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Pensando familias

versão impressa ISSN 1679-494X

Pensando fam. vol.24 no.2 Porto Alegre jul.dez. 2020

 

ARTIGOS

 

Sentidos da violência psicológica contra idosos: experiências familiares

 

Meanings of elderly psychological violence: families experiences

 

 

Ana Claudia N.S. Wanderbroocke1, I ; Denise de Camargo2, I ; Alan Rossoni3, I ; Giovana Ricci Schmitte4, I ; Julia Costa5, I ; Vitor Budel Macedo6, I

I Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Objetivou-se analisar os sentidos da violência psicológica contra idosos para integrantes de um grupo de convivência para a terceira idade. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, com três grupos focais integrados por 22 idosos, sendo 19 mulheres e três homens, com idades entre 61 e 84 anos. Os dados foram analisados por meio das práticas discursivas e organizados em quatro categorias indicativas dos sentidos produzidos em torno das experiências sofridas nas famílias: falta de compreensão/paciência diante das limitações, cerceamento da autonomia, não reconhecimento das potencialidades e repetição de padrões familiares abusivos. Os resultados explicitam a violência psicológica cotidiana e sutil, capaz de causar dano, assim como a presença de uma linha tênue entre o que pode ser considerado cuidado e o que vem a ser percebido como violência.

Palavras-chave: Violência contra o idoso, Violência psicológica, Grupos etários.


ABSTRACT

The aim of the research was to analyze the meanings of violence against the elderly among members of a coexistence group for the third age. Qualitative research was carried out through three focus groups. A total of 22 elderly participated, being three men and nineteen women, aged between 61 and 84 years. The data were analyzed through discursive practices and organized into four categories indicative of the meanings produced due to the family’s experiences: lack of understanding / patience in the face of limitations, restriction of autonomy, failure to recognize potentialities and repetition of abusive family patterns. The results show the daily and subtle psychological violence, capable of causing harm, as well as the presence of a fine line between what can be considered care and what comes to be perceived as violence.

Keywords: Elder abuse, Psychological abuse, Age groups.


 

 

Introdução

Em resposta ao crescente aumento da expectativa de vida dos brasileiros e do contingente de idosos na população, a sociedade vem buscando meios para garantir a dignidade e mitigar as vulnerabilidades deste segmento etário. Contudo, as principais violências cometidas contra os idosos são perpetradas por pessoas com as quais possuem vínculo familiar e/ou no interior dos lares (Minayo, 2014). De modo frequente é um tipo de violência difícil de identificar e estudar por ocorrerem no espaço doméstico privado.

O Estatuto do Idoso (Lei 10.741, 2003), em seu artigo 19, parágrafo 1º, define que violência contra o idoso é “qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico”. Faleiros (2013) caracteriza a violência intrafamiliar como aquela que se refere às relações interpessoais e ocorre geralmente no âmbito doméstico, decorrente das relações de poder, nas quais são usadas a autoridade ou a superioridade sobre o outro, de forma inadequada, com exagero e descaso. Apesar de ocorrerem na família, este agravo não deve ser entendido fora do contexto da violência social/estrutural em que os indivíduos e as comunidades estão inseridos.

As formas mais frequentes de violência praticada contra o idoso são: física, psicológica, sexual, abandono, negligência, abuso financeiro e econômico e autonegligência (Subsecretaria de Direitos Humanos, 2005). Prevalecem as agressões psicológicas seguidas das físicas, sendo que geralmente as primeiras estão implícitas nas demais formas de violência (Silva & Dias, 2016; Bolsoni et al., 2016).

Minayo (2014) salienta que as agressões psicológicas além de serem as mais comuns, são as menos visíveis e as mais associadas ao silêncio. Isso ocorre por envolverem relações afetivas e familiares e se caracterizarem por agressão verbal crônica, incluindo palavras depreciativas que possam desrespeitar a identidade, dignidade e autoestima, falta de respeito à intimidade e aos desejos e negação do acesso a amizade.

A mesma pesquisadora considera comum que idosos vivam em situação de ambiguidade, principalmente quando os autores envolvidos em atos de violência são pessoas com as quais possuem dependência afetiva. Além disso, culpa e vergonha para falar sobre os abusos que sofrem, medo de retaliação ou de represália fazem parte dos sentimentos dos idosos perante os agressores e é por esta razão que muitos preferem conviver com os maus-tratos do que renunciar a um relacionamento afetivo de toda a vida. Além disto, Minayo (2014) discorre que há medo por parte dos pais idosos de perder o que seus filhos podem lhes oferecer, medo este que desorganiza por completo a segurança pessoal e o senso de pertencimento.

