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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versão On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.11 no.2 São Paulo dez. 2010

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Influência do género, da família e dos serviços de psicologia e orientação na tomada de decisão de carreira

 

Influences of gender, family and vocational guidance services on career decision making

 

Influencia del género, de la familia y de los servicios de psicología y orientación en la toma de decisión de carrera

 

 

Margarida Dias Pocinho1; Armando Correia; Renato Gil Carvalho; Carla Silva

Universidade da Madeira, Funchal, Portugal

 

 


RESUMO

Neste estudo analisa-se a influência do género, da família e dos Serviços de Orientação Vocacional na decisão de carreira. Participaram deste estudo 1930 alunos do 10º ao 12º anos, de escolas portuguesas, respondendo ao Questionário de Dificuldades de Tomada de Decisão e a outro de recolha de dados escolares e familiares. Mais de metade apresenta indecisão vocacional. Os resultados indicam uma influência positiva da família na tomada de decisão, e da Orientação Vocacional na prontidão da decisão. Os rapazes consideram a orientação vocacional mais útil, apresentam maior confiança mas menos prontidão na decisão, recorrem menos aos pais, familiares e amigos, sendo mais influenciáveis. As raparigas apresentam-se mais inseguras e menos informadas. A partir dos resultados, apresentam-se recomendações para as práticas de orientação vocacional.

Palavras-chave: género, família, escolha de carreira, psicólogos escolares, ensino médio


ABSTRACT

This study analyzes the influence of gender, family and career guidance services in career decision making. The participants were 1930 students attending the 10th to 12th grades in Portuguese schools. They answered the Difficulties in Decision Making Questionnaire and a school and family data questionnaire. More than half of the students showed vocational indecision. Family was seen to have a positive influence on career decision-making, and vocational guidance in the readiness of decision. As compared to the girls, the boys seem to consider the career guidance services more useful, show higher confidence, but greater lack of readiness in deciding, rely less on parents, family and friends, and seem to be more sensitive to influence. The girls seem to be more insecure and less informed. Results implications for vocational guidance practices are discussed.

Keywords: gender, family, career choice, school psychologists, secondary education


RESUMEN

En este estudio se analiza la influencia del género, de la familia y de los Servicios de Orientación Vocacional en la decisión de carrera. Participaron en este estudio 1930 alumnos del 10º al 12º año, de escuelas portuguesas, respondiendo al Cuestionario de Dificultades de Toma de Decisión y a otro de recolección de datos escolares y familiares. Más de la mitad presenta indecisión vocacional. Los resultados indican una influencia positiva de la familia en la toma de decisión y de la Orientación Vocacional en la rapidez de la decisión. Los jóvenes consideran la orientación vocacional más útil, presentan mayor confianza pero menos rapidez en la decisión, recurren menos a los padres, familiares y amigos, y son más influenciables. Las jóvenes se presentan más inseguras y menos informadas. A partir de los resultados se presentan recomendaciones para las prácticas de orientación vocacional.

Palabras clave: género, familia, elección de carrera, psicólogos escolares, enseñanza media


 

 

A investigação sobre a tomada de decisão de carreira tem mobilizado esforços no sentido de uma melhor compreensão e clarificação do constructo da indecisão vocacional, proporcionando diferentes estratégias de intervenção aos Serviços de Psicologia e Orientação em contexto escolar, privilegiando as dimensões relacionais alunos, pais e psicólogos (Abreu, 1996; Fuqua & Hartmann, 1983).

O apoio ao processo de tomada de decisão nas escolas do ensino básico pode ser uma tarefa difícil para os psicólogos, uma vez que uma grande parte desses alunos não responde, de uma forma efectiva, aos programas de orientação vocacional, quer estes sejam baseados numa intervenção mais tradicional e orientada para a informação sobre o mundo do trabalho e das profissões, quer mesmo numa perspectiva mais desenvolvimentista, orientada para o conhecimento das características dos alunos, nomeadamente dos seus interesses, valores e aptidões. Por outro lado, professores e directores de turma, professores responsáveis pelo desenvolvimento e educação do seu grupo de alunos, não estão sensibilizados nem possuem formação adequada à orientação na tomada de decisão vocacional. Mesmo que a dimensão relacional com os pais e encarregados de educação seja positiva, o que, por vezes, acontece em Portugal - país onde o nível socioeconómico e cultural é baixo ou médio-baixo - o repertório cultural próprio destas famílias não as predispõe para orientar os seus educandos, encaminhando-os para profissões e cursos que consideram ter mais saída para o mercado de trabalho e/ou cursos com elevado prestígio social (Pocinho, Correia, & Silva, 2009; Pocinho & Correia, 2009).

