Serviços Personalizados
Journal
artigo
Indicadores
Compartilhar
Psicologia Clínica
versão impressa ISSN 0103-5665versão On-line ISSN 1980-5438
Psicol. clin. vol.30 no.1 Rio de Janeiro 2018
https://doi.org/10.33208/PC1980-5438v0030n01A08
ARTIGOS : TEMAS SOBRE PSICOLOGIA CLÍNICA
A valorização da obediência infantil como meta de socialização em diferentes configurações familiares
Valorization of child obedience as socialization goal in different family settings
La valorización de la obediencia infantil como meta de socialización en diferentes configuraciones familiares
Luciana Fontes PessôaI; Dandara de Oliveira RamosII; Maria Lucia Seidl-de-MouraIII; Leticia Oliveira da SilvaIV
IProfessora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Coordenadora do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
IICentro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da FIOCRUZ, Instituto Gonçalo Moniz, Salvador, BA, Brasil
IIIInstituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
IVDepartamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
RESUMO
Estudos apontam que as metas de socialização da obediência são frequentemente valorizadas na criação de filhos. Contudo, a maior parte deles focaliza mães de famílias nucleares, não considerando a pluralidade de configurações familiares do contexto atual. Sendo assim, o presente estudo teve por objetivo investigar as metas de socialização da obediência infantil em famílias nucleares, monoparentais e reconstituídas. Participaram da pesquisa pais e mães de 50 famílias da cidade do Rio de Janeiro, com filhos de até dois anos de idade completos. Os participantes responderam ao Inventário de Metas de socialização/desenvolvimento (Keller et al., 2006). Os resultados não apontaram diferenças significativas na valorização das metas de socialização da obediência entre os três tipos de família. Famílias monoparentais, nucleares e reconstituídas valorizaram com a mesma intensidade a meta "aprender a obedecer aos pais" (H(2)=0.179, p=0.914) e a meta "aprender a obedecer as pessoas mais velhas" (H(2)=4.634, p=0.099). No entanto, em famílias reconstituídas, foi observada uma maior valorização da obediência em pais e mães de meninas quando comparados a pais e mães de meninos (U=16, p=0.012). Além disso, em famílias monoparentais notou-se que quanto mais jovens são os filhos, mais valorizada é a obediência (ρ=-0.81, p=0.005). Entende-se que a aprendizagem da obediência aparece, de fato, como uma das mais importantes metas de socialização, na medida em que consiste em uma característica priorizada desde os primeiros anos de vida.
Palavras-chave: metas de socialização; obediência; tipos de família.
ABSTRACT
Literature shows that socialization goals related to obedience are frequently valued in childrearing practices. However, previous studies were mostly restricted to observation of maternal beliefs in groups of nuclear families, not fully considering the variety of family configurations in modern contexts. The present study aims at investigating socialization goals related to child obedience in nuclear, remarried and single parent families. Parents of 50 families from the state capital of Rio de Janeiro, Brazil, constituted the sample, all with children up to two years of age. Participants filled the Socialization Goals Inventory (Keller et al., 2006). Results did not reveal significant differences in how parents valued socialization goals of obedience among the three different family types. Nuclear, remarried and single parent families valued the goal "learn to obey parents" (H(2)=0.179, p=0.914) and "learn to obey older people" (H(2)=4.634, p=0.099) with the same intensity. However, in remarried families there was a higher valorization of obedience by parents of girls in comparison of parents of boys (U=16, p=0.012). Moreover, in single parent families, valorization of obedience was negatively correlated with the parents valorization of obedience, the younger their children, the more parents valued obedience as socialization goal (ρ=-0.81, p=0.005). Obedience appears to be highly valued by different types of Brazilian families, regardless of their configuration, and is prioritized since the first years of children's lives.
Keywords: socialization goals, obedience, family types.
RESUMEN
Los estudios apuntan que las metas de socialización de la obediencia se valoran en la crianza de hijos. Sin embargo, investigaciones anteriores detuvieron su foco de investigación en madres de familias nucleares, no considerando la pluralidad de configuraciones familiares del contexto actual. Siendo así, el presente estudio tuvo por objetivo investigar las metas de socialización de la obediencia infantil en familias nucleares, monoparentales y reconstituidas. Participaron de la investigación padres y madres de 50 familias de la ciudad de Río de Janeiro con hijos de hasta dos años de edad completos. Los participantes respondieron al Inventario de Metas de socialización / desarrollo (Keller et al., 2006). Los resultados no apuntaron diferencias significativas en la valorización de las metas de socialización de la obediencia entre los tres tipos de familia. Familias nucleares, monoparentales y reconstituidas valoraron con la misma intensidad la meta "aprender a obedecer a los padres" (H(2)=0.179, p=0.914) y la meta "aprender a obedecer las personas mayores" (H(2)=4.634, p=0.099). Sin embargo, en familias reconstituidas, se observó una mayor valoración de la obediencia en padres y madres de niñas cuando comparadas a padres y madres de niños (U=16, p=0.012). Además, en familias monoparentales, se notó que cuanto más jóvenes son los hijos, más valorada es la obediencia (ρ=-0.81, p=0.005). Se entiende que el aprendizaje de la obediencia aparece como una de las más importantes metas de socialización y consiste en una característica priorizada desde los primeros años de vida.
