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Contextos Clínicos

versão impressa ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.13 no.2 São Leopoldo maio/ago. 2020

https://doi.org/10.4013/ctc.2020.132.05 

ARTIGOS

 

A criança imaginária no contexto de espera pela adoção

 

The imaginary child in the context of waiting for adoption

 

 

Monique Souza Schwochow; Maíra Lopes Almeida; Giana Bitencourt Frizzo

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Correspondência para

 

 


RESUMO

O período anterior à chegada da criança na família adotiva é permeado por expectativas, incluindo o imaginário sobre a criança. O presente estudo investigou as representações maternas sobre a criança imaginária no contexto de espera pela adoção. Trata-se de um estudo de casos múltiplos em que participaram quatro mulheres que esperavam na fila de adoção. Os dados foram analisados através da Análise Temática e organizados a partir de três temas definidos previamente: (a) imaginário sobre características físicas; (b) imaginário sobre as características emocionais; e (c) imaginário sobre a relação mãe-criança. Observou-se que no primeiro tema surgiram questões raciais, enquanto no segundo tópico as participantes falaram sobre a representação de uma criança sofrida e/ou idealizada, sendo essa última baseada na apresentação de um comportamento calmo. Na relação com a criança, as participantes abordaram a necessidade de adaptação frente ao tornar-se mãe por adoção, apesar disso, suas perspectivas apontavam para interações positivas. Reconhecer a espera pela adoção como parte da transição para parentalidade faz-se primordial para saúde emocional dessas famílias. Este estudo contribui empiricamente para uma maior compreensão sobre as representações maternas da criança imaginária no contexto da filiação adotiva.

Palavras-chave: criança imaginária, adoção, pretendentes à adoção.


ABSTRACT

The period prior to the arrival of the child in the adoptive family is permeated by expectations, including the imaginary about the child. The present study investigated the maternal representations about the imaginary child in the context of waiting for adoption. This is multiple case studies involving four women who were waiting in line for adoption. The data were analyzed through the Thematic Analysis and organized from three previously defined themes: (a) imaginary about physical characteristics (b) imaginary about emotional characteristics and (c) imaginary about the mother-child relationship. It was observed that in the first theme racial issues arose, while in the second it oscillated between the representation of a child suffered and/or idealized as calm. In the relationship with the child, the participants approached the need for adaptation to becoming an adoptive mother, despite this, their perspectives point to positive interactions. Recognizing the waiting period to adopt as part of the transition to parenting is essential for the emotional health of these families. This study empirically contributes to a better understanding of maternal representations of the imaginary child in this context of adoptive filiation.

Keywords: imaginary child, adoption, adoption applicants.


 

 

Introdução

No Brasil, dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) apontam que 42.795 pretendentes estão disponíveis para adoção de crianças e de adolescentes (CNA, 2020a). Dentre esses, 6.296 (14.71%) esperam por crianças de até 2 anos, 6776 (15.81%) aguardam a adoção de crianças de até 5 anos e 4.576 (10.69%) esperam adotar crianças de até 6 anos de idade. Mais especificamente no Rio Grande do Sul, 5.146 (12.02%) pessoas estão habilitadas e disponíveis para a adoção. Esses números expressivos demarcam, em nossa sociedade, o aumento na formação de famílias através da adoção.

Algumas etapas fazem parte da transição para esta via de tornar-se família. Neste país, após a decisão pela adoção, as pessoas devem seguir alguns passos dentro dos trâmites jurídicos para conseguirem a habilitação para adoção. O preenchimento de formulários, bem como encontros com os técnicos do judiciário - psicólogos e assistentes sociais - fazem parte do caminho trilhado por aqueles que desejam conseguir a sentença de habilitação à adoção (CNA, 2020b). Durante este processo, ocorre o despertar para os aspectos emocionais do exercício da parentalidade através da adoção. O lugar reservado para a criança no psiquismo parental ganha um espaço importante, especialmente por sua capacidade de fornecer indícios da futura interação entre os membros da família (Morelli, Scorsolini-Comin, & Santeiro, 2015; Moyer & Goldberg, 2015; Palacios, Rolock, Selwyn, & Barbosa-Ducharne, 2019).

Entre os estudos com famílias à espera pela adoção, percebe-se que é comum que os futuros pais identifiquem o período anterior à chegada da criança como uma gestação psicológica (Schwochow & Frizzo, no prelo), gestação emocional (Schettini, Amazonas, & Dias, 2006), gestação adotiva (Huber & Siqueira, 2010), ou, ainda, gestação sem barriga (Mahl & Jaeger, 2011). De fato, assim como sugerem Cecílio e Scorsolini-Comin (2016), é importante que se vivencie o processo de gestar um novo papel, relacionado à função parental. É através dele que se torna possível para os futuros pais por adoção sonhar, imaginar e refletir sobre o exercício parental (Morelli et al., 2015).

