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Estilos da Clinica
versão impressa ISSN 1415-7128
Estilos clin. vol.15 no.2 São Paulo dez. 2010
ARTIGO
Sobre o tratamento de um menino de sete anos: reflexões sobre inibição e angústia1
About the treatment of a child who is seven years old: reflections on inhibition and anxiety
Sobre el tratamiento de un niño de siete años: reflexiones sobre inhibición y angustia
Ana Carolina Teixeira Pinto
Psicanalista. Pós-Graduada em Teoria e Clínica Psicanalítica pela Universidade Estácio de Sà Nova Friburgo (UNESA-NF). Psicóloga da Fundação Municipal de Saúde de Nova Friburgo-RJ. Coordenadora do Grupo de Acompanhamento Terapêutico PariPassu. tpsicarol@hotmail.com
RESUMO
Neste artigo, a partir de uma perspectiva psicanalítica, realiza-se uma discussão acerca da evolução clínica do tratamento de um menino de sete anos que apresentava um quadro de inibição da escrita, com o objetivo de evidenciar como, no decorrer do processo de análise, ocorreu uma modificação no que diz respeito ao agenciamento da angústia vivida pelo paciente. Conclui-se que, a partir de certas intervenções pontuais, a angústia inicialmente apresentada pelo paciente diante da falha da função paterna deu lugar à angústia frente ao processo de subjetivação da castração, culminando na assunção de uma tomada de posição na partilha sexual.
Descritores: psicanálise; angústia; função paterna; inibição; sintoma.
ABSTRACT
In this article, from a psychoanalytic perspective, conducts a discussion about the clinical treatment of a boy who is seven that presented a case of inhibition of writing, aiming to show how, during the review process, a change has occurred with respect to the assemblage of distress experienced by the patient. We conclude that, from certain specific interventions, the anguish initially presented by the patient before the failure of the paternal role gave way to anguish and subjectivity process of castration, culminating in taking a position on shared sexual.
Index terms: psycho-analysis; anxiety; paternal function; inhibition; symptom.
RESUMEN
En este artículo, a partir de una perspectiva psicoanalítica, se realiza una discusión acerca de la evolución clínica del tratamiento de un niño de siete años que presentaba un cuadro de inhibición de la escrita, con el objetivo de evidenciar como, en el transcurso del proceso de análisis, ocurrió una modificación con relación a la gestión de la angustia vivida por el paciente .Se Concluye que, a partir de ciertas intervenciones puntuales, la angustia inicialmente presentada por el paciente delante de la falla de la función paterna dio lugar a la angustia frente al proceso de subjetividad de la castración, culminando en la asunción de una toma de posición en el reparto sexual.
Palabras-clave: psicoanálisis; angustia; función paterna; inhibición; síntoma.
O caso Pedro
Pedro foi levado ao Serviço de Psicologia Aplicada da universidade por sua mãe. Motivo? Ele não conseguia escrever. Embora fosse capaz de ler muito bem e apresentasse um amplo vocabulário para a sua idade, Pedro não conseguia escrever sequer uma única palavra até o final.
Antes de buscar o SPA, sua mãe o levou a diversos médicos na tentativa de encontrar uma justificativa para aquilo que ela denominava de "dificuldade de escrita" do filho. Chegou até mesmo a matriculá-lo em uma escola destinada a crianças portadoras de necessidades especiais, mas devido ao fato de Pedro, após um ano nesta escola, não ter conseguido "aprender" a escrever, optou por matriculá-lo novamente em uma escola da rede regular de ensino.
Foi a orientadora pedagógica dessa escola que, após realizar toda uma série de esforços frustrados visando um meio de auxiliar Pedro na 'aprendizagem' da escrita, o encaminhou ao SPA. Desde então, Pedro passou a ser atendido por mim semanalmente.
Pedro era filho único e residia com os pais. Seu pai possuía um trabalho noturno. Durante o dia, quando não estava na escola, era com ele que Pedro passava a maior parte do tempo, enquanto sua mãe saía para trabalhar. Durante a noite, era com ela que ele ficava. Foi com a mãe de Pedro que tive um primeiro contato.
Nessa entrevista, ela apresentou o seguinte discurso: "Pedro já está com sete anos e ainda não consegue escrever, todos os coleguinhas dele conseguem copiar a matéria do quadro e fazer os deveres de casa, ele não. Ele sempre foi muito fraquinho, muito pequenininho pra idade dele. Nasceu de sete meses, sempre foi uma criança muito frágil, com muitas dificuldades, é estrábico, tem um pequeno problema de coordenação motora no lado esquerdo do corpo e é muito magrinho pra a idade dele também. Pedro é muito fraquinho mesmo. Ele é muito hiperativo também..." Prosseguindo seu relato, ela diz: "Apesar disso tudo ele é uma criança de sorte. Eu e o meu marido sempre fomos pais muito observadores e nunca fechamos os olhos para as dificuldades dele. Por sorte dele, descobrimos todas muito cedo, né? O problema de estrabismo, eu descobri quando ele ainda tinha seis meses de idade! E o problema de coordenação motora, esse eu descobri quando ele ainda era bem novinho também".
