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Aletheia
versão impressa ISSN 1413-0394
Aletheia n.26 Canoas dez. 2007
ARTIGOS DE PESQUISA
Perspectivas no estudo do brincar: um levantamento bibliográfico
Perspectives in the study of play: a bibliographical survey
Scheila Tatiana Duarte CordazzoI,*; Gabriela Dal Forno Martins**; Samira Mafioletti Macarini***; Mauro Luis VieiraI,****
I Universidade Federal de Santa Catarina
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo identificar as perspectivas no estudo do brincar a partir de resumos de artigos; fornecendo, assim, um panorama do que vem sendo pesquisado sobre este tema. Para isso, foi realizada uma busca sistemática em uma base de dados bibliográficos internacional (PsycInfo & APA) e em duas nacionais (Scielo e Index Psi). Foram encontrados resumos de artigos que datavam de 1980 até 2005 (n=181), os quais foram analisados e classificados sistematicamente. As conclusões apontam para: a) necessidade de considerar outras faixas etárias no estudo do brincar; b) necessidade de um maior número de pesquisas empíricas nacionais; c) identificação de poucas pesquisas que relacionam o brincar com a aprendizagem e d) predomínio de pesquisas que relacionam o brincar ao desenvolvimento infantil.
Palavras-chave: Brincar, Desenvolvimento e brincadeira.
ABSTRACT
This work aimed to identify perspectives in the study of play by examining the abstracts from scientific papers on the subject and forming a synthesis of the research conducted between 1980 and 2005. To this end, one international bibliographic database (PsycInfo & APA) and two national bibliographic databases (Scielo and Index Psi) were consulted. The abstracts obtained from the relevant works were systematically analyzed and classified. Conclusions reached were as follows: (a) Age-groups apart from those normally studied are required for a proper elucidation of the nature of play. (b) Further empirical research is needed on a national level. (c) The relationship between play and learning had been inadequately explored. (d) It has been found a predominance of research relating play to infant development.
Keywords: Play, Child development, Play behavior.
Introdução
A brincadeira tem sido fonte de pesquisa na Psicologia não somente pelo fato de ser encontrada nos filhotes de mamíferos e em especial nas crianças humanas, mas também pela sua influência no desenvolvimento infantil e pela motivação interna para tal atividade. Uma criança não precisa de motivos ou razões para brincar. Crianças brincam pelo simples prazer de brincar (Stagnitti, 2004). É o brincar pelo brincar, sem a necessidade da existência de um objetivo final a ser alcançado. Um dos itens que caracterizam a brincadeira é a ênfase no processo e não necessariamente no produto da atividade.
Apesar do crescimento de pesquisas sistemáticas na área nos últimos anos, a teorização sobre o brincar decorre, conforme Baptista da Silva (2003), desde Platão que tentava fazer uma relação entre o jogo e a educação. Entretanto, como objeto de estudos científicos na psicologia, a brincadeira passou a ser investigada, segundo a mesma autora, a partir dos estudos de Spencer (1820/1903), Stanley Hall (1844/1924) e Gross (1896/1978), com a teoria da recapitulação e do brincar como excesso de energia. Posteriormente, Vygotsky (1933/1989) e Piaget (1945/1978) realizaram estudos empíricos acerca do brincar e contribuíram tanto para o aperfeiçoamento dos métodos utilizados para este fim, quanto para o entendimento da relação do brincar com o desenvolvimento. Berlyne (1963) acrescentou a idéia de que o brincar seria um comportamento intrinsicamente motivado e Bruner (1972, 1976) enfatizou que o brincar deveria ser uma atividade utilizada para facilitar a aprendizagem e a prática de comportamentos específicos.
A partir dos estudos que têm sido realizados sobre o brincar ao longo dos anos, pode-se afirmar que ele possui grande importância para o desenvolvimento global da criança, estando relacionado aos aspectos do desenvolvimento cognitivo, social, afetivo e físico (Morais, 2004; Souza & Vieira, 2004). Entre outros aspectos, a brincadeira pode auxiliar a criança a exprimir a sua agressividade, dominar sua angústia, aumentar as suas experiências, treinar para situações imediatas e futuras e estabelecer contatos sociais (Bomtempo, Hussein & Zamberlan, 1986; Pellegrini & Smith, 1998). Nesse sentido, a brincadeira pode ser uma estratégia utilizada por pais e profissionais da saúde e da educação para estimular o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças (Cordazzo, 2003; Dohme, 2002).