O imaginário que os pais têm em relação ao filho esperado foi abordado por diversos autores e possui importante papel no relacionamento futuro que os pais estabelecerão com a criança (Brazelton & Cramer, 1992; Lebovici, 1987). Segundo Lebovici (1995), existem três bebês na mente materna: (a) o bebê edípico que é produto da história edípica materna; (b) o bebê imaginário que resulta do desejo de maternidade e, sobre o qual, a mãe desenvolverá devaneios em nível pré-consciente e; (c) o bebê real que a mãe segurará em seus braços no dia do nascimento. Dessa forma, o conceito de bebê imaginário, conforme proposto por Lebovici (1987; 1995), trata-se de uma construção progressiva que se inicia ainda na gestação, se constitui pelos desejos de maternidade e de ter um filho e é expresso por meio da atribuição parental de características ao filho, tais como sexo, aparência e personalidade.

Assim, o filho esperado é antecipado e passa a fazer parte das referências verbais dos pais. Por meio da identificação com ele é que os pais poderão imaginá-lo, senti-lo, compreendê-lo e conceder a ele as mais diversas características. Essa criança imaginária é construída a partir do desejo de maternidade e suas fantasias, da situação real da mãe e de um trabalho de representação ativo semelhante aos devaneios diurnos. Nesse sentido, a criança imaginária é fonte de completude e de ansiedade ao mesmo tempo. As fantasias, impressões e sentimentos parentais em relação à criança permitirão que, no encontro com ela, seja possível interpretar e significar seus comportamentos. No entanto, a criança real, fruto do nascimento ou da adoção, confronta essa criança criada no imaginário e transforma as representações parentais (Lebovici, 1987).

Os pensamentos conscientes ou as fantasias inconscientes podem representar obstáculos entre pais e filhos adotivos. A criação de um "espaço para o imprevisível" - como destacam Ferrari, Piccinini e Lopes (2007) - a respeito da idealização do bebê imaginário por gestantes, pode ser de grande relevância no processo de transição para a maternidade por adoção também. Pais adotivos, assim como pais biológicos, criam uma criança imaginária - que representa seu ideal de filho -, e faz parte de um processo sadio que estes pais gradualmente afastem-se dessa imagem, abrindo, assim, espaço para perceberem a realidade da criança que vão encontrar (Levy & Féres-Carneiro, 2001; Palacios et al., 2019).

Assim como fez Lebovici (1987) no cenário internacional, Fleck e Piccinini (2013) reconheceram a importância das representações sobre a criança imaginária e a adaptação à criança real para o processo de vinculação pais-filhos. Ambos os escritos são fundamentais para reflexão sobre este fenômeno, visto que Lebovici (1987) apresenta sua teoria sobre imaginário parental e Fleck e Piccinini (2013) realizaram uma investigação a partir dessa teoria no contexto nacional das famílias com crianças prematuras. Esse último estudo investigou longitudinalmente essas representações relacionadas a bebês prematuros. Foi possível identificar que a situação da prematuridade dificultou e interrompeu a construção da criança imaginária pelas mães, de forma que o confronto com a criança real foi vivido ainda mais intensamente por elas. Destacou-se o papel imprescindível que os conteúdos pré-conscientes e inconscientes exercem na constituição dos vínculos maternos com a criança.

Diante disso, é necessária a acomodação das expectativas sobre a criança imaginária em relação à criança real (Moyer & Goldberg, 2015). O estudo de Palacios et al. (2019) sugere que pais seguros em relação a seus papéis parentais, bem como realistas em relação às suas expectativas sobre o comportamento e o desenvolvimento de seus filhos, conseguem, mais facilmente, atender às necessidades de seus filhos, provendo, assim, um senso básico de segurança para eles. Para tanto, a fim de investigar a criança imaginária no contexto da adoção, selecionou-se, a partir da obra de Lebovici (1987) e de Fleck e Piccinini (2013), o imaginário materno relativo às características físicas, emocionais e da relação mãe-criança.

