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Psicologia: teoria e prática

versão impressa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. v.4 n.2 São Paulo  2002

 

ARTIGO

 

A família na clínica fonoaudiológica e psicopedagógica: uma valiosa parceria

 

Family in speech therapy and psychoeducation clinic: a valvable partnership

 

 

Gláucia de Albuquerque Cavalcanti AbbudI; Tathiane Cecília E. S. SantosII

IClínica psicológica particular
IICentro Universitário Salesiano

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente artigo aborda a importância da família no desenvolvimento do indivíduo nos aspectos emocionais, cognitivos e de linguagem, ou seja, no apreender e aprender o mundo. Enfatiza a necessidade da parceria entre a família de crianças com distúrbios da comunicação e de aprendizagem e o profissional (o fonoaudiólogo e o psicopedagogo), que, atento à dinâmica familiar na qual a criança está inserida, desenvolverá um trabalho clínico mais eficiente e produtivo, propiciando o crescimento do seu paciente sob todos esses aspectos.

Palavras-chave: Fonoaudiologia e família; Psicopedagogia e família; Família e profissionais, parceria.


ABSTRACT

The present article broaches the importance of family influences on personal development by looking at emotional, cognitive, and language issues or, in other words, in understanding and learning the world. The article emphasizes the need for partnerships between the families of kids with learning and communication disturbances and specialists (the speech pathologist and the psychopedagogue) who, when paying attention to a child’s familiar dynamic, will develop more productive and efficient work which provides for and assures the growth of his patient in all aspects.

Keywords: Speech pathologist and family; Psychopedagogue and family; Family and specialists, partnership.


 

 

Tudo o que não corrobora especificamente a idéia de que os pais são pessoas responsáveis é prejudicial a longo prazo para a essência da sociedade... É da família sadia que se origina o futuro. D. W. Winnicott

 

Introdução

A vida em grupo é inerente à condição humana. O homem sempre necessitou viver em agregações sociais para sobreviver.

Em todas as sociedades, desde as mais primitivas, a família sempre existiu, manifestando- se das mais variadas formas, estruturada com base em convenções dos diferentes grupos sociais e das condições de subsistência, num determinado tempo e lugar. A idéia de família, tal como a conhecemos hoje, é relativamente recente.

Como um sistema movendo-se através do tempo, a família possui propriedades basicamente diferentes de todos os outros sistemas. As famílias incorporam novos membros apenas pelo nascimento, adoção, ou casamento e os membros podem ir embora somente pela morte, se é que então (Carter & McGoldrick, 1995, p.19).

Segundo Ariès (1978), na Idade Média, a missão da família era unicamente a conservação dos bens e a luta pela sobrevivência. Viviam todos sob o mesmo teto, na prática de um ofício comum, e não havia privacidade. As crianças desde cedo participavam do mundo dos adultos, mas não ocupavam lugar de destaque. O amor e o afeto entre os membros da família não eram imprescindíveis. Podia haver, mas não era o mais importante. O que importava era estarem juntos numa ajuda mútua, pois era muito difícil viver isoladamente, principalmente para as mulheres. A única função da família era, portanto, a de “assegurar a transmissão da vida, dos bens e dos nomes – mas não penetrava muito longe na sensibilidade” (Ariès, 1978, p. 275). Não havia a preocupação com a educação das crianças, e os vínculos afetivos entre pais e filhos no interior da família não eram valorizados.

No início dos tempos modernos, a família deixou de ser apenas uma instituição para transmissão dos bens e do nome, para assumir a função educadora de formar os corpos e as almas de seus filhos, preparando-os para a vida. A aprendizagem tradicional foi substituída pela escola. A criança foi retirada da sociedade dos adultos, para ser confinada a um regime rigoroso, como conseqüência dessa nova preocupação dos pais com a educação. Surgia então um sentimento de afetividade entre os membros da família. Essa afeição exprimiu-se pela importância que os pais davam à educação de seus filhos. A partir de então, a família moderna passou a ter uma maior necessidade de intimidade e de identidade.

A transformação da família através do tempo é conseqüência do contínuo processo de evolução. A moderna civilização industrial impõe ao homem a necessidade de desenvolver não apenas as suas habilidades altamente especializadas, como também a capacidade de se adaptar às grandes e constantes mudanças socioeconômicas.