Palabras clave: metas de socialización; obediencia; tipos de familia
A literatura sobre desenvolvimento na infância aponta a aprendizagem da obediência como uma das mais importantes metas de socialização na criação de filhos (Bueno, dos Santos, & de Moura, 2010; Keller, 2007; Houlihan, Sloane, Jones, & Paten, 1992). Devido ao seu papel no desenvolvimento de comportamentos de autocontrole, autonomia e autorregulação, a obediência tem sido indicada como um dos mais importantes comportamentos prossociais a serem desenvolvidos nos primeiros anos de vida das crianças (McMahon, & Forehand, 2005). Evidências longitudinais indicam que comportamentos de obediência são importantes para instalar repertórios que serão vantajosos no futuro, especialmente para um ingresso bem-sucedido nas rotinas escolares, por exemplo (Bueno, dos Santos, & de Moura, 2010).
Definida por Schoen (1983) e, posteriormente, por McMahon e Forehand (2005, p. 204) como "o seguimento apropriado de uma instrução para apresentar uma resposta específica dentro de um tempo razoável e/ou designado", a obediência é um comportamento que se dá em contexto de interação, envolvendo sempre a pessoa que dá a ordem e a pessoa para quem a ordem é direcionada. No ambiente familiar, pais, mães e demais cuidadores são os principais responsáveis pela socialização desse comportamento em crianças e, posteriormente, outras figuras de autoridade (ex.: professores) também desempenham um papel na socialização da obediência infantil.
Como meta de socialização, a obediência está intimamente ligada aos valores, sistemas de crenças e práticas que são priorizadas pelos cuidadores. Na definição de Harkness e Super (1996), as metas de socialização são parte integrante da psicologia dos cuidadores, um dos três subsistemas do nicho de desenvolvimento - contexto no qual o desenvolvimento ocorre - juntamente com o ambiente físico/social e as práticas compartilhadas de cuidado (Harkness, & Super, 1996; Harkness et al., 2001). Dessa forma, as metas de socialização representam os valores que os pais desejam para a criação de seus filhos e exercem uma função fundamental no desempenho do papel parental.
Martins e colaboradores (2015) ressaltam que tais valores sofrem influência do grupo cultural ao qual os pais pertencem, orientando não apenas suas práticas de cuidado, mas os próprios sistemas de crenças que serão desenvolvidos por seus filhos. Sendo assim, as metas de socialização traduzem valores culturais mais amplos em metas parentais particulares que irão se desdobrar em práticas de cuidados priorizadas pelos pais, influenciando diretamente o comportamento parental e o desenvolvimento da criança (Keller, & Kärtner, 2013).
Harwood e colaboradores (1996) apontam em seus estudos cinco principais categorias de metas de socialização enfatizadas pelos pais. A categoria de Autoaperfeiçoamento, na qual são valorizadas a autoconfiança, a independência e o desenvolvimento de talentos. A categoria de Autocontrole, relacionada ao controle de impulsos negativos, como agressão, egoísmo etc. A categoria de Emotividade que inclui metas sobre a capacidade da criança de estabelecer vínculo emocional com os outros. A categoria de Expectativas sociais que estão associadas às expectativas de integridade, como ser honesto, trabalhador etc. E, por fim, a categoria de Bom comportamento que abrange metas que apontam o desejo dos pais em ter filhos educados e obedientes.
Estudos nacionais têm explorado diferentes aspectos relacionados às metas de socialização infantil. Com o objetivo de investigar diferenças intraculturais na valorização das cinco categorias citadas acima, Seidl-de-Moura e colaboradores (2008) entrevistaram 350 mães primíparas de sete cidades brasileiras: Belém, João Pessoa, Salvador, Campo Grande, Rio de Janeiro, Florianópolis e Porto Alegre, com filhos de até dois anos de idade. Na amostra como um todo, dentre as cinco categorias de metas investigadas, as mães atribuíram maior importância às metas de autoaperfeiçoamento e bom comportamento, demonstrando valorização tanto de características individualistas quanto sociocêntricas. Diferenças intraculturais foram identificadas na comparação dessas metas entre as sete cidades, indicando padrões similares das mães do Norte/Nordeste entre si, entre mães do Sul, do Rio de Janeiro e de Campo Grande. O tamanho populacional das cidades e o nível educacional das mães também foi um fator significativo na distinção entre a valorização das metas.
De forma semelhante, Borges e Salomão (2015) entrevistaram 30 mães residentes em contexto não urbano (Petrolina-PE), com filhos entre seis e 36 meses de idade. A análise de conteúdo das entrevistas indicou, respectivamente, a priorização das seguintes metas: Autoaperfeiçoamento (49,5%), Expectativas sociais (35,7%), Bom comportamento (12,7%), Emotividade (1,1%) e Autocontrole (1,1%). Para as autoras, a proximidade do contexto não urbano estudado com contextos urbanos, tanto em relação à quilometragem quanto em relação à escolaridade das mães, é uma possível explicação para a semelhança de metas priorizadas nos dois contextos. Isso porque mães de contexto urbano e não urbano parecem valorizar igualmente metas autônomas e relacionais, na medida em que priorizam o autoaperfeiçoamento, mas também priorizam a adequação às expectativas sociais e o bom comportamento.
