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Revista Brasileira de Orientação Profissional
versão On-line ISSN 1984-7270
Rev. bras. orientac. prof v.10 n.2 São Paulo dez. 2009
ARTIGOS ORIGINAIS
Extroversão e socialização em estudantes de Psicologia e Engenharia
Extroversion and agreeableness in Psychology and Engineering students
Extraversión y socialización en estudiantes de psicología e ingeniería
Maiana Farias Oliveira Nunes*; Acácia Aparecida Angeli dos Santos** 1; Neíza Bezerra Santos Galvão***
Universidade São Francisco, Itatiba-SP, Brasil
RESUMO
O objetivo deste estudo foi analisar traços de Extroversão e Socialização em estudantes de Engenharia e Psicologia, assim como verificar diferenças entre eles, considerando-se as variáveis curso e sexo. Participaram 110 universitários de Engenharia (n=73) e Psicologia (n=37), com média de idade de 22,6 anos (DP=5,33), sendo 78 do sexo masculino e 31 do sexo feminino. Foram utilizadas a Escala Fatorial de Extroversão e a Escala Fatorial de Socialização, ambas de autoria de Nunes e Hutz. Houve diferenças de média associadas ao sexo nos dois fatores de personalidade, mais destacadamente em Socialização. Encontraram-se alguns níveis diferentes na expressão desses fatores de personalidade ao comparar os cursos. Os resultados são discutidos em termos das características mais predominantes identificadas, considerando-se os fundamentos teóricos assumidos.
Palavras-chave: Traços de personalidade, Avaliação psicológica, Estudantes universitários.
ABSTRACT
The present paper aimed at analyzing the personality factors Extroversion and Agreeableness with Psychology and Engineering students, and also verify differences related to course and sex. One hundred ten students participated in this study: Engineering, (n=73), Psychology (n=37), mean age 22.6 (SD= 5.33), males (n=78) and females (n=31). The Escala Fatorial de Extroversão (Extroversion Factorial Scale) and the Escala Fatorial de Socialização (Agreeableness Factorial Scale) were used to measure those two personality traits, both created by Nunes and Hutz. There were differences in the means according to sex related to both personality factors, mainly to Agreeableness. Different levels were observed to occur in the expression of those personality factors, by the students of the two courses analyzed. Results were discussed in terms of the prevaling aspects identified, as based on the theoretical frame adopted.
Keywords: Personality traits, Psychological assessment, College students.
RESUMEN
El objetivo de este estudio fue analizar vestigios de Extraversión y Socialización en estudiantes de Ingeniería y Psicología, así como verificar diferencias entre ellos, considerando las variables curso y sexo. Participaron 110 universitarios de Ingeniería (n=73) y Psicología (n=37), con media de edad de 22,6 años (DP=5,33), siendo 78 del sexo masculino y 31 del sexo femenino. Se utilizó la Escala Factorial de Extraversión y la Escala Factorial de Socialización, ambas de autoría de Nunes y Hutz. Hubo diferencias de media asociadas al sexo en los dos factores de personalidad, más notorias en Socialización. Se encontraron algunos niveles diferentes en la expresión de esos factores de personalidad al comparar los cursos. Los resultados son discutidos en términos de las características más predominantes identificadas, considerando los fundamentos teóricos asumidos.
Palabras clave: Vestigios de personalidad, Evaluación psicológica, Estudiantes universitarios.
Extroversão e Socialização, de acordo com o Modelo dos Cinco Grandes Fatores da Personalidade, são duas importantes dimensões da personalidade, uma vez que relacionam-se com a qualidade e quantidade de interações sociais preferidas pelas pessoas. O fator Socialização descreve, por um lado, comportamentos que sugerem, quando em níveis elevados, uma tendência a ser socialmente agradável, caloroso, dócil e a prover apoio. Por outro lado, níveis baixos sugerem atitudes de hostilidade, indiferença aos outros, egoísmo e inveja (Hutz e cols., 1998; Nunes & Hutz, 2007a, 2007b).
Já o fator de personalidade Extroversão refere-se ao quanto as pessoas são comunicativas, falantes, ativas, assertivas, responsivas e gregárias. Níveis elevados nesse fator indicam tendências das pessoas serem bastante comunicativas, preferirem estar em grupos, terem facilidade para fazer novos amigos e falarem em público, serem mais assertivas e dinâmicas, entre outras. Níveis baixos nesse fator indicam pessoas mais introvertidas, que tendem a ter poucos amigos e preferem ficar sozinhas, sendo mais tímidas e reservadas, além de menos assertivas e dinâmicas (Hutz e cols., 1998; Nunes & Hutz, 2007a, 2007b).