Nos dias atuais, essa evolução é sentida num ritmo muito rápido, e a família procura se adaptar a essas transformações. No entanto, as mudanças dos padrões familiares são determinadas não só pelo meio, mas também por sua organização interna. De acordo com Ackerman (1986, p. 31), “A unidade psicológica da família é continuamente moldada pelas condições externas e por sua organização interna”.

Uma mudança nos padrões internos, decorrente das mudanças sociais, pode fortalecer ou enfraquecer as ligações de amor e de lealdade dentro da família.

Atualmente, a estrutura econômica do casal inclui a necessidade de dois salários e duas carreiras, levando ambos os pais a trabalharem em tempo integral, fazendo com que haja uma disputa quanto à divisão das tarefas domésticas e disposição das responsabilidades e cuidados com a criança. Enquanto somente o pai trabalhava e conseguia sozinho manter a família, a mulher ficava em casa com a responsabilidade da educação dos filhos. Com a mudança do papel feminino e a partir de sua entrada no mercado de trabalho, pai e mãe delegaram a educação de seus filhos à escola ou às babás, transformando a dinâmica familiar e alterando as funções da família.

 

A função da família

A família serve para perpetuar a espécie e assegurar a criação e educação da prole. Embora essa função seja essencial para a sobrevivência, ela não garante o desenvolvimento das qualidades de humanidade. A matriz para esse desenvolvimento encontra-se na união de identidade de indivíduo e família, de família e comunidade (Ackerman, 1986).

É dentro da família que a criança terá suas primeiras trocas de experiências, conhecerá seus primeiros sucessos e fracassos, medos e frustrações. A família é, portanto, a unidade básica de crescimento do ser humano. É dela a tarefa crucial de socializar a criança e desenvolver a sua personalidade, configurando o seu percurso intelectual, emocional e social.

Inicialmente, no processo de socialização, a família modela o comportamento e a identidade da criança.

Além do fornecimento de abrigo, alimento e proteção à criança, garantindo assim a sua sobrevivência, a família favorecerá o desenvolvimento dos papéis sociais e a aceitação da responsabilidade social. É nessa família, sob condições de unidade e cooperação, que a criança desenvolverá o conceito de aprendizagem, a iniciativa e a criatividade. O senso de identidade pessoal da criança está relacionado à sua identidade familiar.

Dentro da família, são inúmeras as correntes de sentimentos de todos os graus de intensidade e são essas correntes que definirão a atmosfera familiar, em que a personalidade e as reações sociais da criança se desenvolverão. A atmosfera familiar vai depender da maneira como os pais demonstram amor um pelo outro e pelos filhos. Quando os pais se amam, os filhos também os amarão.

Afirmando a importância do amor e da família para a humanidade, Knobel (1992, p. 20) diz:

Assim é que a família representa a célula da sociedade organizada onde o gérmen da própria vida se alberga. A obra dos homens tem uma duração relativa. As de alguns gênios perduram. Mas só, verdadeiramente, a humanidade é que transcende e se perpetua, geração a geração, e não morre nunca porque os filhos dos filhos e seus descendentes continuarão amando e relacionando-se, acasalando-se com amor e aprendendo a aperfeiçoar sua capacidade afetiva geração após geração.

 

A família e o crescimento emocional da criança

Ao nascer, o bebê encontra um mundo estranho e hostil e é nos braços da mãe que ele perceberá um ambiente aconchegante, confiável e protetor. Na falta desse aconchego ele sentirá sensação de abandono e insegurança.

Winnicott (1980) afirma que o desenvolvimento emocional do primeiro ano de vida determinará a base da saúde mental do indivíduo. Segundo ele, a criança tem uma tendência inata para crescer, mas esse crescimento depende do atendimento de suas necessidades básicas, tarefa que será melhor desempenhada pela mãe, pois esta é a pessoa que mais provavelmente se dedicará à causa naturalmente e com prazer. É a maternagem satisfatória.

Os cuidados dispensados à criança pela mãe nos primeiros anos de vida são essenciais ao seu desenvolvimento intelectual. Ackerman (1986, p. 60) afirma que “a plasticidade e a enorme amplitude do potencial de desenvolvimento do indivíduo vêm da condição de prolongada dependência da criança da mãe”.

