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Revista Brasileira de Orientação Profissional
versão On-line ISSN 1984-7270
Rev. bras. orientac. prof vol.23 no.1 Campinas jan./jun. 2022
https://doi.org/10.26707/1984-7270/2022v23n203
10.26707/1984-7270/2022v23n203
ARTIGO
Inventário de Recursos da Aposentadoria: uma proposta de ampliação1
Retirement Resources Inventory: an expansion proposal
Inventario de recursos para la jubilación: una propuesta de expansión
Mauro de Oliveira MagalhãesI; Fernanda de Souza BritoI; Daniel Silva de Amorim FerrazI
IUniversidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil
RESUMO
Esta pesquisa investigou as propriedades psicométricas de uma versão ampliada do Inventário de Recursos para a Aposentadoria (IRA) e suas relações com o ajustamento de aposentados. O IRA avalia seis recursos de ajustamento (saúde, finanças, sociais, cognitivos, motivacionais e emocionais) e foi ampliado para incluir senso de domínio e motivação intrínseca. Participaram 454 aposentados, com idade média de 64 anos, 66% mulheres, 43,2% com renda até 5 salários mínimos. Análises fatoriais exploratórias com índices confirmatórios revelaram adequação satisfatória dos dados à estrutura fatorial projetada. Em análises de regressão, senso de domínio foi o preditor mais importante do ajustamento, seguido por recursos sociais, coabitação estável e saúde. Recomendam-se intervenções para desenvolver o senso de domínio de trabalhadores próximos à aposentadoria.
Palavras-chave: aposentadoria; ajustamento; avaliação psicológica.
ABSTRACT
This research investigated the psychometric properties of an expanded version of the Retirement Resources Inventory (IRA) and its relationship with the adjustment of retirees. The IRA assesses six adjustment resources (health, finance, social, cognitive, motivational and emotional) and has been expanded to include sense of mastery and intrinsic motivation. 454 retirees participated, with an average age of 64 years, 66% women, 43.2% with income up to 5 minimum wages. Exploratory factor analyzes with confirmatory indices revealed satisfactory data adequacy to the projected factor structure. In regression analyses, mastery was the most important predictor of adjustment, followed by social resources, stable cohabitation, and health. Interventions are recommended to develop the sense of mastery of workers close to retirement.
Keywords: retirement; adjustment; psychological assessment.
RESUMEN
Esta investigación investigó las propiedades psicométricas de una versión ampliada del Inventario de Recursos para la Jubilación (IRA) y su relación con el ajuste de los jubilados. La IRA evalúa seis recursos de ajuste (salud, finanzas, social, cognitivo, motivacional y emocional) y se ha ampliado para incluir el sentido de dominio y la motivación intrínseca. Participaron 454 jubilados, con una edad promedio de 64 años, 66% mujeres, 43,2% con ingresos hasta 5 salarios mínimos. Los análisis factoriales exploratorios con índices confirmatorios revelaron una adecuación satisfactoria de los datos a la estructura factorial proyectada. En los análisis de regresión, el sentido de dominio fue el predictor más importante del ajuste, seguido de los recursos sociales, la convivencia estable y la salud. Se recomiendan intervenciones para desarrollar el sentido de dominio de los trabajadores próximos a la jubilación.
Palabras clave: jubilación; adaptación; evaluación psicológica.
Introdução
Na aposentadoria, o afastamento do mundo do trabalho está frequentemente associado a perdas financeiras, enfraquecimento de vínculos sociais, sentimentos de alienação social, entre outros aspectos (Wang & Wanberg, 2017). O ajustamento na aposentadoria representa o quão bem um indivíduo se adapta a essa transição e pode ser definido como o conforto psicológico do aposentado (Hansson et al., 2019). O ajustamento pode diferir entre os aposentados e nos próprios indivíduos ao longo do tempo (Wang & Wanberg, 2017). Pesquisadores asseveram que a precisa identificação dos fatores críticos para o ajustamento na aposentadoria é uma tarefa inacabada (Wang & Shi, 2014; Amorim e França, 2019).
Barbosa, Monteiro e Murta (2016) revisaram as pesquisas sobre preditores do ajustamento na aposentadoria publicadas entre 1995 e 2014. Os autores identificaram os preditores mais importantes, a saber: saúde física, finanças, saúde psicológica e atributos de personalidade, lazer, aposentadoria voluntária e integração social. Na extensa revisão de Amorim e França (2019b), a satisfação dos aposentados foi associada a fatores tais como saúde, situação econômica, gênero, status conjugal, sociabilidade e tempo de aposentadoria. As autoras constataram a elevada diversidade de preditores da satisfação de aposentados, e a impossibilidade de que todos sejam incluídos em um único modelo de predição.
