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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versão On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.12 no.2 São Paulo dez. 2011

 

EDITORIAL

 

 

Este fascículo, 12 (2) de 2011, consubstancia uma importante conquista: a indexação da Revista Brasileira de Orientação Profissional na base de dados internacional SCOPUS (Elsevier). Este fascículo ainda disponibiliza, na Seção Documentos, o relatório do III Congresso Latino-americano da ABOP, X Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional & Ocupacional e I Fórum de Pesquisa em Orientação Profissional e de Carreira, que ocorreu em São Paulo entre 19 e 22 de julho de 2011, no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, com objetivo de compartilhar o resultado do evento com a comunidade. Disponibiliza-se também o documento divulgado pela rede Latino-americana de orientadores (RED), com foco nas atividades das quais participaram representantes da América Latina.

Contribuíram para a composição deste fascículo 24 autores de diferentes universidades, sendo que nove autores são de cinco instituições portuguesas (Universidade de Lisboa, Universidade do Algarve, Universidade de Coimbra, Universidade do Porto e Universidade da Madeira). Um autor é da Universidade de Carabobo, Venezuela.

Dentre os autores brasileiros, nove são procedentes do Estado de São Paulo, sendo seis da Universidade São Francisco de Itatiba; dois da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), um da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), um da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEARP), as três unidades da Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto; e um do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (INEPAD), de Ribeirão Preto. Cinco autores são provenientes de universidade dos estados de Minas Gerais (3) e do Rio de Janeiro (2).

Incialmente, na Seção Especial, publica-se a conferência intitulada Desaprender para ensinar os princípios (ou um outro modo de enfrentar a orientação) da Profa. Dra. Maria Eduarda Duarte, da Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa, Portugal. Na sessão de abertura do I Fórum de Pesquisa em Orientação Profissional e de Carreira, a professora instigou os participantes a refletirem sobre o passado e a contemporaneidade no domínio da orientação profissional, como prática e saber. Destacou a necessidade de se focalizar a maneira de trabalhar no mundo contemporâneo, na qual os seres humanos funcionam como contrapoder à artificialidade do tecnológico, salientando que carreiras constituem o resultado de um processo autoconstrutivo no qual as "técnicas de intervenção podem e devem contribuir para os processos de aprendizagem de competências, como algo em constante adaptação à vida, às circunstâncias, ao mundo que o envolve e que determina parte da nossa civilização". Um dos desafios que se coloca ao orientador consistiria, portanto, em criar modelos que sustentem os contextos, a diversidade e a individualidade.

No processo de autoconstrução o orientator também se reconstrói, aprende, aperfeiçoa competências já adquiridas e novas. No que se refere às competências para a avaliação e a investigação sobre instrumentos e construtos, cinco artigos originais são publicados neste fascículo. Um trata da avaliação da intervenção, dois focalizam instrumentos, um analisa a produção do conhecimento e o outro focaliza o construto autoeficácia.

A primeira contribuição intitulada A eficácia de uma intervenção de carreira para a exploração vocacional é uma investigação de Vitor Gamboa, da Universidade do Algarve, Maria Paula Paixão, da Universidade de Coimbra, e Saúl Neves de Jesus, Universidade do Algarve, todas de Portugal. Uma intervenção vocacional foi desenvolvida com o objetivo de incrementar a atividade exploratória vocacional em um grupo de alunos do ensino secundário (ensino médio no Brasil). A avaliação da intervenção evidenciou o impacto positivo e significativo nas dimensões da exploração vocacional (do self e do meio) analisadas na referida investigação.

A segunda investigação, Escala de Valores WIS: Um estudo comparativo com amostras de estudantes, consiste em uma contribuição de Alexandra Figueiredo de Barros e Maria Odília Teixeira, da Universidade de Lisboa, Portugal. Com este estudo as autoras analisam os indicadores de validade da Escala de Valores WIS, em duas amostras portuguesas de estudantes do ensino secundário. Em síntese, o estudo "corrobora o sentido universal dos valores de autoatualização e de realização pessoal, como objetivos de vida e de carreira".

No contexto brasileiro, Camélia Santina Murgo Mansão, Ana Paula Porto Noronha e Fernanda Ottati, da Universidade São Francisco, Itatiba-SP, contribuem com o estudo Interesses profissionais: Análise correlacional entre dois instrumentos de avaliação. O estudo realizado com adolescentes investiga as evidências de validade para o teste Avaliação dos Tipos Profissionais de Holland (ATPH) por meio da comparação com o Teste de Fotos de Profissões (Berufisbild Test, BBT-Br) de Achtnich, confirmando a esperada convergência entre os resultados dos dois instrumentos.