Vale lembrar que envelhecer é uma experiência altamente heterogênea (Cerveny et al., 2018). Ou seja, dentro do mesmo segmento etário pode-se observar pessoas que envelhecem preservando autonomia, independência e capacidade de participação em diferentes grupos sociais e outras que se encontram mais dependentes, com menor capacidade de decisão e autodeterminação. Da mesma forma, os discursos sobre o envelhecimento não são uniformes na sociedade (Vieira & Lima, 2015) e sim impregnados de questões de gênero, financeira, responsabilidade intergeracional e social, entre outras. Por este motivo, envelhecer com dignidade não é uma questão de responsabilidade unicamente individual ou familiar, mas social.

Neste sentido, Conceição et al., (2016) apontam a importância de se desnaturalizar as violências cometidas contra as pessoas idosas, o que significa colocar em discussão entre os diferentes segmentos da sociedade as questões implicadas no processo de envelhecimento e velhice e abandonar a concepção de que os maus-tratos com as pessoas idosas são naturais nas famílias e na sociedade, o que leva à banalização deste agravo. É necessário traduzir tais agressões, nomeá-las, conscientizar os idosos e instrumentalizá-los para o enfrentamento da situação e conquista do envelhecimento com dignidade. Destaca-se que o discurso pode ser tomado como ação, sendo que produz e reproduz experiências práticas cotidianas tanto de inclusão como de exclusão social. Estas experiências linguísticas, quando constantemente repetidas, favorecem a construção de representações simbólicas de ações habituais por diferentes atores e, consequentemente, a sua institucionalização (Berger & Luckman, 2014).

Para planejar o combate a violência contra o idoso, considerando que a experiência e os discursos sobre envelhecer são heterogêneos (Cerveny et al., 2018), entende-se que há a necessidade de se aproximar da variedade de narrativas existentes sobre a violência entre idosos de diferentes condições e estratos sociais, conforme sugerido por Schwab e Wangmo (2017). Portanto, esta pesquisa buscou analisar os sentidos da violência contra os idosos pertencentes ao segmento econômico médio e integrantes de um grupo de convivência destinado à terceira idade na cidade de Curitiba-PR. O estudo procurou dar voz à população idosa que frequentemente é considerada objeto de estudo, mas raramente é ouvida como participante que possui experiência e conhecimento, assim como capacidade para afirmar os seus direitos e exercer sua cidadania (Schwab & Wangmo, 2017). A pesquisa adotou a perspectiva construcionista social por entender que a realidade é construída pelas pessoas por meio das significações produzidas em seus múltiplos contextos de pertencimento, nas diferentes comunidades linguísticas que organizam e dão sentido às experiências vividas. A atividade de pesquisa, então, é compreendida como uma prática social, pois promove trocas linguísticas e produção de sentidos sobre a temática proposta na medida em que possibilita que as experiências vividas se organizem em novas narrativas e em novos campos de sentido (Grandesso, 2017).

 

Método

A pesquisa utilizou o método qualitativo e a produção dos dados se deu por meio de grupos focais que, segundo Flick (2009), configuram um meio para aperfeiçoar a análise das opiniões dos participantes, ressaltando os pontos de concordância e divergência, possibilitando o tensionamento das posições individuais. Nesta perspectiva, a pesquisa se desenvolve quando ocorre a interação entre o pesquisador e todos os integrantes, buscando-se as construções realizadas anteriormente em outras relações sociais e permitindo que novos sentidos surjam deste encontro.

Participantes e Local

Participaram 22 idosos, três homens e 19 mulheres, com idades entre 61 e 84 anos, sendo a amostra constituída por conveniência.  Quanto à escolaridade, quatro possuíam ensino fundamental, doze ensino médio, seis ensino superior. Seis eram pensionistas e dezesseis aposentados. A renda familiar variou entre três e oito salários-mínimos nacionais, com renda média mensal de R$ 4600,00. Seis idosos residiam sozinhos, sete com filho/filha, nove com cônjuge e todos moravam em Curitiba-PR. O rendimento médio dos idosos no estado do Paraná foi estimada em R$ 2542,00 no ano de 2016 (Agência de Notícias do Paraná, 2016).

A pesquisa foi realizada em uma igreja localizada em um bairro central da cidade, na qual todos os participantes frequentavam um grupo de convivência destinado à terceira idade. Esses grupos aconteciam semanalmente, com três horas de duração e oferecia-se práticas diversas, como: música/coral, dança sênior, atividades físicas e lúdicas, artesanato, informática, estudos bíblicos, roda de conversa, entre outras. Apesar de aberto à comunidade em geral, todos os participantes eram membros da igreja em questão.

