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Aletheia

versão impressa ISSN 1413-0394

Aletheia  n.25 Canoas jun. 2007

 

ARTIGOS DE PESQUISA

 

A qualidade da amizade: adaptação e validação dos questionários McGill

 

Friendship quality: Construct Validity of McGill Questionnaires

 

 

Luciana Karine de SouzaI,1; Claudio Simon HutzII,2

I Universidade Federal de Minas Gerais. Departamento de Psicologia
II Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo deste estudo é adaptar e validar (validade de construto) os Questionários McGill de Amizade para uso com população adulta no Brasil. Estes instrumentos avaliam a qualidade da amizade através da percepção do indivíduo sobre funções do amigo, satisfação com a amizade, e sentimentos positivos e negativos relacionados ao amigo. As análises mostraram estruturas fatoriais equivalentes para as seis escalas do Questionário das Funções da Amizade, para a Escala de Satisfação com a Amizade e para a Escala de Sentimentos Negativos com relação ao Amigo, consideradas cargas fatoriais, adequação dos itens e consistência interna. A Escala dos Sentimentos Positivos com relação ao Amigo avaliará melhor os sentimentos positivos com a retirada de três itens que não são semanticamente semelhantes aos demais.

Palavras-chave: Amizade, Escalas, Adultos.


ABSTRACT

This study presents the construct validity of the McGill Friendship Questionnaires for use with adults in Brazil. These assessments evaluate friendship quality via individual’s perceptions of the functions of a friend, friendship’s satisfaction, and positive and negative feelings related to the friend. Analyses showed equivalent factor structures for the six scales of the Friendship Functions Questionnaire, for the Friendship Satisfaction Scale, and the Negative Feelings towards the Friend Scale, considering factor loadings and item adequacy in the scales, as well as scales’ internal consistency. The Positive Feelings towards the Friend Scale will better evaluate the positive feelings without three items that are not semantically similar to the others.

Keywords: Friendship, Scales, Adults.


 

 

Introdução

O objetivo deste estudo é adaptar e validar (validade de construto) os Questionários McGill de Amizade para uso com população adulta no Brasil. Estes instrumentos avaliam a qualidade da amizade através da percepção do indivíduo sobre determinadas funções que um amigo preenche, a satisfação com o relacionamento de amizade, e os sentimentos positivos e negativos relacionados ao amigo. A literatura empírica dispõe de diferentes medidas para acessar a percepção dos relacionamentos de amizade, como questionários, escalas e entrevistas (Furman, 1996). Os Questionários McGill foram desenvolvidos com base nos instrumentos mais utilizados, procurando manter os aspectos da amizade mais investigados nos últimos 20 anos.

A amizade é um relacionamento significativo para as pessoas e, assim como o casamento e a família, é promotora de felicidade e de satisfação de vida mediante recompensas instrumentais, apoio emocional e companheirismo (Argyle, 2001). Estes aspectos estão presentes nos estudos sobre a relação entre amizade e felicidade, e na literatura empírica referencial sobre o tema (Bukowski, Newcomb & Hartup, 1996).

Há requisitos importantes para a formação e a manutenção de uma amizade. Um deles é a real disposição para investir tempo livre na amizade “sem pressões ou restrições externas ao relacionamento” (Asher, Parker & Walker, 1996, p.389), implicando em interações além dos contextos normais de contato, fomentando comprometimento mútuo e interdependência. O companheirismo é outra característica fundamental entre amigos, abrangendo o divertimento obtido um com o outro e com atividades compartilhadas, desde a brincadeira na infância até conversas sobre assuntos íntimos na adultez. A reciprocidade, igualmente importante na amizade, implica em ser responsivo às necessidades e interesses um do outro. Outro aspecto essencial é a intimidade, expressa através de revelações recíprocas (ou abertura recíproca), isto é, “revelar experiências pessoais privadas e pensamentos e sentimentos muito íntimos” (Asher & cols., 1996, p.391). Igualmente relevantes à formação e manutenção da amizade são: expressão adequada de cuidado, preocupação, admiração e afeição com relação ao amigo, envolvendo validação pessoal e contribuindo para o senso de autovalor; fornecimento de ajuda, aconselhamento, conforto e apoio emocional; demonstração de confiança através de disponibilidade e lealdade; e estratégias de resolução de conflito eficazes, incluindo o perdão (Asher & cols.).