Ao longo dos últimos anos, diferentes estratégias e abordagens teóricas têm sido utilizadas em contexto escolar, para ajudar os alunos indecisos a avaliarem o seu repertório comportamental de forma a que o traduzam em escolhas vocacionais adequadas (Savickas, 2004). O locus de controlo, a auto-eficácia e a ansiedade são factores que têm sido vistos como componentes da personalidade que intervêm no processo de tomada de decisão (Pocinho & Correia, 2009). Os estudos sobre a auto-eficácia (Betz & Voyten, 1997; Hackett & Betz, 1981; Taylor & Betz, 1983) têm salientado a influência que este factor pode exercer nas decisões de carreira, ao funcionar como um recurso ou como um obstáculo ao desenvolvimento vocacional. Estes estudos indicam que os alunos com uma baixa percepção de auto-eficácia têm dificuldades na sua tomada de decisão de carreira. O mesmo acontece com os alunos com um locus de controlo externo (Fuqua & Hartmann, 1983; Pocinho & Correia, 2009) ou com uma excessiva ansiedade (Fuqua, Blum, & Hartman, 1988; Newman, Fuqua, & Seaworth, 1989).

O género tem também sido apontado como uma variável que exerce uma influência importante nos processo de tomada de decisão (Fitzgerald & Betz, 1994; Leong & Brown, 1995), na medida em que parece ter um efeito diferenciador dos jovens em termos da exploração e indecisão vocacional, e, assim, na elaboração e concretização de projectos vocacionais (Taveira, 2000). A importância da compreensão das diferenças associadas ao género não deve ser subestimada, pois este conhecimento pode abrir caminho ao desenvolvimento de práticas de orientação vocacional mais adequadas às características dos jovens rapazes e raparigas (Saavedra, Almeida, Gonçalves, & Soares, 2004). No entanto, no que diz respeito à indecisão de carreira, é ainda escasso o registo de diferenças de género (Silva, 1997). Assim, com este estudo, pretende-se dar um contributo para a clarificação do papel do género nos processos de tomada de decisão de carreira.

A investigação no campo da tomada de decisão de carreira não está, no entanto, centrada unicamente nas variáveis da personalidade e nas suas relações com a indecisão vocacional. Alguns investigadores reconhecem também a importância de factores externos ou de complexidade, que influenciam a capacidade das pessoas para fazerem escolhas de carreira apropriadas, como sendo a família, a moldura social, económica e organizacional onde o sujeito se insere (Sampson, Reardon, Peterson, & Lenz, 2004). Para estes autores, estes factores contextuais podem dificultar o processamento da informação necessária, tanto na resolução de problemas que o sujeito enfrenta como na tomada de decisão de carreira.

A família aparece como um dos factores contextuais mais estudados, assim como o seu papel fulcral no desenvolvimento da carreira. Embora algumas opiniões divirjam no que respeita às características familiares específicas que influenciam tanto as aspirações dos jovens como a tomada de decisão de carreira, alguns estudos (Crockett & Binghham, 2000; Mau & Bikos, 2000) sugerem a existência de uma relação entre as aspirações vocacionais e o nível educacional e socioeconómico das famílias. Vários outros autores (Mortimer, 1992; Pocinho, Correia, Camacho, & Rodrigues, 2007; Pocinho et al., 2009) sustêm a importância do nível educativo dos pais na consecução dos objectivos de carreira dos seus filhos. Ainda num outro aspecto do desenvolvimento de carreira, Hannah e Khan (1989) encontram no nível socioeconómico um factor relevante que afecta as expectativas de auto-eficácia, ou seja, as suas crenças nas capacidades para desempenharem várias ocupações. As representações que os pais têm das profissões são transmitidas, de forma intencional ou não, aos filhos no âmbito das transacções familiares (O'Brien, Friedman, Tripton, & Linn, 2000), através da valorização das dimensões que eles consideram mais importantes para o sucesso profissional (por exemplo, prestígio, independência, remuneração, realização pessoal), dos estereótipos associados às profissões, e dos significados atribuídos ao trabalho.

Outras variáveis familiares, como sendo a profissão dos pais, parecem estar relacionadas com as escolhas profissionais dos filhos (Trice, 1991). A influência da família nas aspirações vocacionais dos jovens pode fazer-se sentir, quer seja através dos conceitos familiares sobre os valores, as regras e limites, crenças, tradições e mitos, quer na quantidade e qualidade da informação fornecida sobre as profissões e o mundo do trabalho. A dimensão relacional do contexto familiar assume também um papel fundamental no processo de desenvolvimento vocacional, ao condicionar de forma significativa a exploração da relação do jovem consigo próprio e com os vários contextos da sua vida, e, desse modo, as oportunidades que se lhe oferecem. Por exemplo, Bratcher (1982) referiu que a existência de regras rígidas pode originar um sistema familiar fechado, impossibilitando o crescimento e a possibilidade de novas experiências. Outros estudos mais recentes (Kinnier, Brigman, & Noble, 1990; Young, 1994) também têm salientado os efeitos negativos que dos contextos familiares pautados por baixos níveis de comunicação, em que é rara ou até punida a expressão e partilha de sentimentos e de experiências, sobre o desenvolvimento vocacional dos jovens. Por outro lado, também tem surgido evidência dos benefícios, para o desenvolvimento vocacional, dos ambientes familiares que conseguem proporcionar um equilíbrio entre os momentos de apoio e os de desafio, que permitem e valorizam a comunicação aberta dos problemas que surgem na família, e que se constituem como fontes de suporte emocional (Young, Valach, Ball, Turktel, & Wong, 2003; Young et al., 1997).