No entanto, nem sempre o brincar é valorizado devidamente nesses contextos. Algumas possíveis explicações para esse fato já foram apontadas por alguns autores, tais como: a cobrança da sociedade e especificadamente da escola pelo cumprimento dos currículos, em função de a criança ser vista, muitas vezes, como um ser que deve ser apenas disciplinada para a aquisição de conhecimentos em instituições de ensino acadêmico (Kishimoto, 1994); a ausência de uma formação profissional que utilize o brincar como ferramenta no trabalho com crianças (Cooney, 2004); a falta de tempo e recursos e, mais significativamente, o fato de o brincar não ser visto como o meio primário para se aprender (Goldhaber, 1994).
Diante destas colocações acredita-se que um levantamento do que vêm sendo produzido em relação ao brincar possa ajudar a compreender um pouco mais o lugar que hoje é delegado a ele. Este artigo, portanto, objetiva identificar as perspectivas no estudo do brincar a partir de resumos de artigos em bases de dados eletrônicas nacionais e internacionais; fornecendo, assim, um panorama do que vem sendo pesquisado sobre este tema. É importante ressaltar que esse estudo visa contribuir parcialmente para a explicação dos tipos de pesquisas realizados na área, uma vez que se deve reconhecer que os resumos oferecem uma história da produção acadêmica, que não é absolutamente a mesma possível de ser narrada através da realidade constituída pelos artigos na íntegra (Ferreira, 2002).
Para caracterizar o conjunto de estudos é feita uma apresentação e discussão de algumas categorias de análise, tais como as características dos sujeitos estudados, os métodos utilizados e os aspectos investigados relacionados com a brincadeira.
Método
Para a obtenção dos resumos dos artigos foi realizado um levantamento bibliográfico através de buscas em bases de dados nacionais e internacionais na área de Psicologia. Foram selecionadas as seguintes bases: a) PsycInfo, a base de dados on-line da American PsychologicalAssociation (APA); b) Index Psi do Conselho Federal de Psicologia/PUC-Campinas; e c) Scielo Brasil, uma base de dados científicos eletrônica. As palavras-chave utilizadas para a busca nas bases de dados brasileiras foram: brincar, brinquedo e brincadeira. Neste caso, essas palavras poderiam estar em qualquer campo do registro, tais como título, resumo e palavras-chaves. Já na base internacional foram utilizadas as palavras play e toy, optando-se por buscá-las apenas no campo de key-words. Essa opção foi feita uma vez que quando se buscavam registros com as palavras em todos os campos surgiam também estudos que não tinham relação com o comportamento de brincar. Isso ocorreu, possivelmente, em função de que a palavra play poder significar, além de brincar, outros comportamentos, como jogar, representar, tocar instrumento, etc.
No total, foram encontrados 194 resumos de artigos que datavam de 1980 até 2005, os quais foram lidos pelos pesquisadores. Posteriormente, cada um deles definiu algumas possíveis categorias de análise, sendo que as categorias finais foram definidas conjuntamente. Foram considerados 181 registros de artigos, sendo excluídos aqueles em que o brincar era utilizado estritamente como método e não como objeto de estudo, e quando as palavras-chave eram utilizadas com outro significado que não o comportamento de brincar. Deve-se considerar que esse conjunto de resumos não representa a totalidade de estudos existentes sobre o brincar, mas sim uma amostra deles. Isso porque as bases de dados, conforme explicitado anteriormente, não abrangem o total de periódicos existentes, além de conterem, em função de serem eletrônicos, apenas os resumos mais recentes.
Os registros encontrados foram analisados e classificados de acordo com as categorias estabelecidas pelos pesquisadores. Foram elas:
1. Periódico de publicação: titulo do periódico no qual o artigo fora publicado;
2. Área da Psicologia a partir da qual se investigou o fenômeno do brincar: Psicologia Educacional, Psicologia da Saúde, Psicologia Clínica e Psicologia do Desenvolvimento. Nesta última área foram incluídos os trabalhos que tinham como foco de pesquisa ou revisão teórica o brincar independente de um contexto específico, como o hospital, a escola, a clínica.
3. Natureza da pesquisa: teórica ou empírica. A primeira envolve revisões de literatura e discussões a respeito de diversos aspectos do brincar e as últimas pesquisas que utilizam algum método de coleta de dados específico.
