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Pesquisas e Práticas Psicossociais
versão On-line ISSN 1809-8908
Pesqui. prát. psicossociais vol.10 no.2 São João del-Rei dez. 2015
ARTIGOS MULTITEMÁTICOS
Linguagem, memória e escrita
Language, memory and writing
El lenguaje, la memoria y la escritura
Nirvana Ferraz Santos Sampaio
Doutora em Linguística pelo IEL/Unicamp. Professora titular do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários da UESB. Professora do Programa de Pós-Graduação em Linguística da UESB. Líder do Grupo de Pesquisa e Estudos em Neurolinguística (GPEN/CNPq/UESB)
RESUMO
Este texto apresenta resultados do acompanhamento longitudinal da linguagem de um sujeito após um traumatismo craneoencefálico. Para tanto, partimos dos pressupostos teórico-metodológicos da neurolinguística discursiva. Os resultados apontam que a leitura e a escrita podem ser eficazes na reestruturação da oralidade do sujeito, na reconstituição da sua identidade e na reinserção social.
Palavras-chave: Linguagem; Memória; Escrita; Traumatismo Craneoencefálico.
ABSTRACT
This paper presents results of language intervention of a brain damaged subject. The theoretical and methodological basis is the neurolinguistic. The results show that reading and writing are effective in the restructuring of the subject and the social reintegration of the subject.
Keywords: Language; Memory; Writing; Craneoencephalic Trauma.
Considerações iniciais
O objetivo deste artigo é apresentar resultados a respeito do acompanhamento de um sujeito que, após traumatismo craneoencefálico (TCE), procurou o Espaço de Convivência entre Afásicos e não afásicos (ECOA), da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), por encaminhamento de um neurologista, com dificuldades na memória, na sequenciação temporal, na atenção, na linguagem e na adaptação ao meio.
Para a realização do trabalho que ocorre no ECOA, que funciona no Laboratório de Pesquisa e Estudos em Neurolinguística da UESB, recorremos à perspectiva discursiva da Neurolinguística. Nesse sentido, retomamos a proposta do Diário de Narciso (1986/1988), que aproxima a linguagem (na afasia) de processos dialógicos e que, atualmente, se encontra, ampliada com base em Freud (1891) período pré-psicanalítico.
De acordo com Coudry e Freire (2010), a teorização, no âmbito da Neurolinguística Discursiva (ND), parte de uma perspectiva discursiva que orienta tanto a prática clínica quanto a análise de dados de linguagem, ambas fundamentadas em diversos domínios da Linguística, bem como em estudos no campo da Neurologia, Neuropsicologia, Fonoaudiologia, entre outros.
Nesse embasamento, o ponto de partida teórico é a interlocução e tudo aquilo que a ela diz respeito, isto é, as relações que nela se estabelecem entre sujeitos falantes de uma língua, dependentes das histórias particulares de cada um, as circunstâncias histórico-culturais que condicionam o conhecimento partilhado, as condições em que ocorrem a produção e a interpretação do que se diz mediante o jogo de imagens que se estabelece entre os interlocutores. Assim, a linguagem é, conforme explicita Franchi (1977/1992), concebida como ação, trabalho e atividade constitutiva, preceitos ratificados por Coudry (1986).
Cabe ressaltar, também, que subjaz a fundamentação teórico-metodológica da ND, a leitura, entre outras, de Jakobson (1954; 1956), de Benveniste (1966), de Vygotsky (1934) e de Luria (1977), direcionando uma compreensão de hierarquia entre as unidades que compõem um sistema linguístico e a noção de um sistema funcional complexo em que partes do cérebro operam hierarquicamente, partilhando, assim, de uma visão do cérebro como um todo no qual as áreas são interdependentes e inter-relacionadas, funcionando comparativamente a uma orquestra, de acordo com Luria (1977), que depende da integração de seus componentes para realizar um concerto. Assim, a ND permite a articulação de vários aportes teóricos, tendo como foco o estudo das relações entre cérebro e linguagem na vida em sociedade.
A ND articula-se com os preceitos de Vygotsky (1934) e Luria (1977), que se referem à instalação, perda e recuperação de funções no sistema nervoso central, considerando tanto as variáveis que interferem na filogênese - ou história evolutiva da espécie - como a partir das formações sociais histórico-culturalmente definidas, além da ontogênese ou história individual.
Com o trabalho de Freud (1891), há um direcionamento de questões relevantes para a ND, visto que o texto "Sobre as afasias" prevê uma contraparte funcional em vez do organicismo reinante no localizacionismo. Assim, de acordo com Coudry, Freire e Gomes (2006), o trabalho de Freud:
[...] introduz a noção de representação, e, portanto, um viés psíquico, criticando a noção de linguagem como descrição da realidade; redimensiona as concepções de normalidade e patologia, por reconhecer um continuum entre o funcionamento do afásico e o da pessoa normal frente a situações específicas; inclui aspectos discursivos na avaliação e observação do funcionamento do aparelho da linguagem, distanciando-se dos testes que focalizam usos descontextualizados da linguagem; parte da linguagem para entender o funcionamento orgânico(COUDRYet al., 2006).