Instrumentos e Procedimentos

Foram realizados três grupos focais que contaram com a participação de sete idosos no primeiro encontro, sete no segundo e oito no terceiro. Os três grupos foram conduzidos por uma das pesquisadoras e acompanhado por outros três que produziram notas de campo. No início de cada encontro, a pesquisadora retomava o objetivo da pesquisa e propunha a discussão do tema a partir de um roteiro de perguntas disparadoras como: “O que vocês entendem por violência contra as pessoas idosas? Em que contexto é mais comum os idosos sofrerem violência? Como essa violência se manifesta?” Ao final os pesquisadores que a acompanhavam apresentavam os diferentes tipos de violência contra pessoas idosas, conforme descritos no “Manual de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa. É possível prevenir. É necessário superar.” (Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, 2014) e os locais que recebem as denúncias de maus-tratos na cidade. Os grupos tiveram média de uma hora e meia de duração e foram gravados em áudio.

Análise de Dados

As gravações em áudio foram transcritas na íntegra e os dados foram analisados quanto às práticas discursivas e produção de sentidos que, segundo Spink e Medrado (2004), buscam examinar, sob uma perspectiva construcionista social, as maneiras pelas quais as pessoas, por meio da linguagem, produzem sentidos e posicionam-se nas relações sociais cotidianas. Os sentidos, nessa perspectiva, são construções dialógicas que organizam as experiências nos múltiplos contextos de vida, uma vez que os seres humanos geram linguagem e entendimento em um processo relacional, contextual e dinâmico. A análise foi guiada pelos enunciados orientados por narrativas e repertórios interpretativos que são as unidades de construção das práticas discursivas (o conjunto de termos, descrições, lugares-comuns e figuras de linguagem), buscando identificar as maneiras pelas quais os participantes usaram as palavras e as suas implicações, os efeitos sobre as subjetividades evidenciados na expressão e nas marcas dos significados, na forma e no tom emocional do dizer. O processo de análise resultou em quatro categorias estabelecidas por duas pesquisadoras e revisadas pelos demais, que concordaram com o processo de codificação.

Considerações Éticas

O projeto de pesquisa foi submetido à aprovação por um Comitê de Ética em Pesquisa e após aprovado, sob CAAE 66515817.3.0000.8040. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes do início das entrevistas.

 

Resultados e Discussão

Os resultados foram organizados em quatro categorias sistematizadas a partir dos dados empíricos: falta de compreensão/paciência diante das limitações decorrentes do envelhecimento; cerceamento da autonomia; não reconhecimento das potencialidades; e repetição de padrões familiares abusivos.

Falta de Compreensão/Paciência Diante das Limitações Decorrentes do Envelhecimento

O cerne da discussão durante os grupos focais se endereçou e se concentrou na relação das pessoas idosas com seus familiares. Apesar de vários participantes afirmarem possuírem boas relações familiares, relataram episódios nos quais se sentiram agredidos em função das limitações decorrentes do processo de envelhecimento.

Eu vou contar parte de minha história de velho. Perdi a visão do olho direito, não calculo as distâncias muito bem. Lá em casa na hora do café, às vezes a garrafa térmica está um pouco distante, aperto a tampa para sair o jato e o jato cai para fora. A turma vem: ‘Puxa a garrafa pra perto velho’. Eles me repreendem de um modo que me acachapam e eu fico com aquela cara de cachorro que caiu do caminhão de mudanças, porque a mesa tá molhada [sic]. (Sr. A, 72 anos, GF1)

Os jovens não têm paciência com o idoso. Eles querem que a gente faça as coisas imediatamente. No meu caso, tenho 73 anos, eu não tenho mais um raciocínio tão rápido como antigamente. Eu, o que eu sinto falta hoje, não sei se é um método, se é violência isso, mas é falta de paciência das pessoas para lidar com os idosos [sic]. (Sra. O, 73 anos, GF3)

Os repertórios utilizados pelos participantes ilustram como asrespostas dos mais jovens as suas limitações são capazes de atingir a autoestima, a confiança e a própria identidade da pessoa idosa. São palavras, expressões e gestos sutis que, na medida em que se repetem, colocam em dúvida a autonomia e a capacidade do idoso. Ao mesmo tempo, as atitudes dos filhos que agridem no presente (me acachapam e eu fico com aquela cara de cachorro que caiu do caminhão de mudanças), têm o potencial de colocar em dúvida a história da relação (não sei se eu errei na criação, não sei) e questionar não só a capacidade presente, mas a de outros momentos da vida. Os repertórios também explicitam o posicionamento dos mais jovens em demarcar o lugar de velho como portador de deficiências, velho como objeto de seu corpo, e não mais completamente sujeito (Le Breton, 2011). Os idosos ficam reduzidos aos seus corpos e perdem sua história e identidade.