Fehr (1996) realizou uma compilação de cinco definições de amizade mais utilizadas, conceituando-a como “um relacionamento pessoal e voluntário, que propicia intimidade e ajuda, no qual as duas partes gostam uma da outra e buscam a companhia uma da outra” (p.7). Nesta definição, assim como na de Asher e cols. (1996), também é possível identificar aspectos sociais (companheirismo), instrumentais (ajuda, trocas) e afetivos (intimidade, apreço mútuo), fundamentais para as amizades.

A amizade, enquanto relacionamento, possui aspectos negativos, visto que são naturais, inevitáveis e importantes para seu desenvolvimento e manutenção (Duck & Perlman, 1985). Nesta direção, ciúme, desapego, preocupação, submissão e conflito (Mendelson, 1995), coerção, distanciamento emocional (Bukowski & cols., 1996), e ansiedade e rivalidade (Maeda & Ritchie, 2003) vêm sendo investigados.

Mendelson e Aboud (1999, 2003) identificaram seis funções conceitualmente distintas da amizade: companheirismo estimulante, ajuda, autovalidação, intimidade, aliança confiável e segurança emocional. O companheirismo estimulante refere-se ao engajamento conjunto em atividades agradáveis, divertidas e excitantes. Esta função destaca-se em todas as faixas etárias (Asher & cols., 1996; Blieszner & Adams, 1992; Bukowski & cols., 1996; Fehr, 1996). Embora as pesquisas têm focalizado na realização de atividades em conjunto, sem avaliar a presença de divertimento (Buhrmester, 1990; Bukowski, Hoza & Boivin, 1994), Mendelson e Aboud (1999, 2003) consideram importante que a interação seja divertida, agradável e excitante (Asher & cols., 1996; Jones, 1991; Wright, 1985).

A ajuda aborda o fornecimento de orientação, auxílio, informação, aconselhamento e outras formas concretas de ajuda para alcançar objetivos, sem necessariamente envolver reciprocidade (Jones, 1991). Esta qualidade tem sido tratada tanto individualmente (Bukowski & cols., 1994) como na combinação com apoio emocional (Asher & cols., 1996; Bukowski & cols., 1994). Entretanto, a dimensão instrumental, ou concreta, da ajuda é a mais utilizada, em oposição à dimensão afetiva de natureza abstrata. Aspectos intangíveis de ajuda e apoio emocional e encorajamento são abordados em outras funções da amizade, como segurança emocional e autovalidação. A autovalidação está associada à percepção de alguém que encoraja, escuta, tranqüiliza, e ajuda a manter uma auto-imagem como uma pessoa competente e digna, o que é “freqüentemente alcançado através de comparação social e validação consensual das características e crenças próprias” (Asher & cols., 1996, p.3). Enquanto Asher e cols. (1996) salientam a autovalidação ao discutirem as principais características das amizades, outros autores têm estudado aspectos próximos, como “apoio ao ego e afirmação de si” (Wright, 1985), e “avaliação refletida” (Bukowski & cols., 1994).

Intimidade é uma qualidade da amizade que diz respeito à sensibilidade aos estados e necessidades do outro, proporcionando um contexto de aceitação no qual há abertura para a exposição e expressão honestas de pensamentos, sentimentos e informações pessoais sobre si (Mendelson & Aboud, 2003). Esta definição vai à mesma direção de Asher e cols. (1996), ao passo que outros autores incluem o companheirismo na definição de intimidade (Buhrmester, 1990). Aliança confiável envolve estar apto a contar com a contínua disponibilidade e lealdade do amigo, ressaltada por Asher e cols. (1996) como confiança. Bukowski e cols. (1994) definem a função de aliança como abertura sobre si mesmo (self-disclosure), abordada por Mendelson e Aboud (2003) na função de intimidade. A sexta e última função, segurança emocional, refere-se ao fornecimento de consolo e confiança em situações novas ou ameaçadoras. Apesar de sua relevância, apenas Wright (1985) a aborda em seu modelo, qualificando o amigo como alguém que não é ameaçador e que transmite segurança ao não trair a confiança ou ficar chamando a atenção do amigo por suas fraquezas.