A construção de um modelo de predição abrangente é o objetivo da abordagem do ajustamento na aposentadoria baseada em recursos (e.g., Amorim & França, 2019). Os recursos são os fatores pessoais e contextuais que concorrem para uma aposentadoria bem-sucedida. Wang e Shultz (2010) propuseram seis tipos: físicos (saúde-doença, energia física), financeiros (pensões, economias etc.), sociais (apoio social, rede social), emocionais (humor, inteligência emocional), cognitivos (controle percebido, memória, velocidade de processamento) e motivacionais (adaptabilidade e flexibilidade na busca de objetivos). Por exemplo, uma boa saúde física permite o engajamento em esportes, trabalhos domésticos etc.; e o acesso a uma rede social estável propicia o acesso a novas parcerias, apoio e informações relevantes para que o aposentado desenvolva atividades significativas para si.
A identificação dos recursos importantes para o ajustamento na aposentadoria é fundamental para o planejamento de programas de preparação para essa transição de vida. A avaliação desses recursos em indivíduos ou grupos pode oferecer subsídios para a formulação de intervenções adequadas às necessidades específicas de trabalhadores em processo de aposentadoria. Nesse sentido, Leung e Earl (2012) desenvolveram o Inventário de Recursos de Aposentadoria (IRA) a fim de avaliar os recursos listados por Wang e Shultz (2010). No Brasil, as evidências de validade do IRA foram investigadas por Amorim e França (2019a) em uma amostra que, embora de abrangência nacional, apresentou um perfil de escolaridade e renda bastante mais elevado que o padrão brasileiro (42,2% com graduação superior e 29,8% com pós-graduação; 16,2% com renda acima de 15 salários mínimos). A amostra foi composta predominantemente por residentes na região sudeste do Brasil. As autoras relataram que quanto mais ao norte do Brasil vive um aposentado, diminuem os seus recursos emocionais, cognitivos e motivacionais. Nos estados do norte e nordeste concentram-se os domicílios de baixa renda (IBGE, 2017), o que provavelmente desfavorece a construção destes recursos. As autoras recomendaram novos estudos brasileiros a fim de preencher estas lacunas amostrais e verificar o impacto dos recursos medidos pelo IRA no bem-estar na aposentadoria.
Por outro lado, a análise da literatura revela que alguns recursos relevantes para o ajustamento na aposentadoria não estão contemplados no IRA. Estas limitações também foram mencionadas pelos próprios autores (Leung & Earl, 2012). Destacam-se os construtos senso de domínio (do original mastery) e motivação intrínseca para conhecimento, realização e estimulação. A presente pesquisa investigou as propriedades psicométricas do Inventário de Recursos para a Aposentadoria associado a medidas de senso de domínio e de motivação intrínseca, verificando relações destas variáveis com o ajustamento à aposentadoria de trabalhadores no nordeste do Brasil.
Modelo de Ajustamento na Aposentadoria Baseado em Recursos
Esse modelo postula que o ajustamento à aposentadoria é um processo longitudinal, sendo o resultado do acesso do indivíduo a recursos pessoais e contextuais; e que variações no ajustamento estão associadas a mudanças nestes acessos. Outra premissa central é a possibilidade de que a perda em um recurso seja compensada por um ganho em outro recurso (Wang & Wanberg, 2017). Os recursos são considerados interdependentes e influenciam o ajustamento a depender da disponibilidade de outros recursos. Entre os diferentes tipos de recursos destacam-se a saúde física (Amorim & França, 2019b), recursos cognitivos e motivacionais (por exemplo, a autoeficácia, Ibáñez et al., 2015), recursos financeiros (França & Hershey, 2018) e recursos sociais (por exemplo, rede de apoio social; Stephens et al., 2014).
No Brasil, Amorim et al. (2017), observaram que saúde, apoio social e finanças são preditores de felicidade para os aposentados. Bressan et al. (2013) destacaram a saúde e a situação financeira; e Nalin e França (2015) encontraram relações entre resiliência e bem-estar.
Em estudos longitudinais constataram que o bem-estar no aposentado varia ao longo do tempo (Hansson, 2017; Hansson et al., 2019). No estudo de Hansson et al (2019), variações no recurso psicológico autonomia moderaram o efeito da saúde física sobre o ajustamento; e os recursos apoio social e capacidade cognitiva moderaram os efeitos de recursos financeiros sobre o ajustamento. O estudo longitudinal de Yeung (2017) concluiu que, ademais dos recursos sociais, físicos e financeiros, os recursos psicológicos têm um papel importante no ajustamento positivo à aposentadoria. O autor recomenda que programas de preparação para a aposentadoria incluam módulos para o fortalecimento de recursos cognitivos, emocionais e motivacionais dos trabalhadores que enfrentam essa transição.
Inventário de Recursos para a Aposentadoria
Leung e Earl (2012) desenvolveram o Inventário de Recursos para a Aposentadoria (IRA) a fim de operacionalizar o modelo multidimensional de seis tipos de recursos proposto por Wang e Shultz (2010). O inventário foi aplicado em 267 aposentados australianos e a solução fatorial encontrada foi composta de três fatores: RT1 (recursos emocionais, cognitivos e motivacionais), RT2 (recursos sociais) e RT3 (saúde física e recursos financeiros). As autoras sugeriram que a aglutinação dos itens de recursos de saúde e dos recursos financeiros em um único fator resulta de serem ambos relativamente tangíveis, muito inter-relacionados e essenciais para a vida cotidiana. Portanto, os dados não corroboraram o modelo proposto por Wang et al. (2011). Recentemente, Amorim e França (2019a) aplicaram o IRA a uma amostra de 1002 aposentados brasileiros e obtiveram uma solução de cinco fatores, onde os recursos cognitivos e emocionais aglutinaram-se no quinto fator. Esta pesquisa utilizou os 35 itens originais a fim de verificar as características psicométricas do IRA na presente amostra, que possui uma composição sociodemográfica significativamente diferente da amostra de Amorim e França (2019a).