Os participantes atribuíram a esse tipo de violência o sentido de falta de paciência dos mais jovens, manifestaram o entendimento de que isto ocorre pela pressão social a que estão submetidos e que os impede de reconhecer a necessidade dos mais velhos. Para responder à demanda da sociedade e para garantir a própria liberdade, terceirizam os cuidados a um profissional ou instituição, como ilustra a seguinte narrativa:

Muitos filhos esquecem que os pais velhos já perdem um pouco a agilidade e leva mais tempo para locomoção, mastigar, comer. Muitos não podem tomar banho e o filho já rejeita, porque tem um pouco de mau cheiro. Desrespeito. Os filhos têm tanta preocupação e esquecem que os pais também tinham quando eles eram crianças. Então a maioria está colocando em asilo, em abrigos, para poder ficar livre. Deixam em casa com uma babá ou cuidador de idoso, e é isso aí, não têm muita paciência. Pelo menos a lentidão que é o que o velho sente, eles também vão sentir [sic]. (Sra. J, 62 anos, GF2)

A narrativa evidencia o sentimento de desrespeito e a falta de reconhecimento social em relação as pessoas idosas. Revela que envelhecer é despojar-se do que foi sua vida e conformar-se com o fato de perder o controle sobre sua existência (Le Breton, 2011).

Outra participante ressaltou o seu posicionamento ao cuidar de seu marido e pleitear o respeito do filho às limitações do pai e promover a lealdade intergeracional, alertando-o a cuidar e respeitar no presente, para ser cuidado e respeitado no futuro. A mesma participante trouxe à tona a diferença de condições entre os idosos e o fato cada vez mais comum na atualidade, de idosos cuidando de idosos.

Tem idoso que tem seus movimentos perfeitos, outros têm Alzheimer, AVC, que ficam desgovernados para se alimentar. Eu tive um esposo que deu derrame nele, comia feio na mesa, mas eu dizia para meu filho: ‘Olhe, coma com o seu pai, porque você não sabe se vai ter um AVC.’ E para ele eu dizia: ‘Coma do jeito que você quiser, derrame pela boca, você não tem culpa do que aconteceu com você.’ Hoje eu tô firme, perfeita, tenho 79, mas não sei se vou tremer, se vou ter alguma coisa [sic]. (Sra. R, 79 anos, GF3)

A narrativa remete às pressões que os indivíduos e, por sua vez, as famílias vem sofrendo na atualidade mediante as transformações sociais. A globalização impôs novo ritmo e competitividade nas relações de trabalho, que passam a exigir das pessoas maior preparo e dedicação, conferindo centralidade em suas vidas, o que por sua vez, acaba por gerar piores condições de saúde física e mental no trabalhador e reflexos negativos nas suas relações pessoais (Caniato, 2017). Estas mudanças nos meios de produção, impulsionam uma nova mentalidade relacionada ao individualismo, busca do prazer e aumento do consumo. A família, nesse processo, deixa de ser um sustentáculo das relações pessoais para ser um complemento ou apêndice, principalmente no que se refere à família estendida, não nuclear. Dessa forma, a família gradativamente deixa de ser uma instituição forte, provedora de referências consolidadas, frente ao apelo do transitório, do imediato, do volátil, do descartável e dos ciclos curtos (Bauman, 2007).

As transformações sociais impuseram modificações na estrutura e funcionamento familiar (Wanderbroocke & Moré, 2013). As principais são: o fato de as famílias serem menos numerosas, mais concentradas em centros urbanos e viverem em espaços mais reduzidos, o que consequentemente afeta a condição de cuidar de seus membros mais velhos (Cerveny et al., 2018). Pressões financeiras, distanciamento geográfico, imediatismo, busca desenfreada pelo consumo e prazer individual, podem ser apontados como fatores que geram distância entre as gerações. Consequentemente, promovem a intolerância ao ritmo e limitações dos mais velhos, laços frouxos e insuficiência das famílias em prover cuidados. Os aspectos mencionados são os ingredientes para diversos tipos de violência contra a pessoa idosa, desde as sutis agressões psicológicas cotidianas, até a negligência ou abandono.

Cerceamento da Autonomia

Durante os grupos focais o termo autonomia foi muito utilizado por ser uma questão de grande importância, fundamental para que possam garantir seus direitos e, dessa forma, enfrentar situações de violência, sendo o seu cerceamento um dos sentidos atribuídos à violência contra os idosos. Para Faleiros (2013) autonomia significa: “consciência, capacidade e possibilidade relacional para tomar decisões a respeito de si e da sua relação com o mundo, de forma interdependente, num contexto sociopolítico-cultural e como sujeito social e político, com expressão de sua voz e respeito por ela.” (p. 36).

