Serviços Personalizados
Journal
artigo
Indicadores
Compartilhar
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
versão impressa ISSN 1808-5687versão On-line ISSN 1982-3746
Rev. bras.ter. cogn. vol.14 no.1 Rio de Janeiro jan./jun. 2018
https://doi.org/10.5935/1808-5687.20180002
RELATOS DE PESQUISAS
Desenvolvimento de instrumento de avaliação da empatia para treinadores esportivos
Development of empathy evaluation of empathy for sports coaches
Livia Gomes Viana-MeirelesI; Angela Donato OlivaII; Evandro Morais PeixotoIII; Christiane Delusia de Oliveira RochaIV; Rossana de Vasconcelos Pugliese VitoV; Erica Cindra de LimaVI
IDoutorado - (Professora Adjunta do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Piauí.) - Fortaleza - CE - Brasil
IIDoutorado - (Professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.)
IIIDoutorado - (Professor Adjunto do Curso de Psicologia da Universidade de Pernambuco - Garanhus - Pernambuco - Brasil)
IVDoutorado (Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade do Estado do Rio Janeiro). - (Psicóloga clínica)
VDoutorado - (Docente do IBMR Centro Universitário - LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES.)
VIMestre - (Doutoranda (Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e Pedagoga da Universidade da Força Aérea.)
RESUMO
O objetivo deste estudo foi relatar o desenvolvimento de um instrumento de avaliação da empatia em treinadores esportivos, o Questionário de Empatia no Contexto Esportivo (QECE). Ele contém uma cena que envolve a interação entre treinador e atleta e cinco questões, por meio das quais os treinadores expressam sua opinião sobre comportamentos, sentimentos e pensamentos possivelmente sentidos pelos atores da cena. A resposta de cada questão recebe uma pontuação de zero a dez que avalia a empatia dos treinadores. A formulação dos itens baseou-se na literatura especializada e considerou os componentes cognitivos, afetivos e comportamentais da empatia. Escores mais elevados nos itens indicam maiores níveis de empatia apresentada pelo respondente. A avaliação do constructo através do conjunto de itens foi realizada por juízes independentes que atestaram que os itens são pertinentes e apropriados para medir aquilo que o instrumento se propõe. Foi verificado que instrumento se mostrou adequado para ser usado em diferentes modalidades e permitiu avaliar a postura empática dos treinadores. Este instrumento pode servir de avaliação inicial na coleta de informações, mas deve ser complementado com outros instrumentos de avaliação da empatia.
Palavras-chave: Empatia; Psicologia do Esporte; Avaliação Psicológica.
ABSTRACT
The objective of this study was to report the development of an empathy evaluation instrument in sports coaches, the Sports Context Empathy Questionnaire. It contains a scene that involves the interaction between coach and athlete and five issues, through which coaches express their opinion about behaviors, feelings and thoughts possibly felt by the actors in the scene. The answer to each question gets a score from zero to ten that evaluates the empathy of the coaches. The formulation of the items was based on the specialized literature and considered the cognitive, affective and behavioral components of empathy. Higher scores on the items indicate higher levels of empathy presented by the respondent. The evaluation of the construct through the set of items was performed by independent judges who confirmed that the items are relevant and appropriate to measure what the instrument proposes. It was verified that the instrument was adequate to be used in different modalities and allowed to evaluate the empathic posture of the coaches. This instrument can serve as an initial assessment in the collection of information, but should be complemented with other empathy assessment tools
Keywords: Empathy; Psychology of Sport; Psychological Evaluation.
INTRODUÇÃO
A empatia é estudada em diversos contextos e em diferentes perspectivas teóricas, sendo um consenso caracterizá-la como um constructo multidimensional que se constrói na relação do indivíduo com as pessoas e com o seu meio circundante (Falcone, 2006). A dimensão social do cérebro tem ganhado evidência através do estudo da empatia. Somos capazes de inferir a emoção e os pensamentos daqueles com quem interagimos. Essa preocupação pode se refletir em ações voltadas para os outros (Decety & Svetlova, 2012). A empatia possui múltiplas funções e os seus diferentes subsistemas apresentam origens evolucionárias específicas, cujo principal papel foi promover a sobrevivência da espécie.
Duan e Hill (1996) destacam uma corrente teórica de pensamento que compreende a empatia em um contexto terapêutico. O terapeuta deve apresentar postura acolhedora, respeitosa, de modo a criar um vínculo emocional que ajude a desenvolver um ambiente seguro para a relação terapêutica. A escuta empática do terapeuta envolve ouvir sem julgar, validar e dar feedback ao cliente para indicar que compreendeu aquilo que ele relata. As três dimensões da empatia devem estar presentes na relação terapêutica: a cognitiva, na qual o terapeuta indica compreender a perspectiva do outro; a emocional, indicando sentir de maneira controlada a emoção do outro, demonstrando compaixão; e a comportamental, através da verbalização/fala, olhar atento e gestos indicativos de que está conectado ao sofrimento do cliente, sem julgá-lo. O terapeuta deve ser capaz de gerar esperança para o cliente. O terapeuta que prontamente compreende o sofrimento e consegue promover um alívio rápido, promove no cliente sensação de que foi compreendido ajudando a criar uma aliança entre eles.
A empatia compreendida a partir da perspectiva evolucionista, traduz-se como uma habilidade de inferir o que o outro sente e pensa. É a capacidade de se colocar no lugar no outro, uma característica selecionada pela evolução que desempenha papel fundamental para o estabelecimento e manutenção de relações sociais (De Waal, 2010; Barret, Dunbar & Lycett, 2002).
