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Revista do NUFEN
versão On-line ISSN 2175-2591
Rev. NUFEN vol.8 no.1 Belém 2016
Artigo
Contribuições do método fenomenológico empírico para estudos em psicologia no Brasil: revisão integrativa da literatura
Contributions of the Phenomenological Empirical Method in studies of psychology in Brazil: Integrative review of the literature
Contribuciones del Método Fenomenológico Empírico para estudios de psicología en Brasil: revisión integrativa de literatura
Rebecca Barata Moreira; Airle Miranda de Souza
Universidade Federal do Pará, Brasil
RESUMO
Este artigo tem como objetivo apresentar uma revisão integrativa da literatura nacional na área de Psicologia acerca da utilização do Método Fenomenológico Empírico a fim de compreender como este vem sendo aplicado e suas contribuições para a produção de conhecimento científico no Brasil. Para tanto, foi realizado levantamento em bancos de dados virtuais em busca de artigos publicados nos últimos dez anos. A amostra foi composta por oito artigos e a analise pautada em aspectos como título, autor (es), ano de publicação, periódico, tipo de estudo, objetivos, descrição e aplicação do método, assim como, os principais resultados encontrados. Os resultados apontam para dois aspectos importantes: a escassez de publicações que utilizam o método em questão e, por outro lado, as importantes contribuições dos estudos analisados sobre a compressão do ser humano, de suas experiências da forma como são vivenciadas, material este de grande validade para as ciências psicológicas.
Palavras-chave: Revisão de literatura; Psicologia; Fenomenologia.
ABSTRACT
The article's aim is to present an integrative review of the national literature in psychology concerning the use of the Phenomenological Empirical Method to understand how it has been applied and its contributions to the production of scientific knowledge in Brazil. To this end, a virtual data survey has been conducted aimed at finding published articles from the last ten years. The sample has been composed of eight articles with analysis being characterized by such categories as: title, author, publishing year, periodic, types of study, aims, description and method application, so as in, the principal results that had been found. The results indicated two important conclusions: The lack of publications that use the method in question and, on the other hand, the important contributions of theses studies about human's understanding, their experiences and how they are experienced, material of significant validity to the science of psychology.
Keywords: Literature review; Psychology; Phenomenology.
RESUMEN
Este artículo tiene como objetivo presentar un repaso integrativo de la literatura nacional en el área de Psicología acerca de la utilización del Método Fenomenológico Empírico a fin de comprender cómo este viene siendo aplicado y sus contribuciones para la producción del conocimiento científico en Brasil. Por lo tanto, fue realizado un levantamiento con bases de datos virtuales en búsqueda de artículos publicados en los últimos diez años. La muestra fue compuesta por ocho artículos y el análisis pautado en aspectos como título, autor(es), año de publicación, periódico, tipo de estudio, objetivos, descripción y aplicación del método, así como, los principales resultados encontrados.Los resultados apuntan hacia dos aspectos importantes: la escasez de publicaciones que utilizan el método en cuestión y, por otro lado, las importantes contribuciones de los estudios analizados sobre la compresión del ser humano, de sus experiencias, de la forma como son vividas, este material es de gran validez para las ciencias psicológicas.
Palabras-clave: Revisión de literatura; Psicología; Fenomenología.
INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo apresentar um levantamento de produções científicas nacionais na área de Psicologia que utilizaram o Método Fenomenológico Empírico, proposto por Amedeo Giorgi, a fim de compreender como este vem sendo aplicado em pesquisas, assim como, suas contribuições para a produção de conhecimento científico no Brasil. Para tanto, optou-se por realizar uma revisão integrativa da literatura em bancos de dados eletrônicos, considerando publicações que utilizaram este método nos últimos dez anos.
Quando se trata de pesquisa fenomenológica, é importante compreender que o caráter empírico se revela quando da utilização de dados provenientes de entrevistas, observações e documentos, assim como, da forma de análise destes. Portanto, o método empírico, ainda que descrito e aplicado de diferentes formas, guarda como característica comum a orientação à descoberta de significados expressos por um sujeito sobre sua experiência (DeCastro & Gomes, 2011).