A minha mãe tem 91 anos, e ela, as minhas irmãs moram tudo perto dela, estão todo dia na casa dela, elas chegaram e disseram assim: ‘oh mãe, nós vamos mandar uma diarista pra você. Você não vai mais fazer o trabalho de casa, você não precisa mais fazer’. Pois a minha mãe, a diarista vinha, ela pagava a diarista e dizia ‘não diga pras minhas filhas que eu já fiz tudo a limpeza, tá aqui o teu dinheiro, vai pra casa, tá?’. Aí minhas irmãs descobriram ‘mãe, a senhora vai escolher agora: ou a gente vai arranjar alguém pra morar com você ou nós vamos por câmera aqui no apartamento, porque nós temos que saber da senhora em todos os momentos’, e ela disse assim: ‘pode por a câmera aí” e eles monitoram’ [sic]. (Sra. B, 69 anos, GF1)

Ao considerar que é violência impedir a outra pessoa de agir por sua própria vontade ou coagir, constranger e limitar sua liberdade, a narrativa acima é a expressão desse lugar de impedimento e inércia em que as pessoas idosas são com frequência colocadas. Por outro lado, os participantes manifestaram que existe uma linha tênue entre respeitar autonomia e ser negligente nos cuidados em relação à pessoa idosa. Uma das narrativas ilustra o fato de que a participante ao mesmo tempo em que se orgulhava de sua autonomia e independência da família, se sentiu desamparada quando precisou de alguém para pegá-la no hospital após alta médica e não teve o apoio esperado.

E na hora de sair, com a perna doída, aí eu falei ‘meu irmão me deu um cano, único irmão, não atendeu nenhum telefone, nem na véspera e nem pra ir me buscar. Minha sobrinha, ela tem comércio e tem a menininha que agora fez três aninhos e eu chamei quem? Meu taxista particular, veio me buscar três vezes em Curitiba, falei: ‘[nome], meu irmão do coração, vem me buscar, dar baixa na idosa aqui que o doutor não quer soltar’ [sic]. (Sra. L, 65 anos, GF2)

Outro exemplo ilustra o caso em que a participante aponta o cerceamento do direito de dirigir de uma pessoa idosa pela família como causa de sua morte. Porém, em seguida apresenta a situação em que percebeu que a idosa se colocava em risco ao dirigir.

Tem uma senhora aqui na igreja que foi impedida de dirigir, pegaram a chave, ela morreu. Começou com depressão, a vida dela era aquele carro. Já uma outra também, ela vinha com o carro e acelerava, vrum, vrum, meus Deus! Acho que tinha um anjo com aquela mulher, era toda desorientada (risos) [sic]. (Sra. P, 72 anos, GF3)

Algumas narrativas evidenciaram a dificuldade em estabelecer um parâmetro seguro entre atitudes de cuidado em relação ao idoso e o cerceamento de sua autonomia. O seguinte diálogo entre dois participantes serve como exemplo:

- Eu já completei 84 anos e as minhas filhas estão preocupadas, por estar sozinha e dizem que tem que trazer gente pra morar comigo. Eu falei: ‘Só que eu não quero ninguém morando comigo. A hora que eu precisar, que eu ver que não posso, daí eu peço.’ Estou certa ou errada? [sic]. (Sra. D, 84 anos, GF1)

- Quero falar na qualidade de filho. Respeito a sua opinião, tem que respeitar a autonomia dos pais idosos. Mas chega um momento que a família fica em agonia e a gente tem que checar algumas coisas, porque para os filhos não é confortável deixar a mãe sozinha [sic]. (Sr. A, 72 anos, GF1)

Os dados contidos nas narrativas coadunam com Bertoletti e Junges (2014) que também descreveram o sutil equilíbrio entre as potencialidades e limitações no envelhecimento que demandam um olhar atento dos familiares para saber negociar o melhor momento de intervir no modo de vida do idoso. A qualidade da relação entre seus membros e a capacidade de comunicação são fundamentais para transmitir a preocupação com possíveis riscos e antecipar medidas de cuidados e proteção, sem que isto seja imposto e tomado como agressão. Por vivermos em uma sociedade na qual a autonomia é valor fundamental, muitas pessoas idosas também se esforçam para preservá-la, algumas vezes ultrapassando limites de segurança física e emocional.

Nesse sentido, Schumacher et al., (2013) resgatam o sentido de autonomia intersubjetiva, pois é na relação com os outros significativos e nas redes de solidariedade que se pode exercitar a autoestima, o autorrespeito e a autoconfiança. Os autores discutem que as diversas formas de violências, quando provenientes das relações de amor e amizade, atingem a confiança básica do indivíduo e, consequentemente, o apoio para conduzir a vida conforme suas convicções e se autodeterminar em seus projetos.