Estudos ressaltam que a empatia é um constructo multidimensional que envolve os componentes cognitivo, afetivo e comportamental (Falcone, 2009; Pinho, Fernandes & Falcone, 2011). O componente cognitivo da empatia está relacionado à compreensão cognitiva dos pensamentos e sentimentos da outra pessoa, sem necessariamente ser impactado afetivamente pelos mesmos sentimentos. Esse componente tem sido denominado de tomada de perspectiva e envolve a neutralidade e imparcialidade. Já o componente afetivo, envolve sentimentos de compaixão e preocupação com o bem estar da outra pessoa, tendo também um entendimento genuíno do que é sentido por ela. O componente comportamental é aquele que expressa, em palavras, gestos, olhares, abraços ou carinho, empatia para com a outra pessoa, sendo elemento fundamental para que ela se sinta verdadeiramente compreendida (Falcone et al., 2008).
Estudos indicam correlação entre níveis mais elevados de empatia nos relacionamentos sociais e profissionais, com menor conflito social, melhor índice de comunicação, maior coesão grupal, promoção de afeto e simpatia no contexto interacional e facilitação na solução de problemas interpessoais (Falcone et al., 2008; Lopes, Magalhães & Brito, 2005). Já as deficiências na capacidade empática podem estar envolvidas em problemas de regulação e autocontrole emocional, favorecendo o comportamento agressivo, além de gerar prejuízos no trabalho, na escola e nas relações parentais. Em outras palavras, o engajamento empático conecta as pessoas e serve como apoio social, trazendo efeitos psicossociais positivos, enquanto que as desconexões geram um alto grau de insegurança (Hojat, 2007).
Esses efeitos positivos da empatia podem ser percebidos no contexto esportivo, que envolve a díade treinador e atleta. O técnico é a sustentação necessária para ajudar o atleta a buscar seus objetivos, ultrapassar seus limites e alcançar melhores desempenhos, por isso é importante haver um relacionamento próximo entre ambos (Huguet & Labridy, 2003). O atleta está a todo o momento analisando e solucionando problemas e conflitos sociais, sendo importante que o treinador consiga desenvolver a sensibilidade de perceber a emoção dos seus atletas auxiliando-os a analisar e solucionar esses conflitos que surgem (Samulski, 2002). Para Orlick (2009), grandes treinadores se importam com seus atletas. Em níveis mais altos de desempenho o treinador deve desenvolver a habilidade de compreender o outro. A empatia pode aperfeiçoar as relações entre treinadores e atletas e prover uma base para a prática do treinamento de forma integrativa, onde o treinador tenta direcionar o treino de acordo com o que o atleta necessita (Bohart & Talman, 1997).
Apesar dessa característica se mostrar importante, poucos são os estudos que aproximam a empatia do contexto esportivo, principalmente no Brasil. Autores como Lorimer e Jowett (2010) argumentam que a habilidade dos treinadores de conhecerem e, consequentemente, responderem adequadamente às necessidades de seus atletas é uma dimensão fundamental para se chegar a uma alta qualidade de treinamento. No entanto, a literatura brasileira relacionada aos treinadores se baseia, principalmente, no estudo da liderança no esporte para compreender o perfil dos técnicos e pouco se estuda sobre empatia nessa relação. Os estudos sobre liderança procuram mostrar a efetividade da liderança exercida pelo treinador sobre o grupo e também buscam explicar a relação treinador-atleta, mas ainda não se conhece ao certo como os treinadores atuam de fato para exercerem sua liderança (Gomes & Cruz, 2006). Para Brandão e Carchan (2010), a definição de liderança engloba várias dimensões do comportamento do treinador como, por exemplo, seu processo de tomada de decisão, frequência com que oferece estímulo reforçador ao atleta, seu desempenho, as técnicas de motivação utilizada e a forma de relação que estabelece com os atletas (p.3). Weinberg e Gould (2017) ainda acrescentam o feedback e a administração de equipe como dimensões da liderança no esporte e exercício.
Jowett e Clark-Carter (2006) tratam da empatia no contexto esportivo e afirmam que o relacionamento entre a díade treinador-atleta é considerado o coração dos esportes de treinamento. Envolve um propósito comum, um sentimento de apego e de responsabilidade mútua, proximidade, cuidado, confiança, tolerância, apoio pedagógico, conselho, divisão de novidades, respeito à privacidade e troca de confidências (Jowett & Clark-Carter, 2006).
Dessa forma, é possível supor que o técnico esportivo que apresente um bom nível de empatia, pode se beneficiar por compreender melhor os seus atletas e investir mais adequadamente no relacionamento com eles, o que é fundamental para promover felicidade e bem estar do grupo, dando suporte em situações difíceis e dividindo com o psicólogo do esporte o apoio em crises emocionais (Jowett & Cockerill, 2003).
A análise da empatia em treinadores é escassa e, segundo Lorimer e Jowett (2010), em comparação com outras áreas da psicologia (como aconselhamento, terapia e educação), falar de empatia quase não existe na área de Psicologia do Esporte. Silva, Foch, Guimarães e Enumo (2014) afirmam que diferentes métodos de avaliação são utilizados no contexto esportivo, mas os instrumentos desenvolvidos para outros contextos acabam sendo imprecisos para avaliar aspectos psicológicos no contexto esportivo. A construção de instrumentos específicos para serem usados com atletas e/ou treinadores é necessária. Isso vale também para o estudo da empatia em treinadores. Os instrumentos disponíveis avaliam a empatia de forma geral. Contudo, ressalta-se que as interações no contexto esportivo parecem ter um contorno diferenciado, e instrumentos gerais podem apontar níveis de empatia de maneira pouco acurada ou superficial.