Com objetivo de avaliar metas de mães residentes em capitais e de mães residentes em pequenas cidades, Macarini e Vieira (2009) entrevistaram 606 mães em seis diferentes estados (Pará, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo). Os resultados sugeriram que, embora ambos os grupos tenham valorizado metas autônomas, as mães residentes em cidades pequenas priorizaram ainda mais a dimensão da interdependência, enquanto que as mães das capitais valorizaram igualmente as duas dimensões. No entanto, em relação às cinco categorias de metas de socialização, foi observado que o item "Aprender a obedecer seus pais", pertencente à categoria de Bom comportamento, foi considerado o mais importante tanto pelas mães da capital quanto pelas mães de pequenas cidades.
Em estudo sobre diferenças e semelhanças de metas de socialização de pais e mães residentes em Florianópolis, Fortkamp, Vieira e Faraco (2015) entrevistaram 48 participantes com filhos de 4 a 6 anos de idade e de dois contextos com diferentes níveis de escolaridade. A análise dos itens das Escala de Metas de Socialização indicou que pais com maior nível de escolaridade privilegiaram metas de Autoaperfeiçoamento, considerando como mais importantes os itens "desenvolver um senso de autoestima" (M=4,42; DP=0,50) e "desenvolver autoconfiança" (M=4,29; DP=0,46). Já os pais de menor escolaridade enfatizaram os itens "aprender a obedecer aos pais" (M=4,88; DP=0,34) e "aprender a obedecer as pessoas mais velhas" (M=4,88; DP=0,34), reforçando as metas de Bom comportamento. No entanto, a análise das entrevistas indicou uma maior valorização do Autoaperfeiçoamento em relação às demais metas nos dois contextos: 25,3% em pais de nível escolar alto e 33,17% em pais de nível escolar baixo. Já o bom comportamento aparece como terceira meta mais valorizada em ambos contextos: 5,85% em pais de alto nível de escolaridade e 6,82% em pais de baixo nível de escolaridade. Nesse sentido, de acordo com os autores, os resultados apontam que as crenças e práticas parentais nos dois contextos indicam o modelo autônomo-relacional, no qual tanto a autonomia quanto a interdependência são valorizadas.
No mesmo sentido, Lins e colaboradores (2015) analisaram as metas de socialização parental de 18 pais e 18 mães, residentes da cidade de João Pessoa (PB), casados entre si e com apenas um filho. A partir da análise de conteúdo das entrevistas, foi observado que, em relação às qualidades que os pais esperam para seus filhos, mães priorizaram o respeito aos outros (29.63%), seguido da honestidade (22.02%), enquanto para os pais a honestidade apresentou um percentual maior (29.87%), seguido do respeito aos outros (22.08%). Conforme os autores, tais resultados apontam para valorização do Bom comportamento da criança e da adequação às Expectativas sociais. Além disso, no que diz respeito aos procedimentos utilizados para alcançar as metas de socialização, pais (44.45%) e mães (36.73%) priorizam ensinar a criança a discernir entre o certo e o errado. Em seguida, mães valorizam a prática de ensinar a criança a respeitar as pessoas (20.41%), enquanto os pais valorizam dar o exemplo (29.64%). Contudo, os autores apontam que tais diferenças parecem ser complementares, na medida em que no relato de pais e mães nota-se o comprometimento de cuidar e educar seus filhos.
Fonseca e Cavalcante (2015), interessados em investigar relações entre metas de socialização maternas e a manifestação do comportamento prossocial de obediência em crianças residentes em contexto rural, realizaram um estudo com 39 díades do distrito de Apeú (PA). Os resultados do Questionário de Metas de Socialização indicaram que grande parte das mães participantes valoriza metas associadas à obediência, concordando completamente com os itens "aprender a respeitar os idosos" (74,4%), "aprender a obedecer os idosos" (69,2%), "aprender a obedecer os pais" (69,2%), "aprender a não contradizer os pais" (56,4%) e "aprender a fazer o que os pais dizem" (56,4%). Já o desempenho da criança na tarefa de obediência revelou correlação significativa com as metas maternas expressas nos itens "aprender a dar suporte aos outros" (r=0.33, p < 0.05) e "aprender a entender o sentimento dos outros" (r=0.37, p < 0.05).
Como parte de um estudo mais amplo, Vieira et al. (2010) estudaram metas e práticas de 600 mães de 12 contextos brasileiros diferentes, seis capitais e seis localidades do interior. Foram utilizadas escalas adaptadas de Keller et al. (2006). As mães de pequenas localidades valorizaram mais metas e práticas relacionais do que mães de capitais. Houve efeito do nível educacional das mães na valorização de metas e práticas relacionais. Quanto menor o nível educacional, mais eram valorizadas. Os autores discutem os resultados e ponderam:
a grande heterogeneidade da população nos grandes centros urbanos, e as consequências deste fenômeno para a vida quotidiana das famílias (incluindo as condições ecológicas, sociais, culturais e psicológicas) merecem discussões específicas. Mais estudos precisam levar em conta essa heterogeneidade. Novas investigações devem ampliar o foco de mães para as famílias em suas condições culturais e socioeconômicas (Keller et al., 2006, p. 823).
