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versão impressa ISSN 2359-0769versão On-line ISSN 2359-0777
Rev. Subj. vol.17 no.2 Fortaleza maio/ago. 2017
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v17i2.5991
RELATOS DE PESQUISA
Contato interpessoal com homossexuais e crenças sobre a adoção homoparental
Interpersonal contact with homosexuals and beliefs about homoparental adoption
Contacto interpersonal con homosexuales y creencias sobre la adopción homoparental
Contact interpersonnel avec des homosexuels et croyances sur l'adoption homoparentale
Elder Cerqueira-Santos (Lattes)I; Bruno de Brito Silva (Lattes)II; Hênio dos Santos Rodrigues (Lattes)III; Lizandra Dos SantosIV; Ludgleydson Fernandes Araújo (Lattes)V
IPós-Doutorado pela University of Toronto (Canada), Doutor em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul / University of Nebraska - USA e Professor do PPG em Psicanálise: Clínica e Cultura / UFRGS
IIDoutorando em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Psicologia Social pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), com período sanduíche na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
IIIGraduado em Educação Física Licenciatura pela Universidade Tiradentes. Discente do curso de Psicologia pela Universidade Federal de Sergipe
IVUniversidade Federal de Sergipe
VPsicólogo, Doutor em Psicologia pela Universidad de Granada (Espanha) com período sanduíche na Università di Bologna (Itália) e Professor orientador do Programa de Pós-Graduação (Stricto Sensu) em Psicologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI)
RESUMO
O presente estudo objetivou investigar a relação entre o contato interpessoal com homossexuais e as crenças sobre a adoção por casais do mesmo sexo. A hipótese principal do estudo foi de que os sujeitos com maior nível de contato interpessoal apresentam características mais favoráveis à homoparentalidade. Utilizou-se instrumento de caráter quantitativo, exploratório e analítico (survey com desenho quase-experimental) através de coleta on-line, da qual participaram 732 indivíduos, os quais foram direcionados aleatoriamente para um de três cenários com histórias acerca de casais adotantes (heterossexuais, gays e lésbicas). Os participantes responderam questionário sociodemográfico, sucedido de instrumentos sobre religiosidade e espiritualidade, posicionamento político e crenças sobre homossexualidade. A análise dos dados encontrou relação estatisticamente significativa entre as variáveis intensidade do contato e adoção homoparental. Verificou-se que os participantes foram mais favoráveis à adoção quando o casal adotante era formado por heterossexuais, seguido de lésbicas, com maior rejeição para os gays. Discute-se o impacto se medidas de apoio à diversidade e incentivo à adoção por casais homoafetivos fossem garantidas.
Palavras-chave: adoção; homossexualidade; homoparentalidade.
ABSTRACT
The present study aimed to investigate the relationship between interpersonal contact with homosexuals and beliefs about adoption by same-sex couples. The main hypothesis of the study was that subjects with a higher level of interpersonal contact presented more favorable characteristics to homo-parenting. A quantitative, exploratory and analytical instrument (survey with quasi-experimental design) was used through on-line collection, with the participation of 732 individuals, who were randomly assigned to one of three scenarios with stories about adoptive couples (heterosexual, gay, and lesbian). Participants answered sociodemographic questionnaire about religious and spirituality, political positioning and beliefs about homosexuality. The data analysis found a statistically significant relationship between the variables of contact intensity and homoparental adoption. It was found that participants were more favorable to adoption when the adoptive couple were heterosexual, followed by lesbians, with more rejection for gays. The impact is discussed if measures to support diversity and encourage adoption by homosexual couples were guaranteed.
Keywords: adoption; homosexuality; homoparentality
RESUMEN
El objetivo del presente trabajo fue investigar la relación entre el contacto interpersonal con homosexuales y creencias sobre la adopción por parejas de mismo sexo. La hipótesis principal del estudio fue la de que los sujetos con mayor nivel de contacto interpersonal presentan características más favorables a la homoparentalidad. Fue utilizado instrumento de carácter cuantitativo, exploratorio y analítico (survey con diseño casi-experimental) por medio de recogida on-line, de la cual participaron 732 individuos, que fueron direccionados al azar para uno de los tres escenarios con historias acerca de parejas adoptantes (heterosexuales, gays y lesbianas). Los participantes respondieron cuestionario socio-demográfico, sucedido de instrumentos sobre religiosidad y espiritualidad, posición política y creencias sobre homosexualidad. El análisis de los datos encontró relación estadísticamente significativa entre las variables intensidad del contacto y adopción homoparental. Fue comprobado que los participantes fueron más favorables a la adopción cuando la pareja adoptante era formada por heterosexuales, seguido de lesbianas, con mayor rechazo para los gays. Se discute el impacto si medidas de apoyo a la diversidad e incentivo a la adopción por parejas homoafectivas fueran garantizadas.