Além das seis funções da amizade, sentimentos positivos e negativos associados ao amigo e a satisfação com a amizade também foram foco de Mendelson e Aboud (2003) (Mendelson, 1995). Para dar conta da mensuração de todos estes aspectos (funções, sentimentos e satisfação), os autores desenvolveram três questionários &– os McGill Friendship Questionnaires (Questionários McGill de Amizade) &– MFQs (Mendelson, 1995; Mendelson & Aboud, 1999, 2003).

O MFQ-Friendship Functions (MFQ-FF) acessa o grau em que um amigo preenche as funções da amizade através de seis escalas, cada uma correspondendo a uma função: Ajuda, Aliança Confiável, Autovalidação, Companheirismo, Intimidade e Segurança Emocional. Mendelson e Aboud (2003) apresentaram o MFQ-FF em um estudo com 227 universitários canadenses. Os participantes que relataram uma amizade mais longa avaliaram o melhor amigo com escore mais alto nas funções da amizade (exceto Segurança Emocional) do que respondentes que indicaram melhores amizades relativamente mais recentes. Comparadas aos homens, as mulheres atribuíram escores mais elevados à sua melhor amizade nas seis funções propostas pelos autores, na mesma direção de investigações anteriores (Wright, 1988).

O MFQ-Respondent’s Affection (MFQ-RA) é composto por duas escalas, uma escala de satisfação com a amizade (sete itens), e uma de sentimentos positivos com relação ao amigo (nove itens). Os 16 itens do MFQ-RA são sentenças positivas sobre sentimentos com relação a um amigo específico (p.ex., gostar do amigo, importar-se com ele) ou ao relacionamento de amizade com este amigo (percebê-la como boa, forte, provedora de satisfação). No estudo citado anteriormente (Mendelson & Aboud, 2003), observou-se que indivíduos com amizades mais antigas apresentaram mais satisfação com a amizade e mais sentimentos positivos com relação ao amigo. Além disso, os sentimentos positivos das mulheres pela melhor amiga foram mais elevados do que dos homens por seus amigos de mesmo sexo, e a satisfação feminina com a amizade foi levemente maior. Observou-se que quanto mais o participante atribuiu sentimentos positivos pelo amigo e manifestou maior satisfação com a amizade, maior foi o grau de preenchimento pelo amigo das seis funções da amizade e maior a duração do relacionamento (Mendelson & Aboud, 2003).

O MFQ-Negative Feelings (MFQ-NF) é composto por 18 itens sobre sentimentos negativos (p.ex., sentir-se incomodado pelo amigo, sufocado, inibido) (Mendelson, 1995). Koh, Mendelson e Rhee (2003) compararam os sentimentos negativos e positivos com relação a um melhor amigo de mesmo sexo em universitários canadenses e coreanos, utilizando o MFQ-NF e o MFQ-RA. Os autores retiraram quatro itens do MFQ-NF em virtude de os estudantes coreanos não os terem considerado, mediante comentários durante o preenchimento dos questionários, como aspectos negativos da amizade. Constatou-se, nas duas amostras estudadas, uma relação inversa entre sentimentos negativos e sentimentos positivos com relação ao amigo.

Este estudo apresenta a validação para uso no Brasil dos Questionários McGill de Amizade &– MFQs. Estes questionários se propõem a abordar a percepção da qualidade da amizade em adultos mediante a análise de seis funções que o amigo preenche, da satisfação com a amizade, e dos sentimentos positivos e negativos associados ao amigo. A validação dos MFQs disponibilizará um conjunto de instrumentos que proporcionam abordar o construto estudado de forma rápida, concisa, abrangente e prática, oportunizando a realização de investigações sobre a amizade em adultos no Brasil, abrandando a lacuna existente na literatura empírica na área.

 

Método

Participantes

Participaram deste estudo 682 universitários, 426 mulheres e 256 homens. A faixa etária variou de 18 a 58 anos (média de 23,2 anos; DP = 6,57). Do total de participantes, 93% eram estudantes de cursos variados de uma instituição pública e 7% de uma instituição privada, ambas situadas em Porto Alegre (RS). Quanto ao estado civil, observou-se, na amostra feminina: 86,9% de solteiras; 10,8% de casadas ou envolvidas em união estável; 1,4% de separadas, divorciadas ou viúvas; e 0,9% que não informaram sua situação civil. Na amostra masculina, o estado civil distribuiu-se da seguinte forma: 87,5% de solteiros; 10,9% de casados ou em união estável; 0,8% de separados, divorciados ou viúvos; e 0,8% não informaram a situação civil atual. A amostragem foi obtida por conveniência: professores universitários foram contatados para que suas turmas fossem convidadas a participar do trabalho. O número de participantes foi calculado para garantir power de pelo menos 0,75 em todas as análises inferenciais. Este é um número adequado para fins de análise fatorial, considerando o número de itens nos instrumentos.