Leung e Earl (2012) sugeriram novos estudos em que o IRA fosse aplicado juntamente com outras medidas de recursos, a fim de verificar a adequação das medidas incluídas no inventário. Os autores também consideraram que o inventário possa estar incompleto, e recomendaram a inclusão de outros recursos. Especificamente, recomendaram a inclusão de outras medidas de recursos cognitivos, motivacionais e emocionais. Entre estes últimos, destacam-se a motivação intrínseca para conhecimento, realização e estimulação (Stephan et al., 2008) e o senso de domínio, que é o grau em que o indivíduo percebe que possui controle sobre os acontecimentos de sua vida (Donaldson et al., 2010).
Sobre a motivação intrínseca para conhecimento, realização e estimulação, Stephan et al. (2008) concluíram que está positivamente relacionada com a satisfação na aposentadoria. Nesse sentido, Stephens et al. (2014) destacaram a importância das atividades educacionais e de lazer como provedoras de acesso a redes de apoio social, promovendo o bem-estar do aposentado em vários aspectos. Earl et al. (2015) observaram que as atividades sociais e educacionais na aposentadoria contribuíram para o desenvolvimento de recursos psicossociais importantes, tais como o senso de domínio, considerado um pré-requisito importante para o ajustamento na aposentadoria.
O senso de domínio é amplamente definido como as crenças do indivíduo sobre sua capacidade de exercer influência sobre as circunstâncias de sua vida (Pearlin & Schooler, 1978). Este construto tem recebido a denominação de 'percepção de controle' (Muratore & Earl, 2015). Donaldson et al. (2010) observaram que o senso de domínio, operacionalizado pela Pearlin Mastery Scale (PM) (Pearlin & Schooler, 1978), possui uma correlação robusta (r= 0,59, p < 0,01) com ajustamento na aposentadoria. Nesta pesquisa, os fatores psicossociais (domínio e planejamento) e contextuais (condições de saída do trabalho) explicaram variações no ajustamento à aposentadoria além e acima da explicação oferecida por fatores individuais (renda, saúde e estado civil). Em geral, os dados revelaram que as condições de saída do mundo do trabalho (voluntária, abrupta ou planejada) e senso de domínio foram os melhores preditores de ajustamento na aposentadoria, seguidos por saúde psicológica e saúde física. Por fim, domínio mediou a relação entre planejamento e ajustamento pós-aposentadoria, de modo que o planejamento fortalece o senso de domínio que, por sua vez, é preditor direto do ajustamento. Os autores recomendaram que pesquisas futuras investigassem se o senso de domínio media a relação entre outras variáveis previamente consideradas como de efeito direto sobre o ajustamento na aposentadoria. Por exemplo, problemas de saúde podem fragilizar os indivíduos de modo a reduzir seus sentimentos de domínio, que por fim influenciarão seu ajustamento e satisfação na aposentadoria.
Muratore e Earl (2015) testaram um modelo de antecedentes e consequentes da aposentadoria em três estágios (pré-aposentadoria, transição e adaptação). O modelo revelou uma influência importante dos recursos (renda, saúde, relacionamentos etc.) em todas as fases da aposentadoria, sendo que o senso de domínio mostrou as relações mais fortes entre todos os recursos investigados. Os autores concluíram que o ajustamento e a satisfação na aposentadoria podem ser melhorados mediante o fortalecimento de recursos, principalmente o senso de domínio. Estudos longitudinais constataram que esse recurso atenua o efeito adverso da fragilidade física sobre o declínio da independência funcional de idosos (Lee et al., 2016) e é um fator protetor do declínio cognitivo (Lee et al., 2017). Infurna et al. (2011) observaram que o senso de domínio estava relacionado ao bem-estar e ao adiamento do declínio terminal do envelhecimento. Mooney et al. (2018) relataram o poder mediador do senso de domínio sobre os efeitos do estresse crônico e das condições socioeconômicas sobre a vulnerabilidade física em idosos aposentados.
O senso de domínio foi excluído na versão brasileira do IRA de Amorim e França (2019a), que não encontraram adequação psicométrica para o único item representativo do construto no inventário. A presente pesquisa, considerando a relevância do senso de domínio para o ajustamento na aposentadoria, utilizou uma versão brasileira da Pearlin Mastery Scale (PM) (Pearlin & Schooler, 1978) para verificar a contribuição dessa variável na explicação do ajustamento na aposentadoria.