E por aí ela seguiu relatando uma série de dificuldades do filho e de como essas dificuldades foram descobertas precocemente por ela, dando mostras de como ela era uma mãe extremamente dedica-da e presente quando se tratava de Pedro. Ela estava disposta a tudo para auxiliar o filho em suas "dificuldades".
Em relação a Pedro, quando coloquei os olhos nele pela primeira vez, tive a impressão de uma fragilidade muito grande. Ele era uma criança muito magra, usava óculos "fundo de garrafa" e, além disso, tinha um andar um tanto desengonçado, quase que tropeçando nas próprias pernas.
Ao entrar no consultório pela primeira vez, o fez cabisbaixo e, praticamente, não olhou para mim. Todo encolhidinho, olhando para o chão, sentou na pontinha do sofá. Quando perguntei se ele sabia que lugar era aquele e se tinha conhecimento do motivo pelo qual estava ali, com uma voz extremamente baixinha, quase que sussurrada, respondeu: "Digamos que eu sou um menino que já tem sete anos e ainda não sei escrever direito, não consigo me sair bem na escola, todo mundo sabe escrever e eu não, eu sou muito hiperativo também". Após ficar quieto por um instante, conversou em voz baixa consigo mesmo: "Hum... Deixa eu ver... Será que minha mãe disse para eu falar mais alguma coisa? Não, acho que não tô esquecendo de nada".
No momento em que digo a Pedro que ele pode me dizer algo que ele próprio queira dizer, sua postura se modifica radicalmente. Ele levanta a cabeça, estufa o peito, me olha nos olhos e, com firmeza, diz que vai fazer uma coisa. Em seguida, se levanta do sofá e, de forma decidida, vai em direção à mesa e, dentre uma série de materiais ali postos, pega um pincel e um pote de tinta preta.
Sua dificuldade em segurar o pincel era nítida, o segurava com tanta força que mal conseguia enfiá-lo no pote de tinta. Mas, aos trancos e barrancos, jogando tinta para todo o lado ao tirar o pincel do pote, começou a fazer um desenho, o qual, à primeira vista, não passava de um simples risco de tinta preta. Mas, a partir da sua fala, esse simples 'risco' ganhou sentido: tratava-se de uma "floresta negra super perigosa" que queria mordê-lo, engoli-lo e com a qual ele precisava lutar muito para se salvar.
De imediato, algo me chamou particular atenção enquanto Pedro fazia esse desenho. Curiosamente, na medida em que o fazia, ele o ia encobrindo com a tinta, de modo que, ao terminar de contar sua história sobre a floresta negra, o que sobrou foi uma folha totalmente coberta de tinta preta.
Com o decorrer das sessões, o fato se tornou mais significativo ainda, pois ele encobria invariavelmente todos, absolutamente todos os desenhos que fazia. Além disso, todos os desenhos, assim como a história que me contava a respeito deles, apresentavam um conteúdo semelhante: eram sempre desenhos de conteúdo agressivo e ameaçador. Ora a floresta que tentava mordê-lo e engoli-lo; ora um feiticeiro malvado que desejava jogar as crianças num caldeirão fervendo; ou um monstro mau, muito mau, que jogava uma corda nas pessoas e as prendia.
Ainda no que diz respeito aos desenhos, Pedro os fazia sempre utilizando cores escuras, principalmente o preto. Ele dizia não gostar das cores claras, elas eram "feias". Especialmente em relação à cor amarela, quase sempre que a via, fazia um ar de desprezo e a colocava num canto isolado da mesa. Além disso, enquanto desenhava, Pedro dava mostras de estar extremamente angustiado, o que parecia justificar, de certo modo, sua dificuldade em segurar o pincel e a falta de destreza na hora de executar os desenhos.
No início do meu trabalho com Pedro, a própria dinâmica das sessões apresentava uma similaridade. Sempre que chegava ao consultório, Pedro ressaltava que tinha algo a me dizer. Sempre que o fazia, iniciava seu discurso com a mesma expressão: "digamos que". Tal expressão era sempre sucedida de falas ditas por sua mãe e que ele reproduzia. Em diversos momentos, Pedro referia-se a si próprio, por exemplo, como um "menino fraquinho".
Numa determinada sessão, Pedro pegou um pote de tinta e me entregou, pedindo que eu o abrisse. Pedro nem ao menos havia tentado abrir o pote e, muito curiosamente, era ele quem sempre abria os potes de tinta que utilizava. Recusei-me a abrir o pote, dizendo a ele para que o fizesse. Pedro insistiu em dizer que não conseguia, mas, diante da minha firme recusa, tentou abri-lo e conseguiu. Imediatamente levantou da cadeira e, demonstrando enorme surpresa por ter conseguido abrir o pote, gritou: "Mas eu sou fraco!".
