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Aletheia
versão impressa ISSN 1413-0394
Aletheia n.21 Canoas jun. 2005
ARTIGOS DE PESQUISA
Estratégias educativas desejáveis e indesejáveis: uma comparação entre a percepção de pais e mães de adolescentes
Desirable and undesirable educative strategies: a comparison between the perception of fathers and mothers of adolescents
Luiza Maria de O. Braga Silveira1; Janaína Pacheco2; Thiago Cruz3; Andréia Almeida Schneider4
ULBRA-Gravataí. Curso de Psicologia
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo comparar o uso de estratégias educativas desejáveis e indesejáveis por pais e mães no processo de socialização de seus filhos adolescentes. Os sujeitos foram 20 pais e 20 mães de adolescentes com idades entre 15 e 19 anos, estudantes de escolas particulares da Região Metropolitana de Porto Alegre. As medidas utilizadas foram o Relatório de Pais (Dibble & Cohen, 1974; Wagner, 2003) e um questionário para descrever as características bio-demográficas e de configuração familiar. Observaram-se diferenças significativas entre as percepções de pais e mães em seis das oito categorias socialmente desejáveis. Não foram observadas diferenças significativas nas categorias de comportamento indesejáveis. Os resultados foram discutidos em relação a responsividade e exercício da disciplina materna, bem como da possível existência de uma rede de apoio familiar que diminui os efeitos negativos das condutas indesejáveis.
Palavras-chave: Práticas educativas, Adolescentes/adolescência, Parentalidade.
ABSTRACT
This study aimed to compare socially desirable and undesirable child-rearing practices used by mothers and father of adolescents. The subjects were 20 fathers and 20 mothers of adolescents with ages between 15 and 19 years, who were students of private schools at metropolitan area of Porto Alegre (RS, Brazil). The measures were the Parents Report (Dibble & Cohen, 1974, Wagner, 2003) and a questionnaire to describe demographic data and family configuration. Significant differences were observed between fathers and mothers perceptions related to six of eight socially desirable categories of parental practices. No differences were found between socially undesirable categories of parental practices. These results were discussed associating the mother responsiveness and disciplinary exercise, as well as social network would likely support the family reducing the negative effects of socially undesirable categories of parental behavior.
Keywords: Child rearing practices, Adolescent, Parenting.
A necessidade de atualização constante, sintoma da vida pós-moderna, parece ter avançado do mundo do trabalho para o ambiente familiar. Novas idéias sobre a educação das crianças e desenvolvimento infantil têm sido freqüentemente divulgadas nos meios de comunicação de massa, podendo gerar nos pais a sensação de que os modelos por eles aprendidos nas suas famílias de origem já não possuem mais validade.
O processo de socialização consiste no desenvolvimento de padrões de comportamentos que são adequados para a sociedade na qual o indivíduo vive (Bandura & Walters,1959, Baumrind, 1983). É na primeira infância que a criança adquire um padrão de comportamento social, e isso acontece, principalmente, por meio de suas interações na família. Assim, a família é o primeiro agente socializador da criança (Grusec & Lytton, 1988, Newcombe, 1999). Os pais, provendo um ambiente incentivador e protetivo, um meio seguro no qual a criança possa aprender e desenvolver-se, oferecem a base necessária para sua socialização. No entanto, este processo envolve outras interações entre os pais e a criança, como a permissividade destes para a extensão dos vínculos familiares, oferecendo possibilidades de identificações secundárias, com professores, colegas e membros de outras famílias (Rios-González, 1994).
As relações familiares se dão entre os subsistemas familiares e dentro deles, ou seja, entre pais e filhos e entre os próprios filhos. Dentro desta perspectiva, tanto os pais como os irmãos são significativos neste processo de inserção do sujeito num meio extra-familiar. Sendo assim, a forma como os pais lidam com seus filhos pode influenciar significativamente o espaço familiar que se cria para que este objetivo seja atingido (Rios-González, 1994).
Estes aspectos da interação pais e filhos que têm como objetivo a socialização são específicos e chamados de práticas ou estratégias educativas. O conceito de práticas ou estratégias educativas parentais tem se mostrado útil nos estudos que buscam classificar e descrever a interação entre pais e filhos (Alvarenga, 2000; Hoffman, 1975, 1979).
