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Pensando familias

versão impressa ISSN 1679-494X

Pensando fam. vol.24 no.2 Porto Alegre jul.dez. 2020

 

ARTIGOS

 

Desenvolvimento de um protocolo de diagnóstico sistêmico familiar

 

A familiar systemic diagnosis protocol development

 

 

Michele Minozzo Sathes1, I ; Chaiane Simor2, II ; Magda Rosatto Longi3 ; María Piedad Rangel M.4, III, IV, V ; Claudia Mara Bosetto Cenci5, III

I Universidade Comunitária de Chapecó, UNOCHAPECÓ, S.C.
II Faculdade FASURGS
III Faculdade Meridional IMED Passo Fundo
IV Faculdade Meridional IMED Porto Alegre
V Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes 7

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo foi apresentar um protocolo para elaborar um diagnóstico sistêmico familiar a ser utilizado no primeiro atendimento. Trata-se de um trabalho qualitativo de caráter exploratório e descritivo com delineamento de desenvolvimento. Participaram doze especialistas/juízes/experts no exercício da prática clínica com famílias, oriundas de diferentes países (Portugal, Argentina, Colômbia e Brasil), há mais de dez anos. O instrumento utilizado foi uma escala Likert e sua análise a psicométrica, verificando a confiabilidade e a validade de conteúdo das questões. O resultado foi a produção de um protocolo para elaboração de um diagnóstico sistêmico familiar, dividido em quatro etapas: a primeira, acolhimento e a apresentação da família e psicólogo/a; a segunda, a estrutura; a terceira, a dinâmica relacional e a quarta, a queixa apresentada pela família. Conclui-se que os itens para levantamento de dados facilitaram ao psicólogo/a na elaboração de um diagnóstico sistêmico que avalia dimensões: estrutura, dinâmica relacional, e queixa apresentada.

Palavras-chave: Protocolo, Diagnóstico sistêmica, Família.


ABSTRACT

The objective was to present a protocol to elaborate a family systemic diagnosis to be used in the first appointment. It is an exploratory and descriptive qualitative work with a development outline. Twelve specialists / judges / experts participated in the exercise of clinical practice with families from different countries (Portugal, Argentina, Colombia, and Brazil) for over ten years. The instrument used was a Likert scale and its analysis was psychometric, verifying the reliability and content validity of the questions. The result was the production of a protocol for the elaboration of a family systemic diagnosis, divided into four stages: first; welcoming and introduction of the family and the psychologist; second: the structure; third: the relational dynamics and fourth: the complaint presented by the family. It is concluded that the items for data collection helped the psychologist to elaborate a systemic diagnosis that assesses dimensions: structure, relational dynamics and the complaint presented.

Keywords: Protocol, Systemic diagnosis, Family.


 

 

Introdução

O sistema familiar é formado por pessoas que possuem uma história partilhada e vislumbram compartilhar seu futuro juntos (McGoldrick & Shibusawa, 2016). Para se chegar a esse entendimento, é necessário compreender que as famílias nas últimas décadas passaram por mudanças sociais, culturais, econômicas e políticas muito significativas, que as modificaram. Como resultado dessa transformação, Walsh (2016) salienta que a descrição de família necessita ser expandida para contemplar a complexidade e a diversidade que ela apresenta nas suas configurações atuais.

O sistema familiar é composto por subsistemas e os integrantes de cada um deles compreendem o meio em que vivem de forma sui generis (Minuchin, et al. 2009). Cada família é singular e o seu todo corresponde a um sistema em que cada um de seus subsistemas têm corresponsabilidade e coparticipação em todos os eventos familiares, influenciando-se reciprocamente. Esta dinâmica relacional possibilita ao sistema, quando necessário, uma reorganização (Rosset, 2013).

As características das relações de cada sistema familiar e de seus subsistemas são um modelo repetido frente às situações relacionais e da vida. Este modelo é denominado de padrão de funcionamento familiar. Seu funcionamento, seja na sua totalidade ou em suas partes, poderá ser funcional, médio ou disfuncional, com características dinâmicas (Walsh, 2016). O modo em que a família se comporta e responde aos acontecimentos internos e externos ao seu sistema, num continuum de rigidez e flexibilidade, mostra a funcionalidade dela, que não pode ser vista como binária, mas sistêmica. Quanto mais integrado e sintônico for o sistema, mais contribuirá para o sentimento de pertencimento dos integrantes e favorecerá a manutenção da homeostase (Sanchez, 2012).

A gradativa heterogeneidade e complexidade no formato familiar, de papéis de gênero e relações, como também a disparidade nas condições socioeconômicas e os padrões que se apresentam no ciclo vital, tem contribuído para uma definição mais ampla de família (Walsh, 2016). O contexto social atual participa ativamente para esta definição que é marcado pela coexistência de diferentes configurações familiares que exigem a adaptação das famílias e seus subsistemas aos seus contextos relacionais, bem como a qualificação dos/as psicólogos/as que trabalham com tais sistemas (Noronha, et al. 2010).

