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Revista Mal Estar e Subjetividade

versão impressa ISSN 1518-6148

Rev.Mal-Estar Subj vol.12 no.3-4 Fortaleza dez. 2012

 

EDITORIAL

 

Interlocuções e Pesquisas

 

Dialogues and Research

 

 

Neste número da revista "Mal-Estar e Subjetividade" apresentamos uma gama de trabalhos e de discussões que cruzam vários campos, em vários flancos, enodando interlocuções que adentram, além da psicologia e da psicanálise, o espaço da saúde, do trabalho e da antropologia. Acompanharemos, ainda, outros artigos que realizam cartografias acadêmicas e escolares, todos eles tendo como direção a pesquisa, a inovação e a renovação dos saberes.

Do campo psicanalítico selecionamos trabalhos que passeiam por conceitos fundamentais, percorrendo atalhos que incorporam temas tanto da clínica como do laço social, assim como, debatendo sua extensão para o campo da saúde, através das práticas hospitalares, como em sua inserção nas escolas e nas universidades.

Da clínica encontramos uma importante discussão sobre a função do chiste, que a partir da proposição lacaniana "o inconsciente é estruturado como uma linguagem" estabelece sua função criativa desvelada pelas formações do inconsciente. Na mesma tomada clínica, um estudo sobre a supereu e sua relação com o gozo feminino, articula-os através da demanda infinita de amor feita pelas mulheres. Em outro trabalho, o conceito de dor vê-se interrogado a partir das formulações freudianas elaboradas no "Além do Princípio do Prazer", especialmente como consequência da descoberta da pulsão de morte. E, a partir de Proust, e seu clássico "Em Busca do Tempo Perdido", um desenvolvimento acerca do fetichismo, propõe que o fetiche seria uma espécie de endereçamento da mãe ao seu filho, como um significante, "uma insígnia do objeto de desejo da mãe que estaria fixada desde a geração anterior".

Da articulação entre a clínica e o laço social se desprende uma discussão sobre o mal-estar contemporâneo, cujas temáticas, tais como a crueldade, a violência, a passagem ao ato, a passividade, a família e o suposto declínio da função paterna, curiosamente se articulam e se complementam.

No que tange à psicanálise em extensão, oferecemos ao leitor dois artigos: um que, na interseção entre psicanálise, esquizoanálise e psicologia da saúde, desenvolve uma discussão teórico-prática sobre os dispositivos possíveis com o trabalhador no hospital. Em outro trabalho, a supervisão psicanalítica numa clínica-escola é o tema de interessantes investigações. A trajetória acadêmica no curso de psicologia também é estudada a partir de uma cartografia fundada nas proposições de Deleuze, Guattari e Foucault.

No espaço de interlocução com a saúde, uma discussão acerca da medicalização da vida, permite ao autor desenvolver uma crítica da cultura contemporânea e da expansão do discurso médico para o sítio da vida comum e da moral cotidiana. Ainda neste campo, uma pesquisa sobre a fibromialgia, sintoma comum na contemporaneidade, articula suas fundamentações psicológicas. Em outra, a problemática da vulnerabilidade e da convivência com o HIV/AIDS em pessoas acima dos 50 anos, aprofunda a discussão sobre as situações de preconceito e a condição ontológica da sexualidade.

Por fim, três trabalhos de pesquisa de caráter antropológico e etnográfico estudam temas diversificados, entre eles, a saúde mental do professor, assim como o papel da cultura na promoção da vida dos homens atrelado a importância dos bens culturais, promovidos pelas festas e terreiros das comunidades. As celebrações da cultura P'urhepecha localizada no Estado de Michoacan, no México é o tema de investigação que, no limite entre a psicologia e a antropologia, busca discutir a construção de subjetividades coletivas através das festas.

Festejemos, então, mais uma publicação da revista "Mal-Estar e Subjetividade", louvando o trabalho rigoroso dos autores e a qualificação da nossa revista.

 

Leonardo Danziato
Co-editor e Organizador

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