No conjunto dos estudos brasileiros realizados, identifica-se a valorização das metas de autoaperfeiçoamento, expectativas sociais e bom comportamento como uma tendência comum nas mães das famílias estudadas, que eram, geralmente, de famílias nucleares. As famílias do estudo de Vieira et al. (2010) foram posteriormente analisadas em Vieira, Lacerda, Vieira e Seidl-de-Moura (2011) e se verificou que: o tipo de configuração predominante foi o da família nuclear, 58,5% nas capitais e 68,3% nas cidades pequenas. Apenas 17,1% dos participantes das capitais e 15% do interior eram de famílias nucleares estendidas; 9,7% e 6,2% de famílias monoparentais; 14,7% e 10,5% de famílias monoparentais estendidas. Não houve famílias com outras configurações, ou seja, famílias que divergem do modelo pai, mãe e filhos. E o tipo de família não entrou nas análises de metas e práticas. Nesse sentido, uma questão que se apresenta, diante da atual pluralidade de configurações familiares, é a da possível diferença na valorização dessas metas de desenvolvimento em famílias constituídas por diferentes arranjos.
Metas de socialização em diferentes configurações familiares
Roudinesco (2003) destaca três grandes momentos que marcaram a trajetória da família ocidental: a) família tradicional: não se dava importância à vida sexual e afetiva dos cônjuges e a figura paterna era tida como modelo de identificação dos filhos; b) família moderna: valorizava-se no casamento a reciprocidade de desejos e sentimentos e na divisão do trabalho, o homem destinava-se ao espaço público, atuando como provedor da família, enquanto a mulher destinava-se ao espaço privado, se ocupando dos cuidados da prole e da casa; e c) família contemporânea: configurada de forma igualitária através da união de dois indivíduos que buscam relacionamentos baseados no amor e no prazer.
Contudo, Figueira (1987) aponta para o fato da família contemporânea, apesar de ser entendida como igualitária, por vezes, reproduzir o modelo de família hierárquica. O autor traz, assim, o conceito de "desmapeamento" para se referir à coexistência, sincrônica e temporal, desses mapas (modelos) diferentes e contraditórios.
Nesse sentido, pensar as novas possibilidades de família nos permite romper com a crença de universalidade desta, que enfatiza um modelo único e natural de família. As novas composições familiares deverão ser entendidas como um reflexo das transformações sociais, ampliando não apenas o conceito de família, mas também suas implicações na sociedade (Wagner, 2011).
A principal mudança percebida entre as configurações familiares da atualidade e as famílias que as precederam é a nuclearização da família. Houve uma transição entre a família extensa para a nuclear. Ou seja, ainda nas famílias atuais há uma nuclearização, porém a figura central, em muitas dessas famílias, não é mais representada pela figura do pai e sim pela mãe. Além disso, houve um aumento na idade do casamento, explicado, sobretudo, pelo maior tempo direcionado à conclusão dos estudos e pelo custo financeiro direcionado à criação de uma família. Outras características apontadas pela literatura são: aumento nas taxas de divórcio; e o menor número de filhos (Castro, 2012).
Em 2015, foram registrados 328.960 divórcios em primeira instância ou por escrituras extrajudiciais. Embora tenha havido um declínio em relação a 2014, quando o número de divórcios concedidos foi de 341.181, o número ainda é bastante expressivo. Isso porque em 2010 foram registrados 243.224 divórcios, uma taxa de quase 86 mil a menos quando comparada à de 2015. Os dados são das Estatísticas do Registro Civil 2015, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e indicam que muitas crianças não têm crescido mais exclusivamente na presença dos pais biológicos e que a convivência com o recasamento de seus cuidadores e com novos irmãos tem se tornado mais comum entre as famílias brasileiras (IBGE, 2015).
Em virtude disso, a consanguinidade deixa de ser o único traço demarcador da instituição família. Conforme discutido por Oliveira et al. (2008), esta passa a ser caracterizada a partir da redefinição de papéis, hierarquia e sociabilidade, tornando possíveis configurações familiares centradas nas dinâmicas e trocas afetivas entre seus membros (Fonseca, 2002; Rizzini, 2002), para além dos modelos nucleares tradicionais.
Para uma melhor compreensão desses novos arranjos familiares, Kaslow (2001) classifica oito tipos de composição familiar:
a) família nuclear: formada por duas gerações com filhos biológicos;
b) família extensa: formada por três ou quatro gerações;
c) família adotiva: podem ter caráter temporário, ser birraciais ou multiculturais;
d) casal: caracterizado pela ausência de filhos;
e) família monoparental: formada por um dos progenitores, o pai ou a mãe, e por seu(s) filho(s) ainda não adultos;
f) família homoafetivas / homoparental: formada por casais homoafetivos com ou sem filhos;
g) família reconstituída: formada por um casal no qual uma das partes ou ambas possuem filho(s) de relacionamentos anteriores;
h) família sem laços legais: formada por pessoas que vivem juntas, com compromisso mútuo, sem laços legais.