Os/As psicólogos/as, também pertencentes a um contexto social em constante mudança se beneficiam com ferramentas que viabilizem o desenvolvimento do seu trabalho com competência, agilidade e segurança teórico-prática para que entendam, na sua intervenção inicial, a complexidade inegável existente nas inter-relações humanas e sociais (Noronha, et al. 2010). Para acompanhar estas mudanças a qualificação dos/as psicólogos/as que trabalham com tais sistemas se faz necessária.

O protocolo para elaboração de um diagnóstico sistêmico familiar direciona-os para a compreensão da complexidade e a diversidade das famílias, oferecendo ao psicólogo/a uma ferramenta que colabore na sua prática clínica. A partir de uma busca sistematizada da literatura nacional e internacional constatou-se a ausência de um protocolo sistêmico familiar para elaboração de um diagnóstico sistêmico pelos/as psicólogos/as. E, mediante essa lacuna científica, foi proposto um projeto para elaborar um protocolo sistêmico familiar fundamentado na proposta de Rodríguez e Serebrinsky (2014). O objetivo é favorecer o/a psicólogo/a na identificação da estrutura, da dinâmica da família e da queixa principal da família para assim elaborar o diagnóstico sistêmico, com o propósito de estabelecer um plano terapêutico mais efetivo, com foco na psicoterapia breve.

Na literatura cinza, que consta em publicações de caráter acadêmico, principalmente em livros publicados por editoras com reconhecimento na área encontram-se uma série de livros que permitem estudar as teorias e algumas linhas de raciocínio a partir das quais pensar no diagnóstico. O modelo para uma primeira entrevista apresentado por Minuchin, et al. (2009) apresenta quatro etapas gerais de como realizar o primeiro encontro - ampliar a queixa trazida, - identificar as interações que mantém o problema, - investigar o passado com foco na estrutura da família e - cocriar formas alternativas das relações.

Seguindo a mesma linha de orientar a primeira entrevista, Andolfi (1996) recomenda em primeiro lugar criar o contexto terapêutico com marcadores de contexto que são os objetivos do encontro terapêutico; tempo de duração da entrevista ou sessão; local onde estes acontecerão, e os custos. Reconhece a importância dos aspectos históricos do cliente, principalmente: relevância de elementos subjetivos que estão nas lembranças, expectativas e intenções; dos dados subjetivos que são as descrições do mundo experiencial da pessoa. O autor dá ênfase à família nuclear e sua família extensa pelo menos em três gerações constituindo um dos principais aspectos da sua teoria a transgeracionalidade e os padrões herdados de geração em geração (Andolfi, 2018), enfatizando principalmente nas relações e funcionamento do sistema familiar.

Seguindo o modelo do MRI (Szprachman, 2005), orienta a terapia na solução do problema e em consequência, a avaliação está enfocada neste e nas tentativas de solução que levam a que este seja mantido no sistema. O número de encontros desse modelo é de 10 sessões e desse modo a proposta é de estabelecer um objetivo que envolva uma mudança comportamental mínima. Pode-se pensar, então que a terapia breve aborda principalmente a queixa e sua solução, sem levar em conta a estrutura e a história relacional da família.

A temática de como conduzir a primeira sessão (Navarro, 1992) dividindo-a em três partes. A primeira refere-se à criação do contexto terapêutico a partir da definição das regras do jogo da terapia em que o sistema familiar aceita a hierarquia terapeuta/paciente; a segunda parte orienta sobre o processo terapêutico e, na terceira inicia-se o processo de relação cooperativa entre o terapeuta e a família.

A partir de uma revisão sistemática da literatura nacional e internacional em base de dados sobre protocolos na teoria sistêmica relacionados ao primeiro atendimento de família evidenciou-se a ausência de um protocolo sistêmico familiar para a elaboração de um diagnóstico sistêmico. As bases de dados consultadas foram Ebsco Host, Medline e Lilacs. A busca contemplou a produção científica em português, espanhol e inglês, dos anos de 2007 a 2017 e foi realizada com a utilização dos seguintes descritores: “clinical protocols AND systemic theory”; “psychological clinical AND protocols of first family interview”; “systemic AND clinical protocols for first family psychological interview”; “protocol first Family psychological interview”.