Sobre o imaginário das características físicas, dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA, 2020c) indicam que, dos 11.573 pretendentes disponíveis à adoção na Região Sul do Brasil, 97.2% aceitam crianças brancas, 74.61% aceitam crianças da raça parda, 55.28% aceitam crianças da raça amarela, 49.31% aceitam crianças negras e 48.42% aceitam crianças da raça indígena. A necessidade de escolher a raça das crianças pode interferir na decisão de adoção dos futuros pais à medida que se estabelecem fronteiras étnicas (Giacomozzi, Nicoletti, & Godinho 2015; Ishizawa & Kubo, 2013). Levando em conta que homens e mulheres brancos são os que mais buscam a adoção no Brasil (Weber, 2003), pode-se inferir que estes futuros pais demonstram certa dificuldade em relação à adoção interracial. De acordo com Ishizawa e Kubo (2013), isso pode ocorrer devido ao receio destes de não serem percebidos como uma família "normal", apesar da miscigenação racial do país. Esses autores observam, ainda, que alguns futuros pais por adoção têm se mostrado mais flexíveis em relação à idade da criança adotada, porém não desejam atravessar a linha de raça/etnia.

Ainda, dados do CNA (2020d) de nível nacional indicam que dos 42.795 pretendentes à adoção, 60.7% aceitam somente criança sem doenças, enquanto 6.26% aceitam crianças com deficiências físicas e apenas 5.09% aceitam crianças com HIV. Em concordância com os dados do CNA, investigações anteriores no Brasil também encontraram que os pais esperavam crianças com a menor idade possível e semelhante fisicamente a eles (Mahl, Jaeger, Patias, & Dias, 2011; Weber, 2003). Esses aspectos fazem pensar sobre o desejo dos pretendentes à adoção de reproduzirem uma família biológica e sobre os aspectos narcísicos de representações de si mesmo (Levinzon, 2020; Weber, 2003).

O imaginário sobre as características emocionais, geralmente, perpassa pelo histórico da criança adotada. Comumente, as crianças que esperam pela adoção experimentaram múltiplas separações, perdas e traumas que, combinados, podem dificultar a chegada à família adotiva. Cuidar de uma criança que foi retirada da família biológica por maus tratos ou por negligência exige preparo dos futuros pais por adoção. Apesar de complexo, o processo de encarar a história da criança, quase sempre dolorosa, é necessário para o sucesso da família em ajudar esta criança (Brodzinsky & Smith, 2019).

Segundo Winnicott (1997), o fato de a criança ter sofrido cuidados inadequados antes da adoção resulta no recebimento de uma criança que já chega à família com um problema psicologicamente complexo. Este mesmo autor defende a ideia de que os pais por adoção precisam ser, também, terapeutas de seus filhos, enquanto desfrutam da situação de criar uma criança. O sucesso nesta tarefa auxilia esses pais a sentirem-se satisfeitos diante de suas dificuldades anteriores frente à parentalidade.

A respeito do imaginário sobre a relação mãe-criança, sabe-se que a idealização da criança e da relação com ela pode, por vezes, desencadear sentimentos ambivalentes e ansiogênicos (Huber & Siqueira, 2010). Segundo Santos et al. (2011), as principais dificuldades apontadas por pais adotantes referem-se à construção do vínculo e ao início dessa relação, em especial no que concerne à adaptação e à educação da criança. Por conseguinte, identificou-se também que a adaptação é fortemente influenciada pelas expectativas parentais prévias à adoção (Luz, Gelain, & Amaral, 2014).

Nesse sentido, é fundamental investigar o imaginário presente na adoção, especialmente porque pesquisas têm apontado para a relação entre saúde mental parental e desenvolvimento da criança. Um estudo com amostra espanhola avaliou o funcionamento reflexivo de pais e mães adotivos, isto é, a capacidade de refletir sobre o papel parental e as interações cuidador-criança. Os resultados demonstraram que a maneira como os pais e as mães comportam-se com os filhos adotivos é fortemente influenciada por seus pensamentos e sentimentos a respeito deles (León, Steele, Palacios, Román, & Moreno, 2018). Outras investigações observaram que sintomas depressivos em pais e mães adotivos estavam associados a sintomas internalizantes e externalizantes das crianças (Hails et al., 2019; Liskola, Raaska, Lapinleimu, & Elovainio, 2018). Além disso, estudos identificaram que variáveis parentais, como qualidade das relações familiares e estilo parental, são fatores protetores para a saúde mental de adultos que foram adotados na infância (Balenzano, Coppola, Cassibba, & Moro, 2018; Melero & Sánchez-Sandoval, 2017). Ressalta-se, assim, a necessidade de investigações sobre o período pré-adoção, na medida em que a maioria dos estudos a situam enquanto um processo estático. No entanto, trata-se de um processo contínuo, especialmente se considerado o caráter dinâmico das relações familiares (Sellers, Battalen, Fiorenzo, McRoy, & Grotevant, 2019).