Também, o nível de expectativas dos pais parece estar correlacionado com as aspirações vocacionais dos filhos, embora nem sempre a influência da relação com o pai ou com a mãe se exerça da mesma forma e com o mesmo nível. A influência da dimensão maternal parece ser mais evidente porquanto a maioria dos jovens prefere discutir os seus planos de carreira preferencialmente com a mãe. Nos seus estudos sobre o papel da dimensão relacional da família no desenvolvimento da carreira, Guerra e Braungart-Rieker (1999) encontraram diferenças nas percepções dos jovens relativamente ao pai e à mãe, no que respeita à influência na decisão de carreira: os pais eram vistos como mais encorajadores da independência ou da autonomia enquanto o papel das mães era percebido como fonte de um maior suporte na tomada de decisão.

Os Serviços de Psicologia e Orientação (SPO) constituem também uma variável importante no estudo do fenómeno de indecisão de carreira. Criados pelo Decreto-Lei n.º 190/91, de 17 Maio, estes serviços distribuem-se por três eixos principais de intervenção: o apoio psicológico e/ou psicopedagógico, a orientação vocacional e o apoio ao sistema de relações da comunidade educativa. Uma figura central destes serviços, e na maioria das situações, o único representante, é o psicólogo escolar. Sendo um elemento de uma equipa, na qual partilha preocupações, medidas e programas com diversos agentes da comunidade educativa, este profissional deverá ser um modelo positivo de relações humanas, ajudar a criar um clima e um crescimento favorável na escola, e estar sensível às características e necessidades associadas ao desenvolvimento, ao género, à etnia e ao estatuto socioeconómico das pessoas que atende (Taveira, 2005). Embora o terreno de intervenção do psicólogo em contexto escolar seja muito vasto e a delimitação das suas fronteiras esteja bastante condicionada pelas diversas correntes que emergiram no campo da Psicologia e pela divisão do trabalho em Psicologia a que estas deram lugar, um dos principais objectivos deste profissional é: (a) facilitar a aprendizagem e o desenvolvimento psicossocial dos alunos, contribuindo para a aquisição de conhecimentos ao nível dos conteúdos curriculares e do aprender a aprender e a pensar, favorecendo o auto-conhecimento, estimulando a motivação, a construção de projectos de vida, e o desenvolvimento de capacidades e interesses (Almeida, 2005). Assim, a influência dos SPO não deve ser descurada, dado o seu papel na preparação dos jovens para o seu futuro, no acompanhamento do fenómeno educativo e na participação em processos de decisão (Carvalho, 2008). É também o Conselho da Europa2 a salientar o papel preventivo dos serviços de orientação no sentido de evitar o abandono escolar e o contributo por eles prestado para habilitar os cidadãos a gerirem a sua aprendizagem e as suas carreiras, bem como para a reintegração daqueles que abandonaram prematuramente a escola em programas adequados de educação e formação (Conselho da União Européia, 2004, p. 7).

 

Objectivo

O objectivo deste estudo é analisar a influência do género, da família e dos Serviços de Psicologia e Orientação (SPO) na indecisão vocacional, numa amostra de 1952 adolescentes portugueses. Assim, tendo em conta o género, investigaram-se as possíveis associações entre pais, psicólogo (através da frequência dos programas de Orientação Escolar e Profissional nas escolas) e a indecisão de carreira conceptualizada como um constructo referente aos problemas que os sujeitos encontram na tomada de decisão das suas carreiras (Gati, Kraus, & Osipow, 1996).

 

Método

Participantes

A amostra é composta por 1952 alunos3 de todas as Escolas Secundárias públicas portuguesas seleccionados aleatoriamente, distribuídos equitativamente pelos 10º (feminino = 336; masculino = 276), 11º (feminino = 331; masculino = 200) e 12º anos (feminino = 503; masculino = 306). A média das idades dos sujeitos situa-se nos 16,8 anos de idade (DP = 1,3), com mínimo de 13 anos e um máximo de 23 anos. A maioria destes alunos (60,3%) nunca reprovou e frequenta cursos vocacionados para o prosseguimento de estudos de nível superior4 (72,2%). Cerca de metade dos pais (53,7%) possui grau de escolaridade até ao 6º ano de escolaridade, 14,6% possui a escolaridade obrigatória (9º ano), 16,5% o 12º ano e apenas 15% possui formação universitária.

Instrumento

O instrumento utilizado foi o Career Decison-Making Difficulties Questionnaire (CDDQ) de Gati et al. (1996). Estes investigadores desenvolveram uma taxonomia para compreender a contribuição das várias dificuldades implicadas na indecisão de carreira. Na sua taxonomia, as dificuldades foram definidas como desvios a um modelo de decisor de carreira ideal - uma pessoa que está consciente da necessidade de tomar uma decisão de carreira, disposto a tomar essa decisão e com capacidade de a fazer correctamente, baseado num processo compatível com os seus objectivos e recursos (Hijazi, Tatar, & Gati, 2004). Qualquer desvio deste modelo de decisor ideal de carreira é visto como uma potencial dificuldade que pode afectar o processo de tomada de decisão do sujeito de duas formas possíveis: (a) ou inibindo o indivíduo de tomar uma decisão ou, então (b) conduzindo-o tomar uma decisão abaixo da qualidade que seria desejada.