O objetivo principal da presente pesquisa foi investigar as propriedades psicométricas do IRA ampliado para incluir medidas de senso de domínio e de motivação intrínseca, examinando as relações dessas variáveis com o ajustamento na aposentadoria.
Os objetivos específicos foram: (1) verificar a replicabilidade do modelo de seis tipos de recursos proposto por Wang e Shultz (2010) em uma amostra de aposentados do nordeste do Brasil; (2) verificar se o senso de domínio e motivação intrínseca incrementam a explicação do ajustamento na aposentadoria para além da explicação oferecida por variáveis demográficas e pelos recursos que compõem o IRA; e, (3) concluir sobre a relevância de incluir as medidas de domínio pessoal e motivação intrínseca em uma versão ampliada do IRA.
Método
Participantes
Participaram 454 aposentados, sendo 66% mulheres e 34% homens, com idades entre 47 e 88 anos, com média de 64 anos (DP= 6,93), com tempo médio de aposentadoria de 6 anos (DP=5,33), sendo que 64,8% desligaram-se totalmente das atividades de trabalho formal e os demais mantêm atividades laborais. Todos os participantes são beneficiários de rendimentos de aposentadoria públicos e/ ou privados. A renda familiar foi de 1 a 5 salários mínimos em 43,2% da amostra, e de 5 a 10 salários mínimos em 34,1% dos participantes. A escolaridade foi agrupada em ensino fundamental (18,6%), ensino médio (30,2%), graduação superior (28,8%) e pós-graduação (22,4%). O estado civil variou entre casados (55,5%), divorciados (16,2%), viúvos (13,8%) e solteiros (14%), sendo que 92% possuíam filhos. O número de dependentes financeiros dos participantes variou entre nenhum (25,2%) e 5 ou mais dependentes (3,5%).
Instrumentos
Inventário de recursos para a aposentadoria (IRA)
A tradução do Retirement Resources Inventory (RRI) foi realizada por dois tradutores fluentes no idioma de origem (inglês) e nativos no idioma-alvo (português). A seguir, as duas versões foram sintetizadas mediante comparação e avaliação dos aspectos semânticos, conceituais e contextuais. A tradução reversa foi realizada por outros dois tradutores independentes, e as versões resultantes foram satisfatoriamente correspondentes ao texto original. O estudo piloto foi realizado com uma amostra de 15 aposentados. Os respondentes avaliaram a adequação das instruções e dos itens em termos de sua compreensibilidade, sem necessidade de alterações. Por fim, a comparação entre a tradução produzida para este estudo e a versão brasileira de Amorim e França (2019a) não revelou diferenças dignas de nota, sendo possível assumir a identidade semântica, contextual e cultural das duas versões. O IRA é composto de 35 itens divididos em seis dimensões (recursos físicos, financeiros, sociais, emocionais, cognitivos e motivacionais). Os itens são respondidos em escala Likert de 5 pontos. Por exemplo, "Eu tenho ... suporte financeiro das minhas economias pessoais" (recursos financeiros; 1=muito pouco, 5=bastante).
Escala de domínio Pearlin
A Escala de Domínio Pearlin (Pearlin Mastery Scale, Pearlin & Schooler, 1978) é composta de 7 itens com respostas em escala Likert de 5 pontos (1= "discordo totalmente", 5= "concordo totalmente"). Exemplos de itens são "Não há realmente maneira que eu possa resolver alguns dos meus problemas" e "Eu tenho pouco controle sobre as coisas que acontecem comigo". Na amostra do presente estudo a escala apresentou índice de consistência interna (alpha de Cronbach) de a= 0,73.
Motivação intrínseca
A Escala Global de Motivação (Global Motivation Scale GMS; Guay, Mageau & Vallerand, 2003) se propõe a medir o nível global de motivação, incluindo medidas de motivação intrínseca para conhecimento, realização e estimulação (12 itens), motivação extrínseca (12 itens) e amotivação (4 itens). Foram selecionados os 12 itens referentes a motivação intrínseca. Os itens descrevem as razões para se fazer coisas na vida, e os respondentes são instruídos a indicar o quanto endossam estas razões numa escala Likert de sete pontos (1 = não corresponde, 7 = corresponde completamente). Na amostra do presente estudo os 12 itens utilizados apresentaram índice de consistência interna (alpha de Cronbach) de α= 0,93.
Escala de ajustamento na aposentadoria
O ajustamento na aposentadoria foi mensurado por uma versão brasileira da medida de 13 itens proposta por Wells, De Vaus, Kendig, Quine e Petralia, (2006). Trata-se de uma medida de 13 itens com respostas em formato Likert de 5 pontos que definem graus de concordância com as assertivas de cada item. Exemplo de item: "Eu me sinto ajustado às mudanças resultantes da aposentadoria". O escore de ajustamento é obtido somando-se as pontuações dos 13 itens. Em estudos internacionais esta medida tem mostrado elevada consistência interna (alpha de Cronbach), de α= 0,81 a 0,88 em diversas amostras (Donaldson et al., 2010; Wells et al., 2006; Wong & Earl, 2009). Na amostra do presente estudo apresentou índice de consistência interna (alpha de Cronbach) de α= 0,83.