Instrumentos

O MFQ-Friendship Functions (MFQ-FF) (Questionário das Funções da Amizade &– QFA) é composto por seis escalas, cada uma abordando uma função que a pessoa identifica em seu amigo: Ajuda, Aliança Confiável, Autovalidação, Companheirismo, Intimidade e Segurança Emocional. Cada escala é formada por cinco itens &– sentenças positivas sobre como o amigo preenche cada função da amizade: “___ me ajuda quando preciso”; “___ me faz rir”. Uma análise fatorial com rotação oblíqua nos 30 itens do MFQ-FF para a extração de seis fatores revelou problemas com os itens de Segurança Emocional (estes itens não carregaram em qualquer dos fatores); uma nova análise sem estes itens confirmou cinco fatores, explicando 70,4% da variância. A consistência interna das seis escalas (inclusive Segurança Emocional) variou de 0,84 a 0,90 (alpha de Cronbach) (Mendelson & Aboud, 2003).

O MFQ-Respondent’s Affection (MFQ-RA) é composto por duas escalas, uma Escala de Satisfação com a Amizade (ESA), de sete itens, e uma Escala de Sentimentos Positivos com relação ao Amigo (ESPA), composta por nove itens. Os itens das escalas consistem em sentenças positivas sobre um amigo determinado ou sobre a amizade com ele (“Eu gosto muito do ___” &– ESPA; “Estou satisfeito com minha amizade com ___” &– ESA). Uma análise fatorial com rotação oblíqua aplicada aos 16 itens do MFQ-RA gerou uma solução de dois fatores (explicando 75,3% da variância). O fator 1 agrupou os sete itens da ESA e um item da ESPA; os sete itens do ESA foram agrupados como uma escala e os outros oito itens do ESPA foram agrupados como outra escala. A consistência interna foi de 0,93 para a ESPA e de 0,96 para a ESA (alpha de Cronbach) (Mendelson & Aboud, 2003).

O MFQ-Negative Feelings (MFQ-NF) &– Escala de Sentimentos Negativos com relação ao Amigo (ESNA) &– é composto por 18 itens sobre sentimentos negativos distribuídos em cinco fatores: conflito (quatro itens &– “Sinto-me incomodado por ___”), preocupação (três itens &– “Sinto-me preocupado com ___), submissão (quatro itens &– “inibido por”), desapego (quatro itens &– “inseguro com relação a”) e ciúmes (três itens &– “Sinto ciúmes de ___”). O MFQ-NF foi gerado mediante uma análise fatorial com rotação oblíqua aplicada aos 18 itens que o compõem, resultando nos cinco fatores mencionados (explicando 66,3% da variância). A consistência interna para cada fator variou de 0,72 a 0,81; tomados todos os 18 itens, o alpha de Cronbach foi de 0,95 (Mendelson, 1995).

Nas instruções dos questionários pede-se que o indivíduo imagine o nome do amigo no espaço indicado em cada item (p.ex., “Eu gosto muito do João”), indicando o quão freqüentemente o amigo corresponde ao que a sentença afirma. É fornecida uma escala Likert de nove pontos, dos quais cinco são ancorados (Mendelson & Aboud, 2003). Para a versão em português utilizaram-se apenas os pontos ancorados, visto que a partir de quatro itens a escala Likert não é afetada em sua consistência interna, o número de pontos mais utilizado é entre cinco e sete, e quanto mais “leve” a escala (com menos pontos possível), melhor (Pasquali, 1999).

