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Revista Psicologia Organizações e Trabalho
versão On-line ISSN 1984-6657
Rev. Psicol., Organ. Trab. vol.13 no.3 Florianópolis dez. 2013
EDITORIAL
Editorial
Os resultados da Avaliação Trienal da Área de Psicologia, realizada pela Capes, mostram a evolução da área, com um crescimento expressivo das produções intelectuais dos Programas, especialmente no que diz respeito ao quantitativo de artigos.
Nesse cenário, o papel das revistas científicas fica ainda mais evidenciado, razão pela qual o relatório referido torna-se objeto de análise no presente editorial. Os dados trazidos no documento mostram que hoje existem, no Brasil, 73 programas de pós-graduação stricto sensu, revelando um incremento em relação aos dados observados em anos anteriores. Outro incremento diz respeito ao número de discentes nesses programas. No ano 2011, por exemplo, o total de matriculados observado foi de aproximadamente 4.600, com 1.100 titulações.
No mesmo relatório menciona-se o aumento expressivo da produção intelectual dos programas. Especificamente no que diz respeito à publicação de artigos científicos, destaca-se um crescimento de 53,4% em relação ao triênio anterior. Esse dado, acompanhado da descrição do número médio de artigos publicados por programa (34,6 programa/ano x 73 programas = 2.482 artigos a cada ano), coloca em cena a importância do papel dos diversos meios de divulgação dessas produções, no caso, as revistas científicas.
Analisando os dados ora referidos, que dizem respeito ao aumento do número de programas, de discentes, e da produção, facilmente podemos concluir sobre a importância que a divulgação da produção científica, na forma de artigos, possui no âmbito da pós-graduação no país.
Nesse cenário, resta ponderar sobre a árdua tarefa de todas as revistas que sustentam essa produção. Por um lado, elas devem ser capazes de atender a uma demanda em contínuo crescimento. Por outro, constatamos a dependência que elas têm dos pesquisadores que desempenham o papel de consultores ad hoc. Sem a participação enfática e desinteressada desses colaboradores, as revistas não conseguem manter-se, menos ainda conseguirão crescer. Mas, por que seria importante as revistas crescerem? Para conseguir dar vazão, com qualidade, à demanda por veículos de divulgação de manuscritos qualificados que reflitam o desempenho dos programas de pós-graduação.
É nesse ponto que as revistas mostram a sua maior fragilidade: na dependência de uma colaboração anônima e voluntária dos avaliadores. Mas será que é de fato sem contrapartida? Ora, se as revistas publicam artigos que são contabilizados na avaliação dos programas, logo cumprem uma tarefa que é essencial para os pesquisadores. Então, ao atuar como pareceristas, os docentes desses programas estão contribuindo para fazer a roda da divulgação da sua produção girar. Portanto, o processo de avaliação ad hoc tem uma clara contrapartida para os avaliadores, embora não seja visível. Além disso, numa conta simples, se há um total aproximado de 2.500 artigos publicados pelos docentes dos programas de pós-graduação em Psicologia a cada ano, e cada artigo conta com, no mínimo, dois pareceres, há uma demanda de 5 mil pareceres por ano, sem contar o alto percentual de artigos que não chegam a ser publicados e para os quais são gerados pareceres ad hoc. Esses números mostram que, se aumenta a produção da área, é preciso aumentar também a disposição para emitir pareceres, uma vez que tais pareceres são condição sine qua non para a publicação dos artigos.
Para além das estatísticas e da demanda crescente por artigos e avaliações, é preciso considerar que, ao avaliar um manuscrito submetido a uma revista, o pesquisador cumpre com uma das obrigações decorrentes do seu papel: contribuir na divulgação do conhecimento. Assim, consideramos que os benefícios são mais amplos e abrangentes e, portanto, extrapolam a obtenção de metas de produção compatíveis com padrões da área em avaliações institucionais. Permitem que o conhecimento gerado atinja o público que dele pode se beneficiar.
Ainda assim, como editores da rPOT, testemunhamos, com pesar, a dificuldade de as revistas encontrarem avaliadores ad hoc comprometidos com a tarefa. Cotidianamente, elas recebem respostas declinando os convites para emitir pareceres, ou, ainda pior, as revistas sequer recebem uma resposta. Logicamente, também existem os colaboradores que de maneira comprometida estão, sempre que possível, disponíveis para apoiar as revistas no seu árduo labor. Mas, lamentavelmente, constatamos que essa não é a regra.
Assim, resta lembrar que o compromisso que temos com nossos Programas, no sentido de buscar manter uma produção de qualidade que evidencie o esforço coletivo por contribuir à geração de conhecimento, depende da divulgação desse conhecimento. Da mesma forma, cabe apontar a necessidade de compromisso com as revistas científicas que são os meios de divulgação desse conhecimento. Somente assim o saber virá cumprir a sua finalidade última, qual seja conseguir uma ampla divulgação para usufruto daqueles que dele precisarem.
Diante do que foi exposto, os editores da rPOT tomaram a decisão de que aqueles pesquisadores que submeterem artigos à revista assumirão o compromisso de emitir pelo menos um parecer ad hoc no período de um ano. Claro que nem todos os autores poderão ser pareceristas, devido aos critérios estabelecidos para o exercício dessa função, mas a assunção desse compromisso por parte dos pesquisadores que já estão cadastrados como consultores ou que possam vir a sê-lo, é importante para a rPOT manter seu fluxo de publicações.
Quanto a este número da revista, ele é uma publicação de natureza diferente, uma vez que contêm um dossiê sobre uma temática atual e de enorme relevância para o campo: Inovação, Criatividade e Empreendedorismo. Para a sua realização a rPOT contou com a valiosa colaboração de dois editores convidados, Fátima Bruno-Faria e Eduardo Raupp de Vargas, que com grande zelo cuidaram do processo que culmina hoje com a exitosa publicação do dossiê. O resultado é um conjunto de trabalhos de enorme valia para o campo. Além desse dossiê, dois manuscritos compõem este número. Um deles discute ações de treinamento nas organizações, focando de maneira específica no papel mediador das estratégias de aplicação. O segundo, traz à tona a discussão relativa ao absenteísmo decorrente de doenças relacionadas ao trabalho, demonstrando, mediante um estudo de séries temporais, uma tendência de aumento dessas ocorrências entre profissionais de enfermagem.
Os editores da rPOT celebram a divulgação deste terceiro número do ano 2013 e agradecem a contribuição importantíssima dada tanto pelos editores convidados como pelos avaliadores ad hoc cujo árduo trabalho tornou possível o lançamento deste numero. Esperamos ansiosos pelos novos desafios a serem vencidos em 2014 e contamos desde já com a colaboração de todos.
Equipe editorial
rPOT