Hoffman (1975,1979,1994) entende que as práticas educativas parentais são empregadas nas interações pais e filhos nas quais existe a confrontação da criança com as regras e padrões morais e sociais estabelecidos pela família. O autor propõe que as estratégias parentais sejam divididas em coercitivas e indutivas.
É importante salientar que, segundo Baumrind (1997) e Hoffman (1994), a socialização é um processo onde os indivíduos, através da educação, treinamento e interações, adquirem sua cultura, valores e hábitos congruentes à mesma. E assim, mais importante do que a prática educativa disciplinar específica, é a forma como essa é utilizada e o contexto cultural em que se insere. Esses fatores determinarão sua eficácia e longevidade.
Uma outra perspectiva acerca das práticas educativas parentais é proposta por pesquisadores espanhóis (Rodrigo, Janssens, & Ceballos, 1999). Esses trabalhos também utilizam os conceitos de práticas e/ou estratégias educativas, mas centram seus estudos na congruência da percepção da criança sobre as metas educativas de seus pais (accuracy). Nesse sentido, consideram práticas educativas como as ações tomadas em situações nas quais o comportamento infantil apresenta problemas (Rodrigo, Janssens, & Ceballos, 1999). No entanto, valorizam a percepção e a compreensão que os filhos têm do comportamento dos pais. Essa percepção pode ser realizada a partir de dois focos: a congruência entre os objetivos e estratégias de seus pais; e a avaliação positiva ou negativa das intenções parentais.
Os autores afirmam que as estratégias educativas utilizadas pelos pais possuem um objetivo imediato (“uma mensagem”) e outro a longo prazo (“uma meta educativa”). Em um estudo, identificou-se que a percepção das crianças acerca das metas educativas é mais correta do que em relação às estratégias educativas, já que essas são mais variáveis (Rodrigo, Janssens, & Ceballos, 1999). Observou-se, ainda, que a forma como os pais percebem a situação de conflito, influencia na escolha das estratégias que adotarão. Essa flexibilidade parental é apontada como um aspecto positivo no processo de socialização (Hoffman, 1994).
As situações de conflito entre pais e filhos, especialmente os encontros disciplinares, devem ter conseqüências positivas no desenvolvimento social das crianças. Para que isso ocorra alguns fatores devem estar presentes: níveis relativamente baixos de afeto negativo, a presença de um foco (uma única questão em disputa, discussão) e a existência de uma tentativa de manejar ou resolver o conflito. Dessa forma a situação de conflito pode ajudar no desenvolvimento de habilidades de manejo dos conflitos/impasses, tolerância de afetos negativos, aumento do entendimento infantil das regras familiares, auxílio na delimitação e construção dos limites pessoais, promovendo assim o desenvolvimento da compreensão social (Brody & Stoneman, 1987, Kramer, Perozynski, & Chung, 1999, Volling & Elins, 1998)
A qualidade das interações familiares, especificamente nos encontros disciplinares, associa-se também à clareza das expectativas parentais. Dessa forma, o fato das mães proporcionarem “dicas” afetivas e comportamentais às crianças é eficaz para clarificar as suas expectativas em relação às mesmas, melhorando a qualidade do relacionamento entre elas. Sendo assim, a legibilidade das metas educativas associa-se à imposição de limites ou exigências/necessidades maturacionais, reiterando a importância da responsividade parental (Rodrigo, Janssens, & Ceballos, 1999).
Aliada à responsividade, Rodrigo e Palacios (1998) destacam a afetividade como um componente importante na qualidade das interações parentais. A afetividade na relação entre pais e filhos cria e dá forma ao clima emocional da família, que estará presente em todas as interações familiares, inclusive naquelas de cunho educativo. Fazem parte desta dimensão aspectos como: envolvimento, monitoramento e supervisão parental (Palacios & Rodrigo, 1998).