4. Método: diferentes tipos de métodos utilizados nos trabalhos empíricos, tais como: observação direta, experimento, observação indireta (questionários, escalas e inquéritos), estudos de casos e combinações de dois ou mais métodos.
5. População estudada: seres humanos ou animais;
6. Faixa etária das crianças participantes das pesquisas: bebês (0 a 3 anos), pré-escolares (3 a 6 anos) e escolares (6 a 10 anos).
7. Tipo de brincadeira investigada: faz-de-conta, livre, turbulenta, física, jogos de regras, outras. Quando a pesquisa não especificava essa informação, considerou-se que não houve foco em relação a algum tipo de brincadeira.
8. Natureza da interação quando estava presente na pesquisa: relação criança-criança, mãe-criança, pai-criança, pais-criança, outros-criança (professores, psicoterapeutas,etc.).
9. Temas de investigação: objetos de estudo dos diferentes trabalhos, os quais foram classificados de acordo com o(s) objeto(s) de investigação predominante(s). Dessa forma, um mesmo trabalho pode ter sido classificado em mais de um aspecto:
a) Desenvolvimento Infantil: relação do brincar com as diversas dimensões do desenvolvimento & cognitivo, lingüístico, social, emocional, físico e com a aprendizagem.
b) Interação: trabalhos que tinham como objeto principal de investigação aspectos específicos da interação no brincar criança-criança e criança-adulto.
c) Gênero: diferenças de gênero no brincar relacionadas aos estilos de interação, aos tipos de brincadeira e brinquedos escolhidos, aos temas na brincadeira de faz-de-conta, entre outros.
d) Cultura: brincar e sua relação com a cultura, como um espaço de transmissão e ressignificação da cultura do adulto, a microcultura do brincar.
e) Brincar na Educação: brincar investigado em contextos escolares, relacionado com a aprendizagem de conteúdos específicos, relação professor-aluno no brincar e papel do professor nas situações de brincadeira no contexto educacional.
f) Brincar como instrumento terapêutico: brincar investigado em contextos clínicos e hospitalares, sendo utilizado para fins específicos de intervenção, como instrumento de suma importância para a terapêutica com crianças.
g) Saúde-doença: investigações de aspectos do brincar de crianças com patologias diversas, sendo enfocado o benefício dessa atividade para a adesão ao tratamento, manutenção do mesmo e elaboração e enfrentamento da doença por parte da criança.
Alguns dados que não constavam nos resumos e que seriam necessários para a categorização dos artigos, foram buscados na íntegra das publicações. Isso foi feito apenas com alguns artigos, já que nem todos estavam disponíveis para consulta on-line. Quando não encontrou-se o artigo na íntegra para esclarecer algum dado, usou-se a expressão “não especificado”.
Resultados e discussão
Foram identificadas, no total, 181 publicações de artigos relacionados ao fenômeno brincar nas bases de dados selecionadas, sendo 44,7% delas em periódicos nacionais e 55,3% em periódicos internacionais. Cabe ressaltar que estes números apenas apontam para os dados encontrados nesta amostra e não refletem a realidade propriamente dita, uma vez que os critérios de busca das palavras-chave foram diferentes nas bases nacionais e internacionais.
Verificou-se que 33% dos artigos identificados foram publicados em um único periódico (Developmental Psychology). Outros 26% deles foram publicados em sete periódicos (Journal of Comparative Psychology, Estudos de Psicologia, Psicologia Teoria e Pesquisa, Behavioral Neuroscience, Psicologia Reflexão e Crítica, Professional Psychology e Psicologia em Estudo), sendo que cada um desses periódicos apresentou de cinco a dez publicações relacionadas ao brincar. O restante dos artigos identificados (41%) foi publicado em 51 periódicos diversos. A Tabela 1 apresenta a distribuição de artigos nos periódicos.
Áreas da Psicologia a partir das quais se investigou o fenômeno do brincar
Com relação às áreas da Psicologia em que o brincar vem sendo fundamentalmente estudado, pode-se afirmar que a maioria dos artigos encontrados (46,4%) situa-se no campo da Psicologia do Desenvolvimento. No entanto, constatou-se que outras áreas também vêm estudando o fenômeno do brincar, embora em menor proporção, como a Psicologia Clínica (12,7%), a Psicologia Educacional (8,3%), a Psicologia da Saúde (7,7%) e outras (13,8%). O restante dos artigos foram pesquisas com animais (11%), nas mais diversas áreas.