Procedimentos

A tradução dos questionários foi realizada pelos autores deste trabalho, ambos bilíngües. Esta primeira versão foi apresentada e debatida com estudantes de graduação e de pós-graduação, membros da equipe de pesquisa, com a finalidade de conferir a compreensão da redação dos questionários. Estes alunos possuem familiaridade, em diferentes níveis, com a língua inglesa falada na América do Norte. Posteriormente os questionários foram submetidos à avaliação de um perito em língua portuguesa, levando à alteração da redação de alguns itens das escalas. Em seguida, a versão em língua portuguesa dos questionários foi traduzida novamente para a língua inglesa (back-translation) e enviada a Morton Mendelson, autor dos questionários, que aprovou a tradução dos itens. Finalmente, dois psicólogos especialistas em relacionamentos com adultos avaliaram e aprovaram a versão em língua portuguesa das escalas.

A aplicação dos questionários foi coletiva, durante um período de aula, na universidade, na seguinte ordem: MFQ-FF, MFQ-RA e MFQ-NF. Antecedendo o MFQ-FF, os participantes preencheram questões sócio-demográficas, três questões sobre amizades próximas e a indicação de uma melhor amizade. As questões sobre amizades próximas serviram ao propósito de sensibilizar os participantes para uma seleção mais refletida sobre a melhor amizade, cuja indicação era pedida no item seguinte. A aplicação dos instrumentos, bem como o preenchimento do termo de consentimento livre e esclarecido e o recolhimento de todo o material ocorreu por um período aproximado de 40 minutos.

 

Resultados

Realizou-se uma análise fatorial exploratória utilizando-se os métodos de extração dos componentes principais e de rotação Oblimin com normalização Kaiser, visto que os fatores dos questionários representam construtos correlacionados. Determinou-se como critério para a determinação dos fatores apenas aqueles que apresentaram eigenvalue acima de um (Kaiser, 1960). As análises permitiram o exame dos itens de cada um dos três questionários (MFQ-FF, MFQ-RA e MFQ-NF) com relação à distribuição nos fatores, às cargas fatoriais, ao conteúdo e à consistência interna (alpha de Cronbach) da(s) escala(s) que compõe(m) os questionários.

MFQ-FF: Questionário das funções da amizade (QFA)

A análise fatorial obteve uma solução de seis fatores, explicando 57,64% da variância. A tabela 1 apresenta a distribuição dos itens nos seis fatores com as respectivas cargas fatoriais, médias, desvios padrão, eigenvalues, porcentagem da variância explicada e alpha de Cronbach. Foram considerados os itens com cargas acima de 0,40; itens originais com cargas inferiores são apresentados em negrito, e itens com cargas acima de 0,40 que carregaram em fatores não esperados (diferentes do original) encontram-se em itálico, e não foram incluídos nos cálculos efetuados.

 

 

Como se pode observar na tabela, a análise fatorial apresentou uma estrutura equivalente à original, com seis fatores (fator 1: Segurança Emocional; fator 2: Intimidade; fator 3: Aliança Confiável; fator 4: Companheirismo; fator 5: Ajuda; fator 6: Autovalidação). Ao contrário do estudo de Mendelson e Aboud (2003), a escala de Segurança Emocional (fator 1) não apresentou problemas com seus itens originais. O item 18 (“___ faz com que eu me sinta especial.”), que carregou neste fator, não se apresenta adequado, em termos semânticos, a esta escala. Assim, optou-se por agrupá-lo com os demais itens da escala de Autovalidação (fator 6), a qual pertence originalmente. Ainda com respeito ao fator 6, dois itens originários da escala de Ajuda carregaram nele (item 25: “___ me ajuda quando estou me esforçando para terminar algo.”; e item 28: “___ me mostra como fazer melhor as coisas.”), mas não possuem conteúdo compatível com a escala de Autovalidação. Além disso, o item 25 carregou também no fator 5, junto aos demais itens da escala de Ajuda, da qual faz parte. Assim, optou-se por manter os itens 25 e 28 junto aos demais itens da escala de Ajuda (fator 5). Provavelmente o que tenha aproximado o item 28 da escala de Autovalidação tenha sido a palavra “melhor”, o que pode ter associado o item a uma idéia de progresso pessoal com a ajuda do amigo, na direção de fortalecer sua auto-estima positiva.

Dois itens da escala de Intimidade (item 5: “___ sabe quando estou chateado”; e item 15: “___ sabe quando algo me incomoda”) carregaram no fator 5, junto aos itens de Ajuda. Contudo, estes itens não são semanticamente semelhantes aos itens da escala de Ajuda. Dessa forma, optou-se por mantê-los junto aos itens originais da escala de Intimidade.

