EDITORIAL

O debate e a reflexão sobre o campo de estudo e ação da psicologia é parte de nossa história, de nossa tradição. Desde os questionamentos acerca da Psicologia enquanto ciência, até suas possibilidades de atuação. Discussões em relação ao status da disciplina somente serviram para que conseguíssemos reafirmar nosso campo como fundamental para o bem-estar global do ser humano. Dessa forma, esse movimento tem servido para uma formação mais ampla e continuada, com vistas ao aperfeiçoamento e à qualificação de nossa ciência e profissão. Processo esse que tem sido intrínseco à formação do psicólogo.

Nesse sentido, a Psicologia como ciência aberta, sempre privilegiou o diálogo e as alianças com outras profissões que sejam parceiras na aventura de ousar, de criar, de somar conhecimentos. A Psicologia atém-se ao comportamento humano, que reflete toda a amplitude dos fenômenos existentes no planeta. Isto é, desde desastres ambientais, até as questões econômico-políticas e o câncer que se manifesta no organismo, podemos identificar comportamentos humanos. Assim, em nossos diversos campos de atuação e no acúmulo de conhecimento que temos produzido, a Psicologia reafirma-se como a ciência, por excelência, que se insere na maior diversidade de fenômenos.

É justamente em meio a essa amplitude que sabemos de nossas especificidades e nossa necessidade de trabalho cooperativo com as mais diversas áreas do conhecimento. É da soma que vem nossa força e determinação, pois não temos a pretensão de reduzir a realidade a uma visão psicologicista. A Psicologia não busca delimitar e ampliar espaços com vistas à sobrevivência a um mercado, supostamente restrito. Nosso foco é a melhoria da qualidade de vida da maioria da população em suas mais diversas configurações. A atuação direciona-se à saúde geral e não somente à preservação da profissão. Seu esteio é o compromisso social.

Temos um projeto (temos vários projetos) e desafios. Estes somente poderão ser consolidados por profissionais que, sabendo atuar de forma interdisciplinar, utilizem sua criatividade e seu compromisso ético, integrando saberes que produzam conhecimentos compartilhados sobre os problemas que emergem como urgências em nosso contexto atual.

Trata-se de construir novas estratégias de integração entre as disciplinas, assim como junto à sociedade, em suas demandas e forças transformadoras. O projeto, em suas dimensõesontológica, epistemológica e ética, insere-se nas políticas institucionais, visando promover novas práticas mais democráticas, justas e plurais.

Visando contribuir para esse processo, a revista Aletheia tem procurado ser um espaço da diversidade, sendo essa questão evidenciada em seus artigos de pesquisa, de atualização e de relatos de experiências. Privilegiamos possibilidades de integração disciplinar na complexidade do atual cenário social. Boa leitura!

Os editores