Bowlby (1997) relata pesquisas realizadas com bebês sobre a relação mãe-bebê e o tipo de cuidados maternos que eles recebem. A mãe sensível, atenta aos sinais do bebê e capaz de interpretá-los corretamente, fornece uma base segura para o seu filho, de onde ele partirá com confiança para realizar suas explorações do mundo.

As mães receptivas e acessíveis, que aceitam o comportamento do bebê, mantendo com eles um bom relacionamento, favorecem a autoconfiança, o que constitui o alicerce para o desenvolvimento da personalidade da criança.

A criança pequena tem seus impulsos instintivos e será com a ajuda da mãe que ela aprenderá a controlá-los, mas sem perder a espontaneidade. Os impulsos criativos e inatos só se desenvolverão se a criança puder confrontá-los com a realidade externa, e esse conhecimento será dado inicialmente pela mãe, em pequenas doses, gradualmente, de acordo com a compreensão da criança e a sensibilidade da mãe.

A mãe e o pai, sentindo-se responsáveis e disponíveis para o filho, garantem a ele um ambiente bem adaptado às necessidades do bebê até às do filho adolescente.

A família fornecerá uma estrutura sólida, na qual os filhos sentindo-se seguros e amados poderão se desenvolver de forma saudável e adquirir maturidade emocional, sendo capazes de estabelecer relações estáveis, boas e íntimas com outras pessoas.

Assim, o tipo de relacionamento familiar que a criança experimenta nos primeiros anos de sua vida tem uma grande importância para a formação de uma personalidade autoconfiante.

A autoconfiança e a capacidade para confiar nos outros são alcançadas por indivíduos que cresceram numa família que forneceu forte apoio aos filhos, respeito às suas aspirações, senso de responsabilidade e aptidões para conhecer e lidar com o mundo lá fora.

Portanto, os pais são os primeiros mestres dos filhos. São eles que ensinarão os seus próprios valores aos filhos, valores esses que darão sentido às suas vidas e pelos quais lutarão. A luta é essencial à vida, e a necessidade de conquistar seus próprios objetivos é parte do crescimento do indivíduo.

 

A família e a aprendizagem

De todas as espécies no mundo animal, o homem é o menos preso a um comportamento instintivo predeterminado. Ele é relativamente livre para responder de forma flexível ao seu ambiente. “Não há hereditariedade sem ambiente; não há ambiente sem hereditariedade” (Ackerman, 1986, p. 60).

Existem diferenças hereditárias e congênitas significativas entre os filhos de uma mesma família. Os irmãos variam o tipo físico, o potencial intelectual, o ritmo de desenvolvimento e de aprendizagem, o temperamento etc. A hereditariedade impõe limites ao desenvolvimento de uma criança, mas a influência do ambiente é que vai moldar os potenciais dessa personalidade (Ackerman, 1986).

A criança em desenvolvimento necessita de um ambiente adequadamente estimulante e propício à aprendizagem, além de um clima de segurança e harmonia nas relações interpessoais da família, no qual encontrará apoio, amor e motivação para aprender o novo.

A desavença entre os pais, a luta pela sobrevivência nas famílias mais pobres, a desunião causada por disputas pelo poder nas famílias mais abastadas são geradores de sérios conflitos na infância, pois causam perturbações em todos os seus membros. Os filhos só poderão ser felizes se os pais o forem.

As crianças percebem os conflitos e a insatisfação dos pais e respondem das mais diversas maneiras, dentre elas, por meio das dificuldades de aprendizagem, gerando problemas para o seu desenvolvimento. É inegável a relação entre dificuldades de aprendizagem e fatores emocionais. As dificuldades que a criança encontra na aprendizagem da leitura e escrita, de linguagem, de fala podem ser tanto causas como conseqüências de fatores emocionais.

A família estabelece o conceito de aprendizagem a partir dos vínculos afetivos que mantém com a criança. Segundo, Ackerman (1986, p. 41):

É o amor [...] que dá impulso à aprendizagem social. É a união de marido e mulher e de pais e filhos em um desempenho de amor dentro das realidades da vida familiar que incentiva a aprendizagem.