O diálogo estabelecido entre os participantes aponta a importância de se oferecer espaços comunitários que fortaleçam as redes de solidariedade e espaços para a discussão de temas relacionados ao cotidiano dos idosos. Entende-se que é por meio das trocas linguísticas que as diferentes realidades podem ser negociadas e novos sentidos podem ser construídos de maneira a transformar vivências de sofrimento em meios de enfrentamento (Grandesso, 2017), como no exemplo em que a idosa apresenta a atitude da filha como abusiva e outro idoso contrapõe com o significado de cuidado se posicionando quanto a importância de os idosos reconhecerem suas próprias limitações.

Não Reconhecer as Potencialidades do Idoso

Os participantes relataram episódios da relação com familiares que denotam a persistência de estereótipos negativos em relação a pessoa idosa. Um deles é a descrença de que o idoso consiga aprender, principalmente quando se trata de novas tecnologias. O diálogo entre duas participantes ilustra este fato:

- Eu acho que é a crítica quando você faz alguma coisa e o seu filho acha que você é do tempo dos dinossauros. Porque não faz muito tempo assim que eu tinha a sua idade, acho que eles pensam que a modernidade está tão grande que os pais não estão acompanhando. Eu me sinto ofendida, acho que eu tenho muita coisa para aprender [sic]. (Sra. K, 74 anos, GF2)

- Quando critica tudo o que você faz, parece que você é Matusalém. Esse meu filho, quando eu pergunto alguma coisa do computador, ele diz: ‘Ah mãe, você não vai aprender’. Eu digo: ‘como eu não vou aprender. Você já me ensinou? Eu tenho certeza que eu vou aprender’. Então a gente se sente agredida porque parece que você é do tempo dos dinossauros e não vai aprender mais nada [sic]. (Sra. M. 77anos, GF2)

A rapidez na produção e aquisição de novas informações imposta pela modernidade contribui para a construção de um estereótipo de que as pessoas mais velhas não conseguem mais aprender ou acompanhar o ritmo dos mais jovens. Catellan (2011) apontou que os familiares, por conta das pressões da atualidade, veem os idosos como um peso que acaba por onerá-los com solicitações indesejáveis e a que nem sempre estão dispostos a atender. Incômodo, perda de tempo, irritação e impaciência são dados como respostas àqueles que devido à idade, demandam alguma atenção numa sociedade pautada no individualismo.

As falas das pessoas idosas que participaram do estudo revelam a reprodução dos estereótipos sobre o envelhecimento presentes no universo ideológico dos jovens de nossa sociedade e impõem o estigma de velho. Um dos estereótipos presentes nessa configuração é de que ele não consegue aprender e acompanhar as inovações tecnológicas e sociais. Essas características negativas se impõem à nossa atenção e tiram os direitos da pessoa idosa de ser aceita socialmente em decorrência de seus outros atributos (Vieira & Lima, 2015). No estigma de velho a pessoa é caracterizada pelo atributo que está expresso nas marcas do seu corpo e todas as outras possibilidades de reconhecimento ficam reduzidas a essa identidade imposta pelo preconceito.

Os preconceitos têm fortes consequências sobre a vida das pessoas, sendo que a exposição a estereótipos negativos tem um impacto significativo no bem-estar dos indivíduos, pois afetam a confiança e a autoestima e consequentemente, o desenvolvimento de suas reais potencialidades. Quando os mais velhos temem que seus comportamentos confirmem tais estereótipos podem surgir visões depreciativas sobre si e seus pares (Vieira & Lima, 2015) e consequentemente o isolamento e a exclusão social.

Nesse sentido, os estereótipos propagados como modelo identitário são incorporados e reproduzidos pela própria população em um processo de construção social, reforçando um posicionamento dominante dos mais jovens e gerando conflitos intergeracionais. Estas atitudes negativas contra a população idosa, ao ponto de provocar violência pela rejeição, surgem do medo que as gerações jovens têm do envelhecimento, sendo neste caso, uma expressão das relações intergeracionais remetendo à gerofobia, termo usado para descrever os preconceitos e estereótipos em relação às pessoas idosas, fundados unicamente por sua condição etária (Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, 2013).