A taxonomia, sendo estruturalmente hierárquica (Silva, 2004), inclui três níveis de dificuldade major que estão divididas, por sua vez, em dez categorias mais específicas. A primeira categoria principal - Lack of Readiness (Falta de Prontidão) - inclui três categorias de dificuldades que podem aparecer antes do início do processo de tomada de decisão: (a) falta de motivação para se empenhar no processo de tomada de decisão de carreira, (b) indecisão geral relativa a todos os tipos de decisões e (c) crenças disfuncionais, incluindo expectativas irracionais. As duas outras categorias principais - Lack of Information (Falta de Informação sobre o Processo) e Inconsistent Information (Informação Inconsistente) - incluem tipos de dificuldades que podem aparecer durante o processo de tomada de decisão de carreira. A falta de informação sobre o processo inclui quatro categorias de dificuldades: (a) falta de informação sobre os diferentes passos envolvidos no processo, (b) falta de informação sobre si mesmo, (c) falta de informação sobre as diferentes alternativas (percursos escolares, percursos formativos, profissões), (d) falta de informação sobre as fontes de obtenção de informação adicional. A terceira categoria principal - Informação Inconsistente - inclui três categorias relacionadas com os problemas que o sujeito pode experimentar no uso da informação: (a) informação pouco fiável ou irrealista, (b) conflitos internos tais como, preferências contraditórias ou dificuldades relacionadas com a necessidade de se comprometer com o processo, (c) conflitos externos como sendo conflitos que envolvem a influência de terceiros.

Este questionário permite, então, examinar, empiricamente, esta taxonomia. Na sua versão completa, o CDDQ contem 44 itens que permitem avaliar, em cada uma das 44 dificuldades, através de uma escala do tipo Likert com 9 pontos, em que medida essa dificuldade descreve a situação do respondente. Pode ser registada num continuum de 1 - Does not describe me (Não me descreve bem) a 9 - Describes me well (Não me descreve bem). A versão utilizada neste estudo foi um questionário traduzido da versão completa e reduzido de 44 para 34 itens por Silva (2004).

Embora este instrumento permita, pelas potencialidades aqui descritas, avaliar as necessidades específicas dos sujeitos relativamente aos problemas que apresenta, quer estes se centrem na categoria de problemas que ocorrem antes do início do processo de tomada de decisão, quer pertençam à categoria daqueles que ocorrem durante o processo, optou-se por utilizar uma medida geral, a indecisão, ou seja, a tendência geral para apresentar dificuldades no processo de tomada de decisão.

Assim, o instrumento utilizado é constituído por dois questionários: o primeiro, que inclui dados biográficos, escolares e familiares, e o segundo, que constitui o questionário de dificuldades de tomada de decisão de carreira de Silva (2004). Na presente amostra, o instrumento apresenta boa consistência interna com alpha de Cronbach entre 0,50 e 0,91 (Tabela 1) (Pocinho & Correia, 2009).

 

 

Resultados

Através do questionário 1 (Dados biográficos, escolares e familiares) verificou-se que 65,2% dos alunos frequentaram o programa de Orientação Escolar e Profissional (OEP) no 9º ano de escolaridade, nas suas escolas. Cerca de metade frequentou até 50% das sessões e os restantes frequentaram o programa a 100%. Relativamente à questão Consideras que as sessões do programa te ajudaram a tomar uma decisão para a escolha do teu percurso no ensino secundário?, 67,5% dos alunos considerou que pouco ou nada ajudou. Cerca de metade dos sujeitos procurou também orientação de carreira junto dos pais e familiares (51,7%), sendo de realçar que apenas 2,2% procurou ajuda junto do director de turma (n = 14), cujo suporte foi considerado insignificante.

Cerca de metade dos alunos da amostra (49,2%) possui muitas dificuldades de tomada de decisão de carreira. Apenas sete (7) alunos (0,04%) não têm quaisquer problemas de tomada de decisão. Estas dificuldades diminuem tendencialmente, embora não de forma estatisticamente significativa, à medida que a escolaridade aumenta. A grande maioria dos alunos já pensou qual a área em que gostaria de se especializar ou qual a ocupação que gostaria de escolher (n = 1516; 78%). Os outros alunos, os que ainda não pensaram nesta questão, têm muitas dificuldades de tomada de decisão de carreira (M = 160,37; D = 36,9). Os alunos que já se decidiram tem menos dificuldades do que os colegas que ainda não o fizeram (t = 13,03; p < 0,001).

 

Influência do género

Existem diferenças significativas entre rapazes e raparigas (Ç2 = 439,901; gl = 8; p = 0,000) no que respeita à questão Consideras que as sessões do programa te ajudaram a tomar uma decisão para a escolha no teu percurso no ensino superior?, sendo os primeiros (M = 2,70; D = 0,86) os que registam valores mais elevados do que as segundas (M = 2,53; D = 0,833). O mesmo se verifica relativamente à questão Até que ponto está confiante na sua escolha?, em que o sexo masculino (M = 6,32; D = 2,16) supera o feminino (6,06; D = 2,89) (t = 2,060; gl = 1593; p = 0,040).