Palabras clave: adopción; homosexualidad; homoparentalidad.
RÉSUMÉ
Cette étude a objectivé chercher la relation entre le contact interpersonnel avec des homosexuels et les croyances sur l'adoption par des couples du même sexe. L'hypothèse principale de l'étude était que les sujets qui ont un niveau de relations interpersonnelles plus élevé ont des caractéristiques plus favorables à l'homoparentalité. On a utilisé des instruments de caractère quantitatif, exploratoire et analytique (enquête avec conception quasi expérimentale) à travers de questionnaire en ligne, dont 732 personnes ont participé. Les participants ont été ciblés au hasard pour un de trois scénarios avec des histoires de couples adoptants (hétérosexuels, homosexuels et lesbiennes). Les participants ont répondu des questionnaires sociodémographiques, suivis des instruments sur religiosité et spiritualité, positionnement politique et croyances sur l'homosexualité. L'analyse des données a trouvé une relation statistiquement significative entre les variables d'intensité du contact et l'adoption homoparentale. Il s'est vérifié que les participants ont été plus favorables à l'adoption quand le couple adoptif était formé par des hétérosexuels, suivi des lesbiennes, et un plus grand rejet pour les gays. On discute l'impact des mesures d'aide à la diversité et de l'incitation à l'adoption par des couples homosexuels.
Mots-clés: adoption; homossexualité; homoparentalité.
A adoção homoparental é compreendida como a modalidade de adoção em que os candidatos a adotantes são casais formados por homossexuais ou por apenas um indivíduo que se declara enquanto lésbica ou gay (Patterson, 2006). Em alguns estudos, utiliza-se o termo adoção por casais do mesmo sexo; no entanto, "adoção homoparental" inclui também pessoas solteiras que se autodeclaram homossexuais. A legislação sobre a permissão para este tipo de adoção se diferencia em diversos países. Na Europa, Bélgica, Dinamarca, Islândia, Holanda, Noruega, Espanha, Suécia e o Reino Unido permitem a adoção por dois homens ou duas mulheres, assim como por solteiros sem a necessidade de declarar a orientação sexual (Cerqueira-Santos & Santana, 2015; Costa et al., 2013).
Em 1995, quando da apresentação do projeto de lei da Parceria Civil Registrada-PCR (Brasil, 1995) nº 1151/1995, o Brasil incluía-se no rol de países que discutiam o amparo legal a relações amorosas entre pessoas do mesmo sexo. Entretanto, somente em 2011 casais homoafetivos conseguiram o direito oficial à união civil (Ação Direta de Inconstitucionalidade, 2011), assim como à possibilidade de adoção (com nome do casal registrado). Mas os direitos parentais de casais de gays e de lésbicas nem sempre estão sendo assegurados, uma vez que ainda depende de jurisprudência (Cerqueira-Santos & Santana, 2015; Uziel, Mello & Grossi, 2006).
No texto constitucional, no Código Civil e na Lei n° 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 42, homens e mulheres, independente da orientação sexual ou estado civil, são candidatos a adotantes. Em nenhum dos artigos e parágrafos do ECA existe discriminação de quais indivíduos são mais aptos a adotar, seja homossexual, seja heterossexual, mas sim que o processo adotivo deverá ter vantagens para o adotado. Dessa forma, o que se busca é a idoneidade e a capacidade do adotante para assumir os encargos da maternidade e/ou da paternidade (Zambrano, 2006). O que se apresenta no decorrer dos artigos é a tentativa de garantir um lar harmonioso, que preze a integridade física e psicológica do adotado, e que possibilite o desenvolvimento físico e mental saudável para a criança ou adolescente (Zambrano, 2006).
No entanto, no Brasil, famílias de casais homossexuais ainda carecem de reconhecimento social por conta do preconceito que recai sobre as relações homoafetivas (Borges & Diniz, 2007). Em estudo de revisão sistemática da literatura nacional, foram encontrados apenas dez artigos sobre a adoção homoparental na década de 2000 a 2010, sendo três artigos empíricos e sete teóricos (Cecílio, Scorsolini-Comin & Santos, 2013). Dentre as principais temáticas abordadas se destacaram: as questões relacionadas à adoção em si (legislação, mudanças históricas, etc.), as alternativas na busca da parentalidade e as preocupações com as consequências da adoção para as crianças (aspectos desenvolvimentais negativos e positivos).