Partindo da concepção de que a família e, mais especificamente, os cuidadores que a compõem tendem a ser os primeiros responsáveis pela socialização de suas crianças, ou seja, são os primeiros agentes de sua inserção social, e considerando também que a psicologia dos cuidadores é parte integrante do nicho de desenvolvimento infantil (Harkness, & Super, 1996), entender como as metas de socialização se apresentam nas novas famílias contemporâneas é uma importante tarefa para a psicologia do desenvolvimento.
Assim, o objetivo principal do estudo foi investigar a valorização da obediência infantil como meta de socialização de pais e mães de crianças com até dois anos de idade em famílias com três diferentes configurações: monoparentais, reconstituídas e nucleares. Além disso, foram exploradas outras possíveis variáveis mediadoras na socialização da obediência infantil, tais como o gênero e a idade da criança.
Dado que todas as pesquisas nacionais anteriores não consideraram diferentes configurações familiares, o presente estudo se caracteriza como exploratório. Contudo, espera-se que, em famílias reconstituídas e monoparentais, pais e mães valorizem a obediência de forma mais intensa que nas famílias nucleares, devido à convivência dos filhos com um cuidador não consanguíneo (no caso de madrastas/padrastos em famílias reconstituídas) e a ausência de um segundo cuidador (no caso das famílias monoparentais).
Em relação às possíveis variáveis mediadoras, resultados de meta-análise indicam que meninos e meninas diferem significativamente quanto ao desenvolvimento de comportamentos de obediência e que tais diferenças estão associadas, de forma consistente, com as variações nas práticas parentais de disciplina para meninos e meninas (Gershoff, 2002; Rothbaum, & Weisz, 1994). Nesse sentido, mais recentemente Vasconcelos e Salomão (2017) investigaram concepções de pais, mães e educadoras sobre desenvolvimento infantil e gênero. Participaram do estudo 40 mães e 40 pais com, pelo menos, um filho de 2 a 3 anos e 20 educadoras. Ao serem analisadas as respostas dos participantes, categorias como "disciplina" (33% menina e 20% das educadoras para meninas), "delicadeza" (35% menina e 43% das educadoras para meninas) e "brincadeira de menina" (10% menina e 20% das educadoras para meninas) foram mencionadas apenas por pais e mães de meninas e por educadoras para se referirem às meninas. No entanto, as categorias "indisciplina" (23% menino e 25% das educadoras para meninos), "atividade/agitação" (48% menino e 55% das educadoras para meninos) e "brincadeira de menino" (15% menino e 20% das educadoras para meninos) foram utilizadas apenas para definir meninos. Tais resultados apontam, portanto, definições antagônicas que parecem ter base em papéis e estereótipos hierarquizados socialmente para o gênero feminino ou masculino.
Os estudos prévios não exploraram tais diferenças de gênero entre configurações familiares distintas. Sendo assim, não antecipamos um resultado específico e nossas análises a respeito da socialização da obediência conforme o gênero da criança em diferentes famílias também têm caráter exploratório.
Método
Participantes
Participaram da pesquisa pais e mães pertencentes a três diferentes tipos de família, sendo 10 de família monoparental (20%), 20 de família reconstituída (40%) e 20 de família nuclear (40%). Dentre os respondentes, 30 eram mães (60%) e 20 pais (40%), visto que as famílias monoparentais do estudo eram compostas apenas pelas mães, com filhos de idade até dois anos completos. As crianças do grupo estudado (N=50) são, em sua maioria, meninos (N=30, 60%) com média de idade de 13,3 meses (DP=7,54).
Procedimentos de coleta de dados
As famílias foram indicadas por participantes do grupo de pesquisa. No primeiro contato com a família, o pesquisador solicitava a cooperação do informante, explicando os objetivos e métodos da pesquisa. Após a concordância na participação, o pesquisador entregava o Termo de Consentimento e os instrumentos eram preenchidos pelos participantes (mães e pais da criança), no local de sua conveniência, e imediatamente entregues ao pesquisador.
Proteção dos participantes
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da PUC-RJ (Protocolo nº 2013-23). Todos os participantes receberam informações oral e escrita sobre objetivos da pesquisa, responsabilidade, método empregado e direito a recusar o consentimento. A inclusão na amostra foi condicionada à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Além desses aspectos gerais, os pesquisadores foram capacitados para estabelecer e manter um relacionamento pautado pelo respeito e pela preocupação em reduzir os custos da participação, em tempo e constrangimento imposto aos participantes. Cada participante foi identificado apenas por um código nas folhas dos instrumentos e seus dados de identificação constaram somente de uma ficha.
Instrumentos
Ficha sociodemográfica: os participantes, mães e pais da criança, preencheram a ficha de dados pessoais, informando sua idade e tipo de configuração familiar, assim como o sexo e a idade da criança (em meses).