Sendo o brincar um comportamento importante para o desenvolvimento global da criança, ou seja, para o desenvolvimento de habilidades sociais, cognitivas, afetivas e físicas (Souza & Vieira, 2004), verifica-se como um fator positivo que este venha sendo bastante estudado e enfatizado no campo da Psicologia do Desenvolvimento. Com isso, é possível que se possa, cada vez mais, produzir conhecimento acerca da confirmação de existência de relação entre a atividade de brincar com os mais diversos aspectos do desenvolvimento infantil.
Entretanto, verifica-se a necessidade de mais pesquisas nos campos da Psicologia Clínica, Educacional e da Saúde. Sendo estas áreas aplicadas da Psicologia, as pesquisas podem favorecer a inserção da brincadeira nesses contextos. Um fato relevante a ser enfatizado, segundo Cordazzo (2003), é a relação existente entre brincadeira e aprendizagem. A inserção do brincar tanto no contexto da Educação Infantil quanto na Escola é um tema que vem sendo bastante discutido e enfatizado, no entanto esta idéia nem sempre é bem aceita por professores e pais. De um lado, os professores encontram-se divididos entre reproduzir a escola elementar com ênfase na alfabetização e números (escolarização) ou introduzir a brincadeira valorizando a socialização e a re-criação de experiências (Kishimoto, 1994). De outro lado, estão os pais, que nem sempre conseguem enxergar os benefícios da brincadeira na educação para seus filhos. Dessa forma, considera-se de extrema necessidade e importância mais estudos na área de Psicologia Educacional que pudessem investigar a relação entre brincadeira e aprendizagem.
Na área da Saúde e da Clínica, enfatiza-se a importância de estudos que evidenciem a relação entre a importância do brincar como uma atividade terapêutica, através da qual a criança possa expressar seus sentimentos enquanto hospitalizada ou em processo clínico. Conforme afirma Chiattone (1996), na atividade lúdica, a criança pode exprimir seus medos, falando sobre sua doença, seu tratamento, sobre o hospital, a saudade da família, sobre a morte, etc.
Natureza da pesquisa e método utilizado
Conforme já explicitado no método, os estudos foram também classificados quanto à natureza da pesquisa, podendo ser teóricos ou empíricos. Do total de registros verificou-se que 24% deles são de natureza teórica, enquanto que 76% são de natureza empírica. Realizou-se também uma comparação da natureza da pesquisa em artigos nacionais e internacionais. Para isso, utilizou-se o teste de associação Qui-quadrado, o qual demonstrou que há uma associação significativa entre o local de publicação e a natureza da pesquisa (c2=23,34; df=1; p<.001). Das pesquisas realizadas no Brasil, 59% delas eram empíricas e 41% teóricas; enquanto que no exterior, 91% eram empíricas e 9% teóricas.
De um modo geral, os artigos empíricos (n=139) puderam ser classificados ainda quanto ao tipo de método utilizado: 44 deles utilizam a observação; 44 a experimentação; 30 a combinações de dois ou mais métodos; 9 utilizam a entrevista; 8 o estudo de caso; 1 utilizou o relato de experiência; e 3 não especificam o método utilizado.
Esses resultados sugerem que grande parte das publicações realizadas acerca do estudo do brincar desde a década de 80 é de natureza empírica. Conforme visto no início deste artigo, já existe um conhecimento teórico amplo e relevante acerca do brincar; no entanto, os resultados acima sugerem que outros passos vêm sendo dados e novas descobertas têm ampliado as teorias clássicas.
O que se verifica, atualmente, nas pesquisas sobre o brincar é um predomínio dos métodos observacionais e experimentais, combinados a outros métodos, como questionários e entrevistas. A utilização desses métodos é perfeitamente adequada à natureza do comportamento de brincar, o qual é caracterizado como sendo um comportamento que possui um fim em si mesmo, que surge livre, sem noção de obrigatoriedade e exerce-se pelo simples prazer que a criança encontra ao colocá-lo em prática (Kishimoto, 1998). Dessa forma, a observação deste comportamento em ambiente natural ou controlado garante que essa espontaneidade da criança seja acessada, sendo possível caracterizar o contexto no qual ela brinca, bem como efetuar o controle de outras variáveis que possam interferir na natureza do brincar. A utilização de questionários e entrevistas combinados á observação é também bastante interessante, uma vez que permitem acessar características da criança que brinca, bem como crenças e expectativas dos adultos que com ela convivem.
