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Cógito

versão impressa ISSN 1519-9479

Cogito v.7  Salvador  2006

 

RESENHAS

 

A Lição de Charcot. Antônio Quinet

 

 

Carlos Pinto Corrêa *

Círculo Psicanalítico da Bahia

 

 

Resenha do livro de Antonio QUINET, A Lição de Charcot, Ed. Zahar, Rio de Janeiro, 2005

Ao contrário do que se pensa, o livro "A Lição de Charcot" de Antonio Quinet não é apenas um mergulho na vida do psiquiatra francês, nem um dos esclarecedores textos de Lacan como tem apresentado o autor.

Neste livro, Quinet faz a sua estréia na literatura, seguindo uma tendência atual de se conjugar a ficção com dados biográficos ou históricos de forma a eliminar a disjunção da fantasia com a realidade. Esta tem sido uma fórmula quase obrigatória da literatura pós moderna, inaugurada por Umberto Eco com a fusão do erudito com o romance policial do Nome da Rosa.

O autor nos conduz a uma visita ao famoso hospital La Salpêtrière, o mesmo em que Freud entrou em contato com o "Teatro Histeria," dirigido por Charcot.

Se a Histeria é teatral e o teatro é também histérico, o autor vai montar a sua cena trazendo para o palco além do médico biografado, a presença do neurologista Babinski, da exemplar enferma Blanche Wittman, modelo preferido do markenting de Charcot, Sarah Bernhardt e o nosso tão querido e inusitado Imperador Dom Pedro II. É uma surpresa a descoberta que o Brasil esteve tão próximo dos importantes estudos no tratamento da histeria, do mesmo modo que fica Charcot introduzido na História do Brasil.

Quinet, ao ingressar oficialmente na literatura, se revela, antes de tudo, um dramaturgo com incrível capacidade de invenção, sem perda da profundidade dos personagens que coloca em ação.

Apresentada experimentalmente para os íntimos, a peça foi vivida de modo marcante pelos autores especialmente escolhidos e pela platéia. Também discutida em Jornada do Campo Lacaniano em Salvador, com arrebatamento daqueles que tentaram vestir a condição de alguns personagens.

Passando da literatura à psicanálise, Quinet assume o pesquisador e apresenta uma criteriosa bibliografia e mais de 50 imagens preciosas, fazendo referências aos créditos iconográficos.

Ao ler a Lição de Charcot de Antonio Quinet, pensamos que como Sartre se utilizou do teatro para tornar conhecida a filosofia existencialista, Quinet tem uma maneira nova: propõe falar da histeria a partir do texto.

 

 

* Psicanalista. Sócio Fundador do Círculo Psicanalítico da Bahia.

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