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Vínculo
versão impressa ISSN 1806-2490
Resumo
Modelo vincular: estratégico de psicoterapia grupal psicanalítica. Vínculo [online]. 2014, vol.11, n.1, pp.33-45. ISSN 1806-2490.
Neste artigo apresento minha proposta de um modelo para psicoterapia psicanalítica grupal. O modelo Vincular-Estratégico que busca superar limitações teóricas e técnicas dos modelos praticados na Associação Mexicana de Psicoterapia Analítica de Grupo: o modelo da psicoterapia de Grimberg, Langer e Rodrigué que foi o inicial e depois se ampliou com a proposta do modelo interdisciplinar de José Antonio Carrillo. O modelo vincular-estratégico surge da teoria kleiniana e destaca a importância dos objetos internos e suas relações, que são elementos fundamentais na formação do caráter e do psiquismo em geral, os mesmo que constituem estruturas estáveis e definem a singularidade dos indivíduos, assim como explicam sua psicopatologia e as particularidades e preferências de suas relações interpessoais. Os vínculos respondem não só a lógica do psiquismo, senão à lógica da realidade externa e a alteridade, por conseguinte tem outra dinâmica e outras influências. O outro, os outros, são os confrontos com a dura constatação de que são seres diferentes, irredutíveis às projeções de nossos objetos internos e que não são passivos, mas capazes de respostas próprias e variadas a essas projeções, já que o vínculo entre pessoas tem características de bilateralidade e interatividade. O modelo vincular-estratégico se diferencia de outros enfoques vinculares nos quais as concepções seguem centradas na importância do indivíduo, suas pulsões e seu mundo interno; embora se considere sempre a inter-relação com seu entorno familiar, grupal, social, ou seja com sua rede vincular que co-constitui seu psiquismo. Um dos ângulos mais importantes do debate contemporâneo sobre a psicanálise é o manter a concepção da força das pulsões como a fonte do impulso psíquico ou sustentar a ênfase na determinação da sociedade e a cultura sobre os indivíduos. Nosso enforque não considera estas influencias como um dilema, mas como fontes de uma permanente tensão que influem sobre todos os indivíduos. Por isso, este modelo não estabelece prioridade na influencia do contexto sobre o individuo, já que considera o social como co-constitutivo do ser humano e de seu psiquismo. Esta é a diferença de algumas concepções vinculares onde se pretende uma psicologia e psicopatologia dos conjuntos como alternativa à origem pulsional. Como abordagem técnica, este modelo busca utilizar ao máximo a peculiar dinâmica que o dispositivo grupal gera que é sua capacidade de comunicação em 3 modalidades: discursiva ou verbal, preverbal ou figurativa, e dramática; além da multiplicidade de transferências que oferecem diferentes momentos para a interpretação. A interpretação seguirá os movimentos da transferência na modalidade grupal de referências diversas e se interpretará a partir da modalidade transferencial utilizada para a expressão da situação psicodinâmica do momento, mesmo que se destaque que nos grupos psicanalíticos a modalidade mais frequente de expressão transferencial não é a central, mas as laterais. Segue-se a expressão do inconsciente nas pulsões que promovem o estabelecimento de vínculos com outros e, como consequência, o movimento das transferências e as identificações, assim como as resistências e o conflito psíquico, tanto em sua forma discursiva como preverbal e dramatizada, tanto em sua forma transferencial como extratransferencial e psico-genética. Busca-se interpretar o conflito psíquico em todo o triangulo mencionado, embora iniciando na sua expressão transferencial.
Palavras-chave : psicoterapia psicanalítica grupal; modelo vincular-estratégico; relações.