Dentre as diversas possibilidades de aplicação dos métodos fenomenológicos empíricos, destaca-se o método desenvolvido por Amedeo Giorgi em meados da década de 1960, nos Estados Unidos, em oposição a tradicional forma de pesquisa positivista dominante até então naquele país (Branco, 2014). Giorgi pretendia fomentar uma psicologia de inspiração fenomenológica Husserliana que pudesse ser considerado um fazer científico a partir da descrição qualitativa dos fenômenos estudados. Este fazer científico propunha o foco direcionado à experiência, à elucidação do vivido, favorecendo assim uma compreensão teórica capaz de possibilitar melhor manejo do fenômeno em foco (Amatuzzi, 2009).
Inicialmente, o método foi utilizado em pesquisas que investigavam vivências de processos de aprendizagem e rapidamente se expandiu para investigações de outros tipos de vivências (Branco, 2014). Em 1970, Giorgi funda o Journal of Phenomenological Psychology que viria a se tornar um dos principais responsáveis por difundir a psicologia fenomenológica nos Estados Unidos e, atualmente, permanece como uma das principais referências internacionais na área (DeCastro & Gomes, 2011; Manganaro, 2005).
No Brasil, a literatura aponta que os métodos fenomenológicos de forma geral vêm sendo utilizados em pesquisas desde a década de 1970, no entanto, os estudos só se tornam mais representativos a partir da década de 1990, pois é nesse período que despontam as primeiras discussões em grupos de pesquisas sobre limites e possibilidades da utilização do método fenomenológico aplicado a pesquisas científicas em psicologia (DeCastro & Gomes, 2011). Dentre as varias possibilidades de utilização do método fenomenológico, Branco (2014) afirma que atualmente o método proposto por Giorgi vem sendo amplamente mencionado e utilizado em produções teóricas e pesquisas empíricas tanto na psicologia quanto em outras áreas como a enfermagem e administração.
Frente a esse panorama, despertou-se o interesse em ampliar a compreensão acerca deste método e sua utilização no Brasil nos últimos 10 anos, assim como, suas contribuições para a produção de conhecimento em psicologia. A seguir serão descritos os procedimentos utilizados para realização da revisão de literatura, assim como, a apresentação e análise dos resultados encontrados.
MÉTODO
Para o alcance do objetivo proposto, optou-se por realizar uma revisão integrativa da literatura científica disponível eletronicamente, compilando artigos publicados nos últimos dez anos (2006-2016). O método eleito tem como foco fazer o levantamento de estudos já realizados e obter conclusões a partir de um determinado assunto de interesse (Baptista et al., 2012).
A revisão integrativa surge como um método de pesquisa capaz de proporcionar sínteses do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade prática dos resultados obtidos a partir da análise de estudos significativos (Souza, Silva & Carvalho, 2010).
Este tipo de levantamento bibliográfico da literatura édenominada integrativa pois é capaz de fornecer informações mais amplas sobre um determinado assunto, contribuindo assim, para a construção de conhecimento. Deste modo, pesquisas desta natureza podem ser realizadas com diferentes finalidades, como a definição de conceitos, revisão de teorias, análises metodológicas dos estudos revisados, entre outras (Ercole, Melo & Alcoforado, 2014).
Para a operacionalização desta proposta, foram utilizadas as seguintes etapas: formulação do problema ou questão norteadora; estabelecimento de critérios de seleção da amostra, coleta de dados, definição de informações a serem extraídas dos artigos selecionados (categorização), analise crítica dos dados coletados e apresentação dos resultados (Ercole et al., 2014; Souza et al., 2010).
Inicialmente foram determinadas como questões norteadoras para esta busca as seguintes perguntas: como o método fenomenológico empírico, proposto por Amedeo Giorgi, vem sendo utilizado em pesquisas em Psicologia no Brasil? Como este método é descrito e aplicado?
Partindo destes questionamentos, a busca por estudos foi realizada junto à Biblioteca Virtual de Saúde - Psicologia (BVS - Psi) acessando as bases de dados Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePsic) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO); ao Portal de Periódicos CAPES e à base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Em um primeiro momento, as buscas foramnorteadas pelo termo "Método fenomenológico", no entanto, por se tratar de um termo amplo, foi necessário refiná-la fazendo uso também do termo "Amedeo Giorgi" a fim de filtrar resultados para pesquisas que fizeram uso do método proposto pelo referido autor.