A busca gerou o resultado de 36.137 estudos. Os juízes independentes leram todas as palavras-chave deles. Nos artigos que encontravam nas palavras-chave diagnóstico sistêmico eles leram o resumo. Porém, como nenhum dos estudos contemplava o diagnóstico sistêmico psicológico nem nas palavras-chave nem nos resumos, todos os estudos foram excluídos. O diagnóstico sistêmico encontrado nos estudos observava exclusivamente os aspectos da medicina e enfermagem. Como não foram encontrados artigos, teses e dissertações que explorassem o diagnóstico sistêmico no primeiro atendimento de família a partir da teoria sistêmica buscou-se na literatura cinza (livros) o referencial teórico para esta pesquisa. Ao examinar o referencial teórico foi constatado que os autores que escreveram sobre o tema não apresentam, uma proposta de protocolo sistematizado para realizar um diagnóstico, apenas a construção conceitual. Perante essa lacuna científica, foi proposto um projeto para elaborar um protocolo sistêmico familiar fundamentado no livro de Rodríguez e Serebrinsky (2014), que propõem uma teoria fundamentada em teorias estruturais, dinâmico-relacionais e de solução de problemas ampliando, desse modo, as possíveis perspectivas para realizar um diagnóstico sistêmico, do qual cada uma das teorias por si só, não favorecem.  Levando em consideração esta realidade, o objetivo deste estudo foi apresentar um protocolo para elaboração de um diagnóstico sistêmico familiar que possa ser utilizado por psicólogos/as sistêmicos/as no primeiro atendimento.

 

Método

Delineamento e Participantes

O método adotado nesta pesquisa foi o qualitativo de caráter exploratório e descritivo (Sampieri, et al. 2013). O delineamento utilizado foi o de desenvolvimento que consiste em utilizar os conhecimentos já existentes de modo sistematizado, com a finalidade de criar um instrumento ou uma nova intervenção psicológica (Matta, et al. 2014). A amostra foi selecionada por conveniência (Sampieri, et al. 2013).  A escolha dos/as participantes ocorreu no processo da técnica Delphi, onde primeiramente foi definido uma mediadora entre participantes e pesquisadoras, que realizou uma seleção criteriosa de especialistas/juízes/as/experts, que preencheram os requisitos propostos para a presente pesquisa (Calais, 2016). As pesquisadoras não tiveram nenhum contato com os participantes, sendo todo o período de coleta de dados intercedido pela mediadora. Os participantes foram psicoterapeutas sistêmicos no exercício da prática clínica fundamentada no paradigma sistêmico, há mais de dez anos. Os critérios de exclusão foram não convidar psicoterapeutas formados em vertentes teóricas não sistêmicas e não ter experiência em atendimento clínico com famílias. Contribuíram com esta pesquisa 12 especialistas/juízes/as/experts sistêmicos (Guest, et al. 2006). Os participantes oriundos de diferentes países, sendo sete brasileiros, três colombianos, um argentino e um português.

Na coleta de dados com os participantes, utilizou-se a técnica Delphi, que teve por objetivo conhecer o ponto de vista de especialistas/juízes/as/experts sobre um tema em específico. Para isso, o grupo de pesquisa primeiramente definiu quem seria o/a mediador/a entre os/as participantes e a pesquisadora. Em seguida foram aplicadas aos participantes duas rodadas interativas e com feedback primeiramente da versão inicial do protocolo e posteriormente a segunda versão com modificações sugeridas por eles na primeira rodada. Assim que o/a mediador/a recebia as respostas dos participantes, as encaminhava para a pesquisadora realizar a análise. Ao analisar a segunda devolutiva a pesquisadora constatou a concordância necessária dos participantes, tornando esta a versão final do protocolo (Oliveira, et al. 2008). A técnica Delphi buscou caracterizar se o protocolo explorou de modo satisfatório os quesitos que se propôs abordar por meio do consenso dos participantes (Carretero-Dios & Pérez, 2007).

Instrumento

O instrumento utilizado para a avaliação das questões a serem qualificadas pelos juízes/as foi uma escala Likert, que verificou, por meio de um conjunto de questões, qual o grau de concordância de cada um dos itens apresentados e um espaço adicional para emitir opinião e contribuições dos participantes em relação à elaboração do protocolo (Likert, 1932).

Procedimentos de Coleta de Dados

Na coleta de dados com os participantes, foi utilizada a técnica Delphi, que teve por objetivo conhecer o ponto de vista de especialistas/juízes(as)/experts sobre um tema em específico (Oliveira, et al. 2008). A técnica Delphi buscou caracterizar, junto aos participantes, se o protocolo explorou de modo eficaz os quesitos que se propôs abordar (Carretero-Dios & Pérez, 2007). Foi elaborada a versão inicial do protocolo para a elaboração de um diagnóstico sistêmico familiar. Em seguida, cada questão da versão inicial do protocolo foi transportada para a escala Likert, tornando-se itens a serem avaliados. Foi redigida uma carta convite solicitando aos participantes que avaliassem a versão inicial do protocolo. Juntamente com o envio da carta foi encaminhado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a escala Likert. Solicitou-se a avaliação dos seguintes critérios na escala: a) observar se a escrita estava clara, precisa e concisa; b) se permitiu obter os dados pretendidos pelo sistema consultor; c) se possuía embasamento teórico sistêmico; d) se orientou o sistema consultor para realizar o diagnóstico sistêmico. Para cada item apresentado deixou-se um espaço para ponderações, de modo que o/a participante pudesse deixar sua contribuição de modo descritivo, caso considerasse pertinente.