Estudos anteriores sobre o imaginário materno identificaram, na escolha pela filiação adotiva, desejos de evitar a solidão, completar algo que falta, suporte para o sofrimento da infertilidade, dar continuidade ao relacionamento conjugal, altruísmo, completar a família e/ou sentir o que é verdadeiramente ser mãe (Costa & Rossetti-Ferreira, 2007; Luz et al., 2014; Mahl et al., 2011; Maux & Dutra, 2009 ; Sonego & Lopes, 2009). Nesse sentido, a motivação para a adoção, segundo revisão integrativa da literatura nacional, tornou-se foco de muitos estudos nos últimos anos (Morelli et al., 2015). No entanto, as representações maternas inconscientes sobre o filho não foram ainda abordadas, mesmo sendo um dos principais entraves para o relacionamento futuro mãe-criança (Morelli et al., 2015; Moyer & Goldberg, 2015; Palacios et al., 2019). Para tanto, o objetivo geral do presente artigo é investigar as representações maternas sobre a criança imaginária no contexto de espera pela adoção.

 

Método

Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo com delineamento de estudo de casos múltiplos, conforme Yin (2015). A partir dessa estratégia, deriva-se uma síntese de casos cruzados, através da qual cada caso foi comparado inicialmente ao seu mesmo grupo (futuras mães em espera por um bebê de 0 até 2 anos e futuras mães em espera por uma criança de 0 até 5/6 anos de idade) e posteriormente ao outro grupo. Essa técnica foi utilizada a fim de investigar as representações maternas sobre a criança imaginária no contexto de espera pela adoção. Este estudo segue as recomendações de Creswell (2014) sobre estudos de caso, incluindo 4 casos.

Participantes

Participaram deste estudo quatro mulheres que estavam, na ocasião da entrevista, aguardando entre 3 meses e 2 anos e 11 meses na fila de espera pela adoção no Cadastro Nacional de Adoção na comarca de Porto Alegre (Rio Grande do Sul). Elas tinham idades entre 33 e 51 anos, eram casadas, não tinham filhos, duas referiram ter pós-graduação e duas mencionaram ter ensino superior completo. Todas as participantes definiram-se como heterossexuais. Além disso, todas estavam em um processo de adoção de acordo com as leis brasileiras e desejavam uma adoção nacional. Destaca-se que a Participante 1 era filha adotiva.

Sobre o perfil da criança, duas mulheres esperavam por um bebê de 0 até 2 anos e duas esperavam por crianças de 0 até 5/6 anos. Todas as participantes tinham abertura para crianças de ambos os sexos. Duas destas mulheres tinham restrições no perfil da criança desejada para cor da pele e apenas uma delas aceitava doenças tratáveis. Por fim, apenas uma participante aceitava grupo de irmãos.

As participantes deste estudo eram mulheres integrantes do projeto "Transição para a parentalidade adotiva: pesquisa e intervenção" (Frizzo et al., 2016). As integrantes deste projeto deveriam ser maiores de 18 anos de idade e poderiam ter nível socioeconômico variado, bem como diferentes configurações familiares. Para o presente estudo, foram selecionados os casos nos quais as mulheres definiram-se como heterossexuais, eram casadas e duas delas esperavam crianças de 0 até 2 anos e outras duas tinham um perfil de 0 até 5/6 anos de idade. Estes critérios foram utilizados para tentar compor dois grupos homogêneos (Flick, 2009) a fim de permitir a comparação dos sujeitos entre si e entre grupos. Ainda, considera-se que este estudo segue as definições de amostra por critério (Patton, 2002) que sugerem a investigação de todos os casos que atendem aos critérios de inclusão da pesquisa.

 

Tabela 1

 

Instrumentos

• Questionário sobre a adoção (NUFABE, 2016): Este instrumento foi utilizado para fins de levantamento sobre dados sociodemográficos das participantes e informações sobre o processo de habilitação para adoção.

• Entrevista sobre as expectativas e os sentimentos na adoção (NUFABE, 2016 adaptado de Krahl & Piccinini, 2003): Este instrumento consiste em uma entrevista semiestruturada e tem como objetivo abordar temas relativos à expectativa e aos sentimentos dos participantes em relação à adoção. Aborda também temas relacionados à experiência de estar esperando pela chegada do filho, às percepções sobre como tem sido esta experiência para o cônjuge, ao envolvimento da família extensa e às características da criança pretendida.

