Serviços Personalizados
Journal
artigo
Indicadores
Compartilhar
PsicoUSF
versão impressa ISSN 1413-8271
PsicoUSF v.11 n.2 Itatiba dez. 2006
EDITORIAL
É interessante notar que nesta edição da revista Psico-USF, como vem ocorrendo também em números anteriores, os artigos que versam sobre Avaliação Psicológica (AP) são bastante enfatizados. Nesse sentido, o editorial deste número estará discorrendo sobre o tema em questão.
A avaliação psicológica no Brasil vem sofrendo, no decorrer das últimas décadas, altos e baixos, críticas e elogios, bem como foi motivo de preconceito em determinadas épocas e de status, em outras. Nos últimos anos, com a criação da comissão consultiva do Conselho Federal de Psicologia, especializada em avaliar os instrumentos psicológicos, fez-se necessário um novo paradigma a respeito dos instrumentos, seus usos, suas normas e modos de aplicação.
Essas mudanças, às quais a classe de psicólogos acabou assistindo, uns de forma mais próxima e outros de forma mais longínqua, tiveram como resultado positivo a legitimação dos critérios psicométricos utilizados pelos psicólogos no desenvolvimento de instrumentos de medida, aumentando, assim, sua credibilidade e, conseqüentemente, da área. Hoje podemos contar com diversos profissionais, grupos de trabalho e, até, programas de pós-graduação com ênfase no desenvolvimento de estudos psicométricos dos testes psicológicos, contribuindo para o desenvolvimento de testes brasileiros.
Temos de lembrar que, com o aumento de pesquisas e desenvolvimento e/ou validação de instrumentos no Brasil, começamos a desenvolver nossas próprias ferramentas de avaliação em diversas áreas do saber psicológico. O maior grau de conhecimento que um povo pode adquirir é a confecção e o desenvolvimento de sua própria tecnologia, no caso aqui representada pela tecnologia do desenvolvimento de instrumentos de medição capazes de serem avaliados pelas suas qualidades psicométricas. Sendo assim, o Brasil já começou a caminhar na área de avaliação psicológica, o que acaba por propiciar maior respeito e seriedade ao profissional de psicologia.
Este número contém 13 artigos e 2 resenhas em variados campos de estudo. Eles se encontram organizados da seguinte forma. Os oito primeiros são referentes à construção, validação e precisão de instrumentos, o primeiro escrito por Cristiane Faiad Moura e Luiz Pasquali, intitulado Construção de um teste objetivo de resistência à frustração, que relata a construção de um instrumento de formato objetivo, baseado no teste projetivo Picture Frustration Study (PFT), denominado Teste Objetivo de Resistência à Frustração - TORF. Cláudio Simon Hutz e Carlos Henrique Sancineto da Silva Nunes são os autores do segundo artigo, intitulado Construção e validação de uma escala de extroversão no modelo dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade, que se refere ao desenvolvimento e obtenção de dados de validade de construto para uma escala que mede extroversão no modelo dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade. O terceiro artigo, intitulado Estudo correlacional entre o Teste Pfister e o Desenho da Figura Humana, escrito por Lucila Moraes Cardoso e Cláudio Garcia Capitão, teve como objetivo buscar correlações entre os indicadores emocionais e cognitivos das Pirâmides Coloridas de Pfister e do Desenho da Figura Humana, no sistema DFH-Koppitz e no DFH-Sisto. O quarto artigo, de autoria de Mary Sandra Carlotto e Sheila Gonçalves Câmara, intitulado Características psicométricas de Maslach Burnout Inventory - Student Survey (MBI-SS) em estudantes universitários brasileiros, avalia a síndrome de burnout em estudantes, analisando as características psicométricas, como fidedignidade e validade de construto do MBI-SS.
O quinto artigo, denominado Consistência interna e fatorial do Inventário Multifatorial de Coping para Adolescentes, tendo como autores Marcos Alencar Abaide Balbinotti, Marcus Levi Lopes Barbosa e Daniela Weithaeuper, mede a consistência interna do Inventário Multifatorial de Coping para Adolescentes e avalia o modelo por meio de análise fatorial confirmatória. Anna Elisa Villemor-Amaral e Lílian Pasqualini-Casado são as autoras do sexto artigo, A cientificidade das técnicas projetivas em debate, que revê uma série especial de artigos antagônicos sobre a validade e o status científico dos métodos projetivos, já que os mesmos possuiriam pouco rigor metodológico nos estudos de validação e ausência de validade incremental, influenciando na credibilidade de profissionais e pesquisadores que as utilizam. O sétimo artigo é de autoria de Maria do Carmo Fernandes Martins e Gisele Emídio Santos, intitula-se Adaptação e validação de construto da Escala de Satisfação no Trabalho e revisa, valida e apura a fidedignidade da Escala de Satisfação no Trabalho. O oitavo artigo é escrito por Jesús Francisco Laborín Álvarez, José Angel Vera Noriega, Francisco José Batista de Albuquerque, Carlos Eduardo Pimentel e Alessandra Patrícia de Araújo Dantas e intitulado Orientação e evitação ao êxito em uma população do nordeste brasileiro, referindo-se à validação de construto e às diferenças de sexo, idade, religião, preferência política, escolaridade e renda da população paraibana na escala mexicana de orientação e evitação ao êxito.
Luciana Karine de Souza e Tania Mara Sperb escrevem o nono artigo, denominado Assimetria entre paz, guerra e violência na concepção de crianças e adolescentes, que abordou os conceitos de paz e guerra no Brasil e a presença de assimetria entre paz, guerra e violência, entrevistando crianças e adolescentes acerca de definições e causas de paz e guerra no Brasil, razões para a escolha de paz sobre a guerra e, ainda, estratégias pró-paz, contra guerra e contra a violência. O décimo artigo, de autoria de Raquel Bohn Bertoldo e Andréa Barbará, é intitulado Representação social do namoro: a intimidade na visão dos jovens e identificou a representação social e a particularização em razão da identidade sexual e experiência com o namoro em estudantes universitários de Santa Catarina. O artigo seguinte, denominado de Intenção de comportamento socialmente responsável do consumidor: sua relação com os valores humanos básicos, é escrito por Fabiana Queiroga, Valdiney V. Gouveia, Maria da Penha Coutinho, Viviany Pessoa e Maja Meira e explora a relação entre a intenção de comportamento do consumidor e os valores humanos, abordando temas como proteção ao meio ambiente e a outras pessoas em estudantes universitários. O décimo segundo artigo, intitulado Concepções de policiais sobre crianças em situação de rua: um estudo sobre preconceito, é de autoria de Elder Cerqueira-Santos, Silvia H. Koller, Christian Pliz, Daniela D. Dias e Flávia Wagner e investiga, por meio de entrevistas e diários de campo, a concepção de 12 policiais militares homens acerca de crianças em situação de rua.
Por fim, Fabiana Cia e Elizabeth Joan Barham escrevem o artigo intitulado Influências das condições de trabalho do pai sobre o relacionamento pai-filho, que identifica as condições de trabalho que podem influenciar no desenvolvimento do pai com seu filho, principalmente no que diz respeito às rotinas familiares. Na sessão de resenhas, Rodolfo Augusto Matteo Ambiel avalia o Manual Escala Hare PCL - R: critérios para pontuação de psicopatia - revisados em seu texto Diagnóstico de psicopatia: a avaliação psicológica no âmbito judicial e Fausto Eduardo Menon Pinto analisa o livro Manual de Psicologia Jurídica.
Makilim Nunes Baptista
Editor
Dezembro de 2006