Assim, em função tanto das cargas fatoriais como da adequação semântica entre itens e escalas, optou-se por manter os itens junto às escalas originais, passando-se ao cálculo da consistência interna das seis escalas. O alpha de Cronbach obtido para as escalas variou de 0,73 a 0,81, considerados satisfatórios. O cálculo do alpha para os fatores obtidos com todos os itens que carregaram acima de 0,40, sem considerar a adequação do conteúdo dos itens às escalas, não ultrapassaria 0,83, o que também justifica a opção por manter a configuração original das seis escalas.

MFQ-RA: Escalas de Satisfação com a Amizade (ESA) e de Sentimentos Positivos com relação ao Amigo (ESPA)

Previamente à descrição da análise da estrutura do MFQ-RA, cabe relatar que muitos participantes apresentaram dificuldade na compreensão do item 8 (“Eu prefiro ___ à maioria das pessoas que conheço.”), que compõe a Escala de Sentimentos Positivos com relação ao Amigo (ESPA). A partir desta observação, entende-se que este item deva ser acompanhado com maior atenção nas análises que seguem.

Tomando-se conjuntamente os 16 itens do MFQ-RA &– que abarca a Escala de Satisfação com a Amizade (ESA) e a Escala de Sentimentos Positivos com relação ao Amigo (ESPA), obteve-se uma solução de três fatores (satisfação, sentimentos positivos I, e sentimentos positivos II), explicando 59,58 % da variância. A tabela 2 apresenta a distribuição dos itens nos fatores com as respectivas cargas fatoriais, eigenvalues e porcentagem da variância explicada. Foram considerados os itens com cargas acima de 0,40.

 

 

A análise fatorial não apoiou uma estrutura com dois fatores, encontrada no trabalho de Mendelson e Aboud (2003). Três fatores foram extraídos. Ainda assim, todos os itens da Escala de Satisfação com a Amizade (ESA) carregaram no fator 1. Contudo, o item 9 (“Me sinto próximo de ___.”), que se apresentou ambíguo, ou seja, carregou tanto no fator 1, junto aos itens de satisfação com a amizade, como no fator 3, aproxima-se semanticamente do que seria a escala de Sentimentos Positivos com relação ao Amigo (ESPA). Assim, decidiu-se por desconsiderar a carga do item 9 no fator 1. O alpha de Cronbach para os sete itens da ESA foi de 0,89, demonstrando boa consistência interna.

Os itens da Escala de Sentimentos Positivos com relação ao Amigo (ESPA) distribuíram-se em dois fatores (fatores 2 e 3). Analisando-se o conteúdo destes itens, observou-se que dois itens do fator 2 &– itens 7 (“Quero que continuemos amigos por muito tempo”) e 13 (“Espero que ___ e eu continuemos amigos”) &– diferenciam-se dos demais por fazerem referência a uma preocupação com a continuidade da amizade, isto é, com o futuro do relacionamento. Já os outros itens do fator 2 (item 12: “Fico feliz por ___ ser meu amigo”; item 16: “Eu gosto de ter ___ como um amigo”), embora também façam menção à relação entre amigos, aproximam-se mais semanticamente dos itens que carregaram fator 3 por considerarem sentimentos de gostar e de felicidade. A partir disso, foi realizada uma nova análise fatorial com os itens dos fatores 2 e 3 (originários da ESPA), retirando-se os dois itens que abordam o futuro da relação (itens 7 e 13). A análise apresentou ainda dois fatores, com alpha de 0,65, indicando a retirada do item 8 (“Eu prefiro ___ à maioria das pessoas que conheço”) para a obtenção de um alpha minimamente satisfatório (0,71). Num cálculo preliminar do alpha para todos os nove itens originais da ESPA, este mesmo item 8 quando retirado elevou o coeficiente de fidedignidade da escala de 0,68 para 0,75. Além disso, a observação da dificuldade dos participantes em compreenderem o referido item, como mencionado anteriormente, também colabora para a justificativa da retirada do item da escala. Assim, uma nova análise fatorial com os itens 2, 3, 9, 12, 14 e 16 apresentou um único fator, representando de modo mais adequado a Escala de Sentimentos Positivos com relação ao Amigo. As cargas fatoriais variaram de 0,55 a 0,76 com eigenvalue 2,83, explicando 47,28% da variância. A média dos itens ficou em 4,78 (DP = 0,33). O alpha de Cronbach foi de 0,71. Decidiu-se por esta estrutura em função da pertinência entre itens e fator, bem como da consistência interna obtida, considerada satisfatória.