Verificaram-se diferenças significativas entre raparigas e rapazes nos factores 1, 3, 4 e 5 do Questionário de Dificuldades de Tomada de Decisão de Carreira, sendo as alunas as que apresentam mais falta de informação sobre o processo (F1) e insegurança (F5). Os rapazes revelam mais falta de prontidão (F3) e informação inconsistente e influenciada por terceiros (F4) (Tabela 2).

 

 

Influência dos Serviços de Psicologia e Orientação (SPO)

Relativamente à percentagem de frequência do programa de OEP, apenas 362 o frequentaram a 100%. Os dados mostram que não há diferenças significativas entre os alunos que frequentaram este programa e os que o frequentaram apenas a 25% ou 50% em termos de tomada de decisão (teste Scheffe, p = 0,37).

Da totalidade da amostra, apenas 756 frequentaram o programa de OEP, dos quais apenas 311 consideram que as sessões foram muito ou bastante úteis. Os restantes 425 alunos consideram-nas pouco ou nada relevantes. No entanto, os participantes que apreciaram positivamente estas sessões, têm menos dificuldades de tomada de decisão do que os outros colegas (t = -3,48; p = 0,001). No entanto, não se encontraram diferenças significativas entre os alunos que frequentaram o programa de OEP e os que não frequentaram (F = 0,288; p = 0,16, com correcção de Levene).

Dentro do grupo de alunos que tem boa percepção da eficácia do programa de OEP, as dificuldades diminuem à medida que as habilitações dos pais aumentam. Em todos os níveis de habilitações literárias dos pais, as dificuldades de tomada de decisão são inferiores à média, mas esse resultado é muito mais destacado nos pais com habilitação académica superior. Dos alunos que possuem uma percepção negativa da eficácia do programa, os filhos de pais com habilitação académica inferior apresentaram uma média de 150 pontos na escala, muito superior à média dos alunos filhos de pais com escolaridade básica obrigatória (9º ano) e de pais com 12º ano (ensino secundário), com 136 e 131 pontos, respectivamente.

Assim, a influência positiva do psicólogo dos SPO verifica-se de forma significativa, apenas, na diminuição da falta de prontidão. Paradoxalmente, a frequência do programa de OEP aumentou significativamente a insegurança dos alunos (F5) (Tabela 3).

 

 

Influência da família

Para melhor estudar a relação entre dificuldades de tomada de decisão e influência da família (pais), começou-se por analisar a relação entre o nível socioeconómico e a indecisão vocacional. Para tal, agruparam-se os dados das habilitações literárias dos pais em três grupos: pais que possuem a escolaridade obrigatória do seu tempo de estudante, onde foram incluídos os pais que não sabem ler nem escrever, sabem ler e escrever mas não terminaram o 1º ciclo do ensino básico, possuem o 1º ou o 2º Ciclo do Ensino Básico (Grupo 1); pais que possuem o 9º ou o 12º ano de escolaridade (Grupo 2), e pais que possuem bacharelato, politécnico ou formação universitária (Grupo 3). Tal como a média nacional portuguesa, cerca de 50% dos pais destes alunos estão incluídos no Grupo 1, ou seja, possuem o 6º ano ou menos como habilitações literárias.

Aplicando o teste de Kruskall-Wallis, verifica-se que, na globalidade da amostra, as dificuldades de tomada de decisão diminuem significativamente à medida que as habilitações dos pais aumentam (Ç2 = 7,083; gl = 2; p = 0,029).

Verificaram-se diferenças de género significativas, no que respeita ao suporte dos pais e/ou familiares à tomada de decisão vocacional (Ç2 = 166,913; p = 0,000; gl = 20). São as raparigas as que mais recorrem aos pais (119 contra 78 rapazes), bem como a outros familiares e amigos. Os alunos cujos pais os ajudaram a escolher o curso foram os que mais consideraram benéfica a frequência do programa de OEP (Ç2 = 32,683; gl = 8; p = 0,000). Os alunos que tiveram mais ajuda na decisão são os que mais frequentaram as sessões de OEP (n = 434) (Ç2 = 17,651; gl = 4; p = 0,001). Os que tiveram ajuda dos pais são os que também tiveram menos reprovações (Ç2 = 10,761; gl = 4; p = 0,029). Não se verificaram diferenças em função das habilitações dos pais entre os que pediram e os que não pediram apoio parental, pelo que as habilitações dos pais não interferem no facto de os filhos lhes pedirem ajuda ou não.

Verificaram-se diferenças significativas na indecisão vocacional entre os alunos que tiveram suporte dos pais e aqueles que não tiveram qualquer ajuda familiar em todos os factores, excepto nos factores 2 e 3, sendo os primeiros aqueles em que as pontuações revelaram mais dificuldades de tomada de decisão de carreira (Tabela 4).

