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Revista da Abordagem Gestáltica

versão impressa ISSN 1809-6867

Rev. abordagem gestalt. vol.22 no.1 Goiânia jun. 2016

 

EDITORIAL

 

 

 

Adriano Furtado Holanda

Editor

 

 

Iniciamos este número com uma série de estudos históricos e teóricos, sendo o primeiro deles, o manuscrito intitulado Fenomenologia Experimental em David Katz e James J. Gibson, de autoria de Thiago Gomes DeCastro, que descreve a relação entre fenomenologia e experimentação em psicologia a partir do percurso de pesquisa de dois destacados psicólogos experimentais do século XX. O artigo conclui que práticas de fenomenologia experimental organizam-se pela pragmática descritiva e concomitante suspensão de modelos hipotéticos funcionais. Não obstante, constata-se importante distanciamento deste projeto de fenomenologia experimental em relação a uma fenomenologia pura fundacional.

Já em Funcionalismo e Pragmatismo na Teoria de Carl Rogers: Apontamentos Históricos, Paulo Coelho Castelo Branco e Sérgio Dias Cirino visitam algumas das diversas influências da teoria de Carl Rogers, buscando elucidar como cada perspectiva de influência se desenvolveu nos EUA, nas universidades de Chicago e de Columbia, com destaque para o Funcionalismo de John Dewey, Leta Hollingworth e Kurt Goldstein; e o Pragmatismo de John Dewey e William Kilpatrick.

O artigo intitulado Reflexão Fenomenológica sobre a Alucinação e seu Sentido, de Carlos Augusto Serbena e Felipe Montrucchio Ilkiu busca tecer reflexões sobre o sentido do alucinar a partir da fenomenologia apoiando-se principalmente em Jaspers, Heidegger e Merleau-Ponty, configurando-se como um modo de ser do sujeito no encontro com o mundo e, assim, possui o caráter da expressão de um sentido e de uma tomada de posição do sujeito diante da realidade.

Na sequência, Julio Manoel dos Santos Filho e Virginia Suassuna Costa apresentam Encontrando um Modo de Ser Esquizofrênico: Arte e Técnica na Gestalt terapia, no qual a esquizofrenia é compreendida enquanto uma tentativa de diálogo que foi abortada, buscando apresentar modos pelos quais o encontro pode auxiliar na promoção da saúde existencial.

Os relatos de pesquisa principiam com o artigo A Temporalidade do Aqui-e-Agora Gestáltico: Implicações Teóricas e Práticas, Paula Arenhart e Joanneliese de Lucas Freitas buscaram investigar a forma pela qual o aqui-e-agora é descrito e compreendido por profissionais da área, através de três entrevistas com teóricos da Gestalt-terapia, analisadas pelo método fenomenológico-qualitativo. As entrevistas evidenciaram quatro eixos principais de significados: O mal-entendido conceitual, A especialização do aqui-e-agora como contraposição a outras perspectivas temporais, Definição do termo e O lugar que o aqui-e-agora ocupa na prática clínica.

O artigo Convivência com Animais de Estimação: Um Estudo Fenomenológico, de autoria de Raísa Duquia Giumelli e Marciane Cleuri Pereira Santos, apresenta uma pesquisa sobre a influência da convivência com animais de estimação na vida das pessoas a partir da percepção dos tutores. Os voluntários para a realização da pesquisa foram seis estudantes universitários, tutores de no mínimo um animal de estimação. Através da aplicação de entrevistas semiestruturadas, foi possível coletar o perfil dos participantes, as percepções que eles possuem sobre a influência dos animais de estimação na vida das pessoas e os benefícios, aspectos negativos e sentimentos envolvidos nessa relação. Analisando os resultados obtidos através do método fenomenológico observou-se que todos os entrevistados trouxeram elementos positivos na relação com seus animais, enquanto os aspectos negativos foram associados com cuidados de higiene, doenças e morte do animal.

"Duas Faces da Mesma Moeda": Vivência dos Psicólogos que Atuam na Rede de Atenção Psicossocial, de Camila Muhl & Adriano Furtado Holanda, discute as vivências que os psicólogos que atuam em saúde mental pública têm no cotidiano do seu serviço. Para tal, optou-se por um estudo fenomenológico onde foi realizada entrevista aberta com seis psicólogos que atuavam na Rede de Atenção Psicossocial. Como resultado, chegou-se ao entendimento de que esta é uma experiência bastante conflituosa, em que a vivência do psicólogo fica presa em dualidades: satisfação versus frustração, identificação com a área de saúde mental versus designação aleatória para o cargo, legislação versus realidade do serviço, e vida profissional versus vida pessoal.

O artigo A Psicologia Humanista na Revista "Psicologia Atual", de 1977 a 1986. Um Ensaio Hermenêutico, de Felipe Sacomano, Nilton Julio de Faria & Yuri Alexandre Ferrete, apresenta uma pesquisa que buscou identificar diferentes conteúdos associados à Psicologia Humanista publicados na revista, seus proponentes e significados. Os conteúdos identificados foram categorizados em artigos, reportagens e entrevistas, e analisados por meio do método hermenêutico proposto por Hans-Georg Gadamer. Concluiu-se que a Psicologia Humanista apresentava uma preocupação com temas sociais significativos à época, tais como família, interioridade, sexualidade e trabalho, contribuindo para uma visão subjetivista com a qual, muitas vezes, ela é relacionada.

Na sequência, apresentamos o artigo Impactos da Ação de Agentes Redutores de Danos segundo Profissionais da Rede SUS, de Ricardo Wagner Machado da Silveira & Paulo Otávio Andrade Oliveira D'Tôlis. Este trabalho discorre sobre os impactos causados pela ação de agentes redutores de danos (rds) na rede pública de saúde da cidade de Uberlândia-MG, de acordo com a perspectiva de profissionais que compõem parte desta rede de atenção em saúde. Os resultados apontam que o trabalho dos rds na Rede de Saúde Pública de Uberlândia-MG contribui para que os serviços de saúde incorporem em sua rotina, práticas relacionadas com as diretrizes da reforma psiquiátrica, o que gera como impacto mudanças nas suas estratégias de funcionamento e na relação com que os usuários de drogas estabelecem com elas.

E, em O Clube do Livro Identidade: Uma Análise Fenomenológica e Gestáltica, Diego Galhardo e Ondina Pereira, analisam em termos fenomenológicos e gestálticos, as reuniões do Clube do Livro Identidade, o qual é um clube de leitura de estudantes do IFB que se reuniram mensalmente para discussão de obras literárias.

Completamos a revista com uma tradução de Gabriel Marcel, sobre O Trancendente como Metaproblemático (de 1937) e com a resenha do livro Análise da Escolha Profissional.

Boa leitura a todos.

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