Algumas variáveis sócio-demográficas podem interferir na intensidade da expressão dos traços de personalidade, como é o caso do sexo. A esse respeito, o fator Extroversão apresentou diferenças estatisticamente significativas associadas ao sexo, apesar dessa diferença ter tido um efeito pequeno, conforme apresentado no manual de uma escala para avaliação dessa dimensão (Nunes & Hutz, 2007b). Nesse caso, os homens apresentaram médias mais elevadas que as mulheres. Contudo, ao analisar a dimensão Extroversão em uma bateria que avalia os cinco fatores de personalidade, a variável sexo não apresentou diferença estatisticamente significativa de média (Nunes, Hutz, & Nunes, 2009).
De modo semelhante, no que diz respeito a diferenças de sexo na dimensão Socialização, foram verificadas diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (Nunes & Hutz, 2007a), em que as mulheres tiveram médias mais altas. De maneira consistente, no que diz respeito à Socialização, avaliada por meio da mesma bateria para avaliação dos cinco fatores, houve diferenças de média associadas ao sexo, sendo que as mulheres apresentaram médias mais elevadas que os homens (Nunes, Hutz, & Nunes, 2009).
Outros estudos também apontam que o fator Socialização apresenta diferença de média associada ao sexo, como é o caso da pesquisa de Gándara, Ortiz e Tello (2006). Esses autores verificaram, em um grupo de 852 alunos com idades entre 8 e 15 anos, que as mulheres apresentam média estatisticamente mais elevada que os homens nesse fator da personalidade. Não foram verificadas diferenças estatisticamente significativas no fator Extroversão nessa pesquisa.
De modo semelhante, o estudo de Bartholomeu, Nunes e Machado (2008), com 126 universitários do curso de Educação Física, encontrou diferenças estatisticamente significativas no fator Socialização entre homens e mulheres, sendo que as últimas apresentaram média mais elevada. As médias mais elevadas das mulheres no fator Socialização são resultantes de elas indicarem que emitem mais freqüentemente comportamentos de gentileza, preocupação com o próximo, demonstrações de maior confiança nas pessoas, maior aderência às regras de conduta e apresentação de menos comportamentos agressivos que os homens. Os autores, contudo, não destacaram a causa das diferenças observadas, por entenderem o fenômeno como multicausal, decorrente da interação entre variáveis biológicas e culturais, não sendo objetivo do trabalho que realizaram abordar a complexidade de tais questões e também não sendo possível, a partir da metodologia correcional adotada, tratar das causas dos fenômenos.
No que se refere à relação entre essas duas dimensões de personalidade entre si, Nunes, Hutz e Nunes (2009) não encontraram correlação significativa entre o fator geral de Socialização, avaliado pela Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) e o fator Extroversão, medido pelo Revised NEO Personality Inventory (NEO-PI-R) em um grupo de 38 estudantes de psicologia. Esse resultado é semelhante ao estudo de Bruck e Allen (2003), que identificaram fraca correlação entre essas duas dimensões da personalidade (r=0,22) em uma amostra de 164 trabalhadores, que foram avaliados por meio do NEO-Five Factor Inventory (NEO-FFI).
Na mesma direção, os resultados da pesquisa de Baker, Victor, Chambers e Halverson Jr. (2004) não apresentaram índices de correlação significativos entre essas duas dimensões da personalidade, quando avaliaram 164 estudantes do ensino médio. Esses dados, em conjunto, sugerem que, apesar de Socialização e Extroversão serem dimensões que buscam avaliar as relações interpessoais, o foco de ambas é diverso, uma vez que a primeira focaliza a qualidade das relações e, a segunda, a sua quantidade. Outra ressalva deve ser feita quanto às pesquisas supracitadas, no sentido de que elas utilizaram medidas gerais desses fatores de personalidade, e não as facetas de cada um, o que implicaria, por exemplo, focalizar as facetas denominadas amabilidade, pró-sociabilidade e confiança, que compõem o fator mais amplo, conhecido como Socialização.
Considerando a importância dada às relações interpessoais nos vários âmbitos da vida, verifica-se que Socialização e Extroversão têm-se mostrado associadas a tipos específicos de interesses profissionais, às dificuldades de escolha da profissão, a sintomas depressivos, ao bem-estar subjetivo, a sintomas associados ao transtorno anti-social, entre outros (Nunes, Hutz, & Nunes, 2009; Nunes, Hutz, & Giacomoni, 2009; Nunes, Nunes, & Hutz, 2006). Desse modo, observa-se que esses construtos apresentam aplicabilidade em áreas diversas da psicologia, sendo especialmente úteis quando se focaliza questões relacionadas à orientação profissional.
Entre os comportamentos relacionados à carreira, a escolha da profissão pode estar relacionada com características de personalidade. Nesse sentido, diversos estudos têm se dedicado mais especificamente a identificar diferenças individuais relevantes no que diz respeito à intensidade de expressão dos traços de personalidade para a realização de escolhas relacionadas à carreira (Ackerman & Beier, 2003; Bozionelos, 2004; Joly, Nunes, & Istomé, 2007; Lounsbury e cols., 2003; Primi e cols., 2002). Em outras palavras, é possível que haja características mais comuns em pessoas com o mesmo interesse profissional e que se vinculam à mesma área de trabalho (Holland, 1959, 1997). Pesquisas brasileiras que focalizam a relação entre características de personalidade e a opção pela psicologia como curso superior são trazidas a seguir.
