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Desidades

versão On-line ISSN 2318-9282

Desidades vol.9  Rio de Janeiro dez. 2015

 

EDITORIAL

 

 

Com a 9a  edição da DESIDADES, que ora lançamos, celebramos o seu segundo ano de existência.  Em dezembro de 2013, quando lançamos o primeiro número, vislumbramos o desafio de construir um veículo de divulgação científica, em duas línguas – português e espanhol – acerca da infância e da juventude latino-americanas.  Vislumbramos, porque não se tinha ideia das dificuldades que teríamos que enfrentar.  Como só conhecemos o caminho quando o percorremos, como diz o poeta Antonio Machado, estes dois anos trilhados demandaram de nós, a Equipe Editorial, não somente trabalho paciente e árduo, mas, sobretudo, a tenacidade de confiar no projeto iniciado.  A DESIDADES é um periódico que se singulariza, não apenas pela concepção de sua proposta e seu layout, mas por ousar apostar em uma linha editorial concernida com a construção de uma perspectiva latino-americana.  Hoje parece que a ousadia paga caro para existir, principalmente no ambiente acadêmico cada vez mais estéril e conformado às visões burocratizantes do pensar e do agir.  Por tudo isto, compartilhamos com os e as leitoras a alegria do marco de dois anos de publicação ininterrupta, confiantes perante os desafios que não deixarão de se apresentar.  
Na seção Temas em Destaque, trazemos para o leitor três artigos.  No primeiro, “Pérolas aos poucos: o relato de uma adolescência congelada”, a psicanalista Fatima Florido Cesar, Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP, nos convida a adentrar o mundo adolescente estagnado pela impotência e falta de esperança, e paralisado pelo pavor de entrar na vida adulta e enfrentar suas demandas.  O fio do relato segue o desenrolar de um processo terapêutico em que a psicanalista se coloca como alguém que cuida e sofre; que pode compartilhar o mundo caótico da paciente e não enlouquecer junto.  O processo terapêutico é apresentado no seu avesso: de enigmas indecifráveis e de desencontros dos quais não se dá conta.  Apesar disso, ele mantém sua potencia de ajudar o outro a se ligar na vida, “possibilitando a tolerância da destrutividade e o vislumbre da esperança e do viver criativamente”, como coloca a autora.   
No artigo seguinte, “Desidades, poesias e lutas: articulações e rupturas”, a  professora Angela Pinheiro, da Universidade Federal do Ceará, nos convida a enveredar na ambiguidade do que nos constitui: a linguagem.  Seu texto é trazido como uma forma de celebrar o aniversário da revista, já que, ao tomar o título do periódico DESIDADES como motivo e senha, nos avisa: no lugar refestelado, confortável e seguro do mundo não se brinca...  Brincam os poetas, os andarilhos, os que lutam e creem, os que fazem sonhando.  Brincar conduz a desestabilizar a ordem e a desassossegar-se.  Brincar não tem idades, brincar é essencialmente des-idades, descontrução das atitudes lineares e previsíveis e da cronologização da existência.  O que move o brincar – a descoberta e a fantasia, é também o que move à luta – a paixão e a utopia.  O artigo interroga-nos sobre o lugar do brincar no fazer da ciência, quando essa deve estar, de fato, aberta ao desconhecido e atravessada pelos ideais.  
No terceiro artigo desta seção, “Análise da produção bibliográfica em livros sobre a infância e a juventude na América Latina”, de Lucia Rabello de Castro, Isa Kaplan Vieira, Juliana Siqueira de Lara, Karima Oliva Bello e Sabrina Dal Ongaro Savegnago, da Equipe Editorial da DESIDADES, trazemos uma análise dos títulos levantados na seção Levantamento Bibliográfico deste periódico desde a sua 2a edição.  Esta análise mostra-nos a situação pouco alentadora  da produção bibliográfica em livros na América Latina sobre a infância e a juventude, temáticas cuja pesquisa científica parece exercer pouca atratividade sobre o mercado editorial. A dificuldade de acessar os lançamentos de publicações por meio dos sites das editoras é um outro fator complicador. A área da Educação detém o maior número de títulos publicados sobre as outras áreas, só que é a área que, frequentemente, não se remete aos campos da infância e/ou da juventude como aspectos que pautam suas investigações.  Estes, e outros aspectos, analisados no artigo colocam questões relevantes para se pensar sobre a consolidação de campos transdisciplinares como a infância e/ou juventude na América Latina e sua articulação transnacional.  Muitos esforços devem ser ainda empreendidos para que haja uma melhor circulação das discussões levadas a cabo nos diferentes países.  
Na seção Espaço Aberto, a professora e pesquisadora Leila Maria Torraca de Brito, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro,  é entrevistada por Tatiana Fernandes, sobre as dificuldades e impasses da escuta de crianças no sistema de justiça.  As legislações internacional e nacionais que posicionaram a criança como sujeito de direitos trazem questões difíceis, controversas e problemáticas, quando, por exemplo, não aprofundam o debate sobre o vem a se implicar nos “direitos da criança”.  Em nome deles, novas regulações das práticas sociais são promulgadas sem que haja reflexão crítica suficiente para respaldá-las.  A entrevistada discute a complexidade de muitas destas situações práticas, assinalando seus impasses nas relações entre criança, família, profissionais da área da saúde e gestores governamentais.  
Enfim, na seção Informações Bibliográficas, apresentamos a resenha do livro de Walter Benjamin, “A hora das crianças: narrativas radiofônicas de Walter Benjamin”, por Caroline Trapp de Queiroz. O Levantamento Bibliográfico traz um elenco de 41 obras sobre infância e/ou juventude lançadas no  último trimestre na América Latina.  São referencias de novas leituras que constituem uma fonte relevante para professores e pesquisadoras destes campos tendo em vista o cenário latino-americano.  
Finalizo este Editorial agradecendo a colaboração dos consultores e consultoras ad-hoc que, ao longo destes dois anos de existência da revista, prestaram sua contribuição na emissão de pareceres sobre os artigos enviados.  A nominata destes colaboradores segue abaixo.  Agradeço, em nome da Equipe Editorial, aos Conselhos Científicos Nacional e Internacional que tem colaborado e respaldado esta publicação científica.  