Outro aspecto que parece ser importante é a comunicação familiar, que constitui um elemento significativo na dinâmica familiar. Num estudo feito com adolescentes da capital gaúcha, observou-se que, segundo os mesmos, a mãe apresenta maior facilidade em comunicar-se com seus filhos, diferentemente do pai (Wagner, Falcke, Silveira & Mossmann, 2001). Resultados do estudo apontam que a facilidade da mãe na comunicação com os filhos está relacionada, segundo a percepção dos mesmos, com sua grande capacidade de entendimento e por ser uma pessoa muito coerente.
Tratando especificamente do papel da mulher e do homem na educação dos filhos, apesar das modificações na organização familiar observadas nos últimos anos, ainda verifica-se na literatura uma predominância de investigações sobre a figura materna. Alguns estudos têm apontado um dado importante e distinto: o exercício da autoridade feminina nas famílias é pouco percebido pela mulher, mas é referido pelos outros membros, como cônjuge e filhos (Falcke, 2002; Grzybowski, 2000; Padilla-Carlson, 1998; Wagner, 2003). Este dado pode indicar que a mulher ainda não se percebe fazendo o uso da autoridade na família por não reconhecer este papel como parte de sua condição feminina e maternal. Dentro dessa perspectiva, a autoridade parece delegada, ao longo da humanidade, aos homens e, dessa forma, o uso que esses fazem dela é permitido, ao contrário do que ocorre com as mulheres.
O ideal feminino circulante social e culturalmente parece dificultar a percepção da mulher em relação a sua maternidade e, conseqüentemente, ao exercício da autoridade na família. A figura da mulher parece ainda vinculada a um ideal de amor, de afeição e de cuidado, esperando-se características positivas como: doação, bondade, doçura, tolerância entre outros (Falcke, 2002). Na dinâmica familiar, o exercício da autoridade materna/feminina choca-se com os estereótipos sociais que constituem dificultadores e impossibilitam importantes mudanças familiares e sociais.
Em relação aos papéis dentro da família, observa-se que as mães, mais freqüentemente do que os pais, percebem com maior clareza quando seus filhos apresentam problemas de comportamento, ainda que não sejam problemas severos. Este dado parece reiterar a maior responsividade materna, apontada em estudos anteriores (Baker & Heller, 1996; Benzies, Harrison & Magill-Evans, 2004).
Nesse sentido, conhecer como as mães e os pais de adolescentes utilizam determinadas estratégias educativas com filhos adolescentes, podem oferecer possibilidades distintas para a compreensão da participação dos mesmos no processo educativo familiar. Assim, este estudo objetivou conhecer e comparar o uso de estratégias socialmente desejáveis e indesejáveis por pais e mães no processo de socialização de seus filhos adolescentes.
Método
Amostra
Participaram desse estudo 20 pais e 20 mães de adolescentes, com idade entre 15 e 19 anos, estudantes de escolas particulares da Região Metropolitana de Porto Alegre. As características da amostra estão descritas na Tabela 1.
Instrumentos
Para investigação das percepções acerca das estratégias educativas parentais desejáveis e indesejáveis dos pais, foi utilizado o Relatório de Pais (Wagner, 2001). Este instrumento foi traduzido e adaptado a partir do inventário Parent´s Report (Dibble & Cohen, 1974) e contém 48 itens que objetivam avaliar a percepção dos pais sobre as estratégias educativas utilizadas com seus filhos. A análise da consistência interna do instrumento nessa amostra indicou um Alpha Cronbach igual a 0,77, que pode ser considerado satisfatório.
Nesse instrumento as estratégias educativas são divididas em oito categorias socialmente desejáveis e oito socialmente indesejáveis. Os itens são respondidos numa escala Likert de cinco pontos (0 a 4) que avalia a freqüência que os pais utilizam as estratégias educativas descritas, e cada uma das categorias é constituída pelo somatório de 3 itens da escala.
As categorias socialmente desejáveis são aceitação da criança como pessoa, a criança como o centro, sensibilidade para os sentimentos, envolvimento positivo, aceitação da autonomia, divisão da tomada de decisões, manutenção da disciplina de forma consistente e controle positivo da disciplina. Já as indesejáveis referem-se à desapego, intromissão, relaxamento do controle da disciplina, manutenção inconsistente da disciplina, controle através da ansiedade, controle através da culpa, controle através da autoridade e evitação da relação. A análise do instrumento produz um escore médio dos sujeitos em cada uma dessas categorias.