Um dia eu fiz um trabalho aqui em casa e pedi para o meu filho ‘Veja se esse trabalhinho meu, tá bom?’. Ele leu: ‘Não é assim! É mais profundo’, aí eu disse: ‘então me ajuda a fazer um trabalhinho melhor’, e ele disse: ‘pra que tá estudando isso?’. Eu fiz tudo para ele, agora eles querem que eu faça tudo para eles ainda e pra mim nada [sic]. (Sra. M, 77 anos, GF2)

A fala dessa pessoa expressa como percebeu o preconceito de seu filho em relação a sua capacidade de aprendizagem, mesmo que não tenha sido totalmente explicitado. Por outro lado, revela a possibilidade de reação aos lugares de não aprender em que são colocadas pelos jovens. Os idosos, não são necessariamente passivos e não assumem integralmente a identidade posta pelos estereótipos dominantes de velhos presentes em nossa sociedade. Essa emergente rebeldia positiva pode ser atribuída ao fato de essas pessoas idosas estarem inseridas em contextos sociais onde circulam discursos plurais e “permitem margem de liberdade mais vasta e sistemas de moral de cores variáveis” (Xiberras, 1993, p. 179).

Os dados apresentados também indicam a necessidade de difusão dos preceitos da andragogia, ciência que procura desenvolver conhecimentos específicos para a aprendizagem voltada para pessoas adultas. Essa ciência reconhece que o adulto ao aprender usa estratégias, maturidade e motivação diferentes daquelas encontradas em outras faixas etárias. A motivação é reconhecida como determinante, assim como a aplicabilidade do conhecimento nas situações práticas da vida. Além disso, tomando-se como referência a andragogia entende-se que partir do conhecimento já adquirido pelo adulto ajuda a superar possíveis inibições e preconceitos sobre a própria capacidade de aprender (Pereira, 2014; Tsai et al., 2015).

Nesse sentido, vale ressaltar que os idosos constituem grupo bastante heterogêneo (Cerveny et al., 2018), inclusive no que diz respeito a capacidade e motivação para novos aprendizados, pois esses dependem da história e envolvimento de cada um no seu processo educacional, conforme discutido por Oliveira et al., (2017). O que não se pode admitir é a propagação do estereótipo de que os idosos, tomados como um conjunto, não têm capacidade de avançar na aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades. Se ver impedido de tentar ou tomado como incapaz de aprender, é uma forma de violência psicológica contra a pessoa idosa indicada pelos idosos participantes da presente pesquisa.

Repetição de Padrões Familiares Abusivos

A repetição de padrões compreendidos como abusivos na família também foi apontada pelos participantes como um dos sentidos para a violência psicológica sofrida pelos idosos. Um exemplo dessa repetição é apresentado na seguinte narrativa:

Eu queria aproveitar o cenário para desenvolver uma expressão que eu vou citar como reprimenda que para mim é um prefácio da violência. Quando nós estamos lidando com crianças, nós somos muito afeitos às reprimendas: ‘Não faça assim, não faça isso, coma direito’. Começamos a tratar as crianças assim, a falar assim com mansidão, às vezes com carinho, às vezes com aspereza. Isso vai se acumulando num processo de crescimento, de desenvolvimento humano. Então a minha história de velhice, me fez hoje lembrar desse aspecto. A minha cuidadora, que é a minha filha, hoje é uma repressora, entendeu? Ela, na mesa, fica olhando tudo o que nós fazemos de errado, “- não faça assim, não coma assim, pai não faça assim [sic]. (Sr. E, 75 anos, GF1)

A transgeracionalidade da violência tem sido foco de estudos e é considerada um dos fatores para a sua ocorrência em todas as etapas da vida (Paixão et al., 2015; Rodrigues & Chalhub, 2014). Segundo Faleiros (2013), a história pregressa de violência na qual o idoso mantinha uma personalidade dominadora e controladora sobre os filhos, aumenta a probabilidade da inversão dessas posições quando o pai ou a mãe envelhecem e se tornam dependentes. Contudo, há que se considerar que a violência é um fenômeno complexo e, portanto, não se pode afirmar que sempre será reproduzida nas gerações futuras, uma vez que vítimas de violência muitas vezes superam tal padrão. O mesmo autor evidencia que as possibilidades de reproduções de violência intergeracional acontecem em famílias onde não existe apoio social ou esse é deficitário. A ausência de apoio social constitui um importante fator de risco para a multiplicação de violências assim como de problemas psicológicos. Tal dado aponta para a importância de vítimas e agressores receberem apoio social e psicológico para interromperem o ciclo da violência.