Bueno, Lemos e Tomé (2004) investigaram os motivos pelos quais estudantes optam pelo curso de psicologia e indicaram que estes podem estar relacionados à busca de crescimento pessoal ou pelo desejo de compreender e ajudar o ser humano. Em sua pesquisa com 120 estudantes desse curso, os autores identificaram que havia alto interesse por atividades de cunho social ou assistencial e baixo interesse por atividades relacionadas a cálculos.
Anteriormente, em uma investigação que combinou a análise de entrevistas e questionários de 146 estudantes de Psicologia, Magalhães, Straliotto, Keller e Gomes (2001) verificaram que os estudantes fizeram a escolha do curso principalmente por terem desejo de ajudar (75%), pela busca de crescimento pessoal (20%), pelo fascínio pelo conhecimento psicológico (62,5%) e busca de competência interpessoal (22,5%). Todavia, não foram encontrados estudos semelhantes que fizessem o mesmo com alunos de Engenharia. Foi possível recuperar apenas um estudo (Ito & Soares, 2008) que tratou do planejamento de carreira de jovens concluintes da graduação em Engenharia, porém nesse caso tratou-se de um estudo exploratório, que contou apenas com quatro alunos, não sendo recomendada a generalização dos resultados.
Por sua vez, o estudo de Noronha e Ambiel (2008) verificou as diferenças de interesses profissionais em 122 alunos de Educação Artística, Psicologia e Veterinária. Os autores usaram o Self-Directed Search-SDS e a Escala de Aconselhamento Profissional. Os alunos dos três cursos tiveram médias estatisticamente diferentes nos tipos de interesse Realista, Investigativo, Artístico e Social. No tipo Realista, que envolve trabalhos com elementos concretos, interesse por matemática e situações de pouca interação social, os alunos de Psicologia tiveram a média mais baixa. Já no Investigativo, que trata de tarefas com elementos mais abstratos, que exigem reflexão e concentração para a solução de problemas complexos, os alunos de Psicologia tiveram as médias mais altas. No tipo Artístico, os alunos de Educação Artística tiveram média mais elevada, destacando o uso da criatividade, o trabalho com tarefas não estruturadas e introspectivas. Por fim, os alunos de Psicologia tiveram médias mais altas nos interesses Sociais, que destacam trabalhos assistenciais, de ensino ou aconselhamento, e de cuidado dos outros. Esse tipo de pesquisa, apesar de tratar de interesses profissionais e não de personalidade, também é relevante para o foco do presente trabalho, uma vez que destaca características particulares de alunos de cursos variados. Ainda, vale ressaltar que outros estudos sugerem relação consistente entre interesses e personalidade (Bueno e cols., 2004; Nunes & Noronha, 2009; Primi e cols., 2002), além de autores importantes na área de Orientação Profissional, como Holland (1997), defenderem que os interesses profissionais são uma forma de expressão da personalidade no âmbito do trabalho.
Mais especificamente sobre a relação entre interesses e personalidade, a investigação de Nunes e Noronha (2009) tratou das associações entre esses construtos medidos pelo SDS e pela Bateria Fatorial de Personalidade, que avalia a personalidade por meio dos Cinco Grandes Fatores. Esse estudo abordou 115 adolescentes em Orientação Profissional do estado do Paraná e verificou que os níveis dos traços de personalidade contribuíram de forma significativa na previsão dos interesses. Quanto aos traços de Extroversão e Socialização, que são os alvos do presente estudo, ambos auxiliaram na previsão dos interesses Sociais, enquanto apenas o fator Extroversão contribuiu para a compressão do interesse Empreendedor, que envolve atividades profissionais de argumentação, vendas, liderança e persuasão.
O estudo em tela partiu do pressuposto que estudantes de áreas como a Psicologia e Engenharia teriam perfis diferenciados, haja vista para o rol diversificado de habilidades e competências que cada um deles visa desenvolver no aluno. Nesse sentido, buscou analisar os traços de Extroversão e Socialização de alunos dos dois cursos.
Acredita-se que estudos com esse foco são úteis no trabalho com Orientação e Aconselhamento de Carreira, uma vez que auxiliam na caracterização das pessoas que optam por cursos de áreas profissionais variadas, sendo essa uma informação que poderá ser integrada aos resultados da análise dos interesses profissionais e de outros dados relevantes no momento de escolha de profissão.
Desse modo, pesquisas com esse enfoque são relevantes por ajudar a compreender os aspectos de personalidade característicos em diversos cursos universitários. Adicionalmente, buscou-se verificar a existência de possíveis diferenças associadas ao sexo dos participantes na expressão dessas características de personalidade. Como a amostra que participou da presente pesquisa foi selecionada por conveniência, pretendeu-se também comparar os resultados obtidos com os dados normativos dos instrumentos escolhidos, que foram compostos por pessoas de diferentes estados brasileiros, de ambos os sexos e de idades variadas.
