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PsicoUSF
versão impressa ISSN 1413-8271
PsicoUSF v.13 n.1 Itatiba jun. 2008
ARTIGOS
Análise da consistência interna e fatorial confirmatório do IMPRAFE-126 com praticantes de atividades físicas gaúchos
Reliability and confirmatory factorial analysis of the IMPRAFE-126 with gauchos' practitioners of physical activities
Marcos Alencar Abaide Balbinotti I, *; Marcus Levi Lopes Barbosa II, **
I Universidade de Sherbrooke
II Universidade Federal do Rio Grande do Sul
RESUMO
Neste estudo, a motivação é entendida à luz da teoria da Autodeterminação. O objetivo deste estudo é verificar os índices de consistência interna e fatorial confirmatório do IMPRAFE-126. Utilizou-se uma amostra de 1.377 sujeitos, gaúchos, de ambos os sexos e com idades variando de 13 a 83 anos. Os resultados dos índices alfa de Cronbach (superiores a 0,89) foram satisfatórios. A adequação do modelo em seis dimensões foi testada e a validade confirmatória foi assumida para a amostra geral (x2/gl=2,520; GFI=0,859; AGFI=0,854; RMSEA=0,065) e para os sexos masculino (x2/gl=3,905; GFI=0,885; AGFI=0,881; RMSEA=0,066) e feminino (x2/gl=4,337; GFI=0,840; AGFI=0,831; RMSEA=0,068). Esses resultados indicam que o IMPRAFE-126 é um instrumento promissor e que pode ser oportunamente utilizado por psicólogos do esporte ou educadores físicos, aqueles particularmente interessados em avaliar os níveis de motivação de atletas ou praticantes de atividade física e esporte em geral. Entretanto, outros estudos de validade, fidedignidade e de normas devem ser conduzidos a fim de poder-se publicá-los em um futuro próximo.
Palavras-chave: Motivação, Validação, Atividade física, IMPRAFE-126.
ABSTRACT
In this study, motivation is understood in the context of Self-determination theory. This study aims to verify the index of reliability and confirmatory factorial validity of the IMPRAFE-126. A sample of 1.377 gauchos' practitioners of physical activities, both sexes with ages between 13 and 83 years old, was used. The results of Cronbach's alpha index (.89 to .94) had been satisfactory. The adequacy to the six-dimension model was tested and the construct confirmatory validity for the general sample was assumed (x2/gl=2,520; GFI=0,859; AGFI=0,854; RMSEA=0,065), as so as for both sexes (masculine: x2/gl=3,905; GFI=0,885; AGFI=0,881; RMSEA=0,066; feminine: x2/gl=4,337; GFI=0,840; AGFI=0,831; RMSEA=0,068). These results indicate the IMPRAFE-126 is a promising tool that can be used by sports psychologists or personal trainers particularly interested in evaluate motivation levels of athletes or general practitioners of physical activities. New studies of validation, reliability and norms can be particularly helpful supposing a near future release.
Keywords: Motivation, Validation, Physical activity, IMPRAFE-126.
Introdução
Este artigo explora dados colhidos em academias, escolas e clubes esportivos do Rio Grande do Sul. Sua finalidade é verificar dois conjuntos importantes de propriedades psicométricas (estudos de consistência interna e fatorial confirmatório) de uma nova medida da motivação: o Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física e/ou Esporte (Balbinotti, 2004). Ainda, pretende-se discutir possíveis semelhanças e diferenças em alguns dados obtidos com esta amostra e a de outros estudos. Para melhor responder a estes objetivos, apresentam-se, inicialmente, aspectos referentes ao plano teórico relativo à motivação e, em seguida, aqueles referentes ao plano empírico (também relativo a este mesmo conceito). Finalmente, após a apresentação do método (procedimentos, sujeitos e instrumentos), são apresentados os resultados conforme os princípios métricos norteadores comumente aceitos na literatura especializada. As conclusões têm origem neste processo.