 

 

Discussão

Metade dos alunos do Ensino Secundário tem, de facto, muitas dificuldades de tomada de decisão de carreira, proporção que corresponde à percentagem de alunos que mudam de curso no 1.º ano do ensino superior em Portugal (Pocinho et al. 2007). O cenário aqui obtido, através do Questionário de Dificuldades de Tomada de Decisão de Carreira, é confirmado pela resposta à questão Já considerou qual a área em que gostaria de se especializar ou qual a ocupação que gostaria de escolher?. Os que responderam não a esta questão apresentam enormes dificuldades de tomada de decisão. Os que responderam sim também possuem dificuldades, embora menos acentuadas. Os alunos que já decidiram qual o seu projecto de vida, estão razoavelmente confiantes na sua escolha.

Para além da análise das dificuldades de tomada de decisão de carreira dos alunos do Secundário, pretendeu-se analisar, especificamente, a influência da dimensão relacional dos alunos com os pais, professores (Directores de Turma) e psicólogos (dos serviços de OEP) na indecisão vocacional. A dimensão relacional com o psicólogo parece não demonstrar efeitos positivos na diminuição das dificuldades da tomada de decisão de carreira, excepto na prontidão, que melhorou significativamente. Para além disso, mais de metade dos alunos que frequentaram o programa tem uma percepção negativa da eficácia das sessões do mesmo, havendo alunos que aumentaram a insegurança face ao futuro profissional. Este resultado poderá ter sido desencadeado pelo confronto com demasiada informação, na ausência de um nível de desenvolvimento vocacional suficientemente diferenciado para a integração dessa mesma informação. Com efeito, a experiência prática dos autores com a implementação de programas de orientação vocacional revela que, para muitos alunos, a participação nos programas de orientação vocacional coincide praticamente com o início dos comportamentos de exploração vocacional, com carácter mais sistemático e intencional.

Observa-se frequentemente, nas primeiras sessões dos programas de orientação vocacional, que, para a maioria dos alunos, os comportamentos de exploração de carreira efectuados até então são ainda pouco elaborados, realizados ao acaso e baseados em critérios muito pouco diferenciados de análise das alternativas de educação/formação, das profissões e do mundo do trabalho. Este contacto "brusco" com uma exploração vocacional mais diferenciada pode desencadear um estado de confusão e indecisão resultante do confronto com grandes quantidades de informação que lhes apresentam um vasto leque de alternativas e condições para a elaboração de projectos vocacionais, sem que os alunos estejam suficientemente desenvolvidos do ponto de vista vocacional para integrar e articular toda essa informação. Por outras palavras, os comportamentos de exploração em que se envolvem não encontram suporte na sua estrutura de desenvolvimento vocacional, resultando assim numa percepção de dificuldade acrescida ao nível da capacidade de tomada de decisão sobre a carreira. Por outro lado, os jovens que acharam que o programa de OEP foi útil são os que têm menos dificuldades de tomada de decisão. Estes alunos poderão ter-se envolvido de forma mais autónoma nas actividades de exploração e ter encontrado uma melhor correspondência entre essas actividades e o seu grau de preparação para integrar a informação obtida através da exploração. Estes resultados ilustram como a indecisão de carreira pode ser encarada quer como um factor quer como um resultado dos comportamentos de exploração de carreira (Jordaan, 1963).

Dos sujeitos que frequentaram este programa, os rapazes são aqueles que mais valorizaram as sessões do programa considerando que estas os ajudaram a tomar uma decisão relativamente ao seu percurso no ensino superior e os que estão mais confiantes na sua futura escolha. Por outro lado, as alunas apresentam mais falta de informação sobre o processo de tomada de decisão e insegurança e os rapazes revelam mais falta de prontidão e informação inconsistente e influenciada por terceiros.

Estes dados já haviam sido identificados por Taveira (citado por Faria, Taveira, & Saavedra, 2008), ao demonstrar que, aquando das actividades de exploração, as alunas evidenciam maior insegurança e valorizam mais o self (por exemplo, características pessoais como interesses, aptidões, valores), como fonte de exploração, do que os rapazes, o que condiciona a procura de outro tipo de informação (por exemplo, características das profissões e do mundo do trabalho). Para além disso esta maior insegurança estará subjacente a expectativas mais baixas relativamente aos resultados da exploração, comprometendo o seu envolvimento na mesma e, assim, condicionando o seu processo de tomada de decisão. Em consonância com estas observações, já havia sido referido na literatura que as expectativas de auto-eficácia afectam mais as mulheres, limitando o âmbito dos comportamentos de exploração da carreira, assim como o processo geral de desenvolvimento vocacional (Betz & Fitzgeral, 1987; Farmer, 1985).