Apesar de ter havido um predomínio dos métodos observacionais e experimentais no total das pesquisas analisadas, esse quadro não se manteve quando se analisou os estudos nacionais e internacionais separadamente, conforme pode ser visualizado na Figura 1.
Através do teste Qui-Quadrado, as variáveis “local de publicação” e “tipo de método utilizado” foram relacionadas, podendo-se verificar uma relação estatisticamente significativa entre elas (c2 = 49,31; df= 7; p< .001). Através desse resultado é possível afirmar que o local de publicação influencia no tipo de método utilizado nos estudos acerca do brincar. A principal diferença encontrada refere-se à diferença de números de artigos que utilizam experimentos nas pesquisas. No caso do Brasil, é possível que a menor incidência desse tipo de pesquisa ocorra em função da falta de ambientes adequados, como laboratórios que propiciem um controle mais rigoroso das variáveis.
População estudada
Quanto à população estudada, do total de artigos identificados, 11% (n=20) envolveram pesquisas com animais, as quais relacionavam o comportamento de brincar com aspectos referentes à motivação, aprendizagem, percepção social, cognição, exploração, descrição de comportamentos, aos níveis de hormônios, entre outros.
O restante dos artigos encontrados (89%, n=161) é de pesquisas ou revisões teóricas sobre o brincar em seres humanos, cujos temas de investigação serão explicitados posteriormente. Os resultados expostos a seguir serão todos referentes a pesquisas com humanos. A relação desses com a faixa etária das crianças estudadas, quando estas eram os sujeitos da pesquisa ou o foco da revisão teórica demonstra que o estudo do brincar é realizado, principalmente, com crianças em idade pré-escolar (n=49). Do restante dos artigos com seres humanos, 29 deles estudavam bebês, 24 crianças em idade escolar e 18 estudavam mais de uma faixa etária. Ainda, 24 artigos não especificavam a idade das crianças no resumo e 17 falavam do brincar de um modo mais geral sem relacioná-lo com a idade das crianças.
A partir desses dados, verifica-se uma necessidade de mais estudos sobre o brincar em crianças com mais de seis anos de idade. Como já mencionado, o brincar nem sempre encontra espaço no ambiente educacional do ensino fundamental. No entanto, muitos estudos têm constatado que as crianças em idade escolar ainda possuem grande motivação para o brincar (Bomtempo, 1999; Cordazzo, 2003; Macarini & Vieira, 2006; Pellegrini, 1988). Dessa forma, seria interessante que mais pesquisas investigassem as características do brincar também nesta fase, como se estruturam em termos de interação social, preferência de brincadeiras, diferenças de gênero, entre outros aspectos.
Tipos de brincadeiras envolvidas nos estudos
Alguns registros de estudos com humanos especificam o tipo de brincadeira estudada (n=48), enquanto outros não focam ou não dão ênfase a essa informação (n=113). Daqueles que focalizam algum tipo de brincadeira, 23 estudam o faz-de-conta; 14 o brincar livre; 3 o brincar turbulento, 3 estudam os jogos e 5 estudam outros tipos de brincadeiras.
O faz-de-conta é uma modalidade de brincadeira que, de acordo com Morais (1980) e Papalia e Olds (2000), está relacionado com o treino de atividades e de habilidades futuras. Os mesmos autores ainda afirmam que o faz-de-conta proporciona para a criança o desenvolvimento da adoção da perspectiva do outro e o treino na inversão de papéis sociais bem como a linguagem empregada nesses papéis. Winnicot (1975) ressalta que é pelo faz-de-conta que a criança expressa seus sentimentos e emoções e ainda desenvolve sua criatividade. Tais benefícios parecem ser os responsáveis pelo maior número de pesquisas realizadas com esse tipo de brincadeira, uma vez que em comparação com outras modalidades, são mais facilmente acessados.
Uma outra possível explicação refere-se a uma aparente ênfase nos benefícios do faz-de-conta. Como afirma Vygotsky (1991), o aspecto simbólico presente no faz-de-conta trata-se de uma habilidade bastante valorizada na sociedade, que prioriza o desenvolvimento do pensamento reflexivo desde as primeiras etapas do desenvolvimento. Um exemplo desta tendência pode ser encontrado no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasil/Mec, 1998), no qual a brincadeira aparece como um importante componente da educação infantil, mas principalmente como uma ferramenta para a aprendizagem. Além disso, segundo Lordelo e Carvalho (2003), o Referencial Curricular restringe-se à brincadeira de faz-de-conta, e a prioriza injustificadamente, ignorando as inúmeras modalidades de brincadeiras que precedem o jogo simbólico.