Procedimentos

O projeto de pesquisa do qual o presente estudo faz parte atende à resolução 510 de 2016 do Conselho Nacional de Saúde (CAEE número 58061816.4.1001.5334) e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mediante autorização do Juiz do 2º Juizado da Infância e da Juventude de Porto Alegre, as técnicas judiciárias fizeram contato inicial com as mulheres com o perfil desejado de participantes para o projeto de pesquisa para convidá-las a contribuir com os estudos sobre adoção. Ainda, algumas das participantes foram requisitadas a colaborarem através das mídias sociais. Logo após o contato inicial, essas mulheres foram convidadas a comparecer ao Instituto de Psicologia da UFRGS ou, então, disponibilizar um endereço para um encontro. Todas as participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e, posteriormente, responderam aos instrumentos presentes neste estudo: o "Questionário sobre a adoção" (NUFABE, 2016) e a "Entrevista sobre as expectativas e os sentimentos na adoção" (NUFABE, 2016).

Os dados do "Questionário sobre a adoção" (NUFABE, 2016) foram utilizados somente para caracterização das participantes. Já os dados obtidos por meio da "Entrevista sobre as expectativas e os sentimentos na adoção" (NUFABE, 2016) foram analisados através da Análise Temática (Braun, Clarke, Hayfield, & Terry, 2019). Após a leitura da transcrição das entrevistas, realizou-se a codificação dos dados, com o auxílio do software NVivo, conforme os temas definidos previamente, a partir da obra de Lebovici (1987) e do artigo de Fleck e Piccinini (2013).

 

Resultados

Os achados da Análise Temática (Braun et al., 2019) foram organizados de acordo com os temas estabelecidos a priori - com base nas obras de Lebovici (1987) e de Fleck e Piccinini (2013). Os resultados serão apresentados no formato de tabelas e discutidos de acordo com os três temas centrais: (a) imaginário sobre características físicas; (b) imaginário sobre as características emocionais; e (c) imaginário sobre a relação mãe-criança.

O primeiro tema englobou os relatos maternos sobre as representações das características físicas da criança esperada para adoção (Tabela 2). A questão racial esteve presente na fala de quatro participantes, sendo que uma (Participante 4) mencionou não ter vontade de adotar crianças negras, enquanto duas (Participantes 2 e 3) abordaram o fato de temer o preconceito racial. Entre essas, apenas a Participante 3 não tinha restrição quanto à cor de pele da criança. Segundo Sweeney (2013), em geral, os pais adotantes preferem adotar crianças com cor de pele o mais próximo possível da tonalidade branca, privilegiando estas crianças em detrimento de crianças negras.

No Brasil, a maioria dos adotantes tem preferência por crianças de pele branca (Amim & Menandro, 2007; Weber, 2003). É possível pensar que, além do medo do preconceito racial, há também a expectativa de que as crianças sejam parecidas fisicamente com os pais adotantes, especialmente em relação à raça/etnia (Giacomozzi et al., 2015; Ishizawa & Kubo, 2013. Levinzon, 2020), posto que a maioria das pessoas que espera pela adoção no país são homens e mulheres de pele branca (Weber, 2003).

As Participantes 1 e 2, que esperavam crianças de 0 a 2 anos, apontaram expectativa de semelhança física. Para elas, o ambiente pode superar os marcadores biológicos, isto é, acreditam que o ambiente em que a criança irá se inserir é capaz de transformar suas características físicas. O fato de ambas optarem apenas por bebês pode ser justificado por essa crença no papel decisivo do ambiente. Segundo Huber e Siqueira (2010) e Mahl et al. (2011), os pais tendem a sentir que quanto mais nova é a criança, mais fácil será lhe transmitir sentimentos e valores, além de fortalecer o sentimento de vinculação. Essa expectativa de semelhança física também pode ser atribuída a uma concepção cultural que tende a negligenciar o vínculo adotivo em detrimento da valorização da filiação biológica (Bossa & Neves, 2018; Levinzon, 2020). No entanto, observou-se, a partir de narrativas de pais e mães que adotaram crianças de outra raça, maior conscientização racial, de modo que uma nova apreciação pela raça e cultura de seus filhos se desenvolveu e, simultaneamente, amplificou essa ambivalência (Nelson &

Colaner, 2017; Levinzon 2020). Por outro lado, essa representação de semelhança nas características físicas pode remeter, também, ao que Brazelton e Cramer (1992) abordam sobre o desejo de ter um filho. Esse anseio é composto pelo desejo de espelhar-se na criança. O espelhar-se se relaciona ao fato de que todo indivíduo se inclina para amar a própria imagem, de forma a sustentar a esperança da autoduplicação. Dessa forma, a criança representa uma continuidade, o elo seguinte de uma longa cadeia, na qual ela será a portadora das características da família.