A partir da leitura de Franchi (1977), a ND olha para a linguagem como um processo, ou seja, como o trabalho pelo qual, histórica, social e culturalmente, o homem organiza e dá forma a suas experiências - considerando que é via linguagem que se produz o processo dialético entre o que resulta da interação e o que resulta da atividade do sujeito na constituição dos sistemas linguísticos, das línguas naturais de que nos servimos.
Para realizarmos as atividades no ECOA, recorremos frequentemente a atividades escritas, visto que consideramos tanto a leitura quanto a escrita como suportes para acessar a linguagem verbal e a memória de sujeitos que se encontram com especificidades na linguagem, a fim de que eles voltem a se inserir em práticas sociais também com a oralidade.
Sabemos que há diferenças (formais e funcionais) entre a produção da oralidade e da escrita. Entre outras, podemos elencar algumas, vejamos: na oralidade, geralmente, há uma troca imediata de turnos, sobreposição de vozes e há uma interlocução em tempo real que se dá entre sujeitos fisicamente presentes nas situações comunicativas, enquanto, na escrita, isso nem sempre acontece, apesar de hoje termos exemplos como o das salas de bate-papo, em que, apesar da virtualidade, há um tempo real e os interlocutores estão presentes à cena, embora apenas suas escritas sejam visualizadas. A escrita é um trabalho de muitos, visto que é uma construção que se processa na interação, assim como a oralidade. Deve-se levar em conta o uso, o valor e o papel de mediadora que a escrita tem nas interações sociais e culturais. A escrita se caracteriza, classicamente, como um processo de interlocução à distância. Nesse sentido, as condições de produção da escrita, quais sejam: o tempo, o lugar, os papéis representados pelos interlocutores, a construção imaginária de um possível leitor, as relações sociais, os objetivos, geralmente, se diferem das condições específicas da linguagem oral. Assim, há elementos exclusivos de cada uma delas, como a gesticulação, por exemplo, na linguagem oral e a reedição de texto, com apagamento do texto anterior, na linguagem escrita. Certamente, as pessoas não escrevem exatamente do mesmo modo que falam, uma vez que se trata de processos diferentes. Essas diferentes condições de produção para usos de diferentes intenções propiciam a criação de diferentes tipos de linguagem, que se agrupam nas duas modalidades da língua. Alguns fatores, como o contexto, a intenção do usuário e a temática, são responsáveis pelas diferenças entre a linguagem oral e a linguagem escrita, que, nem por isso, são estanques.
A escrita neste trabalho ganha a relevância da necessidade de retomar a memória das experiências de um sujeito pós-TCE, como uma forma de auxiliar na seleção das palavras ou estruturas para expressarem suas ideias, proporcionando mais tempo para reproduzi-la e revisá-la, do que é o habitual na oralidade. Despertando, também, o envolvimento e o distanciamento que o processo de escrita permite, trabalhando com a memória de curto prazo do sujeito e focos de consciência do passado no momento de produção.
A memória e a linguagem (inter)atuam como processos cognitivos, isto é, como processos de conhecimento, porque a linguagem não é somente um instrumento de comunicação, ela é um instrumento socializador, um mediador das relações entre o ser humano e o mundo.
A linguagem é uma representação mental e simbólica das coisas no mundo. Nosso aprendizado, nossa percepção do mundo, é simbólico. Somos seres simbólicos e o tempo todo fazemos acordos simbólicos. Essa capacidade simbólica da linguagem é que nos permite interpretar, organizar, reorganizar e categorizar o que aprendemos. A linguagem é responsável pela construção dos nossos conhecimentos e ao mesmo tempo ela é conhecimento. Nós reconstruímos discursivamente a memória com nossas práticas. Dessa forma, linguagem e memória são duas formas constituídas de conhecimentos. Tudo o que está conservado na memória ocorre por meio da linguagem e suas práticas sociais e interativas. Para recordarmos um evento, uma informação, um fato, ao evocar uma palavra ou usar uma estratégia cognitiva para realizar uma tarefa, a linguagem entra em ação porque estamos sempre utilizando os conhecimentos verbalmente, escrito ou não, para (re)significar aquilo que aprendemos.
