2018
Aprovado em: 16 Dez. 2021