 

A parceria entre a família e a clínica fonoaudiológica e psicopedagógica

Na clínica fonoaudiológica e/ou psicopedagógica, podemos encontrar tanto famílias saudáveis, com um ambiente acolhedor e relações amorosas e leais entre seus membros, quanto famílias disfuncionais, com um relacionamento individualista, em ambiente tomado por sentimentos negativos, como ódio, medo, culpa e remorso.

Muitas vezes, os pais que buscam ajuda profissional para seus filhos estão mais preocupados com seu próprio casamento, com a possibilidade de separação ou divórcio etc.

Para os profissionais que trabalham com as dificuldades de comunicação e de aprendizagem, é fundamental compreender a estrutura familiar na qual a criança está inserida e procurar fazer um trabalho não só com a criança, mas também com sua família, para que essa, compreendendo o significado das dificuldades e das questões interferentes, possa colaborar de maneira mais efetiva no processo de desenvolvimento de seu filho.

As crianças chegam à clínica fonoaudiológica e/ou psicopedagógica por apresentarem problemas relacionados à sua fala, linguagem, leitura e escrita, ou problemas pedagógicos, muitas vezes num quadro triste de fracasso escolar. O histórico de fracassos escolares recorrentes leva, em geral, ao desenvolvimento de baixa auto-estima, o que freqüentemente induz a problemas de conduta. O sucesso na escola favorece a autoestima, e o inverso é verdadeiro.

As conseqüências que podem advir do fracasso escolar são imensas. A criança sofre pressão da escola e da família. Recebe os rótulos de má aluna, preguiçosa, distraída, tem má vontade para aprender ...

Na verdade, como já foi dito, muitas dessas dificuldades podem ter suas causas em fatores emocionais e familiares, que precisam ser detectados, se quisermos ter sucesso em qualquer tipo de intervenção. A criança e/ou a família poderão ser encaminhadas a profissionais de outras áreas para um diagnóstico mais preciso e, eventualmente, detec-tarse a necessidade de outro caminho terapêutico.

É importante que a família compreenda o que a criança está passando, para que possa ajudá-la a enfrentar e a superar suas dificuldades.

A ligação que deverá existir entre o terapeuta, o paciente e a sua família é intensa, atingindo todos os seus membros, individualmente, e a vida familiar, como um todo.

Pais que superprotegem os filhos, fazendo-os acreditar que são incapazes de realizar as tarefas e criando uma relação de dependência, podem estar causando ou reforçando as dificuldades da criança. Os pais necessitam transmitir à criança a confiança no seu potencial de desenvolvimento e mostrar que acreditam nela. Precisam ter atitudes positivas diante da aprendizagem, mostrando do que ela é capaz, e não apenas a sua incapacidade.

A escola, nesse momento de vida da criança, é o que há de mais importante para ela e o seu sucesso escolar, ou o insucesso toma proporções gigantescas.

As exigências familiares acima da capacidade e maturidade da criança também podem gerar problemas de aprendizagem. A criança não conseguindo corresponder às expectativas de seus pais sente-se frustrada e infeliz, e o aprender não é mais fonte de satisfação, mas sim de insatisfações.

Famílias que não conseguem impor os limites às crianças, que não têm um padrão de comportamento e são excessivamente permissivas criarão filhos com dificuldades para entender e acatar as regras do sistema educacional, o que muito provavelmente prejudicará seu desenvolvimento.

Cabe aos pais fazê-las compreender e respeitar as regras de disciplina e organização, se quiserem que seus filhos aprendam a aprender e adquiram hábitos adequados de estudo. Os pais devem exercer sua autoridade e dar os limites para que seus filhos sin-tamse seguros, sabendo com clareza o que podem e devem e o que não podem e não devem fazer. Muitas vezes, os pais ficam perdidos em relação à educação dos filhos e sua insegurança é percebida, gerando também insegurança a essas crianças.

Se, por um lado, a criança e o adolescente têm a necessidade de ter regras claras de conduta, por outro lado, eles precisam ser ouvidos pelos pais que devem permitir e incentivar que seus filhos se expressem de forma honesta e clara a respeito dos próprios sentimentos, frustrações e dificuldades.