O quarto artigo Escolha e interesses profissionais de talentosos: Análise cientométrica é uma contribuição de Karen Cristina Alves Lamas e Altemir José Gonçalves Barbosa, da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora-MG. Os autores analisam a produção científica de uma década (2000-2009) no que se refere à escolha e interesses profissionais de pessoas com dotação e talento. Limites na produção são apontados pelos autores.

O quinto artigo, intitulado Crenças de autoeficácia na transição para o trabalho em formandos de engenharia é uma contribuição de Acácia Angeli Aparecida dos Santos, Jocemara Ferreira Mognon e Maria Cristina Rodrigues Azevedo Joly, da Universidade São Francisco, Itatiba-SP. O estudo analisa crenças de autoeficácia na transição para o trabalho em estudantes universitários de cursos de engenharias (civil, elétrica, mecânica e da computação).

Dois artigos focalizam a questão familiar, um sobre a articulação do projeto individual e projeto familiar enquanto o outro se centra na questão das medidas adotadas por empresas para favorecer a integração entre os contextos do trabalho e doméstico.

Assim, a sexta contribuição assinada por Maria Elisa Grijó Guahyba de Almeida e Andrea Seixas Magalhães, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro-RJ, intitulada Escolha profissional na contemporaneidade: Projeto individual e projeto familiar, contribui com reflexões sobre a construção de projetos de vida e o processo de escolha profissional no modo de produção capitalista, a partir de perspectivas das áreas da Antropologia, Sociologia e Psicologia.

O sétimo artigo Conciliação trabalho-família: Contribuições de medidas adotadas por organizações portuguesas é uma contribuição de Raquel Teixeira e Inês Nascimento, da Universidade do Porto, Porto, Portugal. O estudo focaliza as implicações subjacentes às medidas pró-familiares adotadas por empresas sediadas em Portugal. A principal conclusão do estudo mostra que os empregadores buscam "proporcionar à sua força de trabalho, condições laborais que lhes permitam gerir adequadamente as dimensões profissional e familiar, ainda que seja com vistas a aumentar a produtividade, tais empregadores promovem o bem-estar dos colaboradores".

No âmbito dos estudos sobre organizações, a oitava contribuição Aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento: Pautas para a gestão de pessoas é de autoria de Fabio Scorsolini-Comin, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba-MG, David Forli Inocente, do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração, Ribeirão Preto-SP e Irene Kazumi Miura, da Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto-SP. O estudo teórico discute a questão da aprendizagem corporativa e o modo como a gestão do conhecimento está sendo incorporada à agenda dos profissionais da área de gestão de pessoas.

O nono artigo focaliza a vida ocupacional de um grupo particular de pessoas. Intitulado Vida ocupacional de pacientes sobreviventes ao transplante de medula óssea: Estudo exploratório é uma contribuição de Ana Paula Mastropietro, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, Ribeirão Preto-SP, Érika Arantes de Oliveira-Cardoso e Manoel Antônio dos Santos, ambos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto-USP, Ribeirão Preto-SP. Foram comparados três grupos, com diferentes intervalos de tempo após o transplante. Dificuldades e possibilidades na formulação de novos projetos ocupacionais foram observadas. Os achados contribuem para subsidiar a prática em reabilitação vocacional no domínio da Terapia Ocupacional e para a Orientação Profissional destinada a pessoas com necessidades especiais conforme determinadas etapas do ciclo vital.

O décimo artigo intitulado Avaliação de um programa de educação para a carreira no ensino fundamental, de Margarida Maria Ferreira Diogo Dias Pocinho, da Universidade da Madeira, Funchal, Portugal compartilha uma experiência realizada por meio de um Programa de Educação para a Carreira (PEC) destinado a alunos do ensino fundamental (1º ao 4º ano). Os resultados mostram que quanto maior a frequência ao PEC maior foi o desenvolvimento de todas as dimensões de carreira, evidenciando-se a importância da implantação de programas como esse e a avaliação do mesmo.

O Conselho Editorial atua para que a revista possa continuar contribuindo na consolidação da área e para que a teoria e a prática sejam sempre objetos de reflexão crítica dos leitores e investigadores de diferentes cenários e contextos. Assim, reiteramos nosso convite à submissão de manuscritos e ao debate qualificado. Desejamos a todos uma proveitosa leitura!

 

Lucy Leal Melo-Silva
Editora Científica

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