Diante do exposto, considera-se importante a construção de um instrumento para avaliação da empatia em treinadores esportivos. Segundo, Reppold, Gurgel e Hutz (2014), "a proposição de novos instrumentos de avaliação psicológica é um dos temas de grande interesse da Psicologia nos últimos anos" (p. 307) e a criação de instrumentos para avaliar diferentes constructos psicológicos tem sido uma área de grande expansão no Brasil (Primi, 2010). Para Pasquali (2010), o processo de construção de um instrumento pode ser dividido em procedimentos teóricos e procedimentos empíricos. Na fase de procedimentos teóricos, primeiro, são identificadas as categorias comportamentais que representam o objeto psicológico a ser estudado e se define, teoricamente, as dimensões ou fatores do instrumento. Essa fase precisa ser avaliada por peritos da área de estudo do constructo e por parte da população alvo do instrumento, assim, atesta-se as evidências de validade dos itens elaborados e se estes são adequados teoricamente. A segunda fase, de procedimentos empíricos, inclui a análise de evidência de validade baseada na estrutura interna do instrumento, ou seja, quando é possível identificar a pertinência estatística dos itens elaborados em relação ao constructo avaliado.
Caminhando nessa direção, esta pesquisa tem como principal objetivo elaborar e avaliar as primeiras evidências de validade com base no conteúdo, estrutura interna e precisão do Questionário de Empatia no Contexto Esportivo (QECE). Para tanto, foram apresentados os passos teóricos para construção de um questionário de avaliação da empatia para o contexto esportivo. Especificamente, foram apresentados os resultados das análises de conteúdo e semântica, bem como os primeiros passos empíricos: estudo piloto de estimativa de evidências de validade com base na estrutura interna e precisão (consistência interna) do QECE.
MÉTODO
Participantes
Participaram da pesquisa 70 treinadores esportivos, sendo 52 homens e 18 mulheres, todos de esportes individuais (natação, atletismo e ginástica). Integraram, também, o estudo, três professores de natação e duas psicólogas doutorandas pesquisadoras da área de empatia que foram juízes nas etapas de análise de conteúdo e análise semântica da construção do teste.
Construção do instrumento
O Questionário de Empatia no Contexto Esportivo (QECE) foi elaborado com a proposta de ser um questionário-piloto para acessar a empatia, de forma qualitativa, em treinadores, visto a escassez de instrumentos brasileiros específicos para investigar a empatia no contexto esportivo. A ideia da construção desse questionário surgiu da necessidade de recolher informações de um maior número de treinadores acerca de suas atitudes empáticas em situações envolvendo relação com o atleta. A princípio, o objetivo era validar uma metodologia de observação da interação por meio de análise de vídeo, conforme foi realizado por Lorimer e Jowet (2010). Após a recusa de alguns treinadores em serem filmados junto com seus atletas, buscou-se construir um questionário que fosse capaz de identificar a empatia de treinadores diante de uma cena de interação entre treinador e atleta, podendo ser usado em diferentes modalidades esportivas.
O QECE foi construído inspirado no estudo de Motta, Falcone, Clark e Manhães (2006) que avaliaram as práticas educativas positivas que favorecem o desenvolvimento da empatia em crianças por meio da análise de cenas de curta duração do filme "Menino Maluquinho". No QECE foi utilizado um texto escrito que relata uma cena de interação, para que a aplicação pudesse ser em grupo ou individual, sendo o instrumento autoaplicável. Na primeira versão do QECE (fase piloto) eram apresentadas três cenas de interação entre treinador e atleta. As cenas foram escritas com início, meio e fim e após cada cena as mesmas perguntas eram feitas para avaliar o que o treinador achava que o atleta da cena tinha sentido, por que ele achava isso e como ele considerava que o treinador da cena havia se sentido. Na primeira cena era apresentado um conflito com um jogador de futebol que abandonava o treino, em outro o conflito acontecia em um time de vôlei e, por fim, uma situação de interação e conflito com o treinador em um jogo de basquete. Após cada cena, o respondente avaliava as mesmas questões. Após análise de juízes foi estabelecida a segunda versão do QECE, na qual apenas uma das cenas de interação foi apresentada para os participantes. Esta versão foi a analisada neste artigo.
Análise de dados
Para a obtenção das primeiras evidências de validade com base na estrutura interna empregou-se Analise Fatorial Exploratória (AFE). De acordo com Brown (2006), a AFE corresponde a um conjunto de técnicas multivariadas com objetivo de investigar a estrutura subjacente a uma determinada matriz de dados, o que permite verificação do número e a natureza dos fatores que melhor representam um conjunto de variáveis analisadas. Inúmeros esforços foram realizados por pesquisadores para determinar o tamanho da amostra ideal para a realização da AFE, contudo essa ainda é uma perguntar que carece de respostas conclusivas. Algumas regras práticas são apresentadas como a razão de no mínimo cinco participantes por item do instrumento (Pasquali, 2003), dez participantes por item (Everitt, 1975). Outros autores fizeram recomendações gerais, como o número mínimo de 250 participantes Cattell (1978), 200 (Pasquali, 2003), 100 ou 50 (Hair, Anderson, Tatham, & Black, 2005). Outra vertente de verificação da influência do tamanho da amostra em estudos que empregam a AFE vem dos estudos de simulação (Damásio, 2012). Em suma, o que se observa é que a qualidade de uma solução fatorial esta relacionada ao número de itens fortemente explicados pelo fator. Nesse caso, o tamanho da amostra tende a ser menos importante na obtenção de uma boa estrutura fatorial, haja vista que uma amostra insuficiente prejudicaria a carga fatorial e a comunalidade dos itens.