Pode-se destacar uma primeira ideia equivocada, previamente concebida pelo senso comum,a de que filhos de pais gays e lésbicas vão experimentar mais dificuldades ou até apresentar distúrbios na área da identidade e expressão de gênero ou do sexo do que filhos de pais heterossexuais (Patterson, Fulcher & Wainright, 2002). Uma segunda categoria desse tipo de ideia envolve aspectos de desenvolvimento pessoal das crianças, com o argumento de que apresentariam mais dificuldades de adaptação, problemas de comportamento ou que seriam psicologicamente menos saudáveis que outras crianças (Borges & Diniz, 2007; Cecílio et al., 2013). Salienta-se ainda outra ideia preconcebida: a de que as crianças de pais gays e lésbicas vão ter dificuldade nas relações sociais e seriam estigmatizadas ou vitimizadas por pares. Finalmente, paira a ideia de que as crianças que vivem com os pais gays ou lésbicas seriam mais propensos a serem sexualmente abusados pelos pais ou por amigos e/ou conhecidos dos pais (Cecílio et al., 2013; Patterson et al., 2002).
A literatura acadêmica no âmbito das Ciências Humanas e Sociais não conseguiu aportar dados que ratifiquem qualquer uma dessas preocupações sobre as crianças educadas por pais gays e lésbicas (Patterson, 2000, 2004a; Perrin, 2002; Santos, Scorsolini-Comin & Santos, 2013; Tasker, 1999). Em estudo prévio, observou-se que as identidades sexuais (incluindo a identidade de gênero, o comportamento e o papel do gênero, e a orientação sexual) se desenvolvem em grande parte da mesma forma entre crianças criadas por casais homossexuais e heterossexuais (Patterson, 2004a). Ademais, tanto durante a infância quanto no decorrer da adolescência, os pais não parecem desempenhar um grande papel no desenvolvimento da identidade de gênero, mas são importantes em seu apoio ou rejeição (Pollock & Eyre, 2012).
Estudos realizados sobre o desenvolvimento pessoal com ênfase na personalidade, autoconceito e comportamento da criança revelam poucas diferenças entre aquelas criadas por mães lésbicas e filhos de pais heterossexuais (Patterson, 2004b; Perrin, 2002; Stacey & Biblarz, 2001; Tasker, 1999). Discute-se que as crianças de pais gays e lésbicas têm engajamento geral na vida social com os colegas, os pais, os familiares e os amigos compatíveis com crianças educadas em qualquer outro ambiente saudável (Tasker, 1999; Tasker & Golombok, 1997). O receio de que filhos de pais gays ou lésbicas possam ser abusados sexualmente por adultos, ou serem condenados ao ostracismo por seus pares, não receberam evidência empírica alguma (Patterson, 2000, 2004a; Perrin, 2002; Santos et al., 2013; Stacey & Biblarz, 2001; Tasker, 1999; Tasker & Golombok, 1997). Além disso, os resultados de pesquisa sugerem que o desenvolvimento, a adaptação e o bem-estar das crianças com pais gays e lésbicas não diferem marcadamente de crianças com pais heterossexuais (Cecílio et al., 2013; Patterson, 2000, 2004a; Perrin, 2002; Santos et al., 2013; Stacey & Biblarz, 2001; Tasker, 1999; Tasker & Golombok, 1997). Apesar da constatação da não existência de prejuízos da adoção homoparental, ainda existe grande preconceito sobre essas constituições familiares (Weiner & Zinner, 2015).
Uma forma de desmistificar tais pressupostos, ou preconceitos, é por meio do contato interpessoal com pessoas homossexuais (Allport, 1954). Pesquisas apontam que o contato interpessoal com um casal do mesmo sexo pode produzir aceitação social, comportamentos e atitudes mais favoráveis a essa formação familiar (Costa, Pereira & Leal, (2015); Lau, Lau & Loper, 2014; Loehr, Doan & Miller, 2015; West, Husnu & Lipps, 2015). As referidas atitudes são mediadas, ou não, pela homonegatividade - atitudes ou crenças negativas em relação à homossexualidade ou por afetos positivos (Costa et al., 2015; Lau et al., 2014; Loehr et al., 2015; West et al., 2015).
