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Revista Psicologia Política

versão On-line ISSN 2175-1390

Rev. psicol. polít. vol.19 no.44 São Paulo jan./abr. 2019

 

MENSAGEM DA ABPP

 

Psicologia Política: articulação entre ciência e política para a produção de reflexões críticas sobre nosso tempo

 

Political Psychology: articulation between science and politics for the production of critical reflections on our time

 

Psicología Política: articulación entre ciencia y política para la producción de reflexiones críticas sobre nuestro tempo

 

Psychologie politique: articulation entre science et politique pour la production de réflexions critiques sur notre temps

 

 

Frederico Alves Costa

Presidente da ABPP – Biênio 2019-2020

 

 

A Associação Brasileira de Psicologia Política inicia o ano de 2019 com uma conquista muito importante: regularizamos a periodicidade da Revista Psicologia Política. Resultado de um trabalho engajado e comprometido da Comissão Editorial1 que assumiu a RPP em 2016 e que trabalhou e vem trabalhando em conjunto com a diretoria anterior (2016-2018) e com a diretoria atual (2019-2020) da ABPP. Resultado também das/os sócios/as da ABPP, das/os autores/as e dos/as pareceristas que acreditaram no projeto de regularização da RPP e que reconhecem a importância da psicologia política e deste periódico científico para a construção e visibilidade de pensamento crítico sobre fenômenos relativos à construção, reprodução e transformação de relações de dominação.

Juntamente com a regularização da RPP, é importante anunciarmos que em dezembro de 2018 iniciamos a publicação de mais um veículo de comunicação: o Comunicados ABPP. Trata-se de uma estratégia de aproximação da associação com seus associados e com outras pessoas interessadas pela psicologia política brasileira. O Comunicados ABPP é enviado por e-mail e disponibilizado no site da associação (https://psicologiapolitica.org.br/). No Comunicados ABPP n° 03 inauguramos uma seção intitulada Psicologia Política: contribuições para a formação e para a atuação profissional, no intuito de dialogarmos com discentes de graduação e de pós-graduação e com profissionais de diferentes áreas sobre a relevância da psicologia política para sua formação e atuação. Diante desta preocupação e na busca de ampliarmos a visibilidade do Comunicados ABPP, passamos a divulga-lo no site do Fórum das Entidades Nacionais da Psicologia (FENPB) e do Conselho Federal de Psicologia (CFP), entidades às quais a diretoria da ABPP agradece.

Nestes tempos tristes que vivemos no Brasil, nos quais, infelizmente, o presidente da República eleito democraticamente fomentou comemorações no país ao Golpe Civil-Militar de 1964, a publicação da RPP e o fortalecimento da ABPP são contribuições importantes para a reflexão crítica sobre a conjuntura política nacional, que se encontra articulada a processos psicopolíticos internacionais marcados pela disseminação de demandas autoritárias de direita e de extrema direita.

Neste contexto, assim como em outros que já vivenciamos na história dos séculos XX e XXI, é ainda mais importante perguntarmo-nos: para quem e para que produzimos conhecimento científico? Certamente, aquelas e aqueles “adornados” por valores positivistas de ordem e progresso, pela falácia da neutralidade científica e pela idolatria do factual tentarão dissociar ciência e política e a nomear pesquisadoras e pesquisadores comprometidos ético-politicamente com a expansão da democracia, com a promoção e efetivação dos direitos humanos como militantes de esquerda infiltrados nas suas pretensas torres de marfim.

A ABPP surgiu em 2000, em um contexto marcado pelo fortalecimento de políticas neoliberais no país, que ontem, como hoje, sob o “mantra” de menos Estado e mais Mercado, impulsionam o enfraquecimento das políticas sociais, a privatização de áreas estratégicas para o país e o enriquecimento de poucos em detrimento da exploração da maioria, incluindo a fragilização da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e dos direitos previdenciários e, nos dias de hoje, a produção de estratégias de expurgo a modos de ser e de viver não desejados pelos “soberanos”.

Opondo-se a este horizonte de sociedade e compartilhando o ideário democrático das lutas contra a ditadura civil-militar brasileira e pela afirmação de direitos a minorias sociais, a ABPP tem sido construída ao lado de outras entidades científicas críticas - como a Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) - e junto daquelas e daqueles que, ao invés de trabalharem em favor da preservação da herança dos “vencedores” da História - que não cessam de triunfar - decidem visibi-lizar, de múltiplos modos, outras histórias. Histórias da pluralidade de dominações, das barbáries cotidianas, das lutas por igualdade e por liberdade produzidas pela “parcela dos sem-parcela” de nossas sociedades, das utopias subversoras da ordem e do progresso que nos permitem, ao sonharmos com outros mundos possíveis, produzir investimentos éticos radicais que busquem preencher a distância entre o que é e o que deveria ser.

Na afirmação da produção de uma ciência crítica, que articula ciência e política sob o horizonte da democracia e da defesa dos direitos humanos, trazemos na sequencia desta mensagem da ABPP uma homenagem, feita pela professora Raquel Guzzo, ao professor Fernando González Rey, que faleceu no dia 27 de março de 2019. Agradecemos à professora Raquel Guzzo por esta homenagem!

A fim de mantermos a ABPP viva e forte e, assim, suas atividades como a construção de mesas institucionais em eventos científicos, a realização dos Simpósios Brasileiros de Psicologia Política, a periodicidade da RPP, solicitamos as/os associadas/os que efetuem o pagamento de suas anuidades e convidamos àquelas e àqueles que reconhecem a importância da produção de reflexões críticas sobre fenômenos políticos que delimitam a construção das relações sociais que se filiem à ABPP. Informações sobre o pagamento da anuidade e para novos associados podem ser encontradas no site da ABPP: https://psicologiapolitica.org.br/associe-se/. A contribuição e participação de cada uma e cada um de vocês na ABPP são fundamentais para o fortalecimento da psicologia política brasileira.

 

 

1 Adolfo Pizzinato (UFRGS), Aline Hernandez (UFRGS), Conceição Seixas (UERJ), Frederico Alves Costa (UFAL), Frederico Viana Machado (UFRGS).

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