Procedimentos Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada presencialmente e mediante plataforma online (www.surveymonkey.com). Os procedimentos foram realizados de modo a cumprir as resoluções 466/2012 e 510/2016 do CONEP. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição de filiação do pesquisador (Número do Parecer: 2.072.449; CAAE: 66427716.7.0000.5686).
Análise dos dados
Os dados foram examinados por análise fatorial exploratória. Primeiramente foi realizada uma análise fatorial exploratória com os 35 itens do Inventário de Recursos para Aposentadoria (IRA). Após análises e decisões sobre a retenção de itens e fatores do IRA, as análises exploratórias foram repetidas com a inclusão dos itens das medidas complementares senso de domínio e motivação intrínseca. Por fim, os fatores retidos foram inseridos como variáveis independentes, juntamente com variáveis demográficas (sexo, idade, renda familiar, escolaridade, estado civil e número de dependentes), em equação de regressão múltipla tendo como variável dependente o ajustamento na aposentadoria.
Resultados
Primeiramente foi verificada a adequação dos dados a procedimentos de análise fatorial. O coeficiente de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO = 0,870) e o teste de esfericidade de Bartlett [c² (325) = 4235.6; p < 0,001] revelaram adequação satisfatória dos dados à análise fatorial. A análise fatorial exploratória foi realizada no software Factor (10.9.02) (Ferrando & Lorenzo-Seva, 2017) sendo utilizada Optimal implementation of Parallel Analysis (PA) para determinação do número de dimensões, dispersão de matriz de correlações Pearson, método de extração Unweighted Least Squares (ULS) com rotação Direct Oblimin.
Para o alcance de uma solução fatorial adequada, foi necessária a exclusão de 8 itens do instrumento original. Estes itens apresentaram cargas fatoriais menores que .40 em um ou mais fatores. Os fatores atingidos foram: recursos sociais (15, 16, 17), recursos emocionais (18), recursos cognitivos (22, 23, 24), e recursos motivacionais (35). Uma segunda análise fatorial exploratória com os 27 itens remanescentes foi realizada. Foram retidos seis fatores que agruparam os itens de acordo com o modelo teórico proposto. As estatísticas de ajuste do modelo foram satisfatórias (NNFI=1,001; CFI=1,003, GFI=0,990, AGFI=0,987). O primeiro fator agrupou os itens de recursos cognitivos (itens 25, 26, 27, 28, 29, 30), o segundo recursos financeiros (itens 5, 6, 7, 8), o terceiro recursos sociais (itens 9, 10, 11, 12, 13, 14), o quarto recursos de saúde (itens 1, 2, 3, 4), o quinto recursos motivacionais (itens 31, 32, 33, 34), e o sexto fator agrupou três itens de recursos emocionais (itens 19, 20, 21). O primeiro fator explicou 27,15% da variância e o sexto fator 4,75%, alcançando o total de 58,9% de variância explicada. Os autovalores variaram entre 7,10 e 1,50. Os índices de consistência interna (alpha de Cronbach) dos fatores variaram entre 0,70 e 0,82. Observa-se que, embora com apenas 3 itens, o fator de recursos emocionais obteve alpha de Cronbach de 0,82, recomendando a retenção deste fator.
As análises exploratórias foram repetidas com os 27 itens remanescentes do IRA e as medidas complementares senso de domínio e motivação intrínseca. Os dados se mostraram adequados à análise fatorial, sendo o coeficiente Kaiser-Meyer-Olkin (KMO = 0,871) e o teste de esfericidade de Bartlett [c² (630) = 5825,938; p < 0,001]. Os procedimentos de análise foram repetidos para este conjunto de itens.
Sobre a medida de senso de domínio (07 itens), cinco itens formaram um fator independente com cargas entre 0,54 e 0,62; e dois itens carregaram em mais de um fator e foram excluídos. Sobre a medida de motivação intrínseca (12 itens), cinco itens formaram um fator independente com cargas entre 0,69 e 0,85. Os demais foram excluídos devido a baixas cargas fatoriais e/ou carregarem em mais de um fator.
Em relação aos seis fatores anteriormente encontrados para os dados do IRA, todos se mantiveram. A inclusão das medidas complementares resultou na alteração da ordem dos fatores. Em relação aos itens, somente o item 30 (recursos cognitivos) precisou ser excluído por ter reduzido sua carga fatorial abaixo de 0,30.
A inclusão dos itens relacionados aos novos construtos resultou em oito agrupamentos fatoriais que reproduziram o modelo teórico: Recursos Cognitivos (F1), Recursos de Saúde (F2), Motivação intrínseca (F3), Senso de Domínio (F4), Recursos Sociais (F5), Recursos Emocionais (F6), Recursos Motivacionais (F7), Recursos Financeiros (F8). As estatísticas de ajuste foram satisfatórias (NNFI=1,022; CFI=1,013, GFI=0,993, AGFI=0,988). O primeiro fator explicou 24,43% da variância e o sexto fator 3,15%, alcançando o total de 60,16% de variância explicada. Os autovalores variaram entre 8,79 e 1,10. Os índices de consistência interna (Alphas de Cronbach) dos fatores variaram entre 0,70 e 0,90. A Tabela 1 apresenta os resultados da solução de oito fatores, com os respectivos autovalores, variância explicada por cada fator, e índices consistência interna.