Após essa sessão na qual pela primeira vez identifiquei que o significante "fraco" se fez acompanhado de uma interrogação na sua fala visto que "Eu sou fraco!" parecia equivaler a "Se eu sou fraco, como consegui abrir o pote de tinta?" , Pedro passou a me contar histórias angustiantes em relação aos desenhos que fazia. Nesses momentos, não iniciava sua fala com a expressão "digamos que" que, em outros momentos, se fazia tão significativamente presente em seu discurso. Neste período da análise, quando o final das sessões se aproximava, Pedro novamente me falava que tinha algo a dizer. Mas, agora, já não se tratavam de falas vazias. Com um ar de confissão, me falava sobre seu sentimento em relação aos pais.
Uma fala em particular foi frequentemente repetida por ele: "Meu pai não serve pra nada, sabia? E minha mãe só atrapalha". Quando indagado acerca dessa fala, Pedro, com um tom queixoso, me explicou: "Meu pai não faz nada. Ele nunca faz nada. Eu falo... falo... falo... mas ele não faz nada, poxa vida! Os meninos da escola me agridem porque eu sou um menino fraquinho, eu já expliquei pra ele, mas ele não manda o tio (motorista do ônibus escolar) brigar com eles. Não adianta...".
Certa vez, após repetir o mesmo discurso, relatou uma situação que havia presenciado em casa: "Ontem eu tava no quarto com eles e aí, de repente né, minha mãe, que é muito irritada, começou a brigar pra caramba com meu pai. Ela começou a gritar com ele e saiu do quarto. Meu pai levantou rapidão da cama e foi correndo atrás dela." Neste ponto, Pedro interrompeu seu discurso. Perguntei, então, o que aconteceu depois disso. Pedro, novamente com um tom de queixa, de reivindicação, falou: "Ele não fez nada..." Que Pedro pensava que seu pai deveria ter feito algo nesta situação parecia evidente. Perguntei, então, a ele:
E o que ele deveria ter feito?
Ele deveria ter dado vários tapas na bunda gorda dela!
Comumente, Pedro se referia ao pai de forma queixosa. Somente uma única vez, durante todo o período em que trabalhei com Pedro, ele parecia estar contente com o pai. Foi quando este lhe deu um "super videogame" de presente. Todavia, logo após elogiar o presente recebido do pai, ressaltou: "Na verdade, meu pai só é bom para dar presente, mais nada". Em seguida, pegou três cadeirinhas de brinquedo e colocou-as uma do lado da outra, de frente para uma caixinha de madeira que, segundo ele, era uma televisão. Após montar esta cena, disse: "Nós estamos jogando videogame. A gente joga sempre. Minha mãe tá nessa ponta aqui, eu tô no meio e o meu pai tá lá na outra ponta, sabia?".
Considerando a angústia que Pedro parecia apresentar, somada às constantes queixas em relação ao pai e, ainda, o fato de este sair à noite para trabalhar, passei a suspeitar que Pedro dormia todas as noites na cama dos pais com a mãe, o que foi confirmado pela mãe de Pedro quando, após quatro ou cinco sessões com ele, a recebi novamente. Destaco ainda outro ponto importante da minha conversa com ela: um recado que ela me deu, a pedido da orientadora pedagógica da escola do filho, a saber, que eu havia feito um "excelente trabalho com o problema de escrita de Pedro", pois ele já estava conseguindo escrever praticamente tudo.
Após me dar este recado de conteúdo surpreendente, a mãe de Pedro declarou que o filho deveria continuar o tratamento no SPA, pois, segundo entendia, ele ainda apresentava "algumas dificuldades". Segundo percebia, Pedro tinha "dificuldade para crescer" e era muito "manhoso e infantil para sua idade". Nesse momento, intervi e disse a ela que enquanto continuasse dormindo com ela, Pedro continuaria apresentando esta dificuldade que ela mesma destacou, ou seja, ele continuaria tendo dificuldade para crescer. Disse a ela, então, que Pedro não poderia mais continuar dormindo com ela. Ela, por sua vez, acatou minha intervenção e se comprometeu a colocar o filho para dormir em outro lugar.
Desde então, Pedro passou a dormir sozinho. No dia seguinte em que o fez pela primeira vez, teve uma nova sessão comigo. Nesta, Pedro chegou diferente. Quando chegou à clínica da Universidade, seus gritos podiam ser ouvidos de longe. Ao abrir a porta do consultório, avistei Pedro no corredor. Gritando e correndo, ele veio em minha direção e, antes mesmo de entrar no consultório, fez questão de me dizer, ou melhor, de gritar: "Já to dormindo sozinho!".
Durante essa sessão, Pedro não parou quieto. Correu pela sala; pulou em cima do divã; abaixou sua calça a fim de me mostrar seu órgão genital; saiu da sala por alguns instantes e pôs-se a correr e pular no corredor e, em seguida, a tentar abrir as portas dos outros consultórios; voltou para a sala e tirou os brinquedos de cima da mesa, jogando-os contra a parede etc. Duas coisas me chamaram atenção nesse comportamento. Pedro aparentava estar com muita raiva e querer também, a todo custo, chamar minha atenção, chegando, inclusive, a segurar meu rosto para que eu não desviasse meu olhar dele.