Além do Relatório de Pais, foi utilizado um questionário, com questões fechadas, a fim de investigar o sexo, a escolaridade, o tempo de casamento e o número de filhos. Esses dados cujos dados estão apresentados na Tabela 1.
Procedimento de coleta de dados
Os pais que participaram da pesquisa foram selecionados por conveniência, considerando-se os critérios adotados para a delimitação da amostra. No contato inicial foram apresentados os objetivos da pesquisa e aqueles pais que concordaram em participar receberam a visita dos pesquisadores. Nesse momento, ocorreu a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a entrega dos instrumentos. Os pais foram orientados a responderem os instrumentos separadamente, evitando trocar informações, e os mesmos foram recolhidos após seu preenchimento.
Resultados
Os resultados deste estudo serão apresentados em duas partes. Em um primeiro momento, serão apresentadas as definições das categorias de práticas educativas investigadas; em um segundo momento, serão apresentados os dados referentes à análise comparativa entre pais e mães.
Na ausência de estudos nacionais que utilizem o inventário Parent's Report (PR), buscou-se, inicialmente, definir as categorias investigadas no instrumento. Para definir as dezesseis categorias do PR foram selecionados comportamentos dos pais que pudessem exemplificar e relacionar-se aos estilos parentais (Dibble & Cohen, 1974; Baumrind, 1997). A determinação das categorias como desejáveis ou indesejáveis foi feita pelos autores (Dibble & Cohen, 1974) com base em estudos empíricos e teóricos anteriores e em sua experiência clínica. Cada categoria é composta por três itens, da Escala, que descrevem comportamentos parentais e podem ser delimitadas da seguinte forma:
Categorias de comportamentos socialmente desejáveis
1. Aceitação da criança como pessoa: o reconhecimento de qualidades e defeitos do filho e apoio/suporte afetivo.
2. Criança como centro: priorização das necessidades afetivas do filho (como cuidado e atenção) e inclusão das necessidades e interesses do filho na elaboração de planos.
3. Sensibilidade para os sentimentos da criança: reconhecimento dos sentimentos dos filhos e encorajamento para exposição dos mesmos e capacidade de prever suas reações.
4. Envolvimento positivo com a criança: práticas de expressão de afetos positivos (falar, abraçar, beijar) e desenvolvimento de atividades junto ao filho.
5. Aceitação da autonomia da criança: aceitação de que a criança possa fazer coisas do seu jeito e respeito à privacidade do filho.
6. Divisão na tomada de decisões:tomada de decisões de forma conjunta (pais e filhos) e respeito às decisões dos filhos.
7. Manutenção da disciplina de forma consistente: estabelecimento de regras claras e controle de seu cumprimento; práticas punitivas frente a desobediências* .
8. Controle positivo da disciplina: explicações acerca das razões do uso de práticas punitivas*; estabelecimento de limites à conduta dos filhos e respeito à expressão de sentimentos frente às práticas punitivas*.
Categorias de comportamentos socialmente indesejáveis
1. Desapego: esquecimento dos assuntos relatados pelo filho; preferência dos pais por realizar atividades sem o filho; desconhecimento sobre os sentimentos e as opiniões do filho.
2. Intromissão: controle inadequado das atividades e companhias do filho; aborrecimento por pequenas coisas que o filho faz.
3. Relaxamento no controle da disciplina: ausência de monitoramento dos comportamentos inadequados do filho; baixa exigência para o cumprimento de regras e combinações.
4. Manutenção inconsistente da disciplina: ausência de regras claras para o controle do comportamento do filho; esquecimento e mudança das regras por parte dos pais.
5. Controle através da ansiedade: uso de ameaça de punição para evitar comportamentos inadequados do filho; verbalizações sobre comportamentos inadequados anteriores do filho e suas más conseqüências.