MÉTODO
Participantes
A amostra foi por conveniência e realizada em uma universidade particular do interior de São Paulo. Participaram 110 alunos estudantes do 1º ano de cursos de Engenharia (n=73) e Psicologia (n=37), ambos do período noturno. Os alunos de Engenharia cursavam diferentes cursos (Engenharia Civil, Elétrica, Eletrônica, Mecânica), que responderam aos instrumentos quando cursavam disciplinas de núcleo comum. As idades variaram entre 17 e 46 anos (M=22,6 e DP=5,33), sendo que houve 78 alunos do sexo masculino (71,6%) e 31 do sexo feminino (28,4%), e um participante não forneceu essa informação. Quanto à distribuição dos sexos separadamente nos dois cursos, houve nove homens e 28 mulheres no curso de Psicologia, e 69 homens e três mulheres nos cursos de Engenharia. Já quanto à idade, os alunos de Psicologia tiveram média de 23,5 anos (DP=7,1) e os de Engenharia 21,3 (DP=3,9).
Instrumentos
Para a coleta de dados foram utilizadas a Escala Fatorial de Extroversão (EFEx) (Nunes & Hutz, 2007b) e a Escala Fatorial de Socialização (EFS) (Nunes & Hutz, 2007a). As duas escalas serão descritas a seguir.
Escala Fatorial de Extroversão-EFEx
A EFEx (Nunes & Hutz, 2007b) é um instrumento para mensurar uma dimensão da personalidade associada à quantidade das relações interpessoais típicas das pessoas. A EFEx foi desenvolvida no Brasil, considerando os valores culturais, diversidades regionais e especificidades de quadros clínicos no país (Nunes & Hutz, 2006). Ela avalia Extroversão a partir de quatro facetas: Nível de Comunicação (E1), Altivez (E2), Assertividade (E3) e Interações Sociais (E4). Trata-se de uma escala de auto-relato composta por 57 itens, que são respondidos em escala Likert de 7 pontos, quanto ao grau de concordância (opções de resposta variam de 1 a 7, entre discordo totalmente e concordo totalmente).
A primeira faceta, Nível de Comunicação (E1) é composta por 19 itens que descrevem o quanto as pessoas acreditam ser comunicativas e expansivas. Avalia a facilidade que a pessoa apresenta para falar em público, falar de si própria, conhecer novas pessoas e desenvolver vínculos interpessoais. Escores altos representam pessoas bastante comunicativas, escores baixos, pouco comunicativas. Já a faceta Altivez (E2) é composta por 14 itens que descrevem a percepção das pessoas sobre a sua capacidade e valor. Escores muito elevados sugerem pessoas que se autovalorizam excessivamente, do mesmo modo que o fazem com seus pertences e conquistas. Por outro lado, escores baixos indicam pessoas mais humildes e que tendem a não se gabar pelo que possuem ou por suas capacidades.
Por sua vez, a faceta Assertividade (E3) é composta por 10 itens relacionados à tomada de decisões, capacidade de expressar opiniões, dinamismo, liderança, nível de atividade e motivação. Escores altos sugerem pessoas dinâmicas, que tendem a gostar de assumir posições de liderança e de influenciar os outros verbalmente. Escores baixos sugerem pessoas que preferem não expressar sua opinião de maneira enfática, que são mais concentradas nas tarefas que realizam e que preferem fazer uma atividade por vez. A quarta faceta da EFEx, Interações Sociais (E4), é composta por 14 itens que descrevem indivíduos que buscam ativamente situações que permitam contato com outras pessoas, como festas, atividades em grupo, entre outros. Pessoas com escores altos tendem a ser gregárias, a preferir trabalhar em grupo, a gostar de ambientes com muita gente, entre outros. Diferentemente, pessoas com escore mais baixo nessa faceta tendem a preferir tarefas isoladas e introspectivas, tendo um grupo reservado de amigos.
A EFEx encontra-se com parecer favorável pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), apresentando evidências de validade e precisão adequadas para uso profissional do psicólogo. O estudo principal de validade de construto foi realizado em uma amostra com 1.084 pessoas de ambos os sexos, sendo 62,7% mulheres, de vários estados do país e com escolaridade variada. Essas pessoas foram usadas para criar as tabelas normativas do instrumento. No que diz respeito à precisão, foi verificado que a consistência interna (alpha de Cronbach) apresentou valores de 0,90; 0,78; 0,78 e 0,83 para E1, E2, E3 e E4, respectivamente. A escala geral (EXTRO) apresentou uma consistência interna de 0,91.