Em revisão do estado da arte sobre o contato interpessoal, grande parte dos estudos se basearam na hipótese de homogeneidade do exogrupo (outgroup) (Linville & Jones, 1980) e na hipótese de contato de Allport (1954) As duas teorias enfatizam a importância do contato intergrupal na redução da formação de estereótipos e preconceitos (Costa et al., 2015; Loehr et al., 2015; Smith, Axelton & Saucier, 2009; West et al., 2015). De acordo com a hipótese de homogeneidade do exogrupo, pessoas tendem a associar automaticamente características mais positivas para o seu grupo de pertença e características mais negativas para o exogrupo (outgroup) (Silva & Cerqueira-Santos, 2014). De acordo com a hipótese de contato, no entanto, o contato intergrupal pode ajudar a reduzir esse viés automático, reduzindo atitudes negativas para com o exogrupo (Allport, 1954). Grupos minoritários que são um alvo desse viés automático, como o de lésbicas e gays, mostram a necessidade de pesquisas psicossociais a respeito.
Em uma metanálise conduzida por Smith et al., (2009), observou-se que, entre os 41 estudos analisados, havia uma relação negativa significativa entre o contato interpessoal e preconceito sexual. Assim sendo, o contato com homens e mulheres homossexuais foi associado a uma redução, a um menor nível de preconceito sexual, em relação aos homossexuais. Esse achado foi ratificado em publicações recentes (Costa et al., 2015; Lau et al., 2014; Loehr et al., 2015; West et al., 2015) sobre os efeitos do contato interpessoal sobre o preconceito contra minorias sexuais. Diante do exposto, este artigo tem como objetivo principal investigar a relação entre o contato interpessoal com gays, lésbicas e casais homossexuais e as crenças sobre a adoção homoparental.
Método
Delineamento
Tratou-se de estudo de caráter quantitativo, exploratório e analítico (survey e desenho quase-experimental).
Participantes
A amostra foi constituída por indivíduos maiores de 18 anos, de diferentes perfis sociodemográficos, convidados a partir de uma chamada on-line para responder a pesquisa. A amostra foi aleatória e sem critérios específicos de inclusão. Com base no critério item/sujeitos, o número mínimo a ser alcançado era de 300 participantes, podendo extrapolar essa meta. Os convites foram amplamente divulgados para garantir que indivíduos de vários estados do Brasil respondessem, assim como para que se conseguisse uma boa proporção de diferentes perfis demográficos em termos de renda, escolaridade, sexo, orientação sexual, religião e posicionamento político.
Instrumentos
Foi utilizado um instrumento on-line baseado no estudo de Costa et al. (2013). Como desenho quase-experimental, os participantes foram encaminhados aleatoriamente a um dos três diferentes cenários, os quais descreviam uma breve história de um casal que pretende adotar uma criança. Cada cenário contou a mesma história, alterando apenas os nomes dos envolvidos, de forma a caracterizar os casais como heterossexual (Pedro e Martha), homossexual masculino (Marcelo e Marcos) e homossexual feminino (Lígia e Patrícia). Logo em seguida, os participantes responderam quatro perguntas sobre concordância ou discordância (em escala) para a adoção e possíveis práticas parentais: (a) "Considera que a 'Pessoa A' e a 'Pessoa B' serão bons pais (ou mães)?; b) "Pensa que se a 'Pessoa A' e a 'Pessoa B' adotarem, a criança poderá estar em risco de problemas emocionais?"; c) "Pensa que se a 'Pessoa A' e a 'Pessoa B' adotarem, a criança poderá ser gozada ou rejeitada pelos colegas na escola?"; e d) "Considera a 'Pessoa A' e a 'Pessoa B' bons candidatos (ou candidatas) a adotar uma criança?).
Numa segunda etapa, foram acessados os dados sociodemográficos dos participantes a partir de formulário padrão. Por fazer parte de um estudo maior, foram aplicados também um instrumento de oito perguntas sobre religiosidade/espiritualidade desenvolvido por Cerqueira-Santos, Koller e Wilcox (2008), unifatorial com alpha de 0,83; e um instrumento sobre posicionamento político (Costa et al., 2013) sem propriedades psicométicas; e um instrumento sobre crenças acerca da homossexualidade (Cerqueira-Santos et al., 2008), de três fatores e com alpha de 0,78. Além disso, no final do formulário havia perguntas sobre se os participantes tinham contato com pessoas homossexuais, em quais locais, qual o tipo/intensidade de contato com essas pessoas, e, em média, quantos amigos eram homossexuais. Essa última parte será a explorada no presente artigo.