Foram examinados os pressupostos da regressão múltipla. Os indicadores de normalidade, homogeneidade de variâncias, linearidade e singularidade foram considerados satisfatórios, atendendo as recomendações da literatura (Tabachnick & Fidell, 2013). O exame de casos influentes identificou quatro casos a serem descartados mediante o critério da distância de Cook (Di >1,0). Análises de correlação bivariada foram realizadas entre os preditores a fim de examinar aspectos de multicolinearidade. A correlação entre recursos emocionais e recursos cognitivos foi a mais elevada (r= 0,59, p < 0,01), seguida pela associação entre escolaridade e renda familiar (r=0,53; p < 0,01). As demais correlações foram inferiores a .50 (Tabelas 2 e 3). Portanto, as correlações apoiam a premissa de não colinearidade. Os indicadores de tolerância e FIV (Fator de Inflação de Variância) permitiram assumir este pressuposto.
Os preditores do ajustamento na aposentadoria foram inseridos na equação pelo método stepwise. A variável demográfica estado civil foi convertida em dicotômica para operacionalizar ter ou não um relacionamento afetivo de coabitação estável. As variáveis independentes foram os dados demográficos (sexo, idade, escolaridade, renda familiar, número de dependentes, coabitação estável), fatores do IRA, senso de domínio e motivação intrínseca; e a variável dependente o ajustamento na aposentadoria. A Tabela 4 apresenta o resultado da análise de regressão e mostra que o senso de domínio foi o preditor mais relevante, explicando 19,3% da variância de ajustamento. A seguir, os recursos sociais percebidos trouxeram um incremento de 3,9 % da variância. No próximo passo, a coabitação estável adicionou apenas 1,6% da variância. Por fim, os recursos de saúde agregaram mais 1,3%, resultando em 26,1% de explicação do ajustamento na aposentadoria no modelo final.
Discussão
Esta pesquisa investigou a validade fatorial de uma versão ampliada do Inventário de Recursos para a Aposentadoria (IRA) e suas relações com o ajustamento de aposentados. As análises fatoriais revelaram adequação satisfatória dos dados à estrutura fatorial projetada para oito fatores. As análises de regressão destacaram o fator senso de domínio como o preditor mais importante para o ajustamento à aposentadoria.
Estes resultados diferem dos encontrados em estudos brasileiros anteriores. Amorim e França (2019a), após análises fatoriais exploratórias e confirmatórias da versão brasileira do IRA, consideraram seus resultados satisfatórios após a exclusão de 6 itens (17, 22, 23, 31, 34, 35). A solução encontrada pelas autoras foi composta de 5 fatores, sendo os recursos cognitivos e motivacionais aglutinados no mesmo fator. No presente estudo, as análises fatoriais exploratórias chegaram a um resultado satisfatório após a exclusão de oito (08) itens. A solução fatorial encontrada correspondeu às seis dimensões proposta pelo modelo original de recursos da aposentadoria (Wang & Shultz, 2010).
Foram subtraídos três itens referentes a recursos sociais (15, 16, 17). No estudo de Amorim e França (2019a), o item 17 também foi eliminado, e os itens 15 e 16 obtiveram as cargas fatoriais mais baixas no seu fator. Sobre o impacto destas exclusões, considera-se que os seis itens remanescentes que abordam a qualidade das interações familiares, de amizade e em diferentes grupos, oferecem uma cobertura satisfatória desta categoria de recurso.
O item 18 ("Eu tenho sentido ... emoções positivas..."), formulado para a dimensão de recursos emocionais, não aderiu ao fator e foi excluído. Observa-se que sua formulação diverge dos demais itens de recursos emocionais, que abordam habilidades de percepção e regulação emocional, e não a frequência de emoções positivas. Este item já havia se mostrado problemático no estudo original de Leung e Earl (2012), carregando em dois fatores, recursos sociais e emocionais. Amorim e França (2019a) mantiveram este item, que apresentou a menor carga no seu fator.
Sobre o fator recursos cognitivos, o item 22 ("Eu tenho pouco controle sobre as coisas ...") não aderiu ao fator. Observa-se que, enquanto os demais itens tratam do funcionamento cognitivo (memória e processamento de informações), o item 22 alude à percepção de controle individual sobre os acontecimentos da vida, pertinente ao construto senso de domínio. No estudo original de Leung e Earl (2012), o item 22 não carregou acima de 0,4 em qualquer fator e obteve cargas acima de 0,30 em dois fatores. O item 23 ("Eu sinto que sou uma pessoa de valor, ao menos estou em um plano de igualdade com os outros") descreve sentimentos de autoestima e não aderiu ao fator. Os itens 22 e 23 também foram excluídos por Amorim e França (2019a). Leung e Earl (2012) elaboraram os itens 22 e 23 para operacionalizar as 'cognições adaptativas' domínio e autoestima, respectivamente. Os demais itens de recursos cognitivos se referem ao funcionamento cognitivo normal. Portanto, entende-se a falta de aderência destes itens ao fator como decorrente da independência entre estas duas facetas dos recursos cognitivos.