Ciente da limitação da amostra, para o estudo em questão foi empregada AFE com método de estimação Unweighted Least Squares (ULS), baseando-se em matriz de correlação policórica, método adequado a variáveis de nível ordinal. Essas análises foram realizadas por meio do software estatístico Factor, versão 10.3 (Lorenzo-Seva & Ferrando, 2013). Posteriormente, foram avaliados métodos de retenção de fatores: critério de Kaiser-Guttman, popularmente conhecido como eigenvalue superior a 1, análise paralela, interpretabilidade da solução fatorial e cargas fatoriais superiores a 0,32 (Costello & Osborne, 2005). Por fim, para avaliação de indicadores de precisão do QECE foi empregado a método de Confiabilidade composta (Valentini & Damásio, 2016), foram considerados como indicadores de precisão valores iguais ou superiores a 0,7.
Considerações éticas
A coleta de dados desta pesquisa aconteceu no ano de 2013 e foi realizada na execução da pesquisa de doutorado de uma das autoras. Atendendo as Resoluções nª 196 de 10 de outubro de 1996, nº 251, de 5 de agosto de 1997 e mais recentemente a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, onde estão estabelecidos todos os critérios para pesquisa com seres humanos, o projeto foi submetido à análise da Comissão de Ética em Pesquisa (COEP), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), instituição que aprovou a realização da pesquisa em parecer expedido no dia 24 de julho de 2012, sob o parecer 039/2012. O convite à participação da pesquisa foi realizado em uma aula da Academia Brasileira de Treinadores, um curso promovido pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), ocasião em que foi feita uma apresentação sobre os objetivos da pesquisa informados, que a participação era voluntária, foi esclarecido sobre o sigilo das informações e o direito de desistirem de participar do estudo a qualquer momento. Os participantes que aceitaram participar responderam ao QECE de forma presencial. A aplicação foi coletiva em um auditório, mas as respostas se deram de forma individual com a entrega do questionário impresso, sendo, portanto, um questionário autoaplicável.
RESULTADOS
Evidência de validade de conteúdo
A primeira versão (contendo três cenas) foi apresentada para três treinadores de natação que realizaram a análise semântica, que segundo Pasquali (1997) consiste em verificar se a forma como as questões são organizadas no instrumento são de fácil compreensão para a população meta. O autor ainda indica que a análise semântica deve ser feita também com uma amostra mais sofisticada da população meta, ou seja, no caso desta pesquisa, com uma amostra mais qualificada de treinadores. Dessa forma, inicialmente, os três treinadores de natação, todos com nível superior, avaliaram a versão preliminar do QECE, respondendo de forma individual o instrumento. Após essa etapa de análise, foi realizada uma sessão de discussão em grupo entre os treinadores e a pesquisadora para se avaliar item a item do QECE algumas modificações foram realizadas culminando em outra versão do questionário.
Na segunda versão do QECE as questões se organizavam após a apresentação, por escrito, de apenas uma cena de interação entre treinador e atleta, sem especificar a modalidade. A cena escolhida continha uma situação de conflito de interesses entre o treinador e o atleta, e apresentava a necessidade de conforto do atleta perante o treinador. O personagem principal que teve seu comportamento avaliado foi o treinador da cena. Pretendeu-se acessar, nas cinco questões que sucediam a cena, os componentes cognitivo, comportamental e afetivo da empatia do treinador, conforme explicitado a seguir. O respondente deveria marcar os itens que mais se adequassem a sua sincera opinião, caso ele não tivesse passado por essa situação era solicitado que tentasse se colocar no lugar do treinador da situação.
A descrição da cena era apresentada em duas partes, a primeira parte continha a seguinte situação: Em um dia normal o melhor atleta chega cabisbaixo e sem conseguir se concentrar no treino. Está próximo de uma competição importante e todos estão com os nervos à flor da pele. No treino, todos cobram a atenção desse atleta, mas ele não consegue atingir às expectativas. Em um momento de intervalo ele chega próximo ao técnico com a nítida impressão de que precisa conversar e que deseja ser ouvido. Em seguida, o treinador responde a primeira questão do questionário que possui tem três opções para avaliar qual reação teria naquela situação. Após escolher uma das opções, a cena continua com a apresentação da reação do treinador, considerada, pela pesquisadora e baseada na literatura, uma reação pouco empática.
Para essa versão do QECE a pesquisadora criou critérios de pontuação de cada questão. No caso, da questão 1, que é fechada, seguem as seguintes opções com as suas respectivas pontuações:
a) Ignoraria o atleta, impondo o próprio ponto de vista: pontuação 0.
b) Ouviria o atleta naquele exato momento, mesmo que atrapalhasse o treino, aceitando e legitimando o sentimento do atleta, sem julgá-lo: pontuação 2.
c) Ouviria o atleta após o treino, sem julgá-lo, mas colocando o seu posicionamento como técnico: pontuação 1.
d) Outra reação: pontuação 0. (Dependendo da reação explicitada nesta opção, o pesquisador pode optar por dar alguma pontuação (de zero a 2), caso seja uma reação empática).
Em seguida, o respondente tem acesso à continuação da cena que apresenta a reação do treinador em questão que relata um comportamento pouco empático diante do atleta, ficando descrita da seguinte maneira: Mesmo percebendo que o atleta estava mal, o técnico fez questão de continuar o treino sem parar para ouvir o atleta, pois ele considerou que isso poderia atrapalhar todo o andamento do treino. Após o treino, o técnico chamou o atleta para conversar e soube que ele estava com problemas familiares. O técnico disse que entendia o motivo pelo qual deixava o atleta triste, mas que achava que os problemas pessoais deveriam ficar do lado de fora do treino e que ele precisava dar um jeito de se recuperar o mais rápido possível porque a competição estava se aproximando. O atleta concordou com o técnico, mas continuou o treino desanimado. Após a continuação da cena, o respondente tem acesso às outras quatro questões do questionário.