Os estudos foram triados seguindo os critérios de inclusão previamente estabelecidos: estudos nacionais no formato de artigos científicos; disponíveis na íntegra em meio eletrônico; desenvolvidas na área de Psicologia; que fizeram uso do método fenomenológico empírico proposto por Amedeo Giorgi; que estivessem dentro do recorte temporal dos últimos dez anos. Ao limitar a busca em produções nacionais, tem-se como foco mapear produções científicas brasileiras e ampliar conhecimentos sobre como o método está sendo utilizado na produção de conhecimento científico em psicologia no país.
Nesta etapa foi compilado o total de 23 artigos, dentre estes, 14 foram incluídos nesta amostra; os demais que somam o total de nove publicações foram excluídos por não se encaixarem nos critérios estabelecidos previamente. Dentre os estudos excluídos estão duas dissertações e sete artigos de língua estrangeira.
Quanto aos 14 estudos incluídos, observou-se que seis apareceram em mais de um banco de dados, portanto, a amostra analisada a seguir foi composta por oito artigos encontrados nos bancos de dados utilizados como fonte (Tabela 01).
Após a compilação da amostra, foi realizada leitura do material a fim de extrair dados para realização da análise. Nesta etapa, as informações foram categorizadas a partir dos seguintes dados: título da publicação, autor (es), ano de publicação, periódico, tipo de estudo (teórico/empírico), tema, objetivos, descrição e aplicação do método, assim como, os principais resultados encontrados a fim de reunir dados para análise e construção de uma síntese integrativa.
A análise dos dados coletados foi realizada de forma descritiva, o que permite observar, descrever detalhes, classificar dados a fim de reunir conhecimento acerca do tema explorado durante a revisão (Souza et al., 2010)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O período estipulado no levantamento de dados abrange 10 anos, o que corresponde ao intervalo de 2006 a 2016. Neste período foram encontrados artigos publicados nos anos de 2008 (um artigo), 2009 (um artigo), 2010 (dois artigos), 2011 (um artigo), 2013 (um artigo), 2014 (um artigo) e 2015 (um artigo), o que revela uma média de menos de uma publicação por ano. Ainda que os métodos fenomenológicos sejam amplamente utilizados em pesquisas científicas (Branco, 2014), o que se observa neste levantamento é um numero pouco expressivo de publicações nacionais nos últimos 10 anos referentes ao uso do método fenomenológico empírico proposto por Giorgi dentro da psicologia, reafirmando a importância de compreensão do método e uma reflexão crítica sobre suas possibilidades de aplicação.
Dentre os oito artigos analisados, cinco são publicações de um mesmo periódico, Revista da Abordagem Gestáltica; um no periódico Estudos de Psicologia (Campinas); um no periódico Psicologia em Estudo e um no Boletim de Psicologia. O número expressivo de publicações em um mesmo periódico traz a tona alguns questionamentos sobre a possibilidade de veiculação de pesquisas desta natureza. DeCastro e Gomes (2011) chamam atenção que em levantamentos bibliográficos realizados anteriores a década de 1990 foi observada a inexistência de periódicos especializados em publicações de artigos sobre fenomenologia ou método fenomenológico, panorama modificado em 2006, quando da inclusão no corpo editorial do periódico Revista da Abordagem Gestáltica, alguns tópicos referentes a publicações de pesquisas fenomenológicas. Atualmente vários outros periódicos publicam artigos sobre pesquisas fenomenológicas, ainda sim, o que se observou neste levantamento foi uma concentração de publicações acerca do método em analise em uma única revista nos últimos dez anos.
Por ter como principal foco a vivência ou experiências do sujeito (Amatuzzi, 2009), é possível observar, dentre as publicações analisadas, uma prevalência de pesquisas fazendo uso de investigações empíricas, aspecto esse corroborado neste levantamento. Foi observada predominância de pesquisas empíricas, somando o total de seis artigos dentre os oito analisados. Vale ressaltar, como já foi mencionado anteriormente, que o caráter empírico se dá quando da utilização de dados captados a partir de instrumentos como entrevistas e observações sem qualquer tipo de controle artificial para tal, sendo estes predominantes em pesquisas qualitativas fenomenológicas (DeCrastro & Gomes, 2011).
Os demais artigos (dois) se detiveram em analisar teoricamente aspectos do método empírico fenomenológico proposto por Giorgi, trazendo contribuições de extrema importância para a compreensão de sua aplicação e análise, tendo em vista escassez de publicações de revisão teórica acerca do método em questão sinalizado neste levantamento.