Fernandez (1990) afirma que as relações de vínculos na família podem ser favoráveis ou não à aprendizagem, dependendo de como os membros da família lidam com o conhecimento e de como as informações são transmitidas: as verdades, as mentiras, os segredos de família. A família pode se apresentar como um lugar onde não se pode pensar, onde não se pode conhecer, onde não se pode aprender.

Quanto mais a família valoriza o aprender, mais ela levará a criança a se interessar pelo conhecimento e mobilizar dentro de si mesma os recursos para buscar esse conhecimento.

Famílias que se tornam um terreno fértil para a criação de problemas de aprendizagem são aquelas em que o aprender significa um choque na estrutura familiar, uma vez que ele facilita a autonomia dos seus membros. Para algumas famílias, é muito difícil aceitar que um de seus membros tenha um pensar diferente.

É essencial, para o crescimento dos filhos, que os pais permitam o conhecimento da realidade circulante, e essa realidade tem início no próprio seio da família. A criança e o adolescente precisam ser estimulados a ter autonomia de pensamentos, a chegar às suas próprias conclusões, baseadas nas informações que lhe são dadas a conhecer. É a família como facilitadora do conhecimento.

Alguns problemas relacionados com a fala infantilizada de uma criança podem ter suas origens no pai ou na mãe que não deseja que seu filho cresça.

O fonoaudiólogo e o psicopedagogo necessitam ter um olhar crítico e aguçado a respeito das relações familiares, observando principalmente o seu paciente, como ele está inserido e quais as suas funções dentro da estrutura familiar. E, ainda, se essa estrutura está propiciando um ambiente emocionalmente estável e facilitador à aprendizagem.

Igualmente importante é a família conhecer os objetivos do profissional que está trabalhando com a criança e, juntos, estabelecerem uma parceria, em que todos irão lutar pelos mesmos objetivos, ou seja, o desenvolvimento da criança. Nessa parceria, o fonoaudiólogo ou o psicopedagogo auxilia os pais a refletir sobre suas atitudes em relação aos problemas de escrita, leitura, fala ou linguagem de seu filho. Como estarão agindo? Com uma cobrança de resultados que a criança ainda não pode obter? Ou, pelo contrário, com uma excessiva condescendência que em nada ajudará a criança? O repensar dos pais a respeito de suas próprias atitudes certamente terá um efeito benéfico para todos e para o trabalho terapêutico.

Num processo diagnóstico, o profissional irá conhecer a história da aprendizagem da criança e como esta lida com o conhecimento nos seus diferentes contextos (social, escolar, familiar) e como estes percebem a criança. O profissional, conhecendo de maneira abrangente o problema do seu paciente por meio de uma anamnese ampla e avaliações bem direcionadas, objetivando o conhecimento da criança nas várias instâncias de sua atuação, terá a confiança da família.

O relacionamento harmonioso entre o terapeuta e o paciente e entre a família e o terapeuta criará um ambiente favorável à confiança entre todos os envolvidos no processo.

É com essa mútua confiança e com a certeza de que as partes envolvidas – profissional, família e criança – estejam comprometidas com o trabalho que se estabelecerá o vínculo, essencial ao sucesso da terapia. Construído o vínculo, a família estará mais disponível para, por meio das trocas com o fonoaudiólogo e o psicopedagogo, compreender e participar de modo construtivo no desenvolvimento do processo de aprendizagem de seu filho. A parceria estará selada, e será o paciente que receberá os benefícios dessa parceria.

Se assumirmos o fato de que a família é tão importante na construção da aprendizagem da criança e na concretização das suas possibilidades reais para se tornar um adulto competente e autoconfiante, podemos levantar a questão da formação do profissional que irá trabalhar com os distúrbios da comunicação e da aprendizagem. A formação acadêmica desses profissionais contempla uma visão que os leve a entender os relacionamento familiares, que envolvem a criança com problemas?

 

Referências

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Endereço para correspondência

Centro Universitário Salesiano – Campus Coração de Jesus
Largo Coração de Jesus, 154
Campos Elíseos, São Paulo, SP
CEP 04121-070
Tel. : (11) 221-3622
E-mail: tathiane@aol.com

Tramitação:
Recebido em agosto/2002
Aceito em novembro/2002