Sem negar a importância do estudo do faz-de-conta, outras brincadeiras devem ser investigadas, uma vez que, apesar da maior dificuldade de acesso, elas também estão diretamente relacionadas a outros aspectos do desenvolvimento. Com relação à brincadeira turbulenta, Pellegrini e Smith (1998) destacam os benefícios que as mesmas podem trazem para a criança, auxiliando-a a desenvolver o vigor físico e algumas habilidades necessárias para a vida adulta, e acrescentam que esse tipo de brincadeira tem início ao final do primeiro ano de vida, apresentando maior incidência entre 4 e 5 anos, ou seja, em idade pré-escolar. Diante disso, é de extrema importância que a criança seja incentivada a brincar também em espaços abertos que permitam desenvolver esse tipo de brincadeira, como os playgrounds. Os diversos tipos de jogos de regras são também importantes, visto que além de desenvolverem aspectos cognitivos, envolvendo estratégias e charadas, propiciam uma maior interação entre meninos e meninas (Macarini & Vieira, 2006).
Natureza das interações sociais no brincar
Com relação à interação social no brincar, verificou-se que 132 artigos registrados estudam o brincar nas interações, enquanto que 29 deles não as estudam. Dessas pesquisas, 50 envolvem díades criança-criança; 30 a interação de outros (terapeuta, professor) com a criança; 18 a díade mãe-criança; 10 a interação do pai e da mãe com a criança; 1 a díade pai-criança e 23 não especificam a natureza da interação estudada. A criança é altamente motivada para brincar, não precisando de motivos ou razões para fazê-lo. Dessa forma, o maior número de estudos envolvendo a interação de crianças acaba se justificando, uma vez que o fenômeno é facilmente encontrado e seu estudo é extremamente relevante. É na interação com os pares durante o brincar que a criança tem as primeiras experiências com outros valores, como a responsabilidade; além de aprender a importância da negociação, da conquista, de conviver com regras e a resolver conflitos (Moraes, 2001).
Um resultado relevante refere-se à baixa porcentagem de estudos envolvendo a relação pai-criança. Esse resultado já era esperado, uma vez que o papel do pai parece ter ficado num plano secundário de interesse nos estudos e pesquisas sobre desenvolvimento humano (Dessen & Lewis, 1998). Enquanto o estudo do comportamento materno tem longa tradição na Psicologia, somente a partir de 1970 houve um crescente interesse por estudos sobre o comportamento paterno (Bandeira, Goetz, Vieira & Pontes, 2005). Hoje, com as mudanças ocorridas nas configurações familiares, o papel do pai estaria sendo redefinido, indo além do papel de provedor e passando a ser visto como importante no desenvolvimento infantil (Lamb, 1997). Dessa forma, verifica-se a necessidade de estudos que focalizem também a interação pai-criança no brincar, uma vez que tal comportamento trata-se de uma das principais formas de interação da criança com os adultos em geral.
Temas de investigação
Nos artigos que se referiam à pesquisa com seres humanos, foram detectados alguns temas de investigação que estavam relacionados com a brincadeira. Alguns artigos abordavam mais de um tema, assim a freqüência foi calculada em função do total de temas (n=186) e não de artigos. A Figura 2 mostra a freqüência do aparecimento destes aspectos nos resumos analisados. O aspecto mais investigado foi o desenvolvimento infantil, com 60 artigos contemplando esta temática. Foram caracterizados como desenvolvimento infantil aqueles resumos que investigavam a relação da brincadeira com a maturação de características psicomotoras, lingüísticas, cognitivas ou emocionais e com a aprendizagem.
O brincar é caracterizado como um comportamento que indica o desenvolvimento, ou seja, pela brincadeira pode-se perceber os processos de desenvolvimento. Vygotsky (1991) já afirmava que pela brincadeira é possível detectar e criar zonas de desenvolvimento proximal e, conseqüentemente, proporcionar às crianças saltos qualitativos no desenvolvimento e na aprendizagem. Outros autores, como Sluckin (1981), Friedmann (1996) e Bjorklund e Pellegrini (2000) também destacam a importância da brincadeira e a sua funcionalidade nos diferentes aspectos do desenvolvimento infantil.