Escala Fatorial de Socialização-EFS
A EFS (Nunes & Hutz, 2007a) foi desenvolvida no Brasil com base nas definições dessa dimensão pelo modelo dos Cinco Grandes Fatores da Personalidade (Nunes & Hutz, 2007c). É uma escala objetiva, composta por 70 itens de auto-relato, que avaliam Socialização, que é um componente da personalidade que descreve a qualidade das relações interpessoais dos indivíduos. Os itens são respondidos em escala Likert de 7 pontos, em que o sujeito indica a concordância com as afirmativas (opções de resposta variam de 1 a 7, entre discordo totalmente e concordo totalmente). A EFS é composta por três facetas, a saber, Amabilidade (S1), Pró-Sociabilidade (S2) e Confiança nas Pessoas (S3).
A faceta Amabilidade (S1) agrupa 33 itens que descrevem o quanto se procura ser atencioso, compreensivo e empático com os demais, observando suas opiniões, sendo educado com eles e se importando com suas necessidades. Escores elevados sugerem preocupação com necessidades alheias e proatividade para resolução de problemas das pessoas, com a intenção de fazê-las se sentir bem. Por outro lado, escores baixos indicam insensibilidade com os problemas de outras pessoas e, em alguns casos, hostilidade. Pró-Sociabilidade (S2) agrupa 23 itens que descrevem comportamentos de risco, concordância ou confronto com leis e regras sociais, moralidade, auto e hetero-agressividade e padrões de consumo de bebidas alcoólicas. Escores elevados sugerem preocupação em seguir regras de conduta e falta de interesse por comportamentos de risco, enquanto pessoas com escore baixo tendem a apresentar maior freqüência de comportamentos de risco, de manipulação e agressividade com os demais. Por fim, a faceta Confiança nas Pessoas (S3) é composta por 14 itens, que buscam avaliar o quanto se confia nos outros, nas suas intenções e integridade. Escores elevados sugerem pessoas que confiam nos outros, que tendem a ser pouco ciumentas e a acreditar que os outros não a prejudicarão. Escores baixos indicam pessoas desconfiadas, ciumentas e que podem ter alguns pensamentos persecutórios, no sentido de achar que os outros a prejudicarão espontaneamente.
A EFS também recebeu parecer favorável do CFP e suas evidências de validade e precisão serão brevemente apresentadas a seguir. O estudo da estrutura interna da EFS foi realizado com uma amostra composta por 1.100 pessoas de ambos os sexos, com idade média de 21,4 anos, sendo 70,1% mulheres, de várias partes do país, com diferentes níveis de escolaridade, que compuseram a amostra de normatização da escala. Sobre a precisão da mesma, S1, S2 e S3 obtiveram consistência interna (alfa de Cronbach) de 0,91, 0,84 e 0,80 respectivamente. A escala geral (SOC) apresentou uma consistência interna de 0,92.
Procedimentos de coleta e análise de dados
Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e a autorização para a coleta de dados pelos coordenadores dos cursos de Engenharia e Psicologia, a presente pesquisa foi realizada, tendo sido indicados por eles os horários e as turmas disponíveis para participar. A aplicação dos instrumentos foi coletiva, após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos participantes. Como forma de cuidado metodológico para controlar o possível efeito da resposta a uma escala sobre as respostas à escala seguinte, a ordem de aplicação dos instrumentos foi variada, sendo que, em algumas turmas aplicou-se primeiro a EFS e depois a EFEx, em outras, o contrário.
Os dados foram analisados quantitativamente, sendo apresentadas, a seguir, a comparação de médias com o grupo normativo dos testes, a análise de diferenças de média associadas ao sexo e curso e a correlação entre Socialização e Extroversão. A comparação dos participantes com a amostra normativa da EFEx e EFS foi realizada para verificar se a amostra escolhida apresentava características próximas a um grupo mais representativo da realidade brasileira, de modo a gerar mais confiança às interpretações feitas sobre os resultados nos fatores. Sobre a análise de diferenças de média por sexo, essa foi procedida pelo fato de algumas pesquisas consultadas e referenciadas na fundamentação desse trabalho terem indicado diferenças significativas e essa ser uma informação relevante para os Orientadores Profissionais e de Carreira. Por fim, a correlação entre Extroversão e Socialização foi realizada para a amostra completa e separadamente por curso, de modo a verificar se havia diferenças na expressão desses fatores entre pessoas com diferentes interesses profissionais, expressos por suas escolhas de curso universitário. A comparação de médias com o grupo normativo foi feita com o programa Quick T Test e as demais, com o SPSS, tendo-se adotado o nível de significância p<0,05.
RESULTADOS
A comparação das médias do grupo presentemente pesquisado com o grupo normativo apresentados nos manuais da EFEx e EFS (Teste t de Student) permitiu observar que houve diferença de média significativa apenas em S1 e S2 (S1: t(399)= 3,348, p<0,001 e S2: t(399)= 2,202, p<0,05). Em ambos os casos, o grupo de homens da amostra normativa do teste teve escores mais altos que do grupo aqui pesquisado, sugerindo menores níveis de Amabilidade e Pró-Sociabilidade para os alunos do sexo masculino de Psicologia e Engenharia. Assim, os estudantes presentemente consultados apresentaram baixa frequência de comportamentos que demonstram preocupação com o bem-estar dos outros, poucas ações de gentileza e exibição de pouca empatia (baixa Amabilidade) e de maior frequência de comportamentos de risco, de auto e hetero-agressividade e de confronto a regras sociais (baixa Pró-Sociabilidade).