Lucia Rabello de Castro

Editora Chefe

Nominata de Consultoras e Consultores Ad-hoc

Alexandre Simão Freitas (UFPE)
Ana Cristina Coll Delgado (UFPEL)
Ângela Alencar Araripe Pinheiro (UFC)
Carmem Lucia Sussel Mariano (UFMT)
Claudia Mayorga (UFMG)
Cristiana Carneiro (UFRJ)
Dijaci David de Oliveira (UFG)
Elizabete Franco Cruz (USP)
Ernesto Rodríguez (Centro Latinoamericano sobre Juventud)
Fernanda Bittencourt Ribeiro (PUC-RS)
Flávia Ferreira Pires (UFPB)
Guillermo Beaton (Universidad Havana)
Ilana Lemos Paiva (UFRN)
Jader Janer Moreira Lopes (UFF)
Jaileila de Araújo (UFPE)
Katia Aguiar (UFF)
Lila Cristina Xavier Luz (UFPI)
Luciana Gageiro Coutinho (UFF)
Luiza Rodrigues de Oliveira (UFF)
Marcos Ribeiro Mesquita (UFAL)
Mariângela da Silva Monteiro (PUC Rio)
Maria Angélica Augusto de Mello Pisetta (UFF)
Maria Helena Oliva Augusto (USP)
Maria Ignez Moreira (PUC-Minas)
Maria Livia Nascimento (UFF)
Mariana Paladino (UFF)
Mirela Figueiredo Santos Iriart (Univ. Estadual Feira de Santana)
Myriam Moraes Lins de Barros (UFRJ)
Nair Teles (FIOCRUZ)
Otávio Luiz Machado (UFPE)
Paula Mancini C. Melo Ribeiro (UFRJ)
Patrícia Pereira Cava (UFPelotas)
Rita de Cássia Marchi (FURB)

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