Tendo em vista a importância do brincar para a criança, percebe-se a necessidade de pesquisar e estudar as relações que permeiam a brincadeira e o desenvolvimento. Tais pesquisas e estudos contribuem para a valorização deste comportamento nos contextos em que o desenvolvimento necessita ser estimulado.
A interação social, tema abordado em 27 resumos, foi o segundo aspecto de investigação mais encontrado nos artigos. Foi considerado interação social aquilo que se referia a investigar as relações ocorridas nas brincadeiras com pares ou grupos e seus desdobramentos tais como, os diferentes tipos de interação de acordo com idade, gênero e características dos grupos. Aspectos de agressividade e liderança também foram considerados como pertencentes a modos de interação, uma vez que o objetivo destas pesquisas era de observar ou de relacionar as características das interações em diversificados tipos de grupos ou pares.
A interação social é essencial não apenas para o desenvolvimento, mas para a sobrevivência humana. Ela é uma das responsáveis por uma série de aquisições de habilidades que são necessárias para a sobrevivência e bem-estar social, como a comunicação, o desenvolvimento emocional e a cognição. Para Silva e Pontes (2005), a interação social também é uma das responsáveis pela sobrevivência da espécie, pois foi aprendendo a viver em grupo que os homens conseguiram assegurar os aspectos de subsistência e de segurança.
A investigação das interações sociais em grupos de brincadeira é uma tarefa complexa e que apresenta algumas dificuldades. Como afirmam Carvalho, Branco, Pedrosa e Gil (2002), questões metodológicas tornam-se um desafio no estudo das interações sociais, pois a redução à simples descrição e decomposição das seqüências interacionais tem comprometido a compreensão do contexto e dos conteúdos expressos pelos indivíduos pesquisados. Tal reducionismo pode trazer um viés no entendimento das características das interações sociais.
A utilização da brincadeira como instrumento terapêutico ocupou o terceiro lugar em número de artigos que buscaram elucidar esta temática (n=22). A principal corrente teórica utilizada foi a psicanálise, incluindo autores como Freud, Winnicott, Melanie Klein e Ana Freud. Tais estudos discorrem a respeito do desenvolvimento emocional infantil e as aplicações da brincadeira na prática clínica.
As diferenças de gênero na brincadeira ocuparam a quarta posição (n=20) dentre os artigos analisados. Diferenças de gênero são percebidas na infância (Carvalho, Smith, Hunter & Costabile, 1990), quando meninos e meninas demonstram preferências, atitudes e comportamentos diferentes. Todas as correntes teóricas da psicologia afirmam que as diferenças existem, entretanto, cada qual as analisa sob um determinado aspecto. Tal estudo torna-se importante na medida em que as diferenças de gênero podem possibilitar que meninos e meninas desenvolvam-se de maneira diferenciada, porém igualmente adaptativas (Liss, 1983). Com isso, adquirem habilidades diversificadas e distinguem seu papel de gênero de acordo com a sociedade e a cultura nas quais estão inseridas.
A educação foi outro aspecto detectado nos artigos analisados. Foi considerado brincar na educação aqueles artigos que abordavam a brincadeira como um recurso que poderia auxiliar as escolas e instituições de ensino a desenvolverem a aprendizagem e os processos cognitivos das crianças. Os artigos que abordavam esta temática traziam as inúmeras contribuições que o brincar pode oferecer para enriquecer o trabalho dos profissionais de educação e saúde e beneficiar as crianças. Entretanto, tendo em vista a relevância do assunto, foram encontrados poucos artigos tratando desse tema, apenas 14.
Outro tema que foi pouco explorado e que também tem grande importância é a relação da brincadeira com a saúde-doença. Apenas 12 artigos trabalharam com esta temática. Foi considerado saúde-doença como um aspecto de investigação aqueles artigos que traziam assuntos referentes à brincadeira em instituições de saúde, como hospitais e ambulatórios, e com sujeitos portadores de doenças ou distúrbios relacionados à saúde.
O aspecto cultura teve 7 resumos de artigos encontrados. Este aspecto também teve pouca expressão quando comparado com os outros já citados. Os artigos que tratavam de aspectos culturais englobavam as diferenças e semelhanças encontradas nas brincadeiras de diferentes culturas e as influências destas sobre o brincar das crianças. Vários estudos inter-culturais já foram realizados, os quais procuravam investigar como o brincar, sendo um comportamento universal, se estrutura e se especifica nos mais diversos contextos culturais. Dentre eles, pode-se citar o de Gosso (2004), o qual foi realizado em uma aldeia indígena no Brasil e o de Morais (2004) o qual buscou comparar as especificidades do brincar de crianças da zona urbana e rural também em uma região brasileira. Acredita-se que os resultados destes e de outros estudos similares sejam importantes na medida em que podem permitir a valorização dos diferentes contextos de desenvolvimento, além da identificação de aspectos a serem aprimorados em tais contextos acerca da implementação da brincadeira.