Questões Éticas

A proposta de elaboração de um protocolo foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), da Faculdade Meridional (IMED), sob CAAE nº 70419917.2.0000.5319. No processo de redação deste protocolo, foi realizada uma criteriosa revisão da literatura sobre a compreensão do paradigma sistêmico, da elaboração de um diagnóstico sistêmico e da teoria sistêmica relacionada ao atendimento de família.

Análise dos Dados

Foi realizada uma análise psicométrica a partir das respostas contidas na escala Likert, respondidas pelos(as) doze especialistas/juízes(as)/experts sistêmicos na primeira e na segunda versão do protocolo. A finalidade desta análise foi explicar o sentido que tiveram as respostas dadas pelos(as) participantes a uma série de perguntas que nortearam a versão final do protocolo de elaboração de um diagnóstico sistêmico familiar. Para tal, foi realizada a análise de confiabilidade e validade de conteúdo (Noronha & Baptista, 2016).

 

Resultados

O protocolo para elaboração de um diagnóstico sistêmico familiar está dividido em quatro etapas: a) apresentação e acolhimento do sistema familiar; b) estrutura; c) dinâmica e d) queixa.

Os resultados de validação dos itens do protocolo da escala Likert foram realizados a partir da análise percentual de concordância entre os especialistas/juízes(as)/experts sistêmicos e constatou-se que as respostas dadas pelos participantes alcançaram, no mínimo, 80% (oitenta por cento) de índice de concordância no primeiro momento. Os participantes utilizaram o espaço de ponderações para expressar contribuições e melhorar o protocolo. Pela relevância das opiniões, o protocolo inicial foi reformulado a partir das contribuições apresentadas pelos(as) especialistas/juízes(as)/experts sistêmicos. Foi realizada a redação da segunda versão do protocolo, que foi encaminhado novamente para que os/as mesmos(as) participantes avaliassem se as alterações estavam coerentes e adequadas, juntamente com a segunda carta convite. Após o recebimento das devolutivas dos(as) especialistas/juízes(as)/experts sistêmicos, se analisaram novamente as respostas e verificou-se a concordância de 93% (noventa três por cento) na segunda versão. Dessa forma, esta tornou-se a versão final do protocolo.

Na análise psicométrica a verificação da estabilidade, consistência interna e equivalência de uma medida constituem a confiabilidade. O conceito utilizado para uma medida de estabilidade foi o grau em que resultados similares foram obtidos em dois momentos distintos. O primeiro momento indaga se a pergunta permite coletar os dados da família, ao ser questionada por diferentes psicólogos(as). E, no outro momento, ao serem entrevistados(as) psicólogos(as), o objetivo foi saber da clareza desses dados coletados como base para realizar um diagnóstico sistêmico. A consistência interna (homogeneidade) indicou que todas as questões de um eixo mediam a mesma característica. Por exemplo, ao perguntar pela estrutura da família, todas as perguntas realizadas permitiram obter dados relacionados com a ela. A equivalência referiu-se ao grau de concordância entre dois ou mais juízes(as). Nesse caso, ela aconteceu sobre cada pergunta do diagnóstico sistêmico.

A validade de conteúdo referiu-se ao grau em que um instrumento reflete adequadamente o construto que está sendo medido, ou seja, se cada pergunta orientou para a obtenção de dados sobre a apresentação e o acolhimento, a estrutura, a dinâmica relacional e a queixa da família (Noronha & Baptista, 2016). Para considerar a significância de cada questão, no mínimo dez dos(as) juízes(as) responderam positivamente. Caso acontecesse que nove deles(as) avaliassem de uma forma e os demais de outra, esse item passaria por uma revisão e seria feita nova avaliação. Dessa forma garantiu-se que as questões utilizadas para o levantamento do protocolo fossem confiáveis (Kazdin, 2013). Uma vez realizados os procedimentos de validação e análise, o protocolo foi redigido como aparece a seguir.

 

 

 

 

 

A Discussão

O protocolo desenvolvido pode ser utilizado durante o primeiro e, se necessário, no segundo atendimento de psicoterapia. Ele tem como finalidade favorecer o/a psicólogo/a na identificação da estrutura, da dinâmica da família e da queixa principal da família, para assim elaborar o diagnóstico sistêmico, com o propósito de estabelecer um plano terapêutico mais efetivo, com foco na psicoterapia breve (Rodríguez & Serebrinsky, 2014). Este artigo apresenta a versão final do protocolo produzido para a elaboração de um diagnóstico sistêmico familiar.

