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Psicologia USP

versão On-line ISSN 1678-5177

Psicol. USP v.19 n.4 São Paulo dez. 2008

 

EDITORIAL

 

A educação como um processo gerador de transformações efetivas no comportamento e como este processo se aplica no campo da nutrição é a temática no dossiê que abre este fascículo da Revista Psicologia USP. Dentre as dimensões da relação entre educação e nutrição nele exploradas, estão os desafios da sociedade contemporânea frente à formação do jovem e as perspectivas históricas envolvidas no processo de transformação de pessoas críticas em consumidores passivos, além das contribuições da antropologia filosófica para o entendimento das relações entre nutrição, educação e pobreza. A saciedade como comportamento proeminente na atualidade que acarreta, em várias instâncias, perda de liberdade e a questão assistencialismo fundamentado no pensamento tutelar, que pode levar à impossibilidade de seu exercício, são contrapontos apresentados que estimulam uma reflexão crítica. A preocupação das instâncias políticas sobre a educação alimentar e nutricional e a atuação destas instâncias no desenvolvimento de projetos educativos alimentares e nutricionais, bem como o uso da educação, num envolvimento conjunto entre escola e governo, como estratégia para combate à desnutrição e à pobreza, encerram o dossiê.

Os trabalhos que encerram o dossiê enfatizam a responsabilidade das instâncias políticas no desenvolvimento de projetos educativos alimentares e nutricionais, destacando o papel fundamental da educação, como estratégia para o combate à desnutrição e à pobreza, num envolvimento conjunto entre escola e governo.

Mais três artigos compõem este volume. O primeiro trabalho, inserido na área de educação mostra que a reduzida possibilidade de criação e os danos à saúde são geradores de sofrimento e estimulam a adoção de estratégias de resistência por parte dos professores. A percepção, por parte dos professores, dos elementos que contribuem para a adoção de tais estratégias tem um valor positivo para a criação de movimentos de transformação do ambiente de trabalho. Em seguida, o crescimento dos movimentos religiosos na atualidade é abordado a partir do referencial psicanalítico freudiano de maneira a buscar um entendimento mais amplo da relação entre a civilização e o sagrado. O último artigo analisa a questão do tratamento do sofrimento psíquico, no âmbito das práticas de cura místico-religiosas contemporâneas, que são comparadas aos procedimentos dos ambulatórios de saúde mental.

Finalmente, Em Debate traz o tema da violência como pano de fundo para, de maneira crítica e aguçada, estimular uma reflexão sobre o papel social e institucional do psicólogo e, principalmente, sobre sua (má) formação. Este texto primoroso é um verdadeiro manifesto a favor do resgate da psicologia, como ciência e profissão, em nosso país.

 

Marcelo Fernandes da Costa