Na questão dois, o respondente deve dizer se concorda ou não com a postura do treinador da cena. Esse item buscou identificar qualitativamente o componente afetivo da empatia. A resposta aberta foi avaliada pelo pesquisador e por juízes independentes que atribuíram pontuação de 0 a 2 de acordo com os seguintes critérios:
a) Concordou com a reação do treinador da cena respondendo à questão 2 como sim: pontuação 0, pois o respondente concorda com uma reação pouco empática, por isso, sua pontuação é zero.
b) Concordou, em partes, com a reação do treinador da cena: pontuação 1.
c) Não concordou com a reação do treinador da cena e respondeu não: pontuação 2. Ao final das três opções o respondente pode explicar a sua resposta.
O componente cognitivo da empatia, que destaca a capacidade de inferir com precisão os pensamentos e sentimentos da outra pessoa, sem experimentar necessariamente os mesmos sentimentos, foi avaliado nas questões três e quatro. Segundo Falcone et al.. (2008), essa perspectiva tem sido denominada de Tomada de Perspectiva e envolve neutralidade e imparcialidade da pessoa que apresentava empatia.
Na pergunta três, pretendeu-se obter uma avaliação mais refinada da Tomada de Perspectiva ao analisar se ele achou que o treinador da cena compreendeu a emoção do seu atleta. Novamente, a pontuação vai de 0 a 2 pontos e foi avaliada a partir dos seguintes critérios:
a) Acredita que o técnico da cena não entendeu as emoções do seu atleta e nem agiu com o intuito de compreender: Pontuação 2. Neste caso, a pontuação é máxima, pois ele compreendeu de forma adequada que a reação relatada na cena não foi empática.
b) Não sabe ou não avaliou a reação de forma satisfatória: Pontuação 1.
c) O técnico em questão compreendeu bem a emoção do atleta da cena e agiu de forma correta, Pontuação 0. A pontuação tem um baixo valor porque concordar totalmente com o treinador da cena significa se aproximar da sua postura menos empática.
Na pergunta quatro, a Tomada de Perspectiva continua sendo avaliada, agora é solicitado ao respondente que verifique se ele conseguiu compreender os sentimentos do atleta, respondendo a seguinte indagação: "como você acha que o atleta se sentiu diante da reação do treinador?". A pesquisadora definiu que a emoção do atleta na cena foi de tristeza, angústia e necessidade de conforto e a pontuação, de 0 a 2, seguiu os seguintes critérios:
a) O treinador responde, de forma aberta, emoções que retratam sentimentos de angústia, tristeza e necessidade de conforto, sendo, portanto, a resposta do participante bem próxima, similar ou de igual valência a apresentada pelo atleta da cena: Pontuação 2.
b) Não escreveu nenhuma emoção ou não sabe identificar qual emoção o atleta sentiu: Pontuação 1.
c) Avalia com uma emoção de valência oposta ao que o atleta da cena sentiu: Pontuação 0.
A última questão do QECE, assim como a primeira, também teve o objetivo de analisar o componente comportamental da empatia. Na questão cinco foi solicitado que o respondente emitisse um conselho ao treinador que vive aquela situação. O conselho foi avaliado, de 0 a 2 pontos, seguindo os critérios a seguir:
a) Conselho mais sofisticado e empático, ou seja, o treinador acha que o técnico da cena deveria tentar explicar os sentimentos e perspectiva do atleta, aceitar o sentimento dele e tentar ajudá-lo: Pontuação 2.
b) Conselho neutro ou o treinador não dá nenhum conselho: Pontuação 1.
c) Conselho menos empático, quando o conselho faz com que o treinador em questão não beneficie o atleta da cena e pense somente no seu próprio benefício: Pontuação 0.
Dessa forma, percebe-se que a estrutura final do QECE ficou mais clara, segundo os juízes, quando se apresentou com questões abertas e fechadas, pois dessa maneira pode-se verificar como o treinador avalia o comportamento de outra pessoa como empático ou não. As questões abertas possibilitam também a livre expressão dos respondentes e valoriza a forma como cada um descreve os sentimentos associados à situação descrita na cena. A pontuação geral dos itens foi proposta de forma a constituir uma classificação da empatia no contexto esportivo, sendo o mínimo zero (baixa empatia) e o máximo dez (que corresponderia à alta empatia). Nessa análise qualitativa adotou-se o seguinte critério: Quando o respondente atinge pontuação entre 0 a 3 é considerada baixa empatia de 4 a 6 é considerado que apresenta para aquelas situaçõesmoderada empatia e de 7 a 10 empatia alta. Pontuações mais baixas indicam menor habilidade empática no contexto esportivo apresentado, enquanto que pontuações mais altas indicam uma maior habilidade empática nesse contexto. A tabela 1, a seguir, traz um resumo dos critérios de pontuação do QECE.
Tabela 1 - Clique para Ampliar
A análise semântica se deu após terem sido realizadas todas as modificações, escolhido a cena única, criada todas as questões e a apresentada a proposta de pontuação, o QECE foi apresentado em sessões de supervisão com a doutoranda responsável pela construção do instrumento e os outros estudantes de doutorado. Nestas sessões o instrumento foi considerado inteligível e os critérios de pontuação de cada questão foram analisados e considerados adequados. A seguir esta versão do QECE foi aplicada com um grupo de treinadores esportivos.
Validadede conteúdo e validade da pontuação dos itens
A validade de conteúdo avalia o grau em que cada elemento de um instrumento de medida é relevante e representativo do constructo que ele está avaliando e esta análise pode recair a todos os elementos de um instrumento que podem afetar a coleta de dados. No caso de um questionário, considera-se que as instruções, o formato das respostas e os itens de forma individual são passíveis de avaliação (Alexandre & Coluci, 2011). Segundo esses autores, a validade de conteúdo, mesmo sendo um processo subjetivo, é fundamental no processo de desenvolvimento de um instrumento de medida. A validade de conteúdo pode ser feita por meio de avaliação de um comitê de especialistas, sendo essa análise de juízes um método que prevê que profissionais peritos da área de estudo funcionem como juízes para analisar se os itens de um instrumento medem realmente o constructo para o qual ele foi criado (Pasquali, 1999).