Na apresentação e no acolhimento as informações dizem respeito, inicialmente, ao nome completo, à idade, ao estado civil, à ocupação/trabalho e à escolaridade, para que o/a psicólogo/a conheça os integrantes da família. Saber a religião e a origem étnica de cada integrante permitirá ao/a psicólogo/a conhecer a cultura e as crenças da família. Nos anos noventa, Breunlin, et al. (2000) discutem a evolução da terapia sistêmica que na sua origem ainda mantinha as raízes num nível essencialista, procurando entender a origem e essência mesma dos fenômenos, o que mantinha um caráter universalista. Depois passa para outra fase, que eles denominam de transição, que trouxe a discussão as limitações de um modelo generalista, a-histórico e descontextualizado. Por fim integram os pensamentos das mulheres sistêmicas que na década dos anos 80 chamando a atenção para as dimensões do gênero, etnia, espiritualidade, religião e cultura, iniciando-se desse modo a proposta ecológica do pensamento sistêmico. Tendo clareza desse avanço, McGoldrick (2003) inclui como elementos primordiais ao processo psicoterapêutico a raça, a cultura, e o gênero, aspectos que explora o protocolo permitindo a integração dos conceitos, bem como a análise das interações familiares sob esses aspectos.

O número do celular, WhatsApp e e-mail fornecidos pelos integrantes da família servem para que o/a psicólogo/a tenha acesso a todos, podendo criar um grupo da família para que as informações sejam recebidas, sem intermediários. Indagar se alguém mais mora com a família tem o intuito de evidenciar se existem integrantes extrafamiliares, bem como quem de fora da família faz parte da queixa apresentada e de que forma se envolve na manutenção ou na resolução dela.

As perguntas do protocolo referentes aos filhos têm como objetivo compreender de que forma estão se desenvolvendo os filhos em termos de autonomia para sair de casa, autossutentabilidade econômica e, no caso de continuar morando com osÓ pais, se contribuem com o sustento da família. Questionar quem encaminhou a família e o que foi verbalizado sobre o atendimento tem por finalidade conhecer o que a família sabe sobre a terapia familiar sistêmica. Esta informação permitirá que o/a psicólogo/a tenha acesso às informações que a família possui sobre o seu trabalho, podendo assim esclarecer possíveis dúvidas.

Pesquisar qual a renda mensal da família e quem contribui com ela é pertinente para identificar questões relacionadas ao manejo do dinheiro, autonomia e dependência financeira, relações de poder e possíveis conflitos relacionais referentes às questões financeiras entre os integrantes da família (Cenci, et al. 2017). Saber a quem a família recorre numa situação de desespero permite ao/a psicólogo/a identificar na rede desta quem é a pessoa percebida por eles com potencial para auxiliá-los. Obter a indicação pela família de uma pessoa próxima a eles e seu celular visa ter o contato de uma pessoa de confiança deles, caso seja necessário em algum momento do tratamento.

A segunda dimensão proposta no protocolo é a da estrutura. Pelo relato da história desta, o/a psicólogo/a compreende o momento vital sistêmico, especificando os estágios do ciclo vital, como também eventos significativos que a família vivenciou ou está vivenciando (McGoldrick & Shibusawa, 2016; Rodríguez & Serebrinsky, 2014). Foi explorada a estrutura do sistema familiar para identificar os atributos da família e seu entorno. Para isso foram definidas as principais características que devem ser observadas na estrutura da família, sendo elas: fronteiras, limites, regras, distância, funções, papeis, hierarquia, contexto e momento vital sistêmico (Minuchin, 1999; Rodríguez & Serebrinsky, 2014).

As fronteiras diferenciam o sistema familiar nuclear do sistema familiar extenso e dos outros sistemas sociais (Nichols & Schwartz, 2007). Minuchin (1999) nomeia três tipos de fronteiras: nítidas, difusas e rígidas. Quando as fronteiras são nítidas, cada integrante do sistema exerce suas funções de forma apropriada, sem invadir o espaço de outro subsistema. As fronteiras difusas são características das famílias emaranhadas, que se constituem com relações e papéis confusos. (Minuchin, 1999; Wagner, et al. 2011). As fronteiras rígidas são compostas por relações distantes e vínculos frágeis entre os integrantes, não existindo comunicação entre os subsistemas, ficando comprometida a função protetora da família (Minuchin, 1999).

Ao perguntar à família sobre as atividades realizadas somente entre seus membros e sobre as relações com as suas famílias estendidas o psicólogo pode descrever o tipo de fronteiras. Quando as famílias têm fronteiras nítidas, o intercambio comunicacional enriquece seu desenvolvimento e, a transição ecológica de um ciclo familiar para o seguinte, facilitando assim a adequação do sistema familiar ao contexto sociocultural em que se desenvolve. Os membros do sistema familiar sabem que podem contar com o apoio das famílias de origem quando necessário, mas também conseguem se diferenciar como um sistema autônomo em que cria sua própria forma de interação.

