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Revista Psicologia Organizações e Trabalho

versão On-line ISSN 1984-6657

Rev. Psicol., Organ. Trab. vol.11 no.1 Florianópolis jun. 2011

 

EDITORIAL

 

 

Suzana da Rosa TolfoI,*; Mauro MagalhãesII,*; Juliana Barreiros PortoIII,*

IUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC). srtolfo@yahoo.com.br
IIUniversidade Federal da Bahia (UFBA). mauro.m@terra.com.br
IIIUniverside de Brasília (UnB). porto.juliana@gmail.com

 

 

Estamos encaminhando a vocês um novo número da rPOT. Este primeiro número de 2011 é resultado do trabalho conjunto dos editores que vinham conduzindo a Revista, nossos colegas Sonia Gondim, Narbal Silva e Gardênia Abbad e dos editores que ora assumem as tarefas editoriais, Juliana Barreiros Porto, Mauro Magalhães e Suzana da Rosa Tolfo.

É oportuno e fundamental reconhecer as valiosas contribuições da equipe anterior, especialmente no que tange à implantação do processo de avaliação on-line, ao detalhamento dos pareceres, à ampliação do corpo de pareceristas, à diagramação nova e à integração ao sistema PePsic. Os editores atuais estão empenhados em manter a veiculação da produção na área no mesmo nível elevado, bem como indexar a revista em novas bases de dados e organizar números especiais que contribuam para ampliar o conhecimento em temáticas relevantes e que justifiquem a reunião da produção de experts em torno destas.

A conclusão de um novo número é um desafio que reúne contribuições diversas: além dos editores, os avaliadores se empenharam em analisar criteriosamente e apresentar sugestões para aperfeiçoar os textos e, principalmente, os pesquisadores que nos deram a preferência como veículo de divulgação de seus trabalhos. Estes últimos são aqueles que possibilitam a existência de um periódico, apresentando à comunidade acadêmica e profissional sua produção científica. Deste modo, eles comunicam e compartilham as descobertas, por meio dos relatos de pesquisa, de casos e de revisões da literatura. Os leitores têm, em decorrência, a possibilidade de ampliar seus conhecimentos na área e encontrar novas perspectivas de reflexão teórica e da prática profissional.

Neste número, reuniram-se estudos do campo da psicologia das organizações e do trabalho em seus três subcampos: psicologia organizacional, psicologia do trabalho e gestão de pessoas. O artigo "Adaptación y validación de un cuestionario de estilos de manejo de conflicto organizacional en una muestra de trabajadores de brasileños", de Jorge José Ramirez Landaeta e Taísa Borges Grún, apresenta os resultados de estudo de adaptação e validação do inventário de estilos de manejo de conflito organizacional (ROCI - II) em trabalhadores brasileiros. A temática do conflito, inserida no escopo da psicologia organizacional, é abordada com base em cinco estilos de manejo de conflitos interpessoais: dominante, evitativo, complacente, integrador e comprometido. Os resultados apoiam a aplicabilidade desse modelo no contexto brasileiro.

O segundo texto, de Graciliano Martins dos Santos Filho e Luciana Mourão, abordou "A relação entre comprometimento organizacional e impacto do treinamento no trabalho". Os autores observaram a carência de pesquisas em gestão de pessoas que articulem os dois fenômenos. O comprometimento tem recebido mais atenção na literatura psicológica, se comparado ao impacto do treinamento; sendo que este último se apresenta como um desafio teórico-empírico no "mundo do trabalho" regido pela lógica das competências. Os autores verificaram que entre as bases de comprometimento afetivo, instrumental e normativo - o impacto do treinamento apresenta alta correlação com o comprometimento afetivo.

Ao levantar a questão "A ergonomia da atividade pode promover a qualidade de vida no trabalho? Reflexões de natureza metodológica", Mario César Ferreira analisa o campo da ergonomia da atividade aplicada à qualidade de vida no trabalho (QVT). O autor entende que as intervenções em QVT pressupõem retirar ou atenuar situações de mal-estar dos trabalhadores e a ergonomia busca adaptar o trabalho ao homem, mas ainda há limitações para uma abordagem teórico-metodológica da ergonomia da atividade direcionada para a qualidade de vida no trabalho.

O artigo "Ser operário da construção civil é viver a discriminação social", de Livia Borges e Tamara Palmieri Peixoto, teve como lócus da pesquisa empresas da construção civil de Belo Horizonte e apresentaram um estudo utilizando multimétodos: análise de documentos, survey e entrevistas individuais. A triangulação dos dados é uma importante estratégia de pesquisa, especialmente quando o pesquisador lida com fenômenos psicológicos complexos e ainda pouco conhecidos, como é o caso. A perspectiva de análise psicossociológica permitiu verificar que as formas pouco explicitadas de preconceito e a condição de minoria levam o operário à resignação e à aceitação da discriminação social, que são naturalizadas por meio da gestão.

Os autores Fabio Scorsolini-Comin, Davide Forli Inocente e Irene Kazumi Miura elaboraram o artigo "Avaliação de programas de treinamento, desenvolvimento e educação no contexto organizacional: modelos e perspectivas". Diferente da maior parte da literatura sobre o tema, que privilegia estudos empíricos, foi apresentado o estado da arte da avaliação em TD&E no Brasil. Foram contemplados quatro modelos: o dos quatro níveis, o do valor final, o de avaliação integrada e somativa e o de avaliação do impacto do treinamento. A existência de dois artigos relacionados a treinamento sugere o crescimento do interesse sobre o tema.

Finalmente, o sexto artigo "Saúde organizacional: uma proposta de modelo de análise organizacional" - de Marília Nunes Fernandes, Sinésio Gomide Júnior e Áurea de Fátima Oliveira - problematizou a carência de pesquisas empíricas com dados consistentes sobre a saúde organizacional. Os autores testaram um modelo teórico de impacto de comportamentos éticos organizacionais e da confiança do empregado no sistema empregador sobre a saúde organizacional. Os resultados sugerem que os principais antecedentes da percepção de saúde organizacional são variáveis relativas a aspectos internos da organização.

A resenha de Ana Maria Jacó-Vilela analisou o livro coordenado por Antonio Virgílio Bittencourt Bastos e Sonia Maria Guedes Gondim intitulado O trabalho do Psicólogo no Brasil (Porto Alegre: Artmed, 2010). A autora chama a atenção, com muita propriedade, que a obra é representativa do esforço dos membros do Grupo de Trabalho de Psicologia Organizacional e do Trabalho (GT-POT) da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) para caracterizar a atuação dos psicólogos no Brasil, com dados sobre a quantidade e singularidade dos psicólogos que trabalham, as escolhas pela psicologia, as formações, o trabalho em si (como, onde, com quem), as áreas de atuação, as técnicas utilizadas, a identidade de psicólogo, os significados atribuídos ao trabalho, e a ética adotada.

A resenha reconhece que o livro contribui para compreender a formação e o fazer do psicólogo na atualidade. Reiteramos a sugestão da leitura do mesmo, como forma de entender, também, como o psicólogo organizacional e do trabalho insere a sua atuação em meio às demais especialidades de atuação psicológica.

Apresentados os artigos que compõem este número da Revista, fica evidenciado que ele contribui tanto com discussões teóricas quanto com a aplicação de uma amplitude de técnicas metodológicas para solucionar de maneira criativa os problemas de pesquisa em organizações e trabalho. Convidamos a todos que façam uma ótima leitura e que continuem contando com a Revista como meio de divulgação de suas pesquisas.

 

 

* Editores da rPOT.

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