MFQ-NF: Escala de Sentimentos Negativos com relação ao Amigo (ESNA)

A análise fatorial obteve uma estrutura de cinco fatores, equivalente à obtida para o instrumento original (Mendelson, 1995) (fator 1: conflito; fator 2: preocupação; fator 3: ciúme; fator 4: desapego; e fator 5: submissão), explicando 58,88% da variância. A tabela 3 apresenta a distribuição dos itens nos fatores com as respectivas cargas fatoriais, eigenvalues e porcentagem da variância explicada. Foram consideradas as cargas acima de 0,40. São destacadas, em negrito, as cargas de itens que apresentaram valor abaixo do mínimo estipulado em seus fatores originais.

 

 

Como se pode observar na tabela 3, o item 11 (“Sinto ciúmes de ___”) carregou no fator 2, junto aos itens sobre sentimentos de preocupação. Todavia, este item não possui conteúdo semântico similar aos itens do fator. O item 9 (“Sinto-me inibido por ___”), da mesma forma, carregou no fator 3 (itens sobre ciúmes), mas se aproxima semanticamente do fator 5, junto aos itens que representam sentimentos de submissão. Já quanto ao item 3 (“Sinto-me incomodado por ___”) carregou no fator original junto aos itens de sentimentos de conflito, com carga apropriada ao fator.

O item 6 (“Sinto-me insatisfeito com ___”), originalmente apresenta-se junto aos itens sobre o sentimento de desapego (item 1: “Sinto-me distante de ___”; item 2: “ambivalente”; e item 14: “inseguro”). Contudo, na análise efetuada o referido item carregou no fator 1 junto aos itens de sentimentos de conflito (“incomodado”, “em desacordo”, “ofendido” e “com vontade de discutir”). Possivelmente o item 6 foi associado a estes itens visto que estes despertam mais o sentimento negativo de insatisfação do que os demais itens de desapego, que possuem conteúdo mais associado a um distanciamento, ou uma incerteza com relação ao que a pessoa sente pelo amigo. Nesta mesma direção, o item 14 (“inseguro”), que carregou no fator 5 com os itens de sentimentos de submissão (“controlado”, “inibido”, “sufocado” e “dependente”), não possui conteúdo compatível com estes itens, que assinalam marcadamente sentimentos de controle e dependência, e portanto será mantido no fator 4 (desapego).

A análise da consistência interna de cada um dos fatores, conforme a distribuição proposta para os itens (com o item 6 incluído no fator 1, junto aos demais itens sobre conflito), revelou índices baixos de fidedignidade (alpha’s entre 0,58 e 0,76). O alpha também seria baixo caso fosse mantida a configuração original dos fatores segundo o estudo de Mendelson (1995) (entre 0,56 e 0,72), isto é, com o item 6 no fator 4 (sentimentos de desapego). Além disso, são poucos itens em cada fator (apenas três ou quatro itens). No entanto, a escala apresenta boa consistência interna quando analisada na totalidade de seus itens (alpha de 0,84). Assim, entende-se que os 18 itens da Escala de Sentimentos Negativos podem ser considerados em conjunto para avaliar os sentimentos negativos associados ao amigo.

 

Discussão

O objetivo deste estudo foi adaptar e validar (validade de construto) as escalas que compõem os Questionários McGill de Amizade, e que avaliam a percepção das funções que um amigo preenche, os sentimentos positivos e sentimentos negativos associados ao amigo, e a satisfação com a amizade. Não há instrumentos para a avaliação da percepção da amizade em adultos no Brasil. Apenas três estudos sobre amizade na adultez foram localizados mediante busca em periódicos científicos de Psicologia, bases de dados eletrônicas nacionais, catálogo de dissertações e teses da CAPES, currículos Lattes, e acervo eletrônico das bibliotecas das principais universidades públicas e privadas do país. Estes trabalhos utilizaram fundamentalmente entrevistas, com objetivos e métodos bem distintos. Ainda assim, características da amizade como abertura, confiança, companheirismo, intimidade, apoio emocional e ajuda destacaram-se nos dados destes trabalhos (Erbolato, 2001; Kipper, 2003; Rezende, 2002), o que vai ao encontro da literatura empírica na investigação da qualidade da amizade (Asher e cols., 1996; Blieszner & Adams, 1992; Bukowski e cols., 1994; Bukowski e cols., 1996; Fehr, 1996; Furman, 1996; Mendelson & Aboud, 1999, 2003).