Nesse sentido, o QECE foi aplicado, junto com o Inventário de Empatia (Falcone, 2008), em 70 treinadores esportivos das modalidades de natação, atletismo e ginástica. Estes questionários respondidos passaram então por uma segunda análise de conteúdo, agora para verificar a validade da pontuação atribuída a cada questão. Primeiramente, as respostas dos treinadores foram avaliadas pela autora do QECE que pontuou cada uma das respostas. Em seguida, para aferir a fidedignidade da avaliação, os questionários respondidos pelos 70 treinadores foram entregues a um novo grupo formado por duas psicólogas doutorandas estudiosas do constructo da empatia. Segundo Pasquali (1997), a análise de conteúdo compreende em encaminhar o instrumento para análise dos itens por peritos da área. No caso do QECE, as peritas ajuizaram a respeito da pontuação de cada questão, analisando se as respostas dos participantes deveriam obter aquela pontuação ou não, isso foi necessário para verificar se os critérios de pontuações de cada questão estavam claros e compreensíveis (conforme apresentado na tabela 1). Vale ressaltar que as juízas receberam orientação quanto aos critérios de pontuação e realizaram suas avaliações de forma independente. Calculou-se aqueles itens que obtiveram concordância total referente ao que mediam, sendo esta de 80,8%. A porcentagem dos itens que obteve concordância de apenas dois juízes foi de 19,2%.
Evidência de validade com base na estrutura interna
Antes de submeter os dados a AFE foram avaliados os indicadores de adequação, a saber: o critério de Kaiser- Meyer-Olkin (KMO= 0.78306); e o Teste de Esfericidade de Bartlett= (10) 57,5, p< 0,001, os quais davam suporte a realização da AFE. Com base nesses indicadores os resultados foram submetidos aos diferentes métodos de retenção de fatores, que são apresentados na Tabela 2.
Conforme apresentado na Tabela 2, os diferentes métodos de retenção de fatores indicam a pertinência de estrutura unidimensional para o QECE, uma vez que apenas o primeiro fator apresentou eigenvalue superior a um, bem como valor de variância explicada, obtido através do método de AP por permutação (Buja & Eyuboglu, 1992), superiores aos apresentados pela média das variâncias dos fatores estimados através dos dados aleatórios (500 matrizes de correlação) e do valor alocado no percentil 95. Considerando a adequação desta indicação com a perspectiva teórica que fundamentou o desenvolvimento do instrumento a AFE foi realizada forçando a solução unidimensional. O modelo fatorial é observado na Tabela 3, onde se observa a carga fatorial dos itens, comunalidades, variância explicada (estimada através do eigenvalue) de confiabilidade composta.
Conforme observado na Tabela 3, todos os itens que compõem apresentaram bons níveis de carga fatoriais com valores que variaram entre 0,459 (item 1) a 0,780, confirmando a hipótese de que todos os itens são bons representantes do construto latente. Quanto a porcentagem variância a estrutura unidimensional explicou 53%. Além disso, apresentou bom indicador de precisão da escala, confiabilidade composta igual a 0,8 e valores de comunalidades superiores a 0,3. Resultados que em conjunto indicam a adequação da estrutura proposta.
DISCUSSÃO
Esta pesquisa teve com principal objetivo o desenvolvimento de um questionário de avaliação da empatia para treinadores esportivos. Para tanto, diferentes procedimentos foram empregados em consideração as diretrizes internacionalmente difundidas para construção e avaliação de evidências de validade de medidas psicológica (International Test Commission, 2010). Mais especificamente foram estimadas evidências de validade com base na conteúdo, estrutura interna e precisão (American EducationalResearchAssociation-AERA, American PsychologicalAssociation-APA & NationalCouncilonMeasurement in Education-NCME, 2014). Com isso, espera-se oferecer contribuições para o avanço da psicologia do esporte e do exercício físico no Brasil ao disponibilizar um instrumento que garanta tais evidências para avaliação de um construto cada vez mais valorizado na área.
Na avaliação do questionário, o primeiro grupo de juízes formado pelos professores de educação física, avaliaram que uma das principais dificuldades encontradas foi responder as mesmas questões para cenas que eles consideraram muito semelhantes, por isso as respostas se repetiam e eles acharam o questionário cansativo e repetitivo. Nesse sentido, os avaliadores consideraram que, independente da modalidade retratada na cena, a resposta às questões sobre como ele se comportaria naquela situação de interação acabava sendo a mesma.
Tal ocorrência aludiu para a necessidade de modificação do questionário por prever que outros treinadores também considerariam o instrumento cansativo e pouco claro. Após a sessão de discussão os treinadores fizeram sugestões de mudanças chegando à versão com uma cena, sem especificação de uma modalidade esportiva. Essa mudança foi acatada pela pesquisadora, pois possibilitou a escolha de uma cena mais geral o que possibilitaria a aplicação em uma gama maior de treinadores esportivos, alcançando assim o objetivo de avaliar o grau de empatia na resposta dos treinadores.
Em relação à análise dos critérios de pontuação das questões que foi realizada pela pesquisadora e duas juízas experientes nos estudos de empatia verificou-se o grau de concordância entre as pontuações para cada questão foi de 80,8% e que a porcentagem dos itens que obteve concordância de apenas dois juízes foi de 19,2%. Esses resultados apontam que não houve itens em que as três avaliadoras tivessem discordado a respeito do que as questões mediam.Esse resultado demonstra que os critérios de pontuação das questões do QECE, de um modo geral, parecem ser claros para se avaliar a empatia em treinadores esportivos.