Procedimentos para coleta de dados
Os participantes foram recrutados on-line, via e-mails e redes sociais. Foi possível filtrar a distribuição de postagens na rede social de forma que o acesso ao anúncio tenha sido feito de forma aleatória, mas em todos os estados do Brasil e apenas por maiores de 18 anos. A partir de um questionário criado no Google Docs, foi gerado um link, no qual os participantes tinham acesso à pesquisa, bem como ao termo de consentimento e à uma breve descrição sobre o estudo, a partir da qual era possível clicar no botão de concordar/prosseguir. Nesse momento, cada participante era direcionado aleatoriamente para um dos cenários de descrição da situação. O IP do computador ou qualquer mecanismo de acesso (telefone, tablet, etc.) foi identificado para que um indivíduo não participasse do estudo mais de uma vez. As respostas foram transferidas para o SPSS sem a identificação dos respondentes. Ao final do questionário, havia a possibilidade do respondente disponibilizar o seu e-mail para que, em um momento posterior, fosse informado dos resultados obtidos pela amostra em geral.
Análise de Dados
Os dados foram analisados quantitativamente a partir do programa estatístico SPSS, versão 2.0. Foram realizadas análises univariadas descrevendo a amostra pelos dados demográficos, respostas aos cenários e escores das escalas, a fim de caracterizar a amostra e fazer uma explanação inicial sobre as representações acerca da adoção homoparental. Análises bivariadas (testes t, ANOVA e correlação de Pearson) e multivariada (regressão linear) viabilizaram a comparação de grupos para as respostas sobre os cenários e a associação com as varáveis medidas pelas escalas. Vale ressaltar que foi utilizado o teste post hoc de Tukey para as análises ANOVA realizadas.
Aspectos éticos da pesquisa
Os aspectos éticos que garantem a integridade dos participantes deste estudo foram assegurados, com base na Resolução nº 466, que consiste em diretrizes e normas que regulam as pesquisas com os seres humanos (Conselho Nacional de Saúde, 2012) e na Resolução nº 016, do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2000). Além do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, afirmou-se a garantia de sigilo das informações pessoais, assim como foi disponibilizada a assistência do membro da equipe de pesquisa caso algum participante necessitasse de apoio psicológico provocado pela lembrança negativa de algum dos aspectos investigados. A pesquisa foi encaminhada ao Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de Sergipe efoi aprovado segundo Parecer consubstanciado nº 50367715.0.0000.5546.
Resultados
A amostra foi composta por 732 pessoas adultas da população em geral, tendo 49 (52,7%) se autodeclararam do gênero masculino e 417 (57%) se autodeclararam do gênero feminino. A respeito da orientação sexual, 406 pessoas (55,5%) se autodeclararam como heterossexuais, 113 bissexuais (15,4%) e 68 homossexuais (9,3%). A idade variou de 18 a 69 anos, com média de 27,60 anos (DP = 8,93), sendo a graduação incompleta o nível de escolaridade de maior relevância na amostra (50,7%). A renda individual média foi R$1.985,00 (DP = 2347). Acerca da religião, houve maior concentração para a católica, com 259 sujeitos (35,4%).
No que concerne à cor da pele, a maioria se autodeclarou pardo(a) (n=381; 52%). Com relação ao estado civil, 516 (70,5%) eram solteiros(as), sendo que 23% (n = 168) dos participantes eram pais. Ademais, considerando o contato interpessoal, 406 indivíduos participantes (52,5%) afirmaram ter de 5 ou mais amigos(as) homossexuais, gays e/ou lésbicas.
Com relação à variável índice de contato interpessoal (ver Tabela 1) foram encontradas diferenças estatisticamente significativas para as variáveis gênero, idade, renda, estado civil escolaridade, religião e número de amigos. No caso do gênero, indicando que os autodeclarados como do sexo masculino (M=2,12; DP=1,17) possuíam maiores médias de contato que as mulheres (M=1,97; DP=1,06), com t = 1,79 e p = 0,009. Quanto à idade, mostrando que os indivíduos acima de 25 anos, considerados "mais velhos" (M= 2,03; DP= 1,04), pontuaram mais que aqueles considerados mais novos (M= 2,02; DP= 1,04), com t = -0,09 e p= 0,007. E a variável renda mostrou que os participantes que recebiam ou possuíam valor inferior a R$955,00 (M= 1,92; DP= 1,06) pontuaram menos no índice que aquelas com renda superior a esse valor (M= 2,15; DP= 1,15), com t= -2,68 e p= 0,005.