Os dados apresentados também remetem a discussão da importância de se considerar a demarcação de limites, tanto pelos pais em relação às crianças, quanto dos idosos em relação aos seus próprios filhos adultos ou outros familiares, quando se sentem agredidos. Tal situação é ilustrada na narrativa da Sra. G. (64 anos):

É sempre bom falar da violência... que nem tudo é violência, às vezes é sem querer. Eu mesmo tive muita dificuldade quando cheguei aqui [na igreja], eu sou mais grosseira, até minha filha diz ‘a senhora tem que passar por um processo de educação sério, porque lá é tudo educado’. Mas a gente fica sensível mesmo, eu tenho essa sensibilidade de que qualquer coisa pode ser violenta [sic]. (Sra. G, 64 anos, GF1)

O repertório ‘violência’ está sempre aberto a novas significações, configurando-se como um campo semântico em expansão e sujeito a jogos discursivos (Riffiotis, 2008). Por esta razão, para não se correr o risco de considerar sempre que houve agressão e se banalizar a questão, a capacidade de dialogar a respeito do fato ocorrido se torna de grande valia, para que dessa forma se amplie a capacidade de comunicar, e se dê espaço para a possibilidade de novas significações e construção de novos sentidos. Pois, assim como os pais têm a incumbência de educar os filhos e nesta tarefa está a colocação de limites que pode ou não ser feita com o uso de agressão, mais tarde os pais também podem se sentir agredidos pelas palavras ou atitudes dos filhos.

Para Osório (2001) agressividade e agressão seriam os lados opostos da mesma moeda, ou um continuum entre o normal e o patológico. O autor considera a agressividade mais ligada a movimentos construtivos e de vida e a agressão a movimentos destrutivos, de morte. Neste entendimento, nas relações interpessoais qualquer um pode ultrapassar o limite do outro conscientemente ou não. Desta forma, o contexto relacional marcará a possibilidade de o idoso expressar seu desagrado, ou ver-se impedido de se expressar, a fim de enfrentar aquilo que considerou abusivo e reivindicar seus direitos.

 

Considerações Finais

A presente pesquisa teve como objetivo analisar os sentidos da violência psicológica contra os idosos de segmento econômico médio, integrantes de um grupo de convivência destinado à terceira idade. Os participantes ao focarem a própria vivência diante do tema enfatizaram a violência presente na relação com os familiares.

Os principais sentidos atribuídos à violência sofrida nas relações familiares foram a falta de compreensão/paciência diante das suas limitações, cerceamento da autonomia, não reconhecimento das suas potencialidades e capacidade para novas aprendizagens e repetição de padrões familiares abusivos. As narrativas explicitaram a sutileza da questão, por ser uma forma de violência capaz de causar dano mesmo frente ao reconhecimento de que o familiar agressor não tinha esta intenção, assim como a presença de uma linha tênue entre o que pode ser considerado cuidado e o que vem a ser agressão.

Os dados confirmam a impossibilidade de abordar a violência como um fenômeno concreto, pois ela está sempre aberta a novas significações e transformações na medida dos encontros humanos em seus múltiplos contextos de pertencimento que viabilizam as trocas linguísticas, organizam e dão sentido à existência humana. A partir disso, indicam que a sociedade deve proporcionar espaços e atividades capazes de instrumentalizar idosos para enfrentar as diversas manifestações cotidianas do que consideram violência psicológica. Isso inclui proporcionar e fortalecer redes de solidariedade geracionais e intergeracionais, na esperança de que tais contextos possibilitem diálogos capazes de desnaturalizar as violências cotidianas, conduzam a enfrentamentos e que as experiências vividas se organizem em novas narrativas e campos de sentido que congreguem formas mais satisfatórias de viver.

Entende-se que os grupos focais proporcionaram aos participantes a expressão de suas vivências por meio do apoio oferecido pelos pares, bem como os relatos individuais, na medida que encontraram ressonância com outras experiências, puderam servir para a significação das diversas formas de violência psicológica sofridas pelos idosos no seu cotidiano. Da mesma forma, o reconhecimento dos atos que colocam a pessoa idosa numa posição de vulnerabilidade pode ter sido mais perceptível por se tratar de um grupo de segmento econômico médio. Por outro lado, os grupos podem limitar a expressão de algumas formas de violências mais severas que porventura os integrantes tenham vivenciado. Diante disso, sugere-se que outros pesquisadores interessados na temática busquem os sentidos da violência para idosos utilizando meios alternativos de coleta de dados, como entrevistas em profundidade e, também, entre idosos inseridos em contextos diversos ao pesquisado.

 

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Endereço para correspondência
Ana Claudia N.S. Wanderbroocke
E-mail: anawdb@gmail.com

Enviado em: 28/06/2020
1ª revisão em: 15/07/2020
2ª revisão em: 30/11/2020
Aceito em: 14/12/2020

 

 

1 Psicóloga e professora do PPG em Psicologia e da graduação em Psicologia. Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).
2 Psicóloga e professora do PPG em Psicologia e da graduação em Psicologia. Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).
3 Acadêmico do curso de Psicologia da UTP. Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).
4 Acadêmica do curso de Psicologia da UTP. Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).
5 Acadêmica do curso de Psicologia da UTP. Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).
6 Acadêmico do curso de Psicologia da UTP. Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).

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