As habilitações académicas superiores dos pais e o apoio da família surgem como variáveis que parecem ter influência positiva na ajuda à tomada de decisão de carreira. Tal como foi referido no enquadramento teórico, a família aparece com um dos factores contextuais mais estudados, assim como o seu papel fulcral no desenvolvimento da carreira dos alunos (Mau & Bikos, 2000; Crockett & Binghham, 2000). É notório que à medida que as habilitações escolares dos pais aumentam, as dificuldades diminuem significativamente, mesmo no grupo de alunos que faz uma boa apreciação do programa de OEP. Estes resultados não são surpreendentes e apoiam o que tem sido referido na literatura acerca da influência do estatuto sociocultural e económico dos pais, cujos principais indicadores são precisamente os níveis de educação e qualificação profissional (Gonçalves & Coimbra, 2007). Como salientam estes autores, o estatuto sociocultural e económico da família apresenta um valor preditivo do sucesso profissional, na medida em que influencia as expectativas dos jovens face ao seu percurso formativo e ao mundo do trabalho, e, consequentemente, as atitudes e os comportamentos de exploração da carreira. Por exemplo, Hoffman, Goldsmith e Hofacker (1992) verificaram que os pais de níveis socioculturais e económicos mais elevados valorizam mais a autonomia dos filhos e proporcionam experiências exploratórias que estimulam a competitividade, a independência e a assertividade. Pelo contrário, os pais de níveis socioculturais e económicos mais desfavorecidos, cujo sucesso profissional está mais dependente da conformidade à autoridade, tendem a valorizar e a estimular mais as atitudes de obediência/subserviência na educação dos seus filhos, o que, por sua vez, condiciona as oportunidades de exploração vocacional e as suas expectativas de formação e sucesso profissional.

As diferenças observadas entre o género feminino e masculino em termos de suporte dos pais e/ou familiares à tomada de decisão vocacional, dando conta que são as raparigas que mais recorrem aos pais, bem como a outros familiares e amigos, também encontram suporte na literatura, por exemplo, em Faria e Taveira (2006) que verificaram que as raparigas recorrem mais a si próprias como fontes de informação na exploração de carreira, ou seja, incorrem mais em comportamentos de exploração do self, investindo mais em actividades de auto-conhecimento no que diz respeito às experiências passadas, aos interesses e às aptidões.

Os participantes cujos pais foram mais apoiantes na escolha do curso foram os que mais consideraram que o programa de OEP foi benéfico e os que mais frequentaram as sessões daquele programa. Os alunos que tiveram suporte dos pais, embora tenham ainda falta de informação, têm informação mais consistente e são menos influenciáveis, sentem-se mais seguros e possuem percepções mais adequadas de carreira. Este resultado ilustra a influência benéfica do suporte social proporcionado pelos contextos familiares que valorizam os momentos de comunicação para a expressão e a partilha de sentimentos e experiências, e que tentam garantir um suporte emocional seguro aos filhos (Young et al., 2003).

Por fim, na tentativa de verificar a influência dos professores na tomada de decisão vocacional, verificou-se que o papel destes é mínimo ou inexistente, uma vez que apenas 14 casos referiram o apoio do professor. Este resultado é preocupante e poderá estar a reflectir a insuficiência ou até ausência da desejável integração de objectivos de exploração vocacional no currículo das várias disciplinas específicas, implementando-se assim uma melhor articulação entre a aprendizagem escolar e a aprendizagem vocacional (Pinto, Taveira, & Fernandes, 2003), e promovendo assim um papel mais activo por parte dos professores no processo de desenvolvimento vocacional (Mouta & Nascimento, 2008).

Com base na discussão aqui apresentada, surgiram algumas recomendações que passam agora a ser apresentadas. Como primeira recomendação, será importante realizar um trabalho que promova, cada vez mais, a relação alunos-pais, principalmente a relação com os pais com fracas habilitações académicas. Sugere-se, por exemplo, a estimulação da parceria entre família e a escola, através da realização de sessões de sensibilização/formação aos pais, no âmbito dos programas de orientação vocacional, para apresentação e discussão de estratégias parentais de apoio ao processo de tomada de decisão vocacional dos filhos. Este trabalho deverá ser realizado tanto pelos psicólogos escolares, como pelos professores/Directores de Turma e demais agentes educativos.

Paralelamente, é também importante a contínua mobilização de esforços por parte das entidades governamentais portuguesas para a promoção do desenvolvimento sociocultural da população mais carenciada, investindo no aumento dos níveis de escolaridade e de qualificação profissional, assim como na promoção do contacto com actividades e experiências culturais.

A segunda recomendação será que se faça uma análise do papel dos psicólogos que dinamizam os programas de OEP e verificar: (1) por que é que há tão pouca adesão aos mesmos, (2) porque é que não há diferenças ao nível indecisão de carreira entre os alunos que frequentam este programa e os que não o frequentam, e (3) porque é que há percepção negativa das sessões destes programas. A dimensão relacional psicólogo-aluno não estará a ser descurada pelos próprios responsáveis pelos programas de OEP? A reflexão desencadeada por estas questões permite-nos avançar com algumas tentativas de resposta, que por sua vez deverão ser alvo de investigação subsequente. Assim, relativamente à pouca adesão aos programas e à percepção negativa das sessões, os baixos níveis de desenvolvimento vocacional observados na maioria dos alunos que começam a frequentar os programas de orientação no 9º ano, actuam, à partida como um factor de risco para o abandono precoce desses programas. Provavelmente, a natureza e as exigências das actividades propostas nos programas não encontram suporte na estrutura de desenvolvimento vocacional desses alunos, que, dessa forma, não sentem a participação nos programas como uma necessidade de desenvolvimento, o que condicionará de forma significativa a eficácia dos programas assim como a percepção de utilidade dos mesmos por parte dos alunos. Esta possível falta de sintonia entre as características dos programas e as necessidades da população alvo dos mesmos apela para a necessidade da contínua adequação dos programas às características dos participantes ao longo da sua implementação, por oposição à perspectiva do programa como receita, igual para todos.

