EDITORIAL

A pesquisa em Orientação Profissional tem se mostrado cada vez mais fundamental para o trabalho do orientador profissional. Neste número daremos ênfase a vários trabalhos de pesquisa, desenvolvidos por colegas de vários estados brasileiros, de norte a sul do Brasil.

Iniciaremos pelo trabalho da prof. Edite, de Santa Catarina - A Orientação Profissional e o Significado do Trabalho, que nos fala da importância de discutirmos o conceito de trabalho nos grupos de orientação profissional. O relato é o resultado de sua tese de Mestrado em Administração na UFSC. Edite analisa a questão do significado do trabalho, enfatizando seu papel no preenchimento de necessidades psicológicas humanas, além do provimento da subsistência, buscando uma reflexão sobre a prática da Orientação Profissional inserida no contexto do mundo do trabalho.

A utilização de testes em Orientação Profissional sempre é motivo de preocupação, muitas vezes por sentirmos que os instrumentos que dispomos não são suficientes para nos dar segurança em nosso trabalho. Neste número trazemos dois testes projetivos, talvez desconhecidos da maioria dos orientadores, mas que têm apresentado excelentes resultados, principalmente numa abordagem clínica da Orientação Profissional: são eles, o BBT( teste de fotos de profissões)  e o Teste Projetivo Ômega.

O artigo de Lucy e Manoel, de Ribeirão Preto, ilustra O BBT como instrumento diagnóstico em Orientação Profissional &– uma abordagem psicodinâmica. Nele, nossos colegas mostram o desenvolvimento de pesquisas utilizando esse teste e analisam, através de um estudo de caso, como este procedimento favorece a uma maior clarificação do conflito vivenciado na definição de um projeto de vida.

No Nordeste, em Recife, Inalda e Luci em seu artigo - O Teste Projetivo Ômega no Diagnóstico dos Múltiplos Fatores que Sobredeterminam a Escolha Profissional: Relato de Uma Pesquisa Junto a Alunos de Escolas Públicas e Particulares do Recife , nos relatam os diversos determinantes na escolha profissional em diferentes níveis sociais, verificando também a eficácia da utilização deste teste. Os dados obtidos demonstraram a relevância desta técnica projetiva como um instrumento auxiliar para um diagnóstico de orientabilidade. Além de pontuar aspectos significativos em termos de maturidade para escolher, estruturação da personalidade e dos conflitos inerentes à dinâmica da adolescência, o T.P.O. permitiu verificar a interferência dos fatores familiares, educacionais e sócio-culturais, demonstrando que a forma, como tais conflitos se expressam, pode tomar características próprias do grupo social de pertinência do adolescente.

A seguir, os professores Mauro, Maria Célia e William, de Porto Alegre, nos relatam A Perspectiva Experiencial da Indecisão Vocacional em Adolescentes, ilustrando com relatos e análise de casos, como se dá este processo. A pesquisa foi realizada na UFRGS e relata a experiência de escolha profissional dentro de um método fenomenológico, procurando analisar o auto-conceito, o estilo da tomada de decisão e do comportamento exploratório vocacional dos adolescentes.

E, para finalizar, em Florianópolis, Maria Aparecida e Dulce apresentam A Re-escolha Profissional dos Vestibulandos da UFSC de 1997. A partir do Relatório Vestibular 97 é estudada, em caráter exploratório, a questão da re-escolha profissional na Universidade Federal de Santa Catarina, analisando os dados referentes aos jovens que declararam já ter iniciado algum curso superior anteriormente. Os dados levantados serviram para caracterizar melhor a população e analisar a possível relação com o fenômeno da evasão dos cursos universitários.

Oferecemos então ao leitor os textos dos colegas, esperando estar contribuindo para um aprimoramento cada vez maior de nossa área de atuação &– a Orientação profissional.

Dulce Helena Lucchiari
Editora
Presidente da ABOP