Inventário de Metas de socialização/desenvolvimento (Keller et al., 2006): consiste em uma lista de dez frases que indicam metas que os pais vão tentar alcançar no desenvolvimento de seus filhos durante seus primeiros três anos de idade, que são lidas uma de cada vez. Essas metas incluem aprender a controlar as emoções; obediência aos pais e a pessoas mais velhas; cuidar do bem-estar dos outros; animar os outros; desenvolver independência; autoconfiança; autoestima; senso de identidade e competitividade. Pede-se que indiquem se concordam ou não, em uma escala de 1 (se não concorda nem um pouco) a 5 (se concorda totalmente), reagindo espontaneamente, sem pensar muito. No presente estudo, foram analisadas apenas as respostas dos participantes às metas "Aprender a obedecer seus pais" e "Aprender a obedecer às pessoas mais velhas". As variáveis foram tratadas em escores de um a cinco atribuídos pelos participantes, estatisticamente analisadas como variáveis dependentes do tipo ordinal e utilizadas em testes não paramétricos de associação com as variáveis independentes de cada análise.
Resultados e Discussão
A comparação entre os grupos através do teste Kruskal-Wallis (Anova não paramétrica) não indicou diferenças significativas na valorização das metas de socialização da obediência. Famílias monoparentais, nucleares e reconstituídas valorizam com a mesma intensidade a meta "aprender a obedecer aos pais" (H(2)=0.179, p=0.914) e também não diferem significativamente na valorização da meta "aprender a obedecer as pessoas mais velhas" (H(2)=4.634, p=0.099). A figura 1 apresenta a comparação das médias dos diferentes grupos.
Nesse aspecto, os resultados indicam que as famílias de diferentes configurações parecem se assemelhar à tendência encontrada em estudos prévios com famílias nucleares, nos quais o Bom comportamento foi uma meta de socialização altamente valorizada (Seidl-de-Moura et al., 2008; Macarini, & Vieira, 2009; Borges, & Salomão, 2015; Lins et al., 2015; Fonseca, & Cavalcante, 2015). Na amostra do presente estudo, quando solicitados a atribuir um escore de um a cinco para as metas, pais e mães em sua maioria atribuíram o valor máximo para a meta aprender a obedecer aos pais (60% nas famílias reconstituídas, 60% nas famílias reconstituídas e 55% nas famílias nucleares) e para a meta aprender a obedecer as pessoas mais velhas, apenas nas famílias reconstituídas as respostas não se concentraram, em sua maioria, no valor máximo (60% nas famílias monoparentais, 30% nas famílias reconstituídas e 60% nas famílias nucleares), mas essa diferença não apresentou significância estatística (x210=15.94, p=0.101).
Nesse sentido, embora as novas famílias sejam caracterizadas pela redefinição de papéis, hierarquia e sociabilidades (Oliveira e cols., 2008), a ausência de um segundo cuidador em famílias monoparentais e a convivência com um cuidador não consanguíneo em famílias reconstituídas demonstraram não serem fatores significantes na valorização de metas de socialização relacionadas à obediência. Visto que as composições familiares devem ser entendidas como um reflexo das transformações sociais (Wagner, 2011), tal resultado pode indicar uma relativa homogeneidade no ambiente cultural avaliado, uma vez que as metas de socialização priorizadas traduzem os valores culturais mais amplos em metas parentais particulares (Keller, & Kärtner, 2013).
No entanto, algumas diferenças entre os grupos foram encontradas na associação do gênero e da idade dos filhos com a valorização das metas de socialização da obediência nos diferentes arranjos familiares. Comparando a valorização das metas entre pais e mães de meninos e meninas através do teste Mann-Whitney (opção não paramétrica para o teste t para amostras independentes), não foram encontradas diferenças para famílias nucleares (U=31, p=0.397) e monoparentais (U=11, p=0.914) quanto ao gênero da criança. Apenas nas famílias reconstituídas pais e mães de meninas valorizam mais intensamente a obediência aos pais, em comparação com pais e mães de meninos (U=16, p=0.012), em consonância aos achados internacionais que associam a diferença do desenvolvimento de comportamentos de obediência entre meninos e meninas às variações nas práticas parentais de disciplina entre os gêneros (Gershoff, 2002; Rothbaum, & Weisz, 1994).
Estudos nacionais recentes também corroboram os resultados apresentados, uma vez que indicam que meninas são descritas como disciplinadas enquanto meninos são descritos como indisciplinados (Vasconcelos, & Salomão, 2017). Trata-se, assim, de papéis e estereótipos hierarquizados socialmente para cada gênero e que tendem a ser traduzidos em crenças e metas particulares (Keller, & Kärtner, 2013).