No que diz respeito ao desfecho, apresentaram também significância estatística as análises de variância conduzidas com a escolaridade, com maior média para indivíduos na pós-graduação (M=2,30; DP= 1,13) do que para aqueles que tinham superior completo (M= 1,97; DP= 1,08) ou outros níveis de escolaridade (fundamental completo e incompleto; médio completo e incompleto) (M=1,69; DP= 1,08), com F=9,24 e p= 0,000.
A variável estado civil também apresentou diferenças significativas, com maiores médias para aqueles em união estável (M= 2,25; DP= 1,30) e para os(as) solteiros(as) (M= 2,06; DP=1,08) do que para os(as) casados(as) (M= 1,90; DP= 1,12) e aqueles em outros estados civis (viúvo/a e divorciado/a) (M= 1,15; DP= 1,0), com F = 2,63 e p = 0,04.
A variável religião também mostrou significância estatística, com F= 17,07 e p = 0,000, sendo que o teste post hoc de Tukey apontou diferenças entre todos os grupos (p < 0,02), com médias maiores para os ateístas (M= 2,57; DP= 1,14) do que para católicos (M= 1,86; DP= 1,04) e protestantes/evangélicos (M= 1,50; DP= 0,94); assim como a variável orientação sexual, com maiores médias para aqueles que se autodeclararam como exclusivamente homossexuais (M= 2,77; DP= 1,06)do que para os bissexuais (M= 2,25; DP= 1,16) e os exclusivamente heterossexuais (M= 1,80; DP= 1,06), com F = 28,61 e p = 0,000, indicando o teste post hoc de Tukey diferenças entre todos os grupos (p < 0,005).
No que concerne à variável número de amigos, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no cruzamento com as variáveis escolaridade, estado civil", religião e orientação sexual, indicando resultados na direção complementar ao encontrado para o contato (ver Tabela 1).
Já em relação à variável de desfecho intensidade de contato, observou-se diferenças estatisticamente significativas para as mesmas variáveis sociodemográficas: escolaridade; estado civil; religião; e orientação sexual; todas na direção sugerida pelas análises anteriores (ver Tabela 1).
Sobre as quatro questões relativas à concordância ou discordância (em escala) para a adoção e à possíveis práticas parentais de casais homoparentais da história, foi observada também a relação para com as variáveis sociodemográficas. Verificou-se a existência de diferenças estatisticamente significativas para o estado civil, sendo as maiores médias indicando concordância para adoção entre aqueles em união estável (ver Tabela 2)
No que tange à variável religião, houve significância estatística mostrando que os(as) ateístas demonstraram maior aceitação para adoção por casais gays e lésbicos (Tabela 2). O teste post hoc de Tukey mostrou diferenças estatisticamente significativas entre todos os grupos no escore de avaliação do casal gay (p < 0,003) e no escore de avaliação do casal lésbico (p < 0,04).
Ademais, no que concerne à orientação sexual (ver Tabela 2), a maior média de aprovação da adoção, tanto para o escore do casal gay como para o do casal lésbico, foram para os exclusivamente homossexuais, seguido dos bissexuais. O teste post hoc de Tukey mostrou diferenças estatisticamente significativas entre os exclusivamente heterossexuais para com bissexuais (p < 0,02) e também dos primeiros para com exclusivamente homossexuais (p < 0,001) no que concerne ao escore de avaliação do casal gay, mas não foram encontradas diferenças intergrupos para o escore de avaliação do casal lésbico.
Análises de correlação de Pearson foram realizadas com base nos resultados significativos apresentados a priori (Tabela 3). No que concerne ao casal gay, foram encontradas correlações positivas significativas entre a variável índice de local de contato e as perguntas se seriam bons pais (p<0,000), se a criança correria risco de problemas emocionais pela adoção (p<0,000), se haveria rejeição por parte dos pares no ambiente escolar da criança (p=0,003), se seriam bons candidatos a adoção (p<0,000), e também para com o escore geral de avaliação do casal gay (p<0,000).