As análises mostraram estruturas fatoriais equivalentes para as seis escalas do Questionário das Funções da Amizade (QFA), para a Escala de Satisfação com a Amizade (ESA) e para o Questionário de Sentimentos Negativos com relação ao Amigo (ESNA), consideradas as cargas fatoriais e a adequação dos itens nas escalas, bem como a consistência interna das mesmas. A Escala dos Sentimentos Positivos com relação ao Amigo (ESPA), no entanto, avaliará melhor os sentimentos positivos com a retirada de três itens que não são semanticamente semelhantes aos demais. Assim, embora Mendelson e Aboud (2003) tenham tratado a ESPA como unifatorial com seus nove itens, no presente trabalho apenas seis representaram adequadamente a dimensão de sentimentos positivos pelo amigo, apresentando uma estrutura mais sólida.

A amizade é um construto multifacetado, e não há uma definição consensual na literatura (Blieszner & Adams, 1992; Fehr, 1996). No entanto, é possível identificar aspectos fundamentais nas amizades. O companheirismo, a ajuda e a intimidade são características da amizade, tomadas por Mendelson e Aboud (2003) como funções. Ao longo do ciclo vital, estas funções, bem como outras (confiança, abertura, autovalidação), se apresentam nas relações entre amigos, variando em importância conforme a etapa de desenvolvimento (Rawlins, 1992).

Na atualidade, com o crescente nível de estresse e competição vividos no ambiente de trabalho, o tempo dedicado a relacionamentos sociais vem sofrendo uma diminuição significativa. Afora isso, na adultez, as amizades já recebem menos investimento, visto que se tornam menos relevantes na comparação com relacionamentos conjugais e familiares (Carbery & Buhrmester, 1998). Contudo, boas amizades são promotoras de saúde enquanto facilitam a tolerância a medos e ansiedades, ajudam a suportar situações estressantes e proporcionam um forte senso de identificação e de exclusividade através das experiências compartilhadas (Bell, 1981). Amizades são relacionamentos que trazem felicidade e satisfação de vida (Argyle, 2001) e, portanto, merecem atenção com o estudo de seus processos e dimensões, como na investigação da percepção da qualidade através das suas funções, satisfação e sentimentos relacionados.

O presente estudo pode ser complementado com investigações posteriores que exponham as escalas dos Questionários McGill a outras condições de testagem. Primeiramente, poder-se-ia contar com uma amostra de pessoas com problemas de relacionamento ou “solitárias”, ou seja, que admitam não possuir amizades e que sintam que esta falta lhes causa desconforto psicológico. Num segundo momento, também seria possível conduzir um estudo com pessoas que relatassem ter muitos amigos, ou mesmo, pessoas consideradas extrovertidas e sociáveis, segundo resultados de testes de personalidade. Nesta direção, poder-se-ia correlacionar as escalas de extroversão e de neuroticismo do Modelo dos Cinco Grandes Fatores com os Questionários McGill. Em terceiro lugar, uma comparação com instrumentos de satisfação de vida e de bem-estar subjetivo forneceria novos insights sobre estas questões bem como sobre o impacto dos relacionamentos de amizade em adultos brasileiros. Estes estudos podem contribuir tanto para o acompanhamento da performance dos instrumentos aqui analisados como para a produção científica em relacionamentos de amizade no Brasil.

 

Referências

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Endereço para correspondência
E-mail: luciana.karine@ufrgs.br; hutzc@terra.com.br

Recebido em abril de 2006
Aceito em março de 2007

 

 

1 Luciana Karine de Souza é Doutora em Psicologia do Desenvolvimento (UFRGS). Professora adjunta no Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais
2 Claudio Simon Hutz é Doutor em Psicologia (University of Iowa, EUA). Professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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