Os itens 24 ("Eu ... esqueço coisas do passado recente ou onde coloquei as coisas"), elaborado para o fator recursos cognitivos, e 35 ("Eu crio muitos problemas para mim mesmo porque estabeleço metas que não são realistas"), construído para operacionalizar recursos motivacionais, reúnem dois comportamentos distintos. Este tipo de formulação pode gerar confusão no respondente, pois carece de simplicidade (Pasquali, 2000). Ambos os itens foram excluídos devido a baixas cargas fatoriais. Estes itens se beneficiariam de reformulações, para terem um foco comportamental específico e não gerarem ambiguidade para o respondente. O item 35 também foi excluído por Amorim e França (2019a).
As correlações entre os fatores não indicaram redundância, sendo a associação mais elevada entre recursos cognitivos e recursos emocionais (r= 0,59; p < 0,01). No estudo de Amorim e França (2019a), os recursos cognitivos e motivacionais formaram um único fator, que obteve uma correlação importante com recursos emocionais (r=0,74; p < 0,01). No presente estudo, a correlação entre recursos cognitivos e motivacionais também não sugere sobreposição (r=0,47; p < 0,01).
As medidas de senso de domínio e motivação intrínseca foram reduzidas e mantiveram-se psicometricamente adequadas e independentes dos demais fatores que compõem o Inventário de Recursos para Aposentadoria (IRA). O fator motivação intrínseca correlacionou com todos os fatores do IRA. As magnitudes das correlações variaram entre a obtida com recursos financeiros (r=0,10; p < 0,05) e com recursos motivacionais (r=0,33; p < 0,01), revelando que não há redundância. O fator senso de domínio obteve correlações com todos os fatores do IRA, as mais elevadas com recursos motivacionais (r= 0,36; p < 0,01), de saúde (r=0,36; p<0,01), e cognitivos (r=0,35; p < 0,01), indicando ser uma variável independente. As correlações de motivação intrínseca e senso de domínio com a medida de ajustamento na aposentadoria sugerem que estes construtos podem contribuir para o entendimento deste fenômeno.
O modelo de preditores do ajustamento na aposentadoria resultante da análise de regressão destacou a importância do construto senso de domínio, que ofereceu a maior parcela de explicação, sendo modestas as contribuições agregadas pelos recursos sociais, coabitação estável e recursos de saúde. O senso de domínio, ou percepção de controle, tem se mostrado uma variável central para entender o ajustamento na aposentadoria (eg., Muratore & Earl, 2015). Estudos longitudinais têm apontado que esta variável atua como mediadora dos efeitos deletérios da idade sobre o funcionamento cognitivo e sobre a saúde em geral (Infurna et al., 2011; Lee et al., 2016; Lee et al., 2017; Muratore & Earl, 2015). Donald, Earl e Muratore (2010) observaram que a influência do planejamento da aposentadoria sobre o ajustamento é mediada pelo senso de domínio. Portanto, os resultados corroboram a relevância deste construto e recomendam a sua inclusão em estudos brasileiros sobre os preditores do ajustamento e da satisfação na aposentadoria.
Os recursos sociais e os recursos de saúde foram os únicos fatores do IRA a contribuir para a explicação do ajustamento na aposentadoria, além da explicação apresentada por senso de domínio. E a presença de um relacionamento de coabitação estável, que pode ser considerado um tipo de recurso social, foi a única variável demográfica a compor o modelo (Tabela 4). A presença de relacionamento conjugal já se mostrou um preditor do ajustamento em estudos anteriores (Wong & Earl, 2009).
Os recursos psicológicos medidos pelo IRA (cognitivos, emocionais e motivacionais) não mostraram efeito direto sobre o ajustamento na aposentadoria. Uma hipótese a ser investigada é que o senso de domínio seja uma variável com forte poder mediador da influência destes recursos sobre o ajustamento na aposentadoria. Este efeito mediador também pode ocorrer em relação a variáveis socioeconômicas como a renda e a escolaridade, que podem afetar a percepção de controle e autoeficácia dos indivíduos diante dos problemas e acontecimentos. Mooney et al. (2018) relataram o poder mediador do senso de domínio sobre os efeitos do estresse crônico e das condições socioeconômicas sobre a vulnerabilidade física em idosos aposentados. Este efeito foi observado em diferentes contextos de idade, gênero e etnia. Neste sentido, na amostra estudada, é possível que variáveis socioeconômicas possuam um efeito indireto sobre o ajustamento na aposentadoria, pois mediado pelo efeito que produzem no senso de domínio que, por sua vez, tem efeito direto sobre o ajustamento. Por fim, é importante considerar as características dos participantes, que representam uma realidade regional específica no Brasil, principalmente no que se refere a indicadores desfavoráveis de escolaridade e renda. Sendo assim, cogita-se que variações em senso de domínio sejam particularmente importantes para o ajustamento na aposentadoria em populações que enfrentam adversidades socioeconômicas. Esta é uma hipótese a ser testada em estudos futuros.