Os limites são caracterizados por uma linha imaginária que separa dois ou mais integrantes do sistema familiar nuclear. Os limites são definidos pelas regras com as quais as informações serão compartilhadas com os demais integrantes do sistema. Para identificar os limites em um sistema, deve-se observar quais são as informações compartilhadas entre os subsistemas. As regras são crenças e valores que norteiam a conduta dos integrantes de uma família. Elas definem quem participa de cada subsistema e de que maneira. Cabe ressaltar que os integrantes da família podem conhecer explicitamente algumas regras; no entanto, outras regras possuem um caráter pragmático, de modo implícito (Rodríguez & Serebrinsky, 2014).

Observar os limites entre os subsistemas familiares é relevante, pois facilita ao psicólogo, identificar se o desenvolvimento da família está acontecendo ou, se pelo contrário, ela ficou estagnada em uma das fases do ciclo de desenvolvimento familiar. É o caso por exemplo, da necessidade de mudar e adaptar as regras conforme a idade dos filhos. Quando a família está no ciclo de desenvolvimento vital de famílias com filhos pequenos, as regras são estabelecidas principalmente pelo subsistema parental e, na medida em que chega a pré-adolescência e adolescência as regras precisam ser negociadas com os filhos. Desse modo, os pais ajudam os filhos no aprendizado de uma discussão proativa e de tomada de decisões.

A distância é criada por um espaço que possibilita ou dificulta a aproximação entre os integrantes do sistema. Sua principal função é estabelecer a autonomia e o pertencimento que os integrantes do sistema possuem. As distâncias são situadas de acordo com o comportamento de cada integrante do sistema e podem ser observadas de formas verbais e não verbais. Foram estabelecidas três diferentes distâncias: encurtada, estendida/alongada e média. A distância encurtada é quando duas pessoas mantêm o comportamento ou comportamentos com poucas diferenças entre o pertencimento e a autonomia do indivíduo no sistema. A distância estendida/alongada é caracterizada pelo distanciamento dos seus integrantes, na qual a independência ganha total espaço. A distância média é a mais flexível: cada integrante tem atividades e ideias que não compartilha com o sistema, sendo tal atitude relacionada com a sua autonomia, caracterizando assim uma distância saudável (Rodríguez & Serebrinsky, 2014).

O distanciamento e aproximação relacional deve ser flexível e responder às necessidades maturacionais de cada um dos membros da família, ao mesmo tempo, que entende e responde às carências e impactos vivenciados dentro e fora da família. A possibilidade de oferecer aos membros da família o afeto necessário no momento pertinente, faz parte da nutrição afetiva que favorece a individuação e a vivência da complexidade do amor familiar (Linares, 2014).

Os papéis e as funções são complementares. Uma vez que os papéis são rótulos concebidos pela família para cada um de seus integrantes, as funções são o conjunto de ações esperado para cada papel. É importante salientar que irão existir funções semelhantes e características singulares para os papéis, tendo configurações diferentes em cada sistema. A sociedade, a religião e a cultura, entre outras variáveis, podem contribuir na construção dos papéis e funções (Ríos-González, 2003; Wagner et al., 2011).

No relato que as famílias fazem é importante observar se as funções conjugais, parentais e fraternas estão bem definidas. As tarefas que pertencem às funções do sistema parental, como por exemplo o cuidado dos filhos menores, podem ser temporariamente delegadas a um dos filhos mais velho. Entretanto, no momento que o sistema se reúne novamente os pais devem retomar essas tarefas. A dificuldade dessa retomada de tarefas pelo sistema parental, pode caracterizar descaracterização das funções paternas, trazendo problemas para o/s filho/os, assim como desajuste na estrutura e hierarquia familiar, como é o caso do/a filho/a parentalizado/a, que poderá desenvolver sintomas (Minuchin, 2009).

A hierarquia é uma escala na qual cada integrante possui seu lugar, que vai de uma posição de maior a menor subordinação entre eles no sistema familiar. Nesse sentido, quem possui maior hierarquia é aquele que determina as regras do sistema familiar e tem maior poder de decisão. O contexto é formado pelas diversas interações que cada integrante da família mantém com outras pessoas, grupos e instituições. As pessoas trocam informações significativas e as interações produzidas no interior de um subsistema específico influenciam direta ou indiretamente cada indivíduo (Rodríguez & Serebrinsky, 2014).