Ainda no que concerne a essa sessão, o desenho que fez assim como a maneira com que estava se apresentando a mim divergiu das sessões que haviam ocorrido até ali. Pedro desenhou uma menina e a cobriu com tinta de cor amarela. A menina, segundo ele, estava com raiva, mas não sabia de que. Pergunto se ela não estaria com raiva porque não a deixavam mais dormir na cama da mãe dela. Nesse momento, Pedro levantou da cadeira e começou novamente a jogar os brinquedos contra a parede.
Na sessão seguinte, além de não se apresentar como o havia feito na sessão anterior, Pedro parecia diferente em relação às primeiras sessões. Ele estava sem os óculos e vestido com uma roupa que parecia menos infantil do que as que ele costumava usar. Os assuntos introduzidos por ele também eram novos. Pela primeira vez, me falou do seu interesse por meninas, em especial, por uma menina que, segundo ele, era a mais bonita da escola. Naquela semana, ele havia pedido esta menina em namoro, mas ela havia recusado o pedido.
Passadas, aproximadamente, quatro ou cinco semanas desde que começou a dormir sozinho, sua mãe o deixou como era comum, antes da minha intervenção dormir com ela numa determinada noite, por conta de algumas visitas que estiveram em sua casa. No dia seguinte ao ocorrido, a primeira coisa que Pedro me disse ao entrar no consultório foi que estava "desmaiado de sono", pois não havia dormido bem à noite. Embora tenha justificado o ocorrido alegando que jogou videogame até tarde, um desenho que fez serviu para melhor esclarecer o que havia se passado: ele desenhou uma "serpente de mil centímetros" e um "tico-tico". Este consistia numa "maquininha de furar madeira", parecida com a que seu pai tinha, e que "ia furar a serpente". Ainda segundo Pedro, "as crianças precisam ter muito cuidado com o tico-tico, porque se ele furar o dedo delas, não tem volta, o dedo fica pendurado e cai".
Além dessa fantasia de castração, que pela primeira vez era trazida por ele, outra mudança significativa ocorreu em sua análise, a saber, também, pela primeira vez, Pedro fez um desenho e não o encobriu, como sempre fizera até então. Baseado num filme que havia assistido com seu pai no fim de semana, desenhou uma nave espacial "cheia de alienígenas" que queriam transformar as pessoas em alienígenas também. Além de não ter encoberto o desenho, ele o fez justamente com a cor amarela.
Esse foi o último desenho feito por ele, já que, daí em diante, passou a se interessar basicamente por jogos. Diferentemente do que vinha acontecendo nas sessões anteriores, nas quais pintava ou criava certas histórias sozinho (embora as compartilhasse comigo), Pedro passou a me convidar para jogar alguns jogos com ele. Enquanto jogávamos, fazia questão de ir somando os pontos para ver quem estava ganhando as disputas. Segundo sua mãe, Pedro passou também a incluir coleguinhas da escola em suas brincadeiras, convidando-os, inclusive, para ir à sua casa jogar videogame.
Sobre a inibição da escrita
O quadro apresentado por Pedro foi classificado, a partir de avaliação realizada por profissionais da instituição que frequentou antes de ser encaminhado ao SPA, como Transtorno da Expressão Escrita. No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV, 2002), esse transtorno é encontrado na seção dos Transtornos Diagnosticados pela Primeira Vez na Infância ou na Adolescência e compõe, juntamente com os Transtornos da Leitura e da Matemática, os Transtornos da Aprendizagem. Caracteriza-se, essencialmente, pelas habilidades de escrita se situarem acentuadamente abaixo do nível esperado, considerando-se a inteligência medida e o nível escolar próprios do indivíduo. Essa perturbação da escrita interfere significativamente no rendimento escolar ou em atividades da vida cotidiana que exigem habilidades de escrita.
Como psicanalista, entretanto, interessa-me menos o conjunto de sintomas que, reunidos, compõem uma doença propriamente dita o Transtorno da Expressão Escrita do que os fatores psíquicos que, conforme o tratamento de Pedro revelou, resultaram na sua impossibilidade de escrever. Passemos a investigá-los.
Podemos deduzir que Pedro já sabia escrever quando iniciou o tratamento. Se não o soubesse, ou se tivesse algum problema neurológico que o impedisse de fazê-lo, não teríamos obtido os efeitos terapêuticos que conseguimos logo no princípio do tratamento já a partir das primeiras sessões esse sintoma foi dissolvido. Considerando, pois, que o entendimento da evolução clínica do caso de Pedro não deve passar e nem se restringir a uma discussão referente ao fato se ele sabia ou não sabia escrever há época em que iniciou o tratamento, faz-se relevante levantar as seguintes questões: o que impedia Pedro de escrever? A que se deveu sua resposta tão rápida ao tratamento?