No que diz respeito ao casal lésbico, verificaram-se correlações positivas significativas entre as variáveis índice de local de contato e as perguntas se a criança correria risco de problemas emocionais pela adoção (p<0,000), se haveria rejeição por parte dos colegas de escola da criança (p<0,001), se seriam boas candidatas a adoção (p<0,000), como também para o escore geral de avaliação do casal lésbico (p<0,000). No entanto, encontrou-se uma correlação positiva não significativa entre o índice de local de contato para com a pergunta que aborda se elas seriam boas mães.
Observou-se também, como já esperado, correlações positivas significativas entre as perguntas dos cenários de avaliação do casal gay e do casal lésbico supracitadas. Além disso, foram observadas correlações significativas positivas entre as perguntas e o escore final, constituído para ambas as formações de casais.
A Tabela 4 mostra uma análise multivariada tendo como variável desfecho o escore realizado a partir das perguntas sobre a concordância ou discordância (em escala) para a adoção homoparental, tanto de gays como de lésbicas. O modelo final apresentou variância explicada de 26,9% para casais lésbicos e de 36,4% para casais gays, que considera as variáveis idade, renda individual dos participantes, escolaridade, orientação sexual e intensidade de contato interpessoal com outros homossexuais, e o escore da escala de religiosidade. A intensidade do contato é a variável mais significativa para associação com o desfecho adoção homoparental para ambos os casais supracitados. O modelo mostra que, para o casal gay, as variáveis intensidade de contato, escore de religiosidade e a idade influenciam em relação à representação da adoção homoparental gay. Enquanto que, para o casal lésbico, as variáveis intensidade de contato, escore de religiosidade, escolaridade e orientação sexual entraram como preditoras da representação sobre a adoção homoparental lésbica.
Discussão
O objetivo do presente estudo foi investigar a relação entre o contato interpessoal com gays, lésbicas e casais homossexuais e as representações sobre a adoção homoparental em termos de práticas parentais e aspectos do desenvolvimento infantil. Permeada de uma ampla discussão, a adoção de crianças por casais homossexuais diverge a opinião dos cidadãos integrantes da sociedade brasileira. Apesar de não ser vedada, a adoção por pessoas homossexuais é alvo de debates no campo jurídico, tendo maior repercussão e visibilidade a partir de 2011 (Cerqueira-Santos & Santana, 2015). o imaginário social ainda é permeado e fundamentado, no entanto, por um modelo conservador de família, que abriga uma visão arraigada de preconceitos acerca da adoção em geral. No caso do julgamento sobre pessoas homossexuais adotantes, corre a ideia de que a maculação do modelo tradicional de família pode causar danos no desenvolvimento da criança.
De forma antagônica a essas concepções acerca da adoção por casais homossexuais, estudos prévios têm demonstrado que tal preocupação não tem fundamento com base em evidências de pesquisa (Cecílio et al., 2013; Patterson, 2000, 2004a; Perrin, 2002; Rosa, Melo, Boris & Santos, 2016; Santos et al., 2013; Stacey & Biblarz, 2001; Tasker, 1999; Tasker & Golombok, 1997) e que crianças criadas por casais do mesmo sexo podem se desenvolver de forma saudável tanto quanto aquelas criadas por casais heterossexuais.
Os dados exploratórios deste estudo revelam um percentual de contato e grau de intimidade com pessoas homossexuais maior do que já relatado em estudo anterior com medidas semelhantes (Cerqueira-Santos et al., 2007). Tal fato pode ser consequência de uma maior visibilidade da população gay e lésbica e pode indicar mudanças positivas na representação acerca de homossexuais, uma vez que questões relacionadas à sexualidade vêm tomando maior espaço de debate e divulgação na sociedade. Além disso, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos das variáveis gênero, idade, renda, escolaridade, religião, estado civil e orientação sexual com relação ao índice de local de contato. Nesse sentido, deve ser considerado que tal visibilidade e contato pode ainda ser parcial, mas com efeito na amostra geral.
Foi constatada a hipótese central de que o preconceito demonstrado na avaliação de casais homossexuais para a adoção está associado ao grau de contato com pessoas homossexuais. De acordo com a literatura, aspectos que fundamentam tais preconceitos acerca dos homossexuais partem da premissa de que o "estilo de vida" do homossexual não permite a construção de uma família ou a possibilidade deles(as) criarem uma criança física e psicologicamente saudável (Costa et al., 2015; Patterson, 2000, 2004a).