6. Controle através da culpa: uso de sentimentos negativos (como mágoa, ressentimento) dos pais para o controle do comportamento do filho; uso de cobranças baseadas nos esforços realizados pelos pais no cuidado do filho.
7. Controle através da hostilidade: uso de punição física e verbal no controle do comportamento; perda do auto-controle pelos pais diante de comportamentos indesejáveis do filho.
8. Evitação da relação: evitação (olhar, conversar e estar) do filho após a ocorrência de comportamentos inadequados/indesejáveis dele.
Com o objetivo de comparar pais e mães quanto ao uso de estratégias educativas desejáveis e indesejáveis na educação de seus filhos utilizou-se o Teste t-Student. Os resultados encontrados em relação às categorias de estratégias desejáveis estão apresentados na Tabela 2.
Os resultados encontrados indicaram diferença significativa entre as seguintes categorias: aceitação da criança como pessoa (t=2,6); a criança como centro (t=2,1); sensibilidade para os sentimentos da criança (t=2,6); envolvimento positivo com a criança (t=2,0); manutenção da disciplina de forma consistente (t=2,0) e controle positivo da disciplina (t=2,6). A comparação indicou que os escores médios das mães foram maiores do que os dos pais em todas estas categorias.
A Tabela 3 apresenta os resultados relativos às estratégias educativas indesejáveis.
A análise dos dados não indicou diferença significativa entre pais e mães nas categorias de estratégias indesejáveis.
Discussão
A família é considerada o primeiro e principal agente socializador, na medida em que deve estabelecer regras e normas que irão nortear as relações interpessoais dos filhos. Além disso, oferece modelos de conduta que auxiliam na construção dessa aprendizagem. Nesse sentido, os pais exercem um importante papel no processo de socialização, pois influenciam os filhos por meio de exigências, restrições e/ou permissões, valores e modelos, além de poderem administrar reforçadores (como afeto e atenção) e punições aos comportamentos dos filhos (Bandura & Walters, 1959).
O ingresso na escola e a adolescência compreendem fases do desenvolvimento nas quais as habilidades interpessoais aprendidas serão praticadas em ambientes diferentes do familiar, evidenciando a eficácia dos pais na tarefa de socialização. A adolescência, especificamente, representa um momento onde ocorrem transformações no indivíduo e na sua relação social (Hennigen, 1994). É o período no qual as habilidades já adquiridas precisam ser integradas para que o adolescente possa estabelecer relações interpessoais independentes e continuar avançando no seu desenvolvimento psicológico (Amaral, Bravo & Messias, 1996; Hidalgo & Abarca, 1994).
Dentro dessa perspectiva, tem se desenvolvido, na Psicologia, um interesse por estudos que investiguem a relação entre as práticas adotadas pela família e o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Nesse sentido, esse estudo objetivou conhecer e comparar o uso de estratégias socialmente desejáveis e indesejáveis por pais e mães no processo de socialização de seus filhos adolescentes.
Essas estratégias foram investigadas utilizando um instrumento que avalia práticas educativas. Práticas educativas são estratégias que os pais empregam com o objetivo de manejar o comportamento dos filhos e promover o processo de socialização (Grusec & Kuczynski, 1980; Hoffman, 1994).
A análise realizada a partir dos dados buscou comparar as práticas educativas utilizadas por pais e mães de adolescentes. Observando os resultados da Tabela 2, pode-se verificar que diferenças estatisticamente significativas foram encontradas em seis das oito categorias de comportamentos parentais socialmente desejáveis. São elas: a aceitação da criança como pessoa, a criança como centro, sensibilidade com os sentimentos da criança, envolvimento positivo com a criança, manutenção da disciplina de forma consistente e controle positivo da disciplina. Em todas essas categorias verificou-se que os escores médios das mães foram significantemente mais elevados que os escores médios dos pais.
As quatro primeiras categorias nas quais as mães obtiveram o escore médio mais elevado podem ser relacionadas ao conceito de responsividade apresentado por Baumrind (1966, 1997). A responsividade é definida pela presença de reciprocidade, comunicação, afetividade, apoio e aquiescência parentais, bem como reconhecimento e respeito à individualidade do filho (Baumrind, 1997; Reppold & cols., 2002; Pacheco & cols, 1999).