As representações que as mães fazem de seus filhos são fundamentais para a construção do vínculo, de forma que as crianças são revestidas das características que os pais atribuem a elas. Dessa maneira, é possível afirmar que o desenvolvimento infantil é tão influenciado pelas fantasias dos pais quanto pelas tendências hereditárias. A partir dessas fantasias, os pais adequam o comportamento do filho com reforços e inibições que são mediados por suas fantasias e expectativas (Brazelton & Cramer, 1992).

Assim, entre as características emocionais, as Participantes 1 e 2 afirmaram que gostariam que o filho fosse uma criança calma (Tabela 3). Elas, especificamente, esperam por crianças de 0 até 2 anos, o que aponta para o fato de valorizarem momentos tranquilos com a criança. No entanto, a restrição de perfil possui diferentes significados para elas. A Participante 1, apesar da infertilidade, parece compreender as especificidades da adoção, reconhecer a história prévia da criança, chegando até a cogitar aumentar a idade preenchida no perfil. Por outro lado, a Participante 2 buscou a adoção após a descoberta da dificuldade para engravidar naturalmente. Em sua fala, evidencia-se o que Mahl et al. (2011) encontraram sobre mulheres que buscam adoção devido à infertilidade, isto é, as representações de que os laços biológicos são mais fortes e seguros que os laços de afeto. Essa participante cogitava estimular amamentação, o que está de acordo com os resultados de Sonego e Lopes (2009). Nessa pesquisa, as autoras apontaram para a ambivalência nas falas de mães que decidiram pela adoção por não poder ter filhos, sobretudo, em relação à frustração pela infertilidade e às limitações próprias da filiação biológica, como a amamentação.

A história da criança e a construção do laço afetivo também pesam para as Participantes 3 e 4 que imaginam que as crianças terão uma história de vida sofrida. Ambas esperavam por crianças de 0 até 5/6 anos. De acordo com Sampaio, Magalhães e Féres-Carneiro (2018), o temor de uma herança patológica e o receio sobre as vivências anteriores da criança são frequentemente citados por pais que optam pela adoção de crianças mais velhas. Após a adoção, esses temores se constituem como os principais obstáculos para a construção inicial do vínculo pais-filhos. Destaca-se, além disso, o desejo da Participante 4 de que a criança tenha algum nível de dependência, o que é visto por ela como uma vantagem. Esse posicionamento vai ao encontro de dados da literatura (Huber & Siqueira, 2010; Moyer & Goldberg, 2015) que indicam que alguns dos futuros pais por adoção parecem acreditar em um possível "molde" dos comportamentos da criança, após o encontro com a família adotiva, no qual ela se ajusta, quase que instantaneamente ao esperado pelos pais. Essa impressão de que as crianças adotivas são como "folhas em branco" - sem uma construção anterior em nível comportamental e emocional - parece aumentar, segundo os autores, nos casos de crianças com idades menores ou bebês.

Ainda, entre os dois grupos, as Participantes 1 e 3 mencionaram a possibilidade de a criança ser agitada. Enquanto a Participante 1 relacionava esta possibilidade às suas características pessoais, a Participante 3 pensava sobre sua capacidade de acalmar a criança. As atribuições de características relativas ao temperamento das crianças parecem relacionar-se com as indicações de Lebovici (1987) de imaginário da personalidade da criança. A fala da Participante 3 evidencia a conexão entre o imaginário das características emocionais e o imaginário da relação mãe-criança, visto que, apesar de pensar na criança agitada, sonha-se como uma mãe capaz de acalmá-la.

As experiências que o pai e a mãe tiveram ao longo da vida são os principais responsáveis pela elaboração de seus papéis de cuidadores (Klaus, Kennell, & Klaus, 2000). Nesse sentido, tornar-se mãe ou pai também possibilita que ocupem seus lugares na cadeia de gerações após os próprios pais e antes dos filhos (Grigoletti, 2005). No caso da adoção, há uma grande expectativa sobre a chegada desse filho que se intensifica devido ao longo tempo de espera na fila de adoção (Mahl et al., 2011).