Um dos aspectos que fundamentam tais argumentos negativos advém do distanciamento que indivíduos heterossexuais tomam em relação aos sujeitos não heterossexuais, ou seja, a hipótese do contato (Allport, 1954). A falta de contato interpessoal entre homossexuais e heterossexuais alimenta representações sobre esse grupo minoritário. Nesse sentido, a imagem disseminada por veículos midiáticos e outros setores da sociedade, demonizando/sexualizando/inferiorizando o homossexual, é o que parece presente no imaginário social.
Tal visão contribui para que esse viés seja disseminado, impactando diretamente nas tentativas dos indivíduos homossexuais de garantirem igualdade de direitos, principalmente em relação à adoção e à constituição, e o devido reconhecimento de formações familiares não heteronormativas. É fato, porém, que os dados de estudos corroboram em caráter transversal que, a partir do momento em que sujeitos que não possuem qualquer contato com o universo LGBT começam a se integrar e interagir com ele, a visão acerca de gays e lésbicas, bem como de suas famílias, pode sofrer mudanças positivas (Cecílio et al., 2013; Costa et al., 2015; Lau et al., 2014; Loehr et al., 2015; Santos et al., 2013; West et al., 2015).
Além da hipótese do contato, este estudo levantou a influência da variável religião, que se mostrou significativa no modelo final das regressões como negativamente associadas à aprovação dos casais gays e lésbicos. Conforme Miskolci (2009), o pensamento religioso conservador muitas vezes "expressa as expectativas, as demandas e as obrigações sociais que derivam do pressuposto da heterossexualidade como natural e, portanto, fundamento da sociedade" (p. 156). Assim, indivíduos justificam sua avaliação a partir de uma regra geral baseada numa crença dogmática de universalidade. Outros estudos vêm mostrando associações positivas entre altos níveis de religiosidade e preconceito contra homossexuais (Silva et al., 2008; Sung, 2015).
Outro aspecto evidenciado pelas análises de correlações de Pearson e regressão linear, entretanto, aponta uma predileção em relação à parentalidade lésbica em detrimento da formada por gays. Os resultados do presente estudo levam à reflexão acerca do conceito da maternidade, que deu para as mulheres uma ordem aparentemente menos questionável ao apresentar que o casal de lésbicas estaria mais apto para adotarem, seriam boas mães e que as crianças sofreriam menores risco de rejeição de pares ou outros riscos emocionais (Badinter, 1985). Conforme apontaram Araújo, Oliveira, Sousa e Castanha (2007), o modelo psicodinâmico que foi popularizado e distorcido coloca como papel fundamental da mulher a criação das crianças, o que pode gerar a ideia de que a figura feminina é indispensável na dinâmica familiar.
Consideração finais
O presente artigo mostra a relevância do contato interpessoal na desmistificação de representações negativas sobre a adoção homoparental, reafirmando a ideia de que a proximidade das relações com gays e lésbicas, mesmo para aqueles que não integram tal grupo social, possibilitam uma maior compreensão intra e intergrupal. Mesmo com a influência de outros aspectos demográficos, a variável de contato mostrou-se forte nas análises realizadas, sugerindo que os dados corroboram a hipótese teórica.
Apesar da relevância dos dados apreendidos neste estudo, podem-se destacar algumas limitações. Pode haver discrepâncias entre as respostas coletadas e os comportamentos e atitudes em relação à adoção homoparental dos participantes, que porventura podem não ter sido captados pela metodologia utilizada no presente estudo (questionário on-line). Destaca-se ainda que o fato de que a amostra concentrar um perfil de maior renda, maior nível de escolaridade e residentes do nordeste do Brasil. Apesar da tentativa de randomização on-line, o ambiente de proximidade dos pesquisadores atraiu mais respondentes (universitários do nordeste). Nesse sentido, sugere-se que estudos futuros possam trabalhar com outras populações, como não universitários, com uma renda inferior ou com menor escolaridade; além de se utilizarem de outros métodos e instrumentos de coleta, a exemplo das entrevistas presenciais em profundidade, ou da ampliação de estudos quase-experimentais dos cenários usados no presente estudo.
Apesar das limitações, este estudo enfatiza a importância do contato interpessoal na dissolução de preconceitos. Por fim, se faz necessário realçar a importância desses achados no ambiente universitário, formador de profissionais e de opinião para a sociedade contemporânea, assim como as reverberações que esse ambiente educacional pode ter sobre a implementação de ações contra o preconceito e a favor da diversidade conjugal e familiar.
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Recebido em: 09/12/2016
Revisado em: 20/05/2017
Aceito em: 15/06/2017