Em minha ótica, o impedimento de escrever que Pedro apresentava consistia no que Freud (1926/2004) denominou, em Inibição, sintoma e angústia, como inibição, ou seja, uma restrição de uma função do ego. Por vezes, Freud chega a estabelecer, nesse texto, aproximações entre os conceitos de inibição e sintoma, apontando que certas inibições podem ser também consideradas como um sintoma. Do mesmo modo, afirma que certos sintomas podem assumir características de uma inibição.
Todavia, cabe destacar que, se por um lado Freud aproxima inibição e sintoma, por outro, esforça-se por distinguir os conceitos2. A esse respeito, o que nos interessa ressaltar é que a característica fundamental da inibição, que a distingue do sintoma, no texto mencionado, consiste no fato da inibição diferentemente do sintoma, que consiste numa formação substitutiva de um impulso pulsional recalcado ser um processo que ocorre no ego ou que atua sobre o ego.
Encontramos no texto de Freud uma distinção entre o que ele chama de inibições específicas e inibições generalizadas. As específicas podem servir tanto à finalidade de evitar que o ego entre em conflito com o id, como também à de evitar que o ego entre em conflito com o superego. As inibições generalizadas, por sua vez, decorrem de uma grande perda de energia por parte do ego, quando este se acha engajado em uma dispendiosa tarefa psíquica, tal como ocorre no processo de luto.
No caso de Pedro, parece tratar-se de uma inibição específica referida à função da escrita. No que se refere a esta função, Freud aponta que a mesma se torna inibida a partir do momento em que o fluir da tinta para o papel assume uma conotação sexual. Assim como pode ocorrer com diversas outras funções específicas, a escrita torna-se prejudicada quando sua significação sexual é aumentada. Tal coisa é identificável no caso de Pedro, o qual, conforme mencionado em outro momento, jamais utilizava cores claras nas suas pinturas, principalmente a cor amarela que, segundo seu discurso, era uma cor "feia". Não podemos desprezar o fato de o amarelo ser a cor predominante dos excrementos que saem do órgão genital.
Outro ponto importante chama atenção nesse caso. A partir do discurso inicial apresentado pela mãe de Pedro, tornou-se claro que ela o alocava no lugar de "fraco", o que, aliás, parecia estar intimamente relacionado ao fato de Pedro, também segundo a mãe, sempre ter tido "muitas dificuldades". Assim, enunciado como fraco no discurso da mãe, era justamente daí que ele parecia responder. Desse modo, sua impossibilidade de escrever apresentada por estava relacionada também ao lugar do qual ele era chamado a responder em sua relação com a mãe. Resumindo, sua mãe o alocava no lugar de fraco e de quem tinha muitas dificuldades; ele, por sua vez, respondia desse lugar, fosse apresentando muita dificuldade e até mesmo incapacidade de escrever, fosse não podendo lidar com os meninos que o agrediam na escola, ou até mesmo alegando que era fraquinho demais para abrir o pote de tinta no consultório.
Na sessão em que Pedro me pediu para abrir o pote de tinta e eu insisti que ele próprio abrisse sozinho, quando conseguiu fazê-lo, sua reação foi imediata: "Mas eu sou fraco!". De fato, ele vinha ocupando este lugar. Quando realizei essa intervenção, meu intuito foi o de questionar isso. Esse foi um momento fundamental da análise de Pedro. Talvez tenha sido essa intervenção clínica a que mais contribuiu para que ele começasse a escrever, o que passou a acontecer pouco tempo depois de realizada a mesma.
O efeito terapêutico produzido por essa intervenção deve ser pensado levando-se em consideração a primeira fala que Pedro dirigiu a mim. Quando Pedro se apresentou a mim como um menino de sete anos que ainda não sabia escrever, ele o fez utilizando uma expressão que lançava tal incapacidade numa lógica hipotética. Dizer "Digamos que eu sou um menino de sete anos que ainda não sei escrever", não é a mesma coisa que dizer "Eu sou um menino de sete anos que ainda não sei escrever".
O "digamos" presente no discurso de Pedro indicava que exercer a função da escrita o introduzia numa dimensão conflitante. Mais do que isso: ao dizer "Digamos que eu sou um menino de sete anos que ainda não sei escrever", Pedro denunciava, através dessa expressão com a qual iniciava sua fala, que ser um menino de sete anos que ainda não sabia escrever dizia respeito à forma como ele era falado por um Outro nesse caso, um Outro encarnado pela figura materna. Embora a mãe de Pedro tenha demandado, desde o início do tratamento, uma solução para aquilo que denominava de "dificuldade de escrita" do filho, ela o alocava, como já destacamos, no lugar de fraco, de um menino que possuía muitas dificuldades e que, portanto, precisava de sua dedicação.
Na medida em que, respaldada pelo referencial psicanalítico, não procuro a qualquer custo 'curar' Pedro do seu sintoma, na medida em que não atendo a demanda que me foi feita por sua mãe, Pedro passou a poder escrever, e isso já no princípio do tratamento. Sobre esse ponto, concernente aos efeitos terapêuticos no tratamento de crianças com inibições, Fráguas e Berlinck (2001) destacam que é frequente a ocorrência de resultados espetaculares.
