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Estudos Interdisciplinares em Psicologia

versão On-line ISSN 2236-6407

Est. Inter. Psicol. vol.12 no.2 Londrina maio/ago. 2021

https://doi.org/10.5433/2236-6407.2021v12n2p01 

EDITORA

 

A psicologia frente a um novo normal: acenos para consequências da pandemia para a subjetividade

 

 

Maíra Bonafé Sei; Maria Lúcia Mantovanelli Ortolan; Nathália Tavares Bellato Spagiari

Universidade Estadual de Londrina

 

 

A vida caminha para um novo (de)sossego. Com os avanços da vacinação nos países temos todos sido convidados a retomar uma normalidade anormal, como é a da contemporaneidade. Recomeça-se ou se intensifica o movimento das ruas, os sinais das escolas e o barulho dos teclados e condicionadores de ar nos escritórios. O tempo retorna a passar mais rápido e as horas de lazer, principalmente as fora de casa, voltam a ser escassas ou inexistentes, agora assumindo que seja por falta de tempo e ânimo, e não mais por decretos sanitários.

Sabíamos que a catástrofe sanitária que assola, ainda, o mundo, juntamente com as inúmeras movimentações políticas importantes em diversos pontos do planeta iriam afetar de maneira imprevisível a subjetividade das pessoas, dos grupos e das sociedades. Parece que já estamos nessa fase na qual os restos pandémicos se presentificam nos sintomas sociais (re)atuais.

A discussão sobre pandemia e território foi tema de importantes publicações do Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia (PPGCSPA), da Universidade Estadual do Maranhão. A pandemia escancarou a desigualdade social no Brasil e no mundo. A discussão sobre territorialidade é resgatada, principalmente, a partir da evidéncia do grau de precariedade das condições de vida das populações marginalizadas, dificultando, ou melhor, impossibilitando, as medidas de isolamento social, quarentena ou confinamento. Em alguns casos, observou-se situações nas quais o isolamento não pôde ser realizado e outros nos quais houve uma negação quanto à importância deste tipo de medida.

Se a pandemia denuncia grandes problemas estruturais sociais, ela também acentua outras problemáticas. No que tange ao alcoolismo, estima-se que, após a atual situação sanitária, nos depararemos com uma possível epidemia de pessoas dependentes químicas1. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em conjunto com as Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG) e Campinas (UNICAMP), em maio de 2020, apresentou os resultados de uma pesquisa com 44 mil brasileiros, indicando que 18% destes aumentaram o consumo de álcool durante a pandemia2. O aumento do consumo de álcool pode estar associado a fatores emocionais, considerando que, dentre os entrevistados, 40% relataram que ao longo da pandemia se sentiram tristes ou deprimidos frequentemente e 54% relataram estar ansiosos ou nervosos, sendo que, nestes grupos o aumento da ingestão alcoólica foi de 24%, acima da média geral.

No início de 2021, o Fórum Econômico Mundial realizou uma pesquisa no Chile, Brasil, Peru e Canadá, evidenciando a piora da saúde mental das populações, durante a pandemia3. Em 2020, a Fiocruz, em conjunto com o Ministerio a Saúde, produziu uma cartilha sobre suicídio na pandemia COVID-19, evidenciando os fatores situacionais relacionados à pandemia que são potencializadores de ações suicidas, como o medo, isolamento, solidão, desesperança, acesso reduzido a suporte comunitário e religioso/espiritual e dificuldade de acesso ao tratamento em saúde mental4.

Mais uma vez, enfatizamos a importância da produção científica nos tempos de pandemia e pós-pandêmicos. Catástrofes mundiais deixam destroços, físicos e subjetivos, que se mantêm ao longo das gerações, cabendo ao aparato científico e político dar tratamento aos restos sintomáticos que já estão se apresentando no contemporâneo de uma geração que ainda luta para poder respirar livre.

Boa leitura!

 

 

GERÊNCIA DE EDITORAÇÃO
Dra. Maíra Bonafé Sei, Universidade Estadual de Londrina, Brasil
CONSELHO EDITORIAL
Dra. Acácia Aparecida Angeli dos Santos, Universidade São Francisco, Brasil
Dra. Alexandra Anache, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Brasil
Dra. Andrea Bustos Ibarra, Pontificia Universidad Católica de Valparaiso, Chile
Dra. Evely Boruchovitch, Universidade de Campinas, Brasil
Dr. Manoel Antônio dos Santos, Universidade de São Paulo (Ribeirão Preto), Brasil
Dr. Roberto Calazans, Universidade Federal de São João Del Rey, Brasil
Dr. Sebastián Urquijo, Universidad Nacional de Mar Del Prata, Argentina
COMISSÃO EDITORIAL
Maria Lúcia Mantovanelli Ortolan, Universidade Estadual de Londrina
Nathália Tavares Bellato Spagiari, Universidade Estadual de Londrina
APOIO TÉCNICO
Ana Carolina Moraes Silva, Universidade Estadual de Londrina
1 https://www.medicina.ufmg.br/professor-preve-epidemia-de-dependentes-quimicos-apos-pandemia-de-covid-19/
2 http://aun.webhostusp.sti.usp.br/index.php/2021/01/29/pandemia-da-covid-19-e-quarentena-aumentaram-o-consumo-nocivo-de-alcool-aponta-estudo/
3 https://www.paho.org/pt/noticias/9-9-2021-apos-18-meses-pandemia-covid-19-opas-pede-prioridade-para-prevencao-ao-suicidio
4 https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/05/cartilha_prevencaosuicidio.pdf

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