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Arquivos Brasileiros de Psicologia
versão On-line ISSN 1809-5267
Resumo
FARIAS, Francisco Ramos de. O fracasso escolar no cenário das patologias da contemporaneidade. Arq. bras. psicol. [online]. 2007, vol.59, n.2, pp.232-244. ISSN 1809-5267.
Abordar o fracasso escolar no âmbito das patologias contemporâneas requer situar a dimensão histórica das relações sociais características de uma época. Quando nos referimos ao aforismo o inconsciente é o social (ASSOUN, 1994), estamos desvinculando-nos das leituras que opõem indivíduo e sociedade e pensando o fracasso escolar como reflexo de contingências, transformações históricas e determinações inconscientes na rubrica de sintoma social, cuja estrutura é o reflexo da produção do discurso dominante de uma época. Por isso, faz-se necessário situar o discurso e a prática pedagógica que surgiram na era moderna para compreender o fracasso escolar, expressão que vai de encontro às expectativas da escola em termos do funcionamento ideal de aprendizagem. Mas, se o sintoma resulta de uma verdade recalcada, que verdade figura no fracasso escolar? Trata-se do retorno e da insistência decorrentes do destino que a civilização confere ao mal-estar do ser falante. Assim, o fracasso escolar, retorno de uma verdade, atrela-se à contingência histórica, ou seja, concerne às patologias da atualidade, nas quais persistem o ideal de transformar e melhorar a sociedade pelo aprimoramento da técnica e do progresso científico, condições para libertação e felicidade. A execução de tal empreitada se pauta em um modelo forjado que enquadra a criança em uma infância tecnicizada. De resto, o fracasso escolar insinua-se na contramão das demandas sociais, que exigem igualdade e ceifam as expressões de singularidade, pois revela uma verdade subjetiva excluída dos espaços instituídos pelo discurso dominante, que prima por modalidades ortopédicas para sustentar o ideal de homens perfeitos.
Palavras-chave : Fracasso escolar; Sintoma social; Subjetividade; Inconsciente.