Além do gênero, a idade da criança se mostrou associada com a valorização das metas dos cuidadores nos diferentes tipos de família. Em famílias monoparentais, a idade da criança se mostrou negativamente correlacionada com a valorização da obediência aos pais (ρ=-0.81, p=0.005) e as pessoas mais velhas (ρ=-0.81, p=0.005). Nas famílias nucleares e reconstituídas, as correlações, apesar de também negativas, não demonstraram significância estatística. Esse resultado indica que, além de valorizarem a socialização da obediência, os pais e mães da amostra estudada tendem a enfatizar mais sua importância quão mais jovens são os seus filhos. Um resultado consistente com a literatura, que aponta a socialização da obediência como uma das mais importantes metas na criação de filhos desde os primeiros anos de vida (Houlihan, Sloane, Jones, & Paten, 1992; McMahon, & Forehand, 2005; Bueno, dos Santos, & de Moura, 2010).
Considerações finais
Não foram encontradas diferenças significativas na valorização das metas de obediência de cuidadores em diferentes arranjos familiares. No entanto, a associação da valorização das metas com a idade e gênero das crianças apresentou diferenças relevantes.
Pode-se entender que há uma certa homogeneidade na valorização das metas de obediência no contexto cultural investigado, uma vez que as diferentes configurações de família não se apresentaram como um fator influente em relação a essas metas.
Contudo, em famílias reconstituídas, observou-se uma maior valorização da obediência por parte de pais e mães de meninas. Esse achado pode ser atribuído às variações nas práticas parentais de disciplina entre os gêneros, o que pode estar associado à transmissão de uma ideia cultural, ainda presente, de submissão feminina, na qual o homem atua na posição de provedor, enquanto a mulher é destinada ao espaço privado (Roudinesco, 2003). Tal pontuação corrobora o que Figueira (1987) define como "desmapeamento", conceito que se refere à reprodução do modelo de família hierárquica em famílias contemporâneas.
Além disso, no caso de famílias monoparentais, a idade da criança apareceu como um fator importante: quanto mais nova a criança, maior revelou-se a valorização da obediência. Nesse sentido, entende-se que a aprendizagem da obediência aparece, de fato, como uma das mais importantes metas de socialização, na medida em que consiste em uma característica priorizada desde os primeiros anos de vida (McMahon, & Forehand, 2005).
Portanto, dada a relevância das metas de obediência em nosso contexto cultural, sugere-se que estudos posteriores investiguem suas relações com outras características sociodemográficas tais como nível de escolaridade dos cuidadores e número de pessoas que residem com a criança, uma vez que essas variáveis podem exercer influência na valorização da obediência infantil (Seidl-de-Moura et al., 2008; Fortkamp, Vieira, & Faraco, 2015). Ademais, propõe-se que futuras investigações considerem outros tipos de família (homoafetivas, adotivas, sem laços legais etc) a fim de que diferenças em relação às metas de obediência possam ser avaliadas.
Referências
Borges, L. C., & Salomão, N. M. R. (2015). Concepções de desenvolvimento infantil e metas de socialização maternas em contexto não urbano. Estudos de Psicologia, 20 (2), 114-125. [ Links ]
Bueno, A. C. W., dos Santos, B. C., & de Moura, C. B. (2010). Obediência infantil: conceituação, medidas comportamentais e resultados de pesquisas. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 26(2), 203-216. doi: 10.1590/S0102-37722010000200002 [ Links ]
Castro, M. G. (2012). Gênero e família em mudança: uma revisão com foco em cuidado parental. In Castro, M. G., Carvalho, A. M. A., & Moreira, L. V. C. (Orgs.), Dinâmica família do cuidado: afetos, imaginário e envolvimento dos pais na atenção aos filhos (p. 13-29). Salvador: EDUFBA. [ Links ]
Figueira, S. A. (1987). O "moderno" e o "arcaico" na nova família brasileira: notas sobre a dimensão invisível da mudança social. In Figueira, S. A. (Org.), O moderno e o arcaico na família de classe média brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. [ Links ]
Fonseca, B. R, & Cavalcante, L. I. C. (2015). Metas de socialização de mães residentes em um contexto rural autônomo-relacional. (Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento. Universidade Federal do Pará [ Links ]).