Quanto aos temas abordados nestas publicações, foi identificada uma variedade de objetos de pesquisa, entre empíricas e teóricas, a partir do referencial fenomenológico que perpassam por aspectos clínicos de determinados fenômenos, como o luto por viuvez, a compreensão sobre o brincar na gestalt-terapia e a sexualidade feminina (Ferreira, Leão & Andrade, 2008; Möller & Andrade, 2011; Rodrigues & Nunes, 2010); aspectos relacionados a saúde, entre esses, a saúde mental no trabalho e a vivência de familiares cuidadores de portadores de Alzheimer (Pérez Gibert & Cury, 2009; Brasil & Andrade, 2013); o fazer psicológico, neste caso, relacionado a atuação de psicólogos em Centros de Referência em Assistência Social - CRAS (Flor & Goto, 2015); além de investigações de cunho teórico que discutem aspectos históricos, compreensão e aplicação do método proposto por Giorgi (Andrade & Holanda, 2010; Branco, 2014).
Esta ampla variação de objetos de pesquisa revela a possibilidade de aplicação do método em diferentes contextos a fim de investigar fenômenos relacionados à vivência e experiências do sujeito, aspecto observado desde o seu surgimento em meados da década de 1960-1970, fator este também já identificado em levantamentos bibliográficos realizados anteriormente no Brasil que apontam como resultado as pesquisas que perpassam por investigações sobre o contexto escolar e aprendizagem, área da saúde e hospitalar, aspectos clínicos, relações familiares, dentre outros (Branco, 2014; DeCastro & Gomes, 2011).
Quanto aos objetivos, observou-se dentre os 06 artigos referentes a pesquisas empíricas a predominância de objetivos voltados a compreender a experiência do sujeito e, a partir desta, acessar a essência dos fenômenos estudados (Ferreira et al., 2008; Pérez Gibert & Cury, 2009; Möller & Andrade, 2011; Brasil & Andrade, 2013; Flor & Goto, 2015), com exceção de 01 artigo que apresentou como objetivo a elaboração de conhecimento sistematizado acerca de um tema específico a partir da compreensão de psicoterapeutas (Rodrigues & Nunes, 2010).
A respeito desses estudos é possível afirmar que seus objetivos são claros e o foco de suas análises foi direcionado a ampliar a compreensão acerca do método em questão e discutir questões históricas referentes ao surgimento do mesmo. Ambos destacam a importância de produção de conhecimento teórico sobre os fundamentos e aplicação do método tendo em vista as diferentes interpretações sobre sua utilização (Andrade & Holanda, 2010; Branco, 2014).
Sobre o método de pesquisa, observou-se predominância da descrição da pesquisa fenomenológica empírica enquanto pesquisa qualitativa de orientação fenomenológica, nas quais a análise segue o método fenomenológico proposto por Amedeo Giorgi. Andrade e
Holanda (2010) referem que pesquisa fenomenológica é uma forma de pesquisa qualitativa que busca a elucidação do vivido com o foco em seus significados. Brasil e Andrade (2013) destacam que na proposta de Giorgi, o foco é a essência do fenômeno, buscando o sentido da experiência humana. Pérez Gibert e Cury (2009) ressaltam que em pesquisas desta natureza a ênfase é dada à palavra e o mais importante é a compreensão do fenômeno e não a sua verificação.
Em todas as pesquisas empíricas revisadas, a análise dos dados seguiu as quatro etapas propostas por Giorgi que versam sobre procedimentos técnicos de compreensão do sentido global da experiência; separação em unidades de significados a partir de leituras e releituras do material coletado; produção de sínteses estruturais nas quais as unidades de significados serão transformadas em expressões de caráter psicológico; e posteriormente sínteses do vivido que busca desvelar a essência do fenômeno estudado (Andrade & Holanda, 2010; Möller & Andrade, 2011; Brasil & Andrade, 2013).
Cinco, dentre os seis estudos utilizaram exclusivamente a análise proposta por Giorgi, enquanto que uma das pesquisas fundamentou a análise metodológica em dois autores, Amedeo Giorgi e Antônio Coppe. Rodrigues e Nunes (2010) submeteram os dados inicialmente às quatro etapas propostas por Giorgi e posteriormente a mais três etapas propostas por Coppe.