Assim, a velocidade com que Pedro respondeu ao tratamento, no sentido de sua inibição ter sido dissolvida, está de acordo com o esperado no caso do tratamento de crianças inibidas. Todavia, conforme pôde ser observado a partir do relato do caso, o tratamento de Pedro não chegou ao seu término após a obtenção desse resultado. Isso porque, embora a "dificuldade de escrita" que Pedro apresentava tenha sido eliminada já no princípio do tratamento, no que diz respeito à angústia o mesmo não ocorreu. Muito pelo contrário, principalmente a partir do momento em que a inibição desapareceu, o que eu observava era que a angústia de Pedro se tornava mais evidente ainda. Nesse sentido, surge a questão de saber de que angústia se tratava no caso de Pedro.
Da angústia em torno do pai à angústia diante do pai
Como vimos, Pedro foi encaminhado ao SPA principalmente em função de sua incapacidade de escrever, à qual, segundo os diversos especialistas por quais passou, não possuía uma justificativa neurológica. Quando iniciou o tratamento, Pedro dava mostras também de estar muito angustiado, o que ficava muito evidente enquanto desenhava. Enquanto fazia seus desenhos, Pedro demonstrava sinais claros de angústia relacionados, a princípio, ao seu temor de ser capturado, engolido e devorado.
Em Inibição, sintoma e angústia, Freud afirma que a relação existente entre inibição e angústia é evidente. Com o intuito de adentrar mais diretamente na questão da angústia, o autor se propõe a abordar uma série de exemplos de formação de sintomas, iniciando seu percurso pela fobia do pequeno Hans. No que se refere a este caso, Freud destaca que, frente à situação de experimentar um amor e um ódio dirigidos à figura paterna, ou seja, frente um conflito de ambivalência, Hans construiu uma fobia a cavalos. A fobia, pois, consistia numa tentativa de solução do conflito.
O medo apresentado por Hans de ser mordido por um cavalo revelava, ainda de acordo com o autor, duas mudanças fundamentais em relação àquele conflito de ambivalência inicial: uma transformação do afeto, na medida em que o impulso hostil contra o pai, que até então alavancava a angústia de castração, deu lugar à angústia de ser mordido por um cavalo; e uma substituição do objeto, já que, no lugar do pai, surgiu o cavalo. Aliás, Freud faz questão de destacar que é exatamente essa substituição do pai pelo cavalo o que permite designar o quadro apresentado por Hans como uma fobia, equivalente, em sua ótica, a uma neurose.
A angústia frente à ideia de ser mordido por um cavalo acabava por impossibilitar Hans de sair à rua, na medida em que, ao fazê-lo, o menino se encontraria exposto ao objeto fóbico. Desse modo, a fobia, enquanto formação substitutiva, tanto permite evitar um conflito devido à ambivalência quanto evitar a angústia, já que para isto basta que o sujeito evite entrar em contato com o objeto que lhe dá medo. Conclui-se então que, a partir da construção da fobia, a angústia, agora dirigida para um outro objeto, passa a ser evitada mediante o mecanismo de inibição. Freud (1926/2004, p. 97) distingue, pois, no caso de Hans, aquilo que é da ordem de um sintoma daquilo que, por sua vez, consiste numa inibição. Nas palavras do autor: "A incompreensível angústia frente o cavalo é um sintoma; a incapacidade para andar pela rua, um fenômeno de inibição, uma limitação que o ego se impõe para não provocar angústia".
Ainda no que diz respeito ao caso Hans, Freud aponta que, com a construção da fobia, além da angústia se dirigir a um objeto substituto, o cavalo e não mais o pai, ela passa a se expressar de forma distorcida: a angústia de castração dá lugar à angústia de ser mordido pelo cavalo.
No Seminário sobre a relação de objeto, Lacan (1995a) se detém longamente no caso Hans, destacando duas ordens de angústia que, segundo afirma, podem ser encontradas nesse texto de Freud, a saber, a angústia diante do pai, vor dem Vater; e a angústia em torno do pai, um den Vater (p. 355). A primeira diz respeito ao pai enquanto elemento castrador, ao passo que a segunda, justamente à falha do pai no exercício dessa função. Considerando a distinção entre essas duas ordens da angústia, Lacan faz uma releitura do caso Hans publicado por Freud.
De acordo com Lacan (1995a), o pai enquanto um terceiro que se introduz na relação entabulada entre a mãe e a criança assume, aos olhos desta, um caráter ameaçador, mas não só. Isso porque o pai enquanto castrador é também aquele que protege a criança das malhas fechadas do desejo materno. Na ausência dessa função interditora, a criança experimenta a angústia em torno do pai, já que se encontra desamparada, desprotegida diante do desejo da mãe. Tal era a situação em que se encontrava o Pequeno Hans quando começou, por intermédio do pai, a ser analisado por Freud e também a de Pedro quando do início de sua análise.