Trabalhos realizados nesta área (Costa, Teixeira & Gomes, 2000; Grusec & Lytton, 1988) têm mostrado que filhos, tanto do sexo feminino quanto do sexo masculino, percebem as mães como uma referência de responsividade, compreensão e aceitação. Relacionando esses estudos com as categorias desenvolvidas por Dibble e Cohen (1974), pode-se considerar que responsividade e compreensão correspondam às categorias envolvimento positivo com a criança e sensibilidade com os sentimentos da criança. Por outro lado, aceitação corresponderia à aceitação da criança como pessoa e criança como centro. Frente a essa relação, os resultados encontrados neste estudo indicam que a percepção dos pais sobre suas estratégias é semelhante à percepção dos filhos encontrada em outros trabalhos.
Estudos de Costa, Teixeira e Gomes (2000) e Paulson e Sputa (1996) complementam os resultados mencionados na Tabela 2 ao afirmarem que de uma maneira geral a presença da mãe é mais fortemente sentida no que diz respeito ao envolvimento com os filhos e é percebida, por eles, como mais responsiva do que os pais. Esses dados indicam que os filhos tendem a identificar, com maior freqüência, nas mães, condutas ligadas a afeto, cuidado, proximidade e aceitação. Da mesma forma, os dados desse estudo mostram que as mães também se descrevem como mais envolvidas no cuidado dos filhos, do que os pais.
Mesmo frente às inúmeras transformações ocorridas na dinâmica familiar e na condição feminina, pesquisas (Benzies, Harrison, & Magill-Evans, 2004; Eamon, 2000; Linver, Brooks-Gunn, & Kohen, 2002) têm mostrado que algumas tarefas de socialização encontram-se ligadas à perspectiva de gênero, ou seja, pais e mães assumem funções específicas na educação dos filhos. Observa-se ainda que o cuidado da casa e dos filhos permanece centrado na mãe (Wagner, 2003).
Ainda em relação às estratégias socialmente desejáveis, verificaram-se diferenças estatísticas significativas nas categorias “manutenção da disciplina de forma consistente” e “controle positivo da disciplina”, apontando que as mães obtiveram escores médios maiores do que os pais. Essas categorias se referem ao estabelecimento de regras claras e consistentes para o controle do comportamento dos filhos, bem como de conseqüências frente à desobediência.
Estudos (Patterson, 1986; Patterson, Reid & Dishion, 1989) que investigam o efeito de estratégias parentais sobre o desenvolvimento de adolescentes discutem que o uso de controle e monitoramento diminui o risco de ocorrência de problemas de comportamento nos jovens, tais como: uso de drogas, comportamentos anti-social e fracasso escolar. Dentro dessa perspectiva, Baumrind (1983; 1991; 1997) afirma que quanto mais eficazes os pais forem no estabelecimento e na manutenção de regras e limites na infância, menos terão de intervir na adolescência.
O emprego de estratégias de controle e monitoramento pelos pais na adolescência de seus filhos parece se constituir em um desafio tanto para as famílias quanto para os pesquisadores. Isso porque, como e quanto os pais devem controlar o comportamento dos filhos não parece ser uma questão simples, principalmente na adolescência quando a convivência com outras pessoas e com o grupo de pares torna-se mais relevante.
Os resultados indicam que, apesar dessa dificuldade, o grupo de pais pesquisado relatou utilizar as estratégias de controle e de disciplina com bastante freqüência. No entanto, as mães apresentaram escores mais elevados do que os pais. Uma hipótese explicativa para este dado pode ser pelo fato das mães despenderem maior tempo na convivência com os filhos, além de estarem mais envolvidas com a educação desses.
Com relação às categorias de comportamentos parentais socialmente desejáveis que não apresentaram diferenças significativas (aceitação da autonomia da criança e divisão na tomada de decisões), pode-se pensar que, diferentemente das demais, essas não se referem a tarefas educativas relacionadas a afeto e disciplina. Isto é, pais e mães parecem não diferir quanto a estratégias que assegurem a autonomia da criança na família, mas sim em relação a práticas ligadas a afetividade e a disciplina.