O momento vital sistêmico é quando a família enfrenta questões relacionadas ao seu desenvolvimento familiar nos aspectos biopsicossociais, e em situações e/ou eventos em que há impactos sobre o sistema, tornando-se significativos para eles. São definidos dois momentos vitais sistêmicos, sendo um deles o ciclo vital familiar e o outro a presença de um evento significativo. Os estágios do ciclo vital familiar estão intimamente relacionados ao desenvolvimento da vida de cada um dos seus integrantes, e referem-se a todas as mudanças que ocorrem nos indivíduos em seus diferentes estágios biológicos e sociais. Na família, os estágios do ciclo vital se desenvolvem sucessivamente, começando pela união do casal, o nascimento de filhos, a infância e a entrada das crianças na escolaridade, a adolescência, a vida adulta, o estágio da maturidade do casal e, depois, a velhice (Rodríguez & Serebrinsky, 2014).

Neste aspecto, cabe ressaltar que as famílias em situações de crises ecossistêmicas, poderão apresentar temporariamente desajustes na sua estrutura em qualquer aspecto avaliado. O abalo que as famílias sofrem pode levar algum tempo para reestabelecer seu funcionamento harmonioso e, um diagnóstico precipitado ou muito próximo dessa crise poderá levar a intervenções inadequadas. Por isso é importante conhecer cuidadosamente a história da família e as circunstâncias sociais e de desenvolvimento que ela está atravessando.

Os eventos significativos são situações que a família vivencia como estressores, tanto de caráter positivo como negativo. Os estressores positivos são agradáveis para o sistema, já os negativos produzem desprazer. Alguns eventos geralmente são desagradáveis, como divórcios e mortes. Outros são agradáveis, como casamentos e viagens, entre outros (McGoldrick & Shibusawa, 2016; Rodríguez & Serebrinsky, 2014). Mesmo compreendendo esses eventos, o significado particular de cada situação para cada família deve ser entendido de um modo particular. Além de considerar esses eventos como um guia, cada família considerará o que é importante para ela. Por isso, não é apropriado criar certezas sobre a construção da realidade do outro (Rodríguez & Serebrinsky, 2014).

Falar sobre os avós e tios desta família tem como objetivo primário para o/a psicólogo/a a construção do genograma básico gráfico (Groisman, 2010; McGoldrick, et al. 2012). O objetivo secundário é o de identificar as fronteiras, classificando-as em nítidas, difusas ou rígidas da família nuclear em relação a suas famílias de origem (Minuchin, 1999).

Investigar situações em que a família ficou muito feliz ou muito triste possibilitará que o/a psicólogo/a identifique os papéis de cada integrante da família (Ríos-González, 2003; Wagner et al., 2011). O/A psicólogo/a discernirá a distância entre os integrantes da família, classificando-a em encurtada, estendida/alongada ou média, indagando quais as atividades que a família gosta de fazer sozinha. Os questionamentos sobre regras explicitarão para o/a psicólogo/a como são os limites e as regras entre os integrantes da família (Rodríguez & Serebrinsky, 2014).

Saber quais os assuntos discutidos somente entre o casal e os assuntos em que todos os integrantes da família opinam permitirão que o/a psicólogo/a identifique as fronteiras desta família nuclear, categorizando-as em nítidas, difusas ou rígidas (Minuchin, 1999). O/A psicólogo/a identificará a hierarquia ao perguntar quem toma as decisões na família. Conhecer como são as relações entre os pais, dos pais com os filhos, entre os irmãos e entre os pais e seus pais e irmãos permitirá que o/a psicólogo/a conheça o contexto, bem como as informações significativas e as interações que acontecem entre os subsistemas (Rodríguez & Serebrinsky, 2014).

Na dinâmica relacional, o/a psicólogo/a identificará o conteúdo e os níveis predominantes da comunicação da família, perguntando se eles ficam algum tempo juntos durante a semana, quando conversam entre si, sobre o que falam e como é um final de semana típico deles. Perguntar sobre as novidades permitirá conhecer a comunicação da família em relação à construção da mensagem, por meio de uma pontuação de sequência de eventos que explora a comunicação entre seus integrantes (Rodríguez & Serebrinsky, 2014).

As perguntas relacionadas à opinião da família apresentarão o padrão de interação desta, classificando-o em complementar, simétrico ou rigidez complementar (assimétrico), evidenciando a igualdade ou a desigualdade relacional. A forma de comunicação da família (cognitiva, emocional ou pragmática) será identificada pelo/a psicólogo/a quando for relatado quem expressa mais as emoções, quem é mais racional e quem é mais pragmático (Watzlawick et al., 2017).

Na queixa, será identificado o que traz a família à psicoterapia, explorando e identificando o contexto, a atribuição de causa e a temporalidade, perguntando sobre a queixa e sua história, levando em consideração que a atribuição causal é a justificativa dada pela família para a queixa e a temporalidade consiste em conhecer a história da queixa (início, continuidade e frequência). A gravidade que a família atribui à queixa se dará com o relato da frequência. Cabe ao/a psicólogo/a observar se a família consegue identificar sua disfuncionalidade, pois eles irão atribuir a gravidade de acordo com sua percepção de funcionalidade. A função da queixa poderá ser definida quando a família nomear que pessoas estão envolvidas direta e indiretamente e como estão envolvidas (Rodríguez & Serebrinsky, 2014).