A análise que se seguiu envolveu a verificação de diferenças de média associadas ao sexo (Teste t de Student) com os estudantes de Psicologia e Engenharia. Esses dados são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1
Médias e desvio-padrão dos resultados das duas escalas e suas dimensões e comparação entre os sexos (n=109, sendo 78 homens e 31 mulheres)
A partir da Tabela 1 é possível observar que houve diferenças estatisticamente significativas em E3, S1, S2 e SOC. No caso da faceta Assertividade (E3), os homens apresentaram média mais elevada, enquanto em Amabilidade, Pró-Sociabilidade e no fator geral de Socialização as mulheres tiveram média mais alta. Vale destacar que houve uma diferença marginalmente significativa em S3 (Confiança nas pessoas, em que as mulheres também apresentaram média mais alta). Assim, os homens tenderam a expressar mais ativamente sua opinião e a ser mais dinâmicos, enquanto as mulheres tenderam a ser mais gentis, preocupadas com os outros, a cumprir as regras sociais e a apresentar poucos comportamentos de risco ou agressivos.
A análise que se segue diz respeito às diferenças de média associadas ao curso. A Tabela 2 traz os dados resultantes.
Tabela 2
Teste t de Student para verificar diferenças relacionadas ao curso (Psicologia e Engenharia), com dados sobre média e desvio-padrão
É possível verificar que apenas as facetas E1 (Comunicação) e E4 (Interações Sociais) não apresentaram diferença estatisticamente significativa de média ao comparar alunos de Psicologia e Engenharia. No caso de Altivez e Assertividade (E2 e E3, respectivamente), os estudantes de Engenharia apresentaram médias mais altas, sugerindo que se auto-valorizam com mais frequência, seja no que se refere a suas capacidades ou a suas posses e, ainda, tendem a expressar mais sua opinião, a gostar mais de assumir posições de liderança e a preferir atividades dinâmicas.
Por sua vez, os estudantes de Psicologia tiveram média mais alta que os de Engenharia em todas as facetas de Socialização e neste fator geral. Esse dado sugere que os alunos de Psicologia tendem a ser mais amáveis, mais preocupados com o bem-estar do próximo, a confiar mais nas boas intenções dos outros, a seguir com maior frequência as regras da sociedade e a ser menos agressivos.
Na sequência, é apresentada a correlação entre os fatores Extroversão e Socialização para a amostra completa (Tabela 3) e para a amostra separada por curso (Tabela 4). A análise de correlação foi realizada separadamente por curso uma vez que houve diferenças de média significativas associadas a essa variável em quase todos os aspectos dos dois fatores de personalidade.
Tabela 3
Correlação entre Extroversão e Socialização com a amostra completa, contando com os estudantes de Psicologia e Engenharia
Nota: *p<0,05; **p<0,01
Tabela 4
Correlação entre Extroversão e Socialização, separando-se os resultados de estudantes de Psicologia e Engenharia
Nota: *p<0,05; **p<0,01
Observa-se que os fatores gerais de Extroversão e Socialização não apresentaram correlação significativa com a amostra completa. Contudo, ao analisar as facetas dos fatores, houve sete correlações significativas, que variaram de -0,52 a 0,30. Verifica-se, por exemplo, que na medida em que as Interações Sociais aumentam (E4), há uma tendência de aumento do nível de Amabilidade (S1), ou seja, pessoas que tendem a preferir maior contato social e atividades em grupo também relataram ser pessoas que se preocupam com os outros e que tentam ajudar os demais. Por sua vez, aquelas com maior Altivez (E2) tenderam a ter menores níveis de Pró-Sociabilidade (S2) e menores níveis de Confiança nos outros (S3).
Em outras palavras, quanto à relação entre E2 e S2, houve uma tendência de que as pessoas que se auto-valorizavam de uma maneira mais explícita eram aquelas que informaram ter mais comportamentos de risco e agressivos, a dar menor importância às regras de conduta e a ter preferência por manipular as situações de acordo com sua necessidade. De modo coerente, pessoas com níveis mais elevados de Altivez (E2) tenderam a confiar menos nos outros (S3), ou seja, aquelas pessoas que valorizam excessivamente o que são e o que possuem, tendem a desconfiar das intenções dos outros e a apresentar maior frequência de comportamentos ciumentos. Na sequência, as correlações entre Extroversão e Socialização são analisadas considerando os alunos dos dois cursos separadamente (Tabela 4).