Como instrumento, a entrevista se mostrou predominante, configurando-se como entrevista aberta em dois estudos (Pérez Gibert & Cury, 2009; Flor & Goto, 2015), semiestruturada em três (Ferreira et al., 2008; Möller & Andrade, 2011; Brasil & Andrade, 2013) e questionário fechado em uma pesquisa (Rodrigues & Nunes, 2010). De acordo com Andrade e Holanda (2010), a entrevista é um recurso amplamente utilizado em pesquisa fenomenológica para o alcance da compreensão do fenômeno tendo em vista suas possibilidades de acesso a experiência vivida, seus sentidos e significados para o entrevistado, favorecendo assim a compreensão de como diferentes sujeitos experienciam uma condição comum a eles.
No que se refere aos resultados das pesquisas analisadas nesta revisão, foi observado que a proposta metodológica adotada proporcionou o aprofundamento em experiências e vivências através de relatos dos entrevistados, favorecendo a ampliação de conhecimento sobre os fenômenos investigados. Apontam achados sobre a significação e ressignificação de experiências, como o processo de luto frente a viuvez e, em outros contextos, o desvelar de aspectos do fazer psicológico, assim como, conflitos, barreiras e dificuldades enfrentadas na prática de psicólogos em diferentes espaços como a clínica, organizações e no cenário da assistência social, mais especificamente, em Centros de Atenção Psicossocial - CRAS).
Seguindo com as contribuições identificadas a partir dos resultados dos estudos aqui revisados, é possível afirmar que favoreceram significativamente a produção de conhecimento científico referente a temas como o brincar em gestalt-terapia, a sexualidade feminina, a reconfiguração de campo do familiar cuidador de portadores de Alzheimer e suas necessidades, dentre outros aspectos desvelados para além dos objetivos principais dos estudos. Para Andrade e Holanda (2010) é comum em pesquisa fenomenológica o alcance de resultados novos e inesperados, tendo em vista que o pesquisador fenomenólogo permanece, no decorrer da pesquisa, em posição orientada a descoberta, aberta ao novo e às diversas possibilidades criativas de compreensão do objetivo estudado. Um fator importante a ser destacado pelos resultados dos estudos teóricos compilados nesta revisão desenvolvidos por Andrade e Holanda (2010) e Branco (2014) é a necessidade de investir em estudos sobre aspectos do método em si e a reflexão crítica sobre conceitos e sua aplicação prática, tendo em vista a grande diversidade de perspectivas metodológicas e a importância de esclarecer e delimitar modos de fazer pesquisa em psicologia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do levantamento realizado foi possível compreender que o método fenomenológico, ainda que em crescente ascensão no Brasil, quando se trata da fenomenologia empírica proposta por Amedeo Giorgi, a produção publicada em periódicos científicos ainda é escassa, todavia, os estudos revisados apontam que sua utilização traz contribuições de suma importância para a compressão do ser humano, de suas experiências e vivências, sendo este um material valioso para as ciências psicológicas.
Portanto, se faz importante considerar que a escolha pela realização de uma revisão integrativa permitiu sistematizar importantes dados acerca da produção científica referente ao método fenomenológico proposto por Amedeo Giorgi, assim como, sobre a sua aplicação em pesquisas no âmbito da Psicologia, trazendo a tona e dando visibilidade à produção nacional em fenomenologia empírica. Compilar, analisar, descrever e correlacionar artigos científicos produzidos em um determinado recorte temporal, permite refletir criticamente acerca da produção, apontar conquistas e lacunas, contribuindo assim para o desenvolvimento de novos estudos na área em questão.
A revisão proposta neste artigo, para além de ampliar a compreensão sobre o método fenomenológico e sua utilização no Brasil, reafirma a importância e necessidade de publicar estudos nacionais que estimulem a discussão e reflexões críticas sobre a fenomenologia empírica proposta por Amedeo Giorgi, frente a escassez de publicações desta natureza no Brasil.
Referências
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Nota sobre as autoras
Rebecca Barata Moreira: Psicóloga/UFPA. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia Clínica e Social/UFPA, na linha de Fenomenologia Teoria e Clínica. Integrante do Laboratório de Estudos do Luto e Saúde/LAELS-UFPA. E-mail: rebeccamoreira@gmail.com
Airle Miranda de Souza: Professora Associada da UFPA, docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia/PPGP-UFPA; Doutora em Ciências Médicas/Saúde Mental/UNICAMP. E-mail: airlemiranda@gmail.com
Recebido em: 15/05/2016
Aprovado em: 22/07/2016