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Psicologia em Revista
versão impressa ISSN 1677-1168
Resumo
VORSATZ, Ingrid e MARTINS, Renata Dahwache. O poeta e o psicanalista: a inquietante estranheza do duplo. Psicol. rev. (Belo Horizonte) [online]. 2019, vol.25, n.3, pp.979-999. ISSN 1677-1168. https://doi.org/10.5752/P.1677-1168.2019v25n3p979-999.
Este artigo pretende apresentar uma articulação entre psicanálise e literatura, partindo da premissa de que ambas têm como fundamento o campo da palavra e da linguagem, guardadas as devidas especificidades de cada um desses campos. Partiremos das próprias indicações freudianas contidas em duas cartas de Freud endereçadas ao escritor e também médico vienense Arthur Schnitzler, seu contemporâneo, para problematizar aquilo que aproxima – bem como disjunta - o escritor-poeta (Dichter) do psicanalista. Ao nomear Schnitzler como o seu duplo (Doppelgänger), Freud assinala a estranha familiaridade entre os procedimentos psicanalítico e literário. A fim de situar a questão, faremos uma breve incursão sobre a noção germânica de Kultur, que caracteriza o solo comum entre Freud e Schnitzler. Contudo, Freud se distancia da perspectiva contida na ideia de cultivo de si (Bildung), integrante da Kultur, ao introduzir, no seio da civilização, um mal-estar irredutível.
Palavras-chave : Psicanálise; Literatura; Cultura; Duplo.