Do mesmo modo que ocorreu quando se considerou a amostra completa, não houve correlação significativa entre os fatores gerais Extroversão e Socialização. Com os alunos de Psicologia, houve quatro correlações significativas, que variaram de -0,59 a 0,37. No caso dos estudantes de Engenharia, houve mais correlações significativas (dez ao todo), sendo que essas variaram de -0,44 a 0,37. É possível perceber que houve alguns padrões de correlação que diferiram quando se analisou os estudantes separadamente por curso. Nos alunos de Psicologia, por exemplo, houve uma tendência de quanto maior o nível de Confiança nas pessoas (S3), maior a Assertividade (E3), ou seja, as pessoas que tenderam a possuir uma visão mais positiva dos outros e de suas intenções também indicaram ser pessoas que gostam de assumir posições de liderança, que dizem ser mais dinâmicas e que possuem maior facilidade para expressar sua opinião.
Por sua vez, os estudantes de Engenharia que apresentaram maior nível de Comunicação (E1) tenderam a informar ter maior nível de Amabilidade (S1) e de Confiança (S3), sugerindo que aqueles que têm maior facilidade para se comunicar em público ou com pessoas desconhecidas e que gostam de se comunicar com os outros, tenderam a ser mais gentis e atenciosos com as necessidades dos outros e também a apresentar uma visão mais favorável sobre as intenções destes. Ainda, houve uma tendência de que os alunos que indicaram maior nível de Assertividade (E3) também apresentaram médias elevadas em Pró-Sociabilidade (S2), indicando que aqueles que preferem assumir posições de liderança e que conseguem expressar suas opiniões com maior facilidade, tendem a cumprir regras sociais, a emitir pouco ou nenhum comportamento de risco ou de agressividade com o grupo que convive. Por fim, os alunos que tiveram escores mais altos em Interações Sociais (E4) tenderam a ter escores elevados em Amabilidade (S1), sugerindo que aqueles que preferem estar em grupo são pessoas que se preocupam mais com as necessidades alheias, que são mais bondosas e gentis com os demais.
Considerando a totalidade dos resultados, verificaramse poucas diferenças significativas entre o grupo pesquisado e a amostra normativa das Escalas Fatoriais de Socialização e de Extroversão. Houve mais diferenças por sexo nas facetas de Socialização, enquanto apenas a faceta Assertividade (do fator Extroversão) revelou diferença estatisticamente significativa no que tange ao sexo. Ao analisar as diferenças de média entre os cursos, houve maioria de diferenças estatisticamente significativas, o que sugere a existência de expressões diferenciadas desses traços de personalidade na amostra consultada. Por fim, as correlações entre os fatores Extroversão e Socialização revelaram magnitudes de fracas a moderadas, em que se observou, com a amostra completa, que a faceta Assertividade foi a única que não se relacionou significativamente com as facetas de Socialização.
DISCUSSÃO
O estudo de características de personalidade associadas à escolha da profissão tem sido feito por alguns pesquisadores, que argumentam que pessoas de uma mesma profissão tendem a compartilhar certos valores e crenças (Ackerman & Beier, 2003; Holland, 1959, 1997). Desse modo, estudos que visam analisar traços de personalidade em diferentes cursos universitários podem auxiliar a esclarecer certas expectativas teóricas sobre o que é mais típico de alunos de certas áreas profissionais, o que pode auxiliar profissionais que atuam na orientação e aconselhamento de carreira. Contudo, deve-se lembrar que as características de personalidade são um aspecto, entre outros possíveis e desejáveis, de serem analisados e discutidos em processos de orientação e aconselhamento de carreira.
Esse estudo analisou diferenças nos traços de Extroversão e Socialização em alunos cursos de Engenharia e de Psicologia, além de ter verificado diferenças associadas ao sexo. Ao lado disso, explorou também a associação entre as duas dimensões da personalidade.
A análise de diferenças de média por sexo entre os estudantes de Psicologia e Engenharia revelou que a dimensão Extroversão apresentou pouca variação, o que demonstra coerência com os achados de outras pesquisas (Gándara e cols., 2006; Nunes & Hutz, 2007b; Nunes, Hutz, & Giacomoni, 2009). De modo consistente com outros estudos (Bartholomeu e cols., 2008; Gándara e cols., 2006; Nunes & Hutz, 2007a; Nunes, Nunes, & Hutz, 2009), houve diferenças mais marcantes associadas ao sexo em termos dos níveis de Socialização. Nessa amostra específica, as mulheres tenderam a ser mais amáveis e bondosas com os demais, a confiar mais nos outros, a ter menos comportamentos agressivos e a cumprir as regras de conduta.
As correlações observadas entre as facetas Socialização e Extroversão foram diferentes da expectativa, no sentido de que houve correlações de fracas a moderadas, seja considerando a amostra completa como separada por curso. No entanto, há uma diferença entre o presente estudo e as pesquisas recuperadas (Baker e cols., 2004; Bruck & Allen, 2003; Nunes, Hutz, & Giacomoni, 2009), no que se refere ao fato de que presentemente foram analisadas as facetas de Extroversão e Socialização, e nas outras pesquisas analisaram-se apenas os resultados dos fatores gerais. Os atuais resultados foram coerentes com as outras pesquisas no sentido da ausência de correlação significativa entre os fatores gerais de Extroversão e Socialização. Por fim, vale destacar que houve algumas correlações significativas que foram restritas aos alunos de Psicologia ou aos de Engenharia, o que poderá auxiliar a compreender perfis de funcionamento psicológico de cada um. Apesar disso, deve-se lembrar que esses resultados restringem-se a uma amostra de um estado brasileiro específico, com uma quantidade relativamente pequena de pessoas, que não necessariamente possuem as mesmas características de outros estudantes desses cursos.