Lacan enfatiza, então, que o desencadeamento da fobia de Hans ocorreu justamente a partir do momento em que o menino se encontrou à mercê do desejo da mãe, e não a partir de uma ameaça de castração. A mesma causa subjacente à construção da fobia no caso de Hans, segundo nossa ótica, assemelha-se àquela que deixava Pedro tão angustiado. Pedro achava-se, principalmente quando do início do tratamento, fortemente aderido, ou conforme uma expressão lacaniana (1964), alienado ao significante "fraco". Diante desse investimento libidinal materno que o alocava no lugar de fraco, Pedro encontrava- se numa posição apassivada, objetalizada. Daí a angústia, que segundo ressalta Lacan (1995a, p. 232), é correlativa do momento em que a criança é "a vítima, o elemento apassivado de um jogo onde vira presa das significações do Outro".
Portanto, a angústia apresentada por Pedro quando iniciou o processo de análise, refletia a precariedade da função paterna enquanto aquela capaz de interditar sua relação com a mãe. Aliás, assim como fazia diversas vezes o analisando de Freud, também Pedro denunciava isso explicitamente Hans praticamente implorava a seu pai que interditasse sua relação com a mãe. Pedro, por sua vez, queixavase a mim do fato de seu pai não "servir para nada", de não servir para impedir que sua mãe "atrapalhasse" tanto sua vida.
Frente à desproteção diante do desejo materno, Hans construiu a fobia a cavalos. Sobre isto, Lacan (1995a, p. 211) ressalta que "o objeto fóbico vem preencher sua função sobre o fundo da angústia", o que equivale a dizer que a fobia vem em socorro da angústia. Embora Pedro não tivesse, concretamente, construído uma fobia, o temor de ser engolido, tão intensamente presente nas histórias que ele contava durante as sessões, equivale ao tema postulado por Lacan (1995a, p. 233) como sempre presente na estrutura da fobia, qual seja, o "tema da devoração".
No princípio da análise, a angústia apresentada por Pedro parecia refletir, não a ausência absoluta, mas uma falha da função paterna, que o deixava desprotegido diante do desejo ameaçador da mãe. Por diversas vezes no princípio de sua análise, Pedro fazia desenhos de conteúdo ameaçador. Durante sua execução, falava da ameaça de ser capturado, engolido e preso pelos monstros ou figuras bizarras que pintava, ressaltandose que ele se colocava, claramente, como o personagem principal, que deveria lutar para escapar de situações extremamente ameaçadoras dessas histórias.
Parecia evidente que ele estava às voltas com o desejo materno, que o ameaçava profundamente, já que seu pai, conforme o próprio Pedro denunciava, "não servia para nada". Ele "não servia", por exemplo, para dizer não à esposa quando esta colocava Pedro para dormir com ela, ocupando justamente o lugar que deveria ser do marido. Foi justamente aí que eu entrei, enquanto um terceiro que com a autoridade a mim outorgada pela mãe de Pedro disse não a ela; disse a ela que não mais poderia continuar a colocar o filho para dormir com ela.
Quando realizei tal intervenção, o que fiz foi dar uma consistência tanto imaginária, aos olhos de Pedro, à lei paterna, quanto uma consistência simbólica a mesma, na medida em que consegui fazer com que a mãe de Pedro fosse portadora dessa lei. No momento em que a mãe acata minha intervenção, dizendo ao filho que, a partir de então, ele passaria a dormir sozinho em sua própria cama, foi justamente a intervenção da fala de um terceiro o que se fez presente em seu discurso. A intervenção deste no discurso da mãe, de acordo com o que Lacan aponta em O seminário, livro 5: as formações do inconsciente 1957-58, abre para a criança uma possibilidade diferente daquela concernente ao ser ou não ser o falo da mãe. Mas, quando, a partir de minha intervenção, tal possibilidade se colocou para Pedro, sua reação serviu para nos mostrar o quanto ele apresentava uma fixação nessa etapa da constituição do sujeito, na qual o que está em jogo para a criança é justamente ser o que a mãe deseja. Pedro estava com dificuldade de renunciar a esta posição, o que ficou evidente na medida em que, após ser desalojado do lugar privilegiado que ocupava na cama da mãe, ele procurou durante toda a sessão posterior ao ocorrido, se fazer ver por mim. Pedro queria ser visto o tempo inteiro e de corpo inteiro, queria ser o centro dos meus olhares, assim como o era em relação ao olhar da mãe.
Ao frustrar Pedro nesse sentido, produziu-se como efeito uma mudança em sua posição, ao menos no que diz respeito ao modo como passou a se apresentar nas sessões posteriores. Numa das sessões seguintes a essa, além de Pedro não buscar a todo custo os meus olhares, ele construiu uma fantasia de castração. Essa fantasia apontava, dentre outras coisas, para o fato de que o simbólico passou a operar na relação de Pedro com o falo. A diferença entre os sexos, representada pela presença ou ausência do falo, pois, havia, segundo indicava tal fantasia, começado a ser subjetivada por ele.