As tentativas de resolução da queixa serão apresentadas ao/a psicólogo/a quando a família responder o que fizeram até o presente momento para resolver a queixa, quem teve a ideia da tentativa de resolução e se alguma solução foi proposta, mesmo que não a tenham realizado. O/A psicólogo/a, ao perguntar como cada um se sente frente à queixa trazida, encorajará cada integrante da família a expressar seus sentimentos diante da queixa apresentada. Problematizar a queixa trazida pela família, indagando o que eles se propõem a trabalhar (objetivo terapêutico), permite que o/a psicólogo/a e a família elaborem em conjunto um objetivo de trabalho (Rodríguez & Serebrinsky, 2014).

 

Considerações Finais

Foi um desafio construir um roteiro sistematizado de perguntas para o primeiro atendimento fundamentado na teoria familiar sistêmica. O grande obstáculo a ser vencido era produzir um protocolo que não deixasse oa/as profissionais engessados, ao mesmo tempo que, para chegar ao diagnóstico sistêmico familiar, pudessem ser utilizadas perguntas lineares e circulares.

O presente estudo favorece principalmente os profissionais recém-formados, que por meio da utilização do protocolo conseguem já no primeiro ou até segundo encontro levantar dados que facilitem a elaboração de um diagnóstico sistêmico a partir da estrutura, dinâmica relacional, e queixa apresentada. A aplicação do protocolo possibilita que o/a psicólogo/a guie seu plano terapêutico e suas intervenções focados nas relações interpessoais do sistema consultante.

Cabe ressaltar que, apesar do protocolo ser aplicado em diferentes famílias, ele possui uma sequência que, concomitantemente, possibilita que o/a psicólogo/a tenha liberdade na sua aplicação. Isso significa dizer que o/a psicólogo/a trabalhará respeitando sua cognição, suas emoções, suas funções neuropsicológicas e que, ao final do processo, chegará ao diagnóstico sistêmico familiar.

Acredita-se que o protocolo sistêmico familiar possui limitações na sua aplicação, em situações de sofrimento intenso não sendo efetivo nestes eventos. Acredita-se ser necessária a elaboração de novos protocolos para situações específicas vivenciadas pelo sistema consultante ao longo do ciclo vital familiar.

Com isso, é compreensível e esperado, na condição de pesquisadores, que o desenvolvimento do protocolo de elaboração de um diagnóstico sistêmico familiar, orientado pela epistemologia sistêmica, foi uma tarefa desafiadora e não conclusiva, que exigiu responsabilidade teórica, experiência de trabalho clínico com famílias e um compromisso com a própria profissão. O resultado deste trabalho é um protocolo que poderá viabilizar o trabalho doa/as psicólogoa/as, contribuindo para a efetividade esperada do profissional.

O protocolo é uma ferramenta de ajuda para coleta de dados, realizada na primeira entrevista, pelo psicólogo sistêmico iniciante na sua prática clínica. A finalidade da pesquisa foi atingida e considera-se interessante formular um protocolo que inclua mais perguntas circulares que facilitam a leitura mais precisa das relações e interações familiares; esse tipo de protocolo poderá ser direcionado a profissionais sistêmicos com experiência clínica.

 

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Endereço para correspondência
María Piedad Rangel M.
E-mail: piarangelm@gmail.com

Michele Minozzo Sathes
E-mail: michele.sathes@unochapeco.edu.com

Claudia Mara Bosetto Cenci
E-mail: claudia.cenci@imed.edu.br

Enviado em: 17/04/2020
1ª revisão em: 17/08/2020
2ª revisão em: 03/12/2020
Aceito em: 16/12/2020

 

 

1 Psicóloga. Mestre em Psicologia Clínica pela IMED, Passo Fundo. Docente do curso de psicologia na Universidade Comunitária de Chapecó, UNOCHAPECÓ, S.C.
2 Psicóloga. Mestre em Psicologia Clínica pela IMED, Passo Fundo. Docente do curso de psicologia da Faculdade FASURGS.
3 Psicóloga. Mestre em Psicologia Clínica pela IMED, Passo Fundo. Atua em consultório.
4 Psicóloga. Doutora em Psicologia pela PUC-RS. Bolsista CAPES 7. Especialista em terapia de família, do casal e do indivíduo pelo INFAPA. Docente do curso de Psicologia IMED, Passo Fundo e Porto Alegre, na graduação e pós-graduação Lato Sensu.
5 Psicóloga. Doutora em Psicologia Clínica PUC-RS. Docente pesquisadora do Núcleo Stricto Sensu em Psicologia na Faculdade Meridional IMED, Passo Fundo.

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