Os resultados encontrados nas categorias de comportamento parentais socialmente indesejáveis não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre pais e mães. Tal achado pode ser discutido considerando dois aspectos. A primeira questão a ser considerada refere-se às respostas ligadas à desejabilidade social. Os itens do instrumento que avaliam essas categorias remetem a condutas dos pais que são claramente inadequadas. A hipótese que se discute é que diante desses itens os pais tenham respondido tomando como referência o que se espera de ‘bons pais' e não a sua própria conduta.
Um segundo aspecto que pode ser considerado como um viés desses resultados diz respeito ao nível sócio-econômico (NSE) e à escolaridade dos pais entrevistados. Tendo em vista o NSE e o grau de instrução dos mesmos (predominantemente nível superior), pode-se inferir que os entrevistados possuem uma rede social formada por pessoas ou instituições que podem amenizar os possíveis aspectos negativos apresentados nas categorias indesejáveis. Assim, a rede social pode oferecer suporte ao ajustamento materno, com as mães submetendo-se a quantidades menores de stress e, portanto, estando mais propensas a demonstrar atitudes positivas e comportamentos de cuidado/atenção (Crnic et al., 1986, citado em Burchinal, Follmer e Bryant, 1996; Linver, Brooks-Gunn, & Kohen, 2002). No trabalho realizado por Gottlieb (1983, citado em Burchinal, Follmer e Bryant, 1996) verificou-se que um suporte oriundo das relações sociais pode amenizar impactos negativos, reduzindo o stress e permitindo, portanto, maior envolvimento no processo de socialização dos filhos.
Ainda que não tenham sido identificadas diferenças significativas entre pais e mães no que se refere às categorias de comportamentos parentais indesejáveis, algumas observações quanto a diferenças das médias das respostas de pais e mães em algumas destas categorias chama a atenção. As maiores diferenças entre pais e mães foram observadas nas categorias “desapego” (Mãe=2,15; Pai=2,43) e “intromissão” (Mãe=3,17; Pai=2,80). No entanto, foram as categorias referentes ao controle psicológico que se salientaram, visto que os escores maternos são mais altos em: controle através da ansiedade (Mãe=3,57; Pai=3,45), controle através da culpa (Mãe=3,53; Pai=3,50) e controle através da hostilidade (Mãe=3,53; Pai=3,50).
A combinação dos resultados encontrados nas categorias “manutenção da disciplina de forma consistente” e “controle positivo da disciplina”, com as médias das categorias “controle através da ansiedade”, “controle através da culpa” e “controle através da hostilidade”, observamos que as mães estão exercendo também as tarefas disciplinares ligadas ao controle do comportamento dos filhos. No entanto, parece que controlam os filhos utilizando-se de componentes afetivos, tais como culpa e ansiedade.
Pettit e colaboradores (2001) discutem que o termo controle parental pode estar referindo-se a dois tipos distintos de práticas. O primeiro refere-se à regulação parental realizado em termos de monitoramento e supervisão, contribuindo favoravelmente no processo de socialização dos adolescentes. Por outro lado, o segundo tipo diz respeito ao controle psicológico pelo emprego de estratégias que geram culpa e ansiedade. Essa conduta parental parece afetar negativamente o adolescente impedindo o desenvolvimento de autonomia e auto-regulação mantendo o adolescente emocionalmente dependente dos pais. Portanto, não constitui-se em uma estratégia que promova o desenvolvimento de crianças e adolescentes e pais que a empregam devem ser orientados.
Considerações finais
Esse estudo objetivou comparar o uso de estratégias socialmente desejáveis e indesejáveis por pais e mães de adolescentes. Para isso, utilizou-se o Relatório de Pais (Wagner, 2001) que busca investigar as estratégias que os pais utilizam para lidar com o comportamento dos filhos. Considerando-se a relevância do tema, o presente trabalho revelou achados importantes em relação às estratégias educativas utilizadas por pais e mães de adolescentes. Sabe-se que muitos estudos têm sido feitos com o objetivo de identificar e descrever aspectos positivos e negativos ligados à educação de crianças e adolescentes, indicando a necessidade de planejamento e intervenções nas famílias, especialmente de risco.