De posse do instrumento, com as primeiras evidências de validade de conteúdo foram estimadas as primeiras evidências de validade com base na estrutura interna e precisão, resultados que indicaram boas propriedades psicométricas do QECE, estrutura interna composta por um fator com bom nível e precisão (AERA, APA & NCME, 2014)e capacidade de explicar 53% da variância dos dados. A estrutura de um fator pode ser condizente com a hipótese teórica de que a Tomada de Perspectiva seria o principal componente empático do Inventário de Empatia que se destaca entre os outros fatores (sensibilidade afetiva, flexibilidade interpessoal e altruísmo) para explicar a empatia (Falcone, 2012).
Vale ressaltar que esta etapa da pesquisa se tratou de um estudo piloto que contou com uma amostra reduzida e, portanto, sugere-se cautela na generalização dos resultados obtidos. Ainda é preciso mais estudos para identificar que fatores podem influenciar a tendência do treinador ser mais ou menos empático em uma situação de interação com seus atletas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O instrumento QECE é capaz de avaliar a empatia em situações de interação entre treinador e atleta por meio da avaliação da opinião dos respondentes. Os resultados da análise de conteúdo demonstraram que o QECE é um instrumento que pode ser usado para avaliar, inicialmente, a percepção empática de treinadores esportivos, mas que precisa ser complementado com outros instrumentos de avaliação da empatia e de constructos correlatos. Considerando a importância de novos estudos que contribuam para o acúmulo de evidências de validade do QECE, a presente pesquisa aponta para potencialidade do QECE para compor o instrumental para psicólogos interessados na mensuração da empatia de treinadores brasileiros em contextos esportivos.
Vale ressaltar que no presente estudo foram investigados aspectos relacionados exclusivamente as características dos treinadores contribuindo para identificar quais variáveis se mostram importantes nessa dinâmica. Os aspectos referentes à empatia podem auxiliar a pensar como fatores - como a tomada de perspectiva, a flexibilidade interpessoal, a compaixão e a escuta sensível - podem contribuir para melhorar a qualidade dos relacionamentos, afetando o desempenho dos atletas e o sucesso profissional dos técnicos.
Espera-se que os psicólogos que atuam no esporte possam utilizar o QECE para avaliar que variáveis podem intervir na empatia dos treinadores e isso parece ser fundamental, pois as pesquisas atuais da área de psicologia do esporte tendem a se concentrar mais no estudo dos comportamentos dos atletas, ou quando se estuda o comportamento do treinador o objetivo muitas vezes é compreender como este pode afetar diretamente o atleta. Olhar a relação parece ser fundamental para que se invista no relacionamento entre treinador-atleta e elaborar programas de treinamento da empatia adequados às especificidades do treino esportivo em diferentes modalidades.
REFERÊNCIAS
Alexandre, N. M. C., & Coluci, M. Z. O. (2011). Validade de conteúdo nos processos de construção e adaptação de instrumentos de medidas. Ciência & Saúde Coletiva, 16(7),3061-3068. Recuperado de https://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000800006. [ Links ]
American Educational Research Association, American Psychological Association, & National Council on Measurement in Education. (2014). Standards for educational and psychological testing. Washington, D.C.: American Educational Research Association. [ Links ]
Barret, L., Dubar, R., & Lycett, J. (2002).Human Evolutionary Psychology.Princeton University Press.Recuperado de http://press.princeton.edu/chapters/s7315.pdf. [ Links ]
Bohart, A. C., & Tallman, K. (1997). Empathy and the active client: an integrative, cognitive experiencial approach. In: A. C. Bohart, L. S. Greenberg (Eds.). Empathy reconsidered: new directions in psychotherapy. Washington, D. C.: American Psychological Association. [ Links ]
Brandão, M. R. F., & Carchan, D. (2010). Comportamento preferido de liderança e sua influência no desempenho dos atletas. Motricidade, 6(1),53-69. Recuperado de http://revistas.rcaap.pt/motricidade/article/view/158. [ Links ]
Brown, T. A. (2006). Confirmatory factor analysis for applied research.New York: The Guilford Press. [ Links ]
Buja, A., & Eyuboglu, N. (1992).Remarks on parallel analysis. Multivariate Behavioral Research, 27(4),509-540. [ Links ]
Cattell, R. B. (1978). The scientific use of factor analysis. New York: Plenum. [ Links ]
Costello, A. B., & Osborne, J. W. (2005). Exploratory Factor Analysis: Four recommendations for getting the most from your analysis. Practical Assessment, Research, and Evaluation, 10(7), 1-9. [ Links ]
Damásio, B. F. (2012). O uso da análise fatorial exploratória em psicologia. Avaliação Psicológica, 11(2),213-228. [ Links ]
Decety, J., & Svetlova, M. (2012). Putting together phylogenetic and ontogenetic perspectives on empathy. Developmental Cognitive Neurosciense, 2,1-24. Recuperado em http://dx.doi.org/10.1016/j.dcn.2011.05.003. [ Links ]
De Waal, F. (2010). A era da empatia: lições da natureza para uma sociedade mais gentil. São Paulo: Companhia das letras. [ Links ]
Duan, C., & Hill, C. E. (1996). The current state of empathy research. Journal of Counseling Psychology, 43(3),261-274. [ Links ]