Fonseca, C. W. (2002). Mãe é uma só? Reflexões em torno de casos brasileiros. Psicologia USP, 13, 49-68. doi: 10.1590/s0103-65642002000200005 [ Links ]
Fortkamp, E. H. T., Vieira, M. L., & Faraco, A. M. X. (2015). Crenças e metas de socialização de pais de dois contextos urbanos brasileiros: uma análise do modelo de orientação de self. (Tese de Doutorado em Psicologia - Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Federal de Santa Catarina). [ Links ]
Gershoff, E. T. (2002). Corporal punishment by parents and associated child behaviors and experiences: a meta-analytic and theoretical review. Psychological Bulletin, 128, 539-579. [ Links ]
Harkness, S., & Super, C.M. (1996). Introduction. In Harkness, S., & Super, C. M. (Eds.), Parents' cultural belief systems: their origins, expressions and consequences (2nd ed., p. 01-23). New York: Guilford Press. [ Links ]
Harkness, S., Super, C., Axia, V., Eliaz, A., Palacios, J., & Welles-Nyström, B. (2001). Cultural pathways to successful parenting. International Society for the Study of Behavioural Development Newsletter, 1(38), 9-13. [ Links ]
Harwood, R. L., Schöelmerich, A., Ventura-Cook, E., Schulze, P. A., & Wilson, S. P. (1996). Culture and class influences on Anglo and Puerto Rican mother's beliefs regarding long-term socialization goals and child behavior. Child Development, 67, 2446-2461. [ Links ]
Houlihan, D., Sloane H. N., Jones, R. N., & Paten, C. (1992). A review of behavioral conceptualizations and treatments of child noncompliance. Education and Treatment of Children, 15, 56-77. [ Links ]
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2015). Estatísticas do registro civil, 2015. Estatísticas do Registro Civil. [ Links ]
Kaslow, F. W. (2001). Families and family psychology at the millenium. American Psychologist, 56(1), 37-46. [ Links ]
Keller, H. (2007). Cultures of infancy. Mahwah, Nova Jersey: Erlbaum. [ Links ]
Keller, H., Lamm, B., Abels, M., Yovsi, R. D., Borke, J., Jensen, H., & Chaudry, N. (2006). Cultural models, socialization goals, and parenting ethnotheories: a multi-cultural analysis. Journal of Cross-Cultural Psychology, 37(2), 155-172. [ Links ]
Keller, H. & Kärtner, J. (2013). Development - the cultural solution of universal developmental tasks. In Gelfand, M. J., Chiu, C., & Hong, Y. (Eds.), Advances in culture and psychology, v. 3 (p. 63-116). New York, NY: Oxford University Press. [ Links ]
Lins, Z. M. B., Salomão, N. M. R., Borges, L. C., Lins, S. L. B., & Carneiro, T. F. (2015). Metas parentais de socialização em relação ao desenvolvimento de seus filhos. Interação Psicol., 19(1), 85-96. [ Links ]
Macarini, S. M., & Vieira, M. L. (2009). Autonomia e interdependência: sistema de crenças parentais de mães residentes em pequenas cidades e capitais do Brasil. 121 f. (Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina). [ Links ]
Martins, G., Gonçalves, T., Marin, A., Piccinini, C. A., Sperb, T. M., & Tudge, J. (2015). Social class, workplace experience, and child-rearing values of mothers and fathers in southern Brazil. Journal of Cross-Cultural Psychology, 46(8), 996-1009. [ Links ]
McMahon, R. J., & Forehand, R. L. (2005). Helping the noncompliance child: Family-based treatment for oppositional behavior. New York: Guilford Press. [ Links ]
Oliveira, D., Siqueira, A. C., Dell'Aglio, D. D., & Lopes, R. D. C. S. (2008). Impacto das configurações familiares no desenvolvimento de crianças e adolescentes: Uma revisão da produção científica. Interação em Psicologia, 12(1), 87-98. [ Links ]
Rothbaum, F., & Weisz, J. R. (1994). Parental caregiving and child externalizing behavior in nonclinical samples: a meta-analysis. Psychological Bulletin, 116, 55-74. [ Links ]
Roudinesco, E. (2003). A família em desordem. Rio de Janeiro: Zahar. [ Links ]
Rizzini, I. (2002). Crianças, adolescentes e famílias: tendências e preocupações globais. Interação em Psicologia, 6, 45-47. doi: 10.5380/psi.v6i1.3192 [ Links ]
Schoen, S. F. (1983). The status of compliance technology: implications for programming. Journal of Special Education, 17,483-496. [ Links ]
Seidl-de-Moura, M. L., Lordelo, E., Vieira, M. L., Piccinini, C. A., de Oliveira Siqueira, J., Magalhães, C. M. C., Pontes, F. A. R., Salomão, N. M., & Rimoli, A. (2008). Brazilian mothers' socialization goals: intracultural differences in seven Brazilian cities. International Journal of Behavioral Development, 32(6), 465-472. doi: 10.1177/0165025408093666 [ Links ]
Vasconcelos, D. C., & Salomão, N. M. R. (2017). Concepções de mães, pais e educadoras sobre desenvolvimento infantil e gênero. (Tese de Doutorado em Psicologia Social - Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social. Universidade Federal de Paraíba). [ Links ]
Vieira, M. L., Seidl-de-Moura, M. L., Lordelo, E., Piccinnini, C. A., Martins, G. D. F., Macarini, S. M., Moncorvo, M. C., Pontes, F. A. R., Magalhães, C. M. C., Salomão, N. M. R., & Rimoli, A. O. (2010). Brazilian mothers' beliefs about child-rearing practices. Journal of Cross-Cultural Psychology, 41(2), 195-211. doi:10.1177/0022022109354642 [ Links ]
Vieira, M. L., Lacerda, A. L. R.. Vieira, M. C., & Seidl-de-Moura, M. L. (2011). Características sociodemográficas e aspectos psicossociais de famílias brasileiras residentes em capitais e cidades pequenas do interior. Barbarói (UNISC. Online), 34, 60-79. [ Links ]
Wagner, A. (2011). Desafios psicossociais da família contemporânea: pesquisas e reflexões. Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Recebido em 10 de outubro de 2017
Aceito para publicação em 16 de outubro de 2017