Os recursos sociais e a coabitação podem ser considerados recursos contextuais com impacto em processos psicológicos (Yeung, 2017). Neste sentido, a presença, proximidade geográfica ou disponibilidade de relacionamentos conjugais, familiares, de amizade ou lazer, depende muito de contingências externas ao controle do indivíduo, pois envolvem as escolhas de outras pessoas. Deste modo, é possível que estes recursos não sejam mediados pelo senso de domínio, ou percepção de controle pessoal, mostrando efeito direto sobre o ajustamento. Os recursos de saúde, embora tenham sido associados ao senso de domínio (Lee et al., 2016), também são condições concretas que dependem de contingências fora do controle pessoal. Portanto, embora não descartada a possibilidade de mediação, sugere-se que os recursos sociais e de saúde tenham uma influência mais direta sobre o ajustamento na aposentadoria.
Considerações finais
O modelo de seis tipos de recursos da aposentadoria se mostrou empiricamente viável na amostra estudada. Porém, as fragilidades encontradas na construção de itens para o IRA recomendam reformulações, principalmente no que se refere ao critério de simplicidade (Pasquali, 2000). Ademais, a desigualdade de quantidade de itens por fator foi outra limitação do estudo. Os recursos emocionais e motivacionais ficaram pouco representados, o que pode impactar na validade de conteúdo desses construtos. Portanto, os resultados recomendam a continuidade das pesquisas com o IRA no Brasil, incluindo o desenvolvimento de mais itens por fator, reformulações e ajustes na operacionalização dos construtos.
As diferenças entre as características psicométricas do IRA encontradas nesse estudo e os achados de pesquisas anteriores podem estar associados a diferenças demográficas entre os participantes, tais como etnia, escolaridade, renda, local de residência, entre outros fatores. Na presente pesquisa não foi investigado se o aposentado reside em zona rural ou urbana, o que pode ter impacto no ajustamento mediante variações na acessibilidade a atividades sociais, de lazer etc. O controle do efeito desta variável requer estudos com um planejamento específico.
Por fim, observa-se que a presente pesquisa foi de corte transversal e a idade dos participantes variou consideravelmente (de 47 a 88 anos). A abordagem baseada em recursos considera que o ajustamento à aposentadoria varia ao longo do tempo na dependência da disponibilidade desses recursos. Portanto, estudos longitudinais são fundamentais para verificar esta premissa teórica, investigando, por exemplo, se o tempo de aposentadoria e a idade modificam a importância relativa dos recursos de ajustamento.
Apesar das citadas limitações, os resultados permitem concluir positivamente sobre a pertinência e a relevância de incluir o senso de domínio como um recurso a ser incorporado a uma versão ampliada do Inventário de Recursos para a Aposentadoria (IRA). Neste sentido, corrobora os achados de Donald et al. (2010). Sobre a motivação intrínseca, sugere-se que novos estudos explorem o seu potencial neste sentido.
Considerando o acúmulo de evidências sobre os efeitos benéficos do senso de domínio sobre a saúde, bem-estar e ajustamento de aposentados, recomendam-se estudos que explorem o valor potencial de intervenções que possam aumentar o senso de controle de trabalhadores que enfrentam a transição para a aposentadoria. Programas de preparação para a aposentadoria são encorajados a enfatizar intervenções para elevar a percepção de controle e autoeficácia dos trabalhadores, promovendo crenças positivas sobre a capacidade dos indivíduos para influenciar os acontecimentos das suas vidas.
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Endereço para correspondência:
Instituto de Psicologia
Rua Aristides Novis, 197
Estrada de São Lázaro
CEP 40210-730
Salvador (BA)
Recebido: 20/05/2020
1ª reformulação: 26/10/2021
Aceito: 29/03/2022
1 Apoio do CNPQ (processo; 310252/2016-4)
Sobre os autores:
Mauro de Oliveira Magalhães é Doutor em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), professor associado no Instituto de Psicologia da UFBA, membro permanente do Núcleo de Pós-graduação em Administração (NPGA UFBA), pesquisador e consultor dedicado a psicologia das carreiras, desenvolvimento de lideranças e gestão de pessoas.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3623-922X
E-mail: maomagal@gmail.com
Fernanda de Souza Brito é Doutora em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especialista em Terapia Cognitiva-Comportamental pelo Centro de Psicoterapia Cognitivo Comportamental Wainer & Piccoloto (WP).
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4653-8116
E-mail: fernandadesouzabrito@gmail.com
Daniel Silva de Amorim Ferraz é Graduando em Psicologia pelo Instituto de Psicologia/UFBA, estagiário no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Gregório de Matos, integrante do grupo de pesquisa Investigações em Psicologia Cultural: Cultura, Linguagem, Transições e Trajetórias Desenvolvimentais (CULTS/UFBA).
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4098-373X
E-mail: danielferraz1997@gmail.com