Sobre o sujeito GB e seu Acompanhamento
Partimos daperspectiva metodológica do acompanhamento longitudinal que envolve um sujeito que se manifesta por meio da linguagem, tem um papel ativo e reconstitui-se na interação, em meio a situações discursivas em que o trabalho de reconstrução dos objetos linguísticos perdidos. No caso específico via sequelas de TCE, é um trabalho em conjunto, rico de experiências recíprocas, de relações intersubjetivas e pessoais em que se criam os compromissos de uma cumplicidade, base para o estabelecimento das relações entre os interlocutores, nesse momento há uma simetria nas relações. Entretanto, a assimetria surge no momento das análises, em que há o distanciamento de um dos interlocutores em meio a um deslizamento de função (pesquisador) e posterior intervenção.
Neste texto, apresentamos alguns resultados referentes ao acompanhamento de GB. GB é casado, possui ensino médio completo e é técnico em contabilidade. Sofreu acidente automobilístico, em dezembro de 2009, com traumatismo cranencefálico (TCE), quando estava com 39 anos. Segundo relatório médico de 2012, foi evidenciado "edema cerebral difuso, hemorragia subaracnoidea e lesão axonal difusa […] No momento, apresenta sequela neurológica como ataxia motora, incoordenação motora leve e bradipsiquismo com lentificação de todos os reflexos neurológicos".[1] Desde 26/04/2012, GB vem sendo acompanhado no Espaço de Convivência entre Afásicos e não afásicos, que funciona no Laboratório de Pesquisa e Estudos em Neurolinguística, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (ECOA/LAPEN/UESB), autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UESB - Protocolo nº 061/2010. Na tentativa de auxiliar esse sujeito a alcançar o maior grau de funcionalidade, de independência e qualidade de vida e retomada da sua história, diversas atividades foram realizadas sistematicamente com GB, em sessões individuais e em grupo de acompanhamento direcionado pela leitura e escrita de textos de diversos gêneros. Inicialmente, a ênfase foi maior nas atividades de leitura, GB apresentou resistência para participar das atividades. Nesse sentido, as principais objeções eram: "não me lembro de nada", "não sei", "o meu cérebro está paralisado, "a minha mente está paralisada" e "eu sou um inválido" (fruto, provavelmente, de uma transicionalidade que está no encontro entre o mundo psíquico e o mundo socialmente construído).
Observamos que GB, em situações não familiares, apresentava comportamentos específicos, por exemplo: rigidez para modificar uma opinião; dificuldade em entender o ponto de vista do outro; inabilidade para esclarecer uma informação; dificuldade em reconhecer o ponto principal de uma conversa; dificuldade em obedecer à troca de turnos durante o diálogo; dificuldade em dar ou receber e aceitar um "feedback"; dificuldade em mudar de um assunto para outro, o que era observado, principalmente, nas atividades realizadas em grupo e trabalhado nas atividades realizadas individualmente. Em se tratando das interações no grupo, observamos, também, a dificuldade de GB em dar informações e se lembrar delas e dificuldade em nomear.
Ao longo desses dois anos, GB apresentou sempre resistência para realizar atividades relacionadas à escrita e à leitura. Entretanto, é importante ressaltar que GB não possuía o hábito de leitura e escrita antes do acidente, não eram atividades que faziam parte do seu cotidiano, segundo ele. Nesse sentido, durante as atividades de leitura e escrita, o sujeito tenta sempre mudar de assunto e fugir das atividades propostas. A seguir, apresentamos parte do acompanhamento realizado com GB a partir de produções textuais.
Produções Textuais de GB: Uma Amostra
Após a leitura de vários textos sobre saúde, alimentação e exercício físico, foi solicitado a GB a escrita de um texto sobre os tipos de exercício que ele realizava, ele se mostrou resistente, falou que não se lembrava, mas produziu o seguinte texto:
É possível verificar (na Figura 1) que GB rememorou os exercícios que realiza a fim de beneficiar a sua saúde. Apesar de reclamar que não sabia, que não se lembrava.
Apresentamos abaixo, nas Figuras 2 e 3, dois momentos de escrita e reescrita de GB. Após a leitura de textos, poesias e pensamentos de João Ubaldo Ribeiro, Ariano Suassuna e de Cora Coralina, da leitura, também, da biografia desses escritores, solicitamos que GB, primeiramente, Figura 2, escrevesse as três palavras que mais chamaram a sua atenção, ele selecionou: esperança, sonho e decidir. Em seguida, solicitamos que ele escrevesse sobre o que cada palavra representava para ele. Observamos, no decorrer da leitura das biografias, o interesse de Gb pela biografia de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, que, ao completar 50 anos, após a morte do marido, passou por profunda transformação interior, que definira como "a perda do medo", deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo Cora Coralina. Interessou-se pelo fato de Cora escrever poemas relacionados com a sua história pessoal, com a cidade em que nascera e com ambiente em que fora criada, pelo fato de Cora ter publicado o primeiro livro aos 50 anos.
