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Revista Mal Estar e Subjetividade
versão impressa ISSN 1518-6148versão On-line ISSN 2175-3644
Resumo
QUEIROZ, Cristiane Holanda e PINHEIRO, Clara Virgínia de Queiroz. Do mal-estar da existência ao biologismo das relações. Rev. Mal-Estar Subj. [online]. 2006, vol.6, n.1, pp.85-110. ISSN 1518-6148.
Com a crescente difusão do discurso científico-tecnológico no âmbito social, buscando ultrapassar os limites da experiência humana através da manipulação da vida em sua realidade biológica, podemos observar a constituição de novas maneiras de se conceber a nossa noção de humanidade. Tal concepção, que vem sendo forjada nas últimas décadas, encontra-se em contraposição à psicanálise a partir de dois aspectos aqui recortados, a saber, a disseminação da teoria desenvolvida por Sigmund Freud como um dos pensamentos mais relevantes e mais influentes para a formação das subjetividades modernas; e, principalmente, a noção de que a condição subjetiva só pode existir em função de restrições pulsionais que, por sua vez, geram um mal-estar impossível de ser debelado pelo sujeito. Tendo em vista, pois, a distinção entre a forma como a experiência humana se situa para a psicanálise e para as tecnologias biomédicas, propusemo-nos, neste texto, a delinear tais diferenças, utilizando como fio condutor uma obra ficcional, o Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Inicialmente, determinamos o que fundamenta a existência do sujeito em Freud e, em seguida, comentamos as visões prospectivas referentes a uma maior inserção das "tecnociências" na vida das pessoas, estabelecendo quais as repercussões possíveis que esta inserção pode trazer.
Palavras-chave : discurso científico-tecnológico; psicanálise; mal-estar; felicidade e literatura.