Ao observar os padrões de resposta dos alunos dos dois cursos, houve mais diferenças de média em termos de Socialização que de Extroversão, sendo que os alunos de Psicologia tenderam a ter níveis mais elevados de Socialização, enquanto os de Engenharia, maiores escores de Extroversão. Esse dado pode estar associado ao fato dos alunos de Psicologia buscarem o curso por terem mais identificação com aspectos sociais-assistenciais da profissão, no sentido de tentar ajudar os outros, conforme já havia sido verificado em outras pesquisas (Bueno e cols., 2004; Magalhães e cols., 2001).
Os resultados aqui obtidos também são coerentes com os achados de Noronha e Ambiel (2008), que verificaram que estudantes de Psicologia apresentam mais interesses Sociais, o que os aproxima de trabalhos de cunho assistencial, de cuidado do outro e de busca pela promoção do bem-estar e desenvolvimento das pessoas. Vale lembrar que os interesses Sociais já se mostram associados com os traços de personalidade de Socialização em uma amostra de adolescentes em processo de escolha profissional (Nunes & Noronha, 2009). A associação entre o traço de personalidade Socialização e os interesses Sociais favorece a interpretação de que pessoas que são mais gentis com os outros, que confiam em suas intenções e que agem de acordo com as normas sociais tendem a ser aquelas que possuem interesse por profissões que denotam o cuidado do outro e o auxílio direto ao seu desenvolvimento.
Quanto aos escores mais elevados de Altivez e Assertividade verificados nos alunos de Engenharia, outras pesquisas poderiam abordar quais as possíveis razões associadas às tarefas desempenhadas pelos Engenheiros que contribuem para tal resultado. É possível pensar que os alunos de Engenharia são treinados durante o curso para expressarem mais firmemente sua opinião (por exemplo, para convencer um cliente a comprar um projeto), enquanto os estudantes de Psicologia provavelmente recebem instruções durante o curso superior para serem mais compreensivos e empáticos com seus clientes.
Sobre a diferença em termos da faceta Assertividade, pode-se levantar como hipótese que talvez os cursos de Engenharia sejam melhor reconhecidos financeiramente que a Psicologia, o que pode estar associado ao fato deles se valorizarem mais. Contudo, destaca-se que essas são hipóteses que devem ser exploradas em estudos futuros, uma vez que a metodologia empregada presentemente não permite conclusões sobre as causas dos fenômenos observados. Adicionalmente, não é possível uma discussão mais aprofundada desses resultados, uma vez que não foram encontradas referências específicas sobre as características psicológicas de estudantes de Engenharia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entre as limitações do estudo, pode-se citar a composição da amostra com quantidades diferentes de homens e mulheres, e também ao comparar a quantidade de estudantes de cada curso. Essa falta de homogeneidade quanto à composição dos sub-grupos para as análises estatísticas pode influenciar os resultados (Hair, Tatham, & Black, 2005), de modo que seria interessante, no futuro, a replicação da pesquisa com grupos maiores e mais homogêneos.
Sugere-se que estudos futuros extrapolem os resultados presentemente verificados, com estratégias de pesquisa que possam combinar dados contextuais como tipo de disciplina cursada, “modelos” de professores a que os alunos têm acesso, faixa salarial e outras recompensas, entre outros. Tais estudos também poderão incluir alunos de universidades com natureza jurídica diferenciada e incluir outras áreas de conhecimento, além daquelas aqui focalizadas. Investigações futuras poderão analisar informações de estudantes de outros cursos universitários (ou técnicos) e de outras partes do país, a fim de tentar investigar, de modo mais abrangente, a formação universitária em diversas áreas profissionais.
REFERÊNCIAS
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Recebido:21/04/2009
1ª Revisão: 21/09/2009
Aceite final: 28/09/2009
1 Endereço para correspondência: Universidade São Francisco. Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia. Rua Alexandre Rodrigues Barbosa, 45, 13.251-900, Itatiba-SP, Brasil. Fone: (11) 4534-8000. E-mail: acacia.angeli@gmail.com.
Sobre os autores
* Maiana Farias Oliveira Nunes é Doutora em Psicologia pelo Programa de Pós-gradução Stricto Sensu da Universidade São Francisco, pós-doutoranda da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, bolsista do CNPq.
** Acácia Aparecida Angeli dos Santos é Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo, docente dos cursos de Graduação e Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco, bolsista de produtividade do CNPq.
*** Neíza Bezerra Santos Galvão é Bacharel em Psicologia pela Universidade São Francisco.