Cabe destacar então que, no que se refere à angústia, esta sofreu uma transformação importante ao longo do processo de análise de Pedro. Deixou de sinalizar sua desproteção frente ao desejo da mãe e passou a refletir o temor da castração. A angústia, daí em diante, passou a ser aquela que Lacan denominou como a angústia diante do pai castrador a angústia diante do pai, vor dem Vater.
A partir do momento em que se abriu para Pedro a possibilidade de ocupar outro lugar que não o de "fraco", que era um lugar sintomático, ele pôde ensaiar uma identificação viril, o que se evidenciou quando, pela primeira vez, ele falou durante a sessão da menina que gostaria de namorar. Desse modo, pode-se pensar que Pedro finalmente começou a assumir uma posição na partilha dos sexos.
Considerações finais
Assim como Freud, em Inibição, sintoma e angústia (1926/2004), no Seminário sobre a relação de objeto (1956- 57), Lacan aloca a fobia no campo das neuroses. Tempos depois, no Seminário De um Outro ao outro (1968-69), afirma que a fobia infantil não consiste numa estrutura clínica, mas sim numa placa giratória, que pode girar tanto para uma das duas grandes neuroses, histeria e neurose obsessiva, quanto para a perversão3.
Isso nos leva a pensar que, diante das fobias infantis, a atuação do analista pode ser preventiva. O caso de Pedro nos mostra que isso pode ser estendido àqueles quadros de angústias infantis, nos quais, embora a criança não tenha construído concretamente uma fobia, o analista identifica que a angústia de que se trata está sendo alavancada por um determinado lugar que ela ocupa junto à mãe. Com a diferença, neste caso, de que a evitação da angústia não se dá mediante a eleição de um objeto que faça às vezes do pai real.
A inibição exige do eu uma operação menos complexa do que a fobia e os demais sintomas de um modo geral, refletindo, conforme Henckel e Berlink (2003) apontam, um Ego mais frágil. Além disso, quando estabelecemos uma comparação entre o sintoma fóbico de Hans e a inibição da escrita apresentada por Pedro, somos levados a pensar que o primeiro consistiu numa solução mais eficaz do que o segundo frente à angústia, pois como ficou claro neste trabalho, a inibição da escrita em Pedro de modo algum consistiu numa medida suficiente para protegê-lo da angústia. Já no caso da fobia, como o próprio Freud (1926/2004) deixa claro, a angústia pode ser evitada simplesmente a partir de um afastamento do objeto fóbico. Todavia, isso revela, por sua vez, que a construção da fobia, por si só, não é suficiente para proteger o sujeito da angústia, devendo somar-se a ela a imposição de uma inibição. Nesse sentido, talvez valha a pena considerar esta inibição, que consiste numa evitação do objeto fóbico, como secundária e aquela apresentada por Pedro como primária.
REFERÊNCIAS
DSM-IV-TRTM (2002). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. (C. Dornelles, trad., 4. ed. rev.). Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Fráguas, V. & Berlinck, M. T. (dez. 2001). Entre o pedagógico e o terapêutico: Algumas questões sobre o acompanhamento terapêutico dentro da escola. Estilos da Clínica: Revista sobre a Infância com Problemas, 6(11), 7-16. [ Links ]
Freud, S. (1996). Análise de uma fobia em um menino de cinco anos. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad., Vol. 10, pp. 11-154). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho originalmente publicado em 1909) [ Links ]
______ (2004). Inhibición, sintoma y angustia. In Sigmund Freud obras completas (José Luiz Etcheverry, trad. Vol. 20, pp. 71-164). Buenos Aires: Amorrortu Editores. (Trabalho originalmente publicado em 1926 [1925] [ Links ])
Henckel, M. & Berlinck, M. T. (2003, junho). Considerações sobre inibição e sintomas: Distinções e articulações para destacar um conceito do outro. Estilos da Clínica: Revista sobre a Infância com Problemas, 8 (14), 114-25. [ Links ]
Lacan, J. (1995a). O seminário, livro 4: a relação de objeto, 1956-57 (Dulce Duque Estrada, trad.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. [ Links ]
______ (1995b). O seminário, livro 5: as formações do inconsciente, 1957-58 (V. Ribeiro, trad.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. [ Links ]
______ (1996). O seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, 1964 (M. D. Magno, trad.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. [ Links ]
______ (1968-69) Seminaire D' un Autre a 1' autre (Vol. 3). Document de travail. [ Links ]
NOTAS
1 Este trabalho é fruto de apresentação de caso clínico em evento da "Semana da Psicologia", em Agosto de 2007.
2 A este respeito, ver, especialmente, Henckel e Berlinck (2003).
3 No original em francês "au niveau de la phobie que nous pouvons voir non pas du tout quelque chose qui soit une entité clinique, mais en quelque sorte une plaque tournante, quelque chose dont, à l' élucider dans ses rapports avec ce vers quoi elle vire plus que communément, à savoir les deux grands ordres de la névrose: hystérie et névrose obsessionnelle, mais aussi bien par la jonction qu' elle réalise avec la structure de la pervesion". (Lacan, 1968-69, p. 320)
Recebido em fevereiro/2010
Aceito em maio/2010