Considerações finais
Concluindo este levantamento bibliográfico sobre o estudo do brincar pode-se perceber que existem algumas lacunas ainda a serem preenchidas com novos trabalhos e pesquisas. A faixa etária alvo de investigação poderia ser ampliada. A maioria dos artigos manteve-se em estudar a brincadeira com bebês e crianças pré-escolares, talvez pela maior incidência do fenômeno brincadeira encontrado nessas idades. Entretanto, como afirmam Pellegrini (1988), Bomtempo (1999), Cordazzo (2003) e Cortegoso e Ramos (2004), o brincar também é freqüente em crianças em idade escolar. Tal fator poderia ser mais investigado e fornecer assim mais detalhes sobre o desenvolvimento humano.
Outro ponto detectado foi o inexpressivo número de pesquisas nacionais de cunho empírico. A maioria das pesquisas nacionais se restringiu a outros métodos de investigação. A ausência de experimentos pode estar demonstrando a fragilidade do meio a ser pesquisado e a dificuldade de se controlar as variáveis sem um suporte técnico e estrutural como laboratórios bem equipados e atualizados. As pesquisas empíricas podem enriquecer em muito o conhecimento a respeito da brincadeira e do desenvolvimento infantil.
Uma questão evocada neste trabalho é a da necessidade de mais pesquisas e estudos nos aspectos de educação e saúde-doença. A identificação de poucas pesquisas que relacionam o brincar com a aprendizagem e com o aspecto saúde-doença detecta a necessidade de maiores investimentos nesta área. Tanto a educação quanto a saúde são necessidades básicas para a formação e solidificação de um país que busca o crescimento e bem-estar da sua população.
Um fator positivo encontrado foi o predomínio de pesquisas que relacionam o brincar com o desenvolvimento infantil. Independente da perspectiva teórica subjacente nos estudos, a contínua busca do conhecimento sobre o desenvolvimento infantil traz benefícios para se compreender melhor as necessidades infantis e a importância da brincadeira para o desenvolvimento.
Todavia, este trabalho apresenta algumas limitações. Como afirma Ferreira (2002) existem inúmeras maneiras de se fazer um estado da arte, uma vez que cada pesquisador tem um olhar diferente sobre os fenômenos estudados. As categorias aqui apresentadas não são únicas, ou seja, outros olhares poderiam definir categorias diferentes das propostas neste trabalho. Outro fator que se apresenta como uma limitação do estudo é o fato de serem contempladas apenas algumas bases de dados e não a totalidade existente. Com isto pode-se afirmar que não foram observadas todas as revistas de cunho científico, uma vez que primeiro, existem periódicos que ainda não se encontram no formato on-line, e segundo, as bases selecionadas para o estudo, apesar de serem representativas para o campo da psicologia, não abarcam todas as revistas disponíveis eletronicamente.
Outra limitação é o fato de que foram analisados somente os resumos dos artigos, salvo aqueles casos em que foram analisados os textos na íntegra por não se encontrarem todas as informações no resumo. Parafraseando Ferreira (2002), uma análise mais detalhada de todos os artigos na íntegra poderia oferecer dados mais apurados.
Entretanto, as limitações aqui encontradas não eliminam as contribuições oferecidas pelo estudo. Estas limitações alertam que outros olhares e formas de se entender o mesmo fenômeno podem existir sobre o mesmo corpus. Isto reforça a necessidade de mais estudos envolvendo a brincadeira e as suas relações e contribuições para com o desenvolvimento humano.
Referências
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Endereço para correspondência
E-mail: scheilacordazzo@hotmail.com
Recebido em novembro de 2006
Aceito em abril de 2007
* Scheila Tatiana Duarte Cordazzo: psicóloga; doutoranda em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina.
** Gabriela Dal Forno Martins: bacharel em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina.
*** Samira Mafioletti Macarini: bacharel em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina.
**** Mauro Luis Vieira: psicólogo; doutor em Psicologia; professor do Departamento de Psicologia e da Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina.