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Psicologia para América Latina
versão On-line ISSN 1870-350X
Resumo
BAIRRAO, J. F. M. H.. Protagonismo epistêmico dos povos indígenas: o papel da etnopsicología. Psicol. Am. Lat. [online]. 2017, n.spe, pp.53-62. ISSN 1870-350X.
As ameaças à sobrevivência dos povos indígenas são um desafio cuja complexidade e gravidade interditam a omissão da Psicologia. Porém, intervenções psicológicas podem, inadvertidamente, em vez de remédio se transformarem em veneno. É o que acontece quando não há diálogo com as etnoteorias psicológicas nativas. Neste caso o indígena é destituído da sua compreensão de si e do mundo que habita e deste modo destruído no âmago do seu ser. Um enfoque etnopsicológico previne e interdita esse risco, na medida em que possibilita aceder não apenas a um registro dos fatos, mas também a uma recuperação de antídotos nativos contra essa ameaça. Um exame etnopsicologicamente embasado dos desafios atuais que o compromisso da Psicologia para com os povos originários envolve, evidencia que eles não se restringem ao extermínio físico e ao esbulho dos territórios (espaço) dessas populações, mas também as ameaçam no tempo, visando suprimir o seu passado e inviabilizar o seu futuro. Para se contrapor a isso é preciso prestar atenção ao cunho performativo dos enunciados psicológicos sobre os povos indígenas e assegurar não apenas a preservação dos remanescentes, da sua memória e do seu devir, como também a dos seus mortos e a dos seus mundos.
Palavras-chave : Etnopsicologia; Povos Indígenas; Psicologia e Política.