Neste estudo, todas as participantes afirmaram imaginarem-se como mães amáveis ao serem questionadas sobre a relação com o filho, atribuindo adjetivos afetivos, tais como zelosa, acolhedora, mãezona e outros. Especificamente, a preocupação com o tornar-se mãe esteve presente nos relatos das Participantes 3 e 4 ao citarem que imaginam que esse processo será atravessado por estresse e angústia. Esses sentimentos podem justificar-se pelas particularidades da filiação adotiva. Segundo Dolto (1998), a adoção situa a criança entre duas famílias, a biológica e a adotiva, causando duplo pertencimento. Para tanto, é imprescindível que os pais tenham uma construção singular de relacionamento com a criança, ofertando a segurança nesse novo vínculo.

 

Tabela 4

 

Para lidar com a angústia do tornar-se mãe, as Participantes 3 e 4 afirmaram que esperam contar com apoio profissional, no caso, de psicólogo e de psiquiatra, para lidar com as mudanças decorrentes da chegada do filho. É possível perceber que há, entre essas duas participantes, um reconhecimento sobre o tempo que será necessário para a adaptação da díade mãe-criança. Essas mulheres concordaram quanto à preocupação com o tornar-se mãe, ao tempo necessário para à adaptação e à busca de apoio profissional. As preocupações expressas pelas participantes mostram o reconhecimento de que os desafios encontrados na adaptação poderão ser mediados pelo amparo de um profissional. Relaciona-se a esses achados, ainda, a descrição de Winnicott (1997) da necessidade de reconhecimento dos possíveis problemas psicológicos da criança adotada em função dos cuidados inadequados anteriores.

Dolto (1998) também aponta para a importância de se considerar as fantasias que perpassam a filiação adotiva. Essas fantasias relativas ao desconhecimento da história pré-adoção da criança causam angústia nos futuros pais, sobretudo, porque se mantém para a criança como lembrança e marca psíquica. Esse mal-estar é evidenciado na fala da Participante 4 que repete, por diversas vezes, a necessidade de educar a criança e impor limites. Essa posição parece sustentar um medo relativo às vivências anteriores da criança que agora deverá ser educada e modelada. Sob outra perspectiva, a Participante 1 é a única a relatar o reconhecimento da história anterior da criança, entendendo que ela não pode ser apagada. A história pregressa dessa participante, que também foi adotada, pode, neste caso, ter incentivado a compreensão dos acontecimentos precedentes da vida da criança adotada. O ponto de vista dela, de quem vivenciou as experiências anteriores à adoção e a transição para uma nova família, pode ter influência em seu entendimento sobre essa questão.

De forma geral, identifica-se nas entrevistas que no imaginário sobre a relação mãe-criança há, predominantemente, uma descrição da relação entre mãe e criança maior, mesmo para aquelas que desejam adotar crianças de 0 a 2 anos. Apesar de isso não ficar tão claro nos dois outros temas, também foram reconhecidas expressões de definição de uma criança maior - como, por exemplo, a menção de sofrimento por problemas de preconceito racial e a descrição de ações emocionais atribuídas à criança e não a bebês. Com isso, entende-se que, apesar de um desejo pela adoção de uma criança de 0 até 2 anos de idade, talvez estas mulheres estejam preparadas para a adoção de uma criança maior, assim como o outro grupo deste estudo.

Por fim, destaca-se que as principais semelhanças entre as mulheres que esperam por crianças de 0 até 2 anos de idade surgiram no imaginário sobre as características físicas e no imaginário sobre as características emocionais, especialmente através do desejo por uma criança semelhante fisicamente a elas ou a seus companheiros, da crença que o ambiente transforma fisicamente as crianças adotadas e, também, pelos relatos do anseio por uma criança emocionalmente calma. Já no grupo de participantes que esperavam por crianças de 0 a 5/6 anos, constatou-se que, no imaginário sobre as características emocionais, ambas previam uma criança com sofrimentos e traumas devido ao seu passado. Ainda, essas mulheres assemelharam-se no imaginário sobre a relação mãe-criança ao mencionarem a necessidade de um apoio profissional para lidar com as dificuldades frente às questões da maternidade por adoção. Todas as participantes do estudo imaginaram-se afetivas positivamente em sua relação com a criança.

 

Considerações finais

Os temas sugeridos pela literatura (Fleck & Piccinini, 2013; Lebovici, 1987) a respeito das representações maternas sobre a criança imaginária mostraram-se esclarecedores, também, no contexto de espera pela adoção. A identificação dos imaginários sobre as características físicas, emocionais e da relação mãe-criança se faz necessária para entender o fenômeno em questão. Através da análise realizada neste estudo, foi possível contribuir para uma maior contribuição sobre o lugar da criança no psiquismo parental na adoção.