Os dados encontrados mostraram que pais e mães parecem diferir em relação às práticas educativas, especialmente no que diz respeito à construção, cumprimento e controle de regras com os adolescentes. Nesse sentido, estudos anteriores (Baumrind, 1997; Hoffman, 1994) atentam para a importância de haver consistência entre os pais na aplicação de estratégias educativas, aumentando a eficácia das mesmas. Ou seja, a divergência entre os pais quanto ao processo de socialização e de disciplina dos filhos constitui-se em um fator de risco para o desenvolvimento desses.
Um outro resultado que se mostrou relevante foi a diferença, entre pais e mães, encontrada nas categorias socialmente desejáveis e não verificada nas categorias indesejávies. Dessa forma, as mães apresentaram médias significativamente mais elevadas do que os pais nas categorias de estratégias educativas desejáveis. Esse achado remete à percepção positiva que as mães possuem de sua interação com os filhos e de suas próprias práticas educativas, e é corroborado por outros estudos que referem o papel predominante que a mulher exerce no processo de socialização de crianças e adolescentes.
A ausência de diferenças entre pais e mães nas categorias socialmente indesejáveis, verificada nessa amostra, pode ser analisada considerando-se a questão da desejabilidade social que pode ter se manifestado durante o preenchimento do instrumento. Nesse sentido, cabe uma reflexão sobre a eficiência do instrumento avaliado, sinalizando a necessidade de estudos nacionais, com amostras maiores, que possam contribuir para o aprimoramento da escala.
Além disso, estudos que comparem a percepção dos adolescentes e a percepção dos pais sobre as estratégias educativas empregadas na família, constituindo-se em um complemento importante na análise desse fenômeno parecem uma alternativa interessante. Isso porque a forma como os filhos percebem a intenção e as práticas adotadas pelos pais parece mediar seu comportamento.
Cabe ressaltar que os resultados desse estudo, embora contribuam para a discussão sobre o tema, devem ser observados com cuidado, pois foi realizado com um número reduzido de sujeitos. Nesse sentido, sugere-se investigações que incluam um número maior de participantes com características sócio-demográficas diversas. Da mesma forma, pesquisas que visem conhecer os motivos que levam os pais a escolherem tais estratégias educativas poderiam contribuir para a compreensão da dinâmica familiar e da influência de variáveis contextuais nas relações entre pais e filhos.
A investigação acerca das práticas educativas parentais justifica-se ao considerarmos a complexidade do fenômeno e as inúmeras variáveis que interferem na relação entre pais e filhos. Entende-se que, dessa forma, pode-se evitar a atraente simplificação de modelos que buscam relações de causalidade entre variáveis individuais ou contextuais, as estratégias adotadas pelos pais e o desenvolvimento de crianças e adolescentes. No entanto, os estudos realizados sobre esse tema poderão fundamentalmente contribuir para a implementação de programas de intervenção preventiva e de tratamento, visando atender às famílias e minimizar o efeito que práticas educativas inadequadas podem ter sobre crianças e adolescentes.
Referências
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Endereço para correspondência
Estrada Itacolomi, 3600 - Bairro São Vicente
CEP: 94170-240 Gravataí/RS
Tel.: (51) 431.7677
E-mail: janainapacheco@uol.com.br
Recebido em 05/2005
Aceito em 07/2005
1 Luiza Maria de O. Braga Silveira – Mestre em Psicologia pela PUCRS, professora do curso de Psicologia da ULBRA/Gravataí
2 Janaína Thaís Barbosa Pacheco – Doutora em Psicologia do desenvolvimento pela UFRGS, professora do curso de Psicologia da ULBRA/Gravataí
3 Thiago Schmitz da Cruz – Bolsista de Iniciação Científica e Graduando do curso de Psicologia pela ULBRA/Gravataí
4 Andréia Almeida Schneider – Graduanda do curso de Psicologia pela ULBRA/Gravataí
* As práticas punitivas mencionadas não se referem ao uso de punição verbal, física ou ameaças, mas a privação de privilégios e time out