Everitt, B. S. (1975). Multivariate analysis: The need for data, and other problems. British Journal of Psychiatry, 126(1),237-240. [ Links ]
Falcone, E. M. O. (2006). Práticas educativas positivas favorecem o desenvolvimento da empatia em crianças. In: Psicologia em Estudo, 11(3). [ Links ]
Falcone, E. M. O., Ferreira, M. C., Luz, R. C. M., Fernandes, C. S., Faria, C. A., D'Augustin, J. F., Sardinha, A., & Pinho, V. D. (2008). Inventário de empatia (I.E.): desenvolvimento e validação de uma medida brasileira. Avaliação Psicológica, 7(3),321-334. [ Links ]
Falcone, E. M. O. (2009). Empatia: a sabedoria do vínculo afetivo e das relações sociais. Anais do II Seminário Internacional de Habilidades Sociais, Rio de Janeiro, UERJ, 5-14. [ Links ]
Falcone, E. M. O. (2012). O papel da tomada de perspectiva na experiência da empatia. In: Eliane Mary de Oliveira Falcone; Angela Donato Oliva; Cristiane Figueiredo (Org.). Produções em Terapia Cognitivo-comportamental, 1ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, p. 61-69. [ Links ]
Gomes, A. R., & Cruz, J. F. (2006). Relação treinador-atleta e exercício da liderança no desporto: A percepção de treinadores de alta competição. Estudos de Psicologia (Natal), 11,5-15. [ Links ]
Hair, J. F., Anderson, R. E., Tatham, R. L., & Black, W. C. (2005). Análise multivariada de dados.A. S. Sant'Anna & A. C. Neto (Trad.). Porto Alegre: Bookman. [ Links ]
Hojat, M. (2007). Empathy in patient care. Antecedents, developments, measurement and outcomes. Pennsylvania: Springer [ Links ]
Huguet, S., & Labridy, F. (2003).Consideration on psychoanalytical factors in the coach-athlete relationships. In: Anais European Congress of sports psychology-proceedings, 11, University of Conpenhagen. [ Links ]
International Test Commission.(2013). ITC guidelines on test use.Retrieved November 26,2015. Recuperado de https://www.intestcom.org/files/guideline_test_use.pdf [ Links ]
Jowett, S., & Clark-Carter, D. (2006). Perceptions of empathic accuracy and assumed similarity in the coach-athlete relationship.British Journalof Social Psychology, 45,617-637. [ Links ]
Jowett, S., &Cockerill, I. M. (2003).Olympic medallists' perspective of the athlete-coach relationship.Psychology of Sport and Exercise, 4,313-331. [ Links ]
Lopes, L. W. R., Magalhães, C. M. C., & Brito, R. C. S. (2005). Reflexões sobre a pró-sociabilidade humana. In F. A. R. Pontes, R. C. S. Brito, & C. M. C. Magalhães. (Orgs.), Temas pertinentes na construção da psicologia contemporânea (p. 97-116). Belém: Editora Universitária UFPA. [ Links ]
Lorenzo-Seva, U., & Ferrando, P.J. (2013). FACTOR 9.2 A Comprehensive Program for Fitting Exploratory and Semiconfirmatory Factor Analysis and IRT Models. Applied Psychological Measurement, 37(6),497-498. [ Links ]
Lorimer, R., & Jowett, S. (2010). Feedback of information in the empathic accuracy of sport coaches. Psychology os sport and exercise, 11, 12-17. [ Links ]
Motta, D. C., Falcone, E. M.O., Clark, C., & Manhães, A. C. (2006). Práticas educativas positivas favorecem o desenvolvimento da empatia em crianças. Psicologia em Estudo, 11(3),523-532. [ Links ]
Orlick, T. (2009). Em busca da excelência: como vencer no esporte e na vida. Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Pasquali, L. (1997). Psicometria: teoria e aplicações. Brasília: Universidade de Brasília. [ Links ]
Pasquali, L. (1999). Instrumentos psicológicos: Manual prático de elaboração. Brasília: LabPAM / IBAP. [ Links ]
Pasquali, L. (2003). Psicometria: Teorias dos testes na Psicologia e na Educação. Rio de Janeiro: Editora Vozes Ltda. [ Links ]
Pasquali, L. (2010). Testes Referentes a Construto: Teorias e Modelos de Construção. In L. Pasquali et al. Instrumentação Psicológica: Fundamentos e Prática (pp. 165-198). Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Pinho, V. D., Fernandes, C. S., & Falcone, E. M. O. (2011). A influência da idade e da escolaridade sobre a experiência empática de adultos. Estudos e pesquisas em Psicologia, 11(2),456-471. [ Links ]
Primi, R. (2010). Avaliação psicológica no Brasil: fundamentos, situação atual e direções para o futuro. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 26 (n. especial),25-35. [ Links ]
Reppold, C. T., Gurgel, L. G., & Hutz, C. S. (2014). O processo de construção de escalas psicométricas. Avaliação Psicológica, 13(2),307-310. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712014000200018&lng=pt&tlng=pt. [ Links ]
Samulski, D. (2002). Psicologia do esporte. Barueri - SP: Manole. [ Links ]
Silva, A. M. B., Foch, G. F. de L., Guimarães, C. A., & Enumo, S. R. F. (2014). Instrumentos aplicados em estudos brasileiros em psicologia do esporte. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 5(2),77-85. Recuperado de https://dx.doi.org/10.5433/2236-6407.2014v5n2p77 [ Links ]
Valentini, F., & Damásio, B. F. (2016). Variância média extraída e confiabilidade composta: indicadores de precisão. Psicologia: teoria e pesquisa, Brasília online, 32,1-7. [ Links ]
Weinberg, R. S., & Gould, D. (2017). Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. Porto Alegre: Artmed Editora. [ Links ]
Correspondência:
Livia Gomes Viana-Meireles
Instituição: Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Rua Ildefonso Albano - nº 262
Fortaleza - SP - CEP: 60.115-000
E-mail: liviagviana@gmail.com
Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBTC em 13 de dezembro de 2017. cod. 579.
Artigo aceito em 22 de abril de 2018.