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Revista Psicologia Política

versão impressa ISSN 1519-549Xversão On-line ISSN 2175-1390

Rev. psicol. polít. vol.17 no.40 São Paulo set./dez. 2017

 

EDITORIAL

 

Pesquisas críticas em psicología

 

Critical researchs in psychology

 

Pesquisas críticas en psicología

 

Critiques recherche en psychologie

 

 

Ilana MountianI; Miriam Debieux RosaII; Viviani CatroliIII

IUSP. Brasil
IIUSP. Brasil
IIIUSP. Brasil

 

 

Apresentação

Esta publicação foi organizada a partir das contribuições de autoras e autores que participaram do I Simpósio de Pesquisa em Psicologia Crítica - Psicologia crítica em foco: Estabelecendo diálogos, realizado no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo em 2013. Os artigos que compõem essa coletânea tem perspectivas distintas e são baseadas em diversos campos de pesquisa na área da psicologia, entretanto todas as contribuições visam produzir análises críticas na e da psicologia.

Análises críticas na psicologia percorrem a própria história da psicologia. Na Europa e Estados Unidos, nos anos 70 e 80, foi enunciada a já conhecida "crise da psicologia", apontando para a necessidade em incorporar aspectos críticos nas pesquisas e metodologias utilizadas. No Brasil, na mesma década, algumas perspectivas fortaleceram-se, particularmente das análises marxistas e das influências das teorias da liberação. Desde então, uma série de perspectivas foram desenvolvidas e/ou incorporadas nessas reflexões, como as teorias feministas e estudos queer, análises foucaultianas, estudos da Escola de Frankfurt, psicanálise, estudos pós coloniais, estudos decoloniais entre outros. Nestas pespectivas alguns aspectos são frequentemente ressaltados como a importância da inclusão das relações de poder na pesquisa, situar o conhecimento, e o debate sobre representação e possibilidades de fala e escuta.

Os artigos se baseiam nessas perspectivas teóricas, como a psicanálise, teorias feministas, análise de discurso e estudos pós-coloniais para desenvolver análises sobre diversos campos, como na educação, na formação de grupos, sobre a prática da psicologia, estudos sobre imigração e sobre a própria metodologia e epistemologia de pesquisa. Os textos aqui apresentados foram divididos em três agrupamentos: desenvolvimentos teóricos críticos, análises e práticas em pesquisa, e debates clínicosteóricos. No primeiro bloco, desenvolvimentos teóricos, encontram-se os artigos de Ian Parker, Ilana Mountian, e Fernanda Ghiringhello Sato, Raonna Caroline Ronchi Martins, Carina Ferreira Guedes e Miriam Debieux Rosa. No segundo, análises e práticas em pesquisa, compõem Erica Burman, Amana Mattos e Nadir Lara Junior. E no terceiro bloco, debates clínicosteóricos, estão os textos de Chrisitan Dunker, David Pavón-Cuéllar e Eduardo Leal Cunha.

Ian Parker traz desenvolvimentos teóricos críticos para a análise do discurso terapêutico, situando questionamentos sobre identidade e interioridade. Ilana Mountian traz elementos da pesquisa feminista e pós-colonial para análises críticas atentando para violências epistêmicas, em particular as noções de situacionalidade, reflexividade e interseccionalidade. Fernanda Ghiringhello Sato, Raonna Caroline Ronchi Martins, Carina Ferreira Guedes e Miriam Debieux Rosa trazem aportes teóricos à utilização de dispositivos grupais nos serviços que executam políticas sociais como estratégia clinico-política.

No segundo bloco, temos a publicação de Erica Burman que traz reflexões a partir de teorias feministas sobre pesquisa, em específico, na análise da pesquisa com mulheres paquistanesas na Inglaterra e no Paquistão. Amana Mattos analisa os resultados de sua pesquisa e intervenção com estudantes no Rio de Janeiro, pensando em questões geracionais e de gênero. Nadir Lara Junior provê análises críticas sobre sua pesquisa sobre movimentos sociais e identidade coletiva, a partir do debate sobre comunas em Porto Alegre.

Finalmente, Christian Dunker apresenta elementos para uma teoria da transformação em psicanálise, debatendo as noções de causalidade, determinação e indeterminação, na lógica do encontro na experiência psicanalítica. David Pavón-Cuéllar analisa formações subjetivas na economia liberal. E Eduardo Leal Cunha debate o uso contemporâneo da categoria de perversão social indicando problemas epistemológicos e éticos que acompanham o seu uso.

Para a realização deste número especial, contamos com a colaboração das e dos pareceristas Aline Travaglia, Daniel Coelho, Fernando Pocahy, Gabriel Binkowski, Ivan Estêvão, Léia Priszkulnik, Marcus Cesar Ricci Teshainer, Patricia Porchat, Sandra Luzia Alencar e Sabah Siddiqui, Sérgio Eduardo Lima Prudente.

A proposta dessa publicação é criar uma possibilidade de encontro entre diversas perspectivas que trabalham com temáticas críticas, com o objetivo de contribuir aos debates da psicologia, mapeando possíveis intersecções e desenvolvimento teóricos e práticos.

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