Em seguida, pedimos que GB, a partir das anotações, escrevesse um texto e desse um título, o que pode ser verificado, na Figura 3, "Esperança, sonho e decidir", um texto escrito, com algumas marcas da oralidade, por exemplo, "o" para "ou" e com pistas da singularidade do sujeito GB que (re)organiza a sua identidade e a importância da língua(gem).
Na semana seguinte, aproveitando as leituras realizadas nas sessões anteriores, solicitamos que GB escrevesse sobre a sua vida. Ele informou que não se lembrava de nada, conversamos com ele, perguntando quando e onde ele nasceu, fatos que marcaram a vida dele e vejamos a produção realizada por ele na Figura 4.
Na produção textual de GB, na Figura 4, verificamos que há relação entre suas partes, estabelecendo coerência e progressão temática. Percebe-se que GB estabeleceu uma sequência temporal na ordenação textual, tentando garantir uma progressão de eventos, nos quais aparecem o nascimento, a infância a adolescência e a vida adulta, rememorando fatos relevantes na sua história (entre eles, a morte do pai, o encontro com a esposa e o trabalho como motorista). Dessa forma, ao verificar o acompanhamento de GB, por meio da interação com a mediadora e a partir dos registros escritos, chegamos, mais uma vez, à concepção de linguagem como um trabalho pelo qual, histórica, social e culturalmente, o homem organiza e dá forma a suas experiências (re)siginificando-as. Nesse momento, é como se houvesse um gatilho para GB recordar (repetir) e elaborar a sua condição atual, "inválido para que tipo de atividade?", essa foi a pergunta feita para ele.
GB, atualmente, está, relativamente, independente em suas atividades de vida diária, não necessitando mais de ajuda para a higiene pessoal, escolhe a própria roupa, dirige o próprio carro e apesar de dizer sempre que a sua mente está paralisada, está mais centrado e mais "consciente" das coisas que fala. Chegando, assim, a uma maior autonomia enunciativa provocada, especialmente, pela interlocução.
Considerações Finais
Ressaltamos que o agrupamento de pessoas com dificuldades/especificidades semelhantes traz benefícios para todos os envolvidos, proporcionando oportunidades importantes para o processo de reorganização em meio à condição atual em que o sujeito se encontra, essa é a experiência que vivenciamos no ECOA. É evidente que a experiência de estar em contato com outras pessoas aumenta as possibilidades de interação social e de melhora da habilidade de monitoramento em um ambiente social. Auxiliando, nesse sentido, a reinserção do sujeito à comunidade. Observamos influência positiva da intervenção no desempenho do sujeito, evidenciada na melhora da expressão linguística oral e escrita. O acompanhamento dos pesquisadores tem encorajado, motivado e, portanto, beneficiado GB, visto que é fato que o convívio no grupo ampliou o seu convívio social e o ajudou a aumentar a autoestima e a melhorar a habilidade de desenvolver objetivos realistas a curto e longo prazos.
Referências
Benveniste, É. (1966/91) Problemas de linguística geral I. Campinas: Pontes. [ Links ]
Coudry, M.I.H. (1986) Diário de Narciso - Discurso e Afasia. Tese de Doutoramento Campinas: IELIUNICAMP - Publicada em 1988, São Paulo: Martins Fontes. [ Links ]
Coudry, M.I.H.; Freire, F.M.P.; Gomes, T.M. (2006) Sem falar, escrever e ainda sujeito da linguagem. In: Estudos Linguísticos (São Paulo), v. 35, p. 1375-1384. [ Links ]
Coudry, M.I.H.; Freire, F.M.P. (2010). Pressupostos teórico-clínicos da Neurolinguística Discursiva (ND). In: Caminhos da Neurolinguística Discursiva: teorização e práticas com a linguagem. Campinas: Mercado de Letras, p. 23-48.
Franchi, C. (1977). Linguagem - Atividade Constitutiva. In: Cadernos de Estudos Linguísticos. Campinas, n. 22, 1977/92, p. 9-39.
Freud, S. (1891). A interpretação das afasias. Tradução de Ramón Alcalde. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión, 1973. [ Links ]
Jakobson, R. (1954). Dois aspectos da linguagem e dois tipos de afasia Linguística eComunicação, (34-62), São Paulo: Cultrix, 1981. [ Links ]
Jakobson, R. (1956). El metalenguaje como problema linguístico. El marco del lenguaje, 1981.
Luria, A.R. (1977). Neuropsychological Studies in Aphasia.Amsterdan: Swets&Zeitlinger B.V.
Vygotsky, L.S. (1934/84). A formação social da mente, São Paulo: Martins Fontes. [ Links ]
Recebido em: 19/09/2014
Aprovado em: 11/03/2015
1 Fonte: Prontuário do sujeito GB.