A partir dos resultados, identificou-se que as futuras mães por adoção estavam vivenciando o processo de tornarem-se mães por meio da reflexão, do sonho e da imaginação tanto da criança, quanto do exercício parental (Morelli et al., 2015). Assim como sugere Lebovici (1987), as participantes deste estudo estavam sonhando com características sobre a aparência e a personalidade da criança que será adotada e, para além disso, também refletiam sobre a futura relação com essa. Entre as participantes, o grupo de mulheres que esperava por crianças de 0 até 5/6 anos de idade pareceu estar melhor adaptado ao contraste entre a criança imaginária e a criança real, especialmente por considerar, em seu discurso, a possibilidade de sofrimentos e traumas devido à falta de cuidados anteriores. Preparar-se para o imprevisível, assim como lentamente afastar-se da imagem da criança imaginária e aproximar-se da criança real, são processos necessários na transição para a maternidade (Brodzinsky & Smith, 2019; Ferrari et al., 2007; Levy & Féres-Carneiro, 2001; Palacios et al., 2019).

As futuras mães ressaltaram, no imaginário sobre as características físicas, seus receios ligados às questões raciais, com ênfase no medo de não saberem lidar com o preconceito. Particularmente, as participantes que esperavam por crianças de 0 a 2 anos de idade falaram de um desejo de semelhança física com a criança adotada e da crença de que o ambiente transforma características físicas da criança. Além disso, no imaginário sobre as características emocionais, foi ressaltada a diferença entre os grupos, dentro dos quais, como dito anteriormente, as participantes que esperavam por crianças de 0 a 5/6 anos mostraram-se mais abertas aos possíveis sofrimentos e traumas da criança adotada. Aquelas que esperavam por crianças de 0 a 2 anos aproximaram-se em seus discursos por aguardarem uma criança emocionalmente calma.

Ainda, sobre o imaginário da relação mãe-criança, todas as mulheres apresentaram uma descrição afetiva de si mesmas como mães, usando adjetivos como amável, zelosa, acolhedora, entre outros. O grupo de futuras mães por adoção que esperavam por crianças de 0 a 5/6 anos de idade preocupava-se com possíveis estresses e angústias em suas relações com a criança. Elas consideravam a história anterior da criança e demonstravam entender a relevância de oferecer uma nova forma de vínculo para a criança adotada, assim como sugere Dolto (1998).

Este estudo levanta, ainda, o debate de uma questão importante relacionada ao perfil desejado da criança e ao discurso das participantes. Na análise das entrevistas, demarcada pelas representações maternas sobre a criança imaginária, fica claro, principalmente no que diz respeito ao imaginário da relação mãe-criança, que mesmo participantes que esperavam por crianças de 0 a 2 anos tinham descrito em suas reflexões ações de troca com crianças maiores. Elas esperavam dar limites, brincar e contar histórias, o que exige certo nível de compreensão da criança. Questiona-se, portanto, se em suas esperas pela adoção já não estavam elaborando, também, a possibilidade de não adotarem bebês, mas sim crianças mais velhas que dois anos.

Acredita-se que o acompanhamento destas participantes nas etapas seguintes de seus processos de adoção poderia auxiliar numa compreensão aprofundada de como se dá a adaptação dessas mulheres frente ao contraste entre a criança imaginária e a criança real. Portanto, essa é considerada uma sugestão para estudos futuros. No entanto, considera-se que, no que diz respeito à caracterização das representações maternas da criança imaginária no contexto de espera pela adoção, o presente estudo conseguiu apontar, qualitativamente, aspectos relevantes especialmente para aqueles que trabalham com famílias formadas por via da adoção.

Espera-se que este estudo possa suscitar novas pesquisas sobre a transição para a parentalidade por adoção. Considerando que a espera no Cadastro Nacional de Adoção é longa, a escuta destas pessoas que aguardam pela adoção é de extrema importância. Deve-se evitar que a grande espera leve os casais a construírem uma perspectiva progressivamente negativa em relação ao processo de adoção. Portanto, destaca-se a relevância de espaços de acolhida das expectativas e sentimentos advindos da espera pela adoção para que, assim, os futuros pais possam expressar suas emoções e realizar trocas a fim de promover sua saúde emocional.

 

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Correspondência para:
Monique Souza Schwochow
Instituto de Psicologia da UFRGS
Rua Ramiro Barcelos, 2600 - Sala 212
CEP 90035-003
E-mail: moniqueschwochow@gmail.com

Submetido em: 17.04.2020
Aceito em: 31.08.2020

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