A terceira recomendação é que se repense o papel relacional dos professores do 9º ano de escolaridade, papel este que aparece quase insignificante na escolha do curso que os alunos frequentam actualmente. Para além da realização de acções de formação de professores no âmbito da OEP numa perspectiva relacional e educativa, transversal e instrumental para o futuro pessoal, académico e profissional de qualquer aluno, será importante a realização de um trabalho de consultoria por parte dos psicólogos escolares junto dos professores de modo a potenciar o seu papel de interlocutores na construção dos projectos vocacionais dos alunos (Mouta & Nascimento, 2008). Uma forma de estimular esta parceria poderá ser o estreitar da relação psicólogo escolar-Director de Turma. Por último, dever-se-á investir na mobilização e sensibilização de todos os professores para a problemática da dimensão relacional na tomada de decisão de carreira dos alunos do 9.º ano (ou ainda melhor, antes da frequência deste nível de escolaridade, preferencialmente ao longo da vida dos alunos).

Uma quarta recomendação relaciona-se com a filosofia dos programas de OEP em Portugal, que deverá ser também alvo de reflexão. O ideal seria a contemplação da dimensão relacional e afectiva da problemática da tomada de decisão de carreira nas actividades incluídas nos programas de orientação vocacional e que estes programas se desenvolvessem ao longo da vida dos indivíduos, iniciando-se o mais precocemente possível, e abrangendo o Ensino Secundário e o Ensino Superior

Para finalizar, seria recomendável que, no âmbito das políticas educativas, o apoio aos processos de tomada de decisão de carreira fosse encarado como um valor central da cultura do trabalho, numa perspectiva de desenvolvimento ao longo da vida. Dependendo do grau e tipo de relação que é estabelecido com os alunos, os agentes educativos e as entidades políticas e governamentais deverão continuamente envidar esforços no sentido de os ajudar de forma cada vez mais efectiva e eficaz neste difícil, incerto e confuso futuro que caracteriza a sociedade pós-moderna na conhecida e inevitável aldeia global.

 

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Recebido: 31/03/2010
1ª Revisão: 01/07/2010
Aceite Final: 13/09/2010

 

 

Sobre os autors
Margarida Dias Pocinho é Doutorada em Psicologia da Educação, Directora do Curso de Doutoramento em Psicologia, Vice-Presidente do Centro de Competência de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira, Presidente do Conselho Científico da Associação Educação & Psicologia, Membro efectivo do Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvolvimento Vocacional e Social da Universidade de Coimbra.
Armando Correia é Licenciado em Psicologia pela Universidade de Coimbra, psicólogo na Divisão de Apoio Psicológico e de Orientação Escolar e Profissional da Secretaria Regional de Educação e Cultura da Madeira; Professor convidado da Universidade da Madeira.
Renato Gil Carvalho é Licenciado em Psicologia pela Universidade de Lisboa, Mestre em Educação pela Universidade Aberta e Doutorando em Avaliação Psicológica pela Universidade de Lisboa, Professor convidado da Universidade da Madeira, psicólogo escolar na Secretaria Regional de Educação e Cultura da Madeira, Portugal, Presidente da Associação Educação & Psicologia.
Carla Silva é Licenciada em Psicologia pela Universidade de Lisboa, Portugal, psicóloga escolar na Secretaria Regional de Educação e Cultura da Madeira, Portugal, Vice-Presidente da Associação Educação & Psicologia.
1 Endereço para correspondência: Centro de Competência de Artes e Humanidades, Universidade da Madeira, Campus Universitario da Penteada, 9000, Funchal, Portugal. Fone: 351 966511792. E-mail: mpocinho@uma.pt
2 Projecto de Resolução do Conselho e dos Representantes dos Estados-Membros reunidos no Conselho relativo ao reforço das políticas, sistemas e práticas no domínio da orientação ao longo da vida na Europa (9286/04, de 18 de Maio de 2004).
3 A amostra final ficou com 1930 alunos, tendo havido uma mortalidade experimental de 18 casos.
4 O Ensino Secundário em Portugal é realizado em cursos com diversas modalidades, mais adequadas a diferentes tipos de projectos vocacionais. Algumas dessas modalidades são, por exemplo, os Cursos Científico-Humanísticos (vocacionados para o prosseguimento de estudos de nível superior), os Cursos Tecnológicos (cursos profissionalmente qualificantes, que estão orientados numa dupla perspectiva: a inserção no mundo do trabalho e o prosseguimento de estudos para os cursos pós-secundários de especialização tecnológica e para o ensino superior), e os Cursos Profissionais (cursos fortemente ligados ao mundo profissional, e que valorizam o desenvolvimento de competências para o exercício de uma profissão, em articulação com o sector empresarial local).

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