A motivação no contexto da Teoria da Autodeterminação de Deci e Ryan
Sabe-se que a prática de atividade física regular traz aos seus adeptos um grande número de benefícios em um amplo espectro de domínios que, em um bom número de vezes, resulta em uma conseqüente melhora na qualidade de vida de seus praticantes (Paffenbarger, Hyde & Wing, 1990; Wankel, 1993). Ainda assim, nem sempre as pessoas adotam a prática de atividade física regular por esse motivo; na verdade muitos dos possíveis motivos pelos quais uma pessoa adota a prática regular de atividade física e/ou esporte parecem estar pouco relacionados a este benefício (Gaya & Cardoso, 1998). Conhecer os motivos pelos quais um sujeito possa vir a praticar uma determinada atividade física pode, quando adequadamente utilizado, aumentar as possibilidades de ingresso e permanência de indivíduos nesta prática (Gould, Udry, Tuffey & Loehr, 1996; Ryan, Frederick, Lepes, Rubio & Sheldon, 1997).
Segundo diversos autores (Anastasi & Urbina, 2000; Balbinotti, 1994, 2001, 2005; Cunha, 1993, 2000; Gonzalez, 1992, 1997), a forma mais objetiva e sistemática de acessar este tipo de informação é com o uso de questionários, inventários e/ou escalas métricas de construtos psicossociais. O Inventário de Motivação para a Prática Regular de Atividade Física e/ou Esporte (Balbinotti, 2004) é um instrumento que viabiliza o acesso a essa informação. Sua construção baseou-se nos pressupostos da Teoria da Autodeterminação (Deci & Ryan, 1985; Ryan & Deci, 2000a).
Sistematizada por Deci e Ryan (1985, 2000a), a Teoria da Autodeterminação (Self-Determination Theory) é amplamente aceita e utilizada em diversas áreas do conhecimento acadêmico: educação (Deci & Ryan, 2002; Reeve, Deci & Ryan, 2004; Ryan & Lynch, 2003), saúde (Sheldon, Williams & Joiner, 2003; Williams, 2002; Williams, Deci & Ryan, 1998), administração de empresas (Deci e cols., 2001; Gagné & Deci, 2005; Vansteenkiste, Lens, Dewitte, Witte & Deci, 2004), ambientalismo (Koestner, Losier, Vallerand & Carducci, 2001; Pelletier, 2002; Pelletier, Dion, Tuson & Green-Demers, 1999; Villacorta, Koestner & Lekes, 2003), religião (Baard & Aridas, 2001; Neyrinck, Lens & Vansteenkiste, 2005; Ryan, Rigby & King, 1993; Strahan & Craig, 1995), política (Koestner e cols., 1996; Losier & Koestner, 1999; Losier, Perreault, Koestner & Vallerand, 2001), entre outros, inclusive no esporte e atividade física (Deci & Olson, 1989; Frederick & Ryan, 1995; Vallerand & Losier, 1999). Esta teoria preconiza que um sujeito pode ser motivado em diferentes níveis (intrínseca ou extrinsecamente) ou, ainda, estar desmotivado à prática de qualquer atividade.
Quando intrinsecamente motivado, o sujeito ingressa na atividade por vontade própria, diga-se, pelo prazer e satisfação do processo de conhecê-la, explorá-la, aprofundá-la. Comportamentos intrinsecamente motiva-dos são comumente associados com bem-estar psicológico, interesse, alegria e persistência (Ryan & Deci, 2000b). A motivação tem sido subdividida em três tipos: para saber, para realizar e para experiência. A intrínseca para saber ocorre quando se executa uma atividade para satisfazer uma curiosidade, ao mesmo tempo em que se aprende tal atividade. A intrínseca para realizar ocorre quando um indivíduo realiza uma atividade pelo prazer de executá-la. A motivação intrínseca para experiência ocorre quando um indivíduo freqüenta uma atividade para experienciar as situações estimulantes, aquelas inerentes à tarefa (Brière e cols., 1995).
Já a motivação extrínseca, segundo Ryan e Deci (2000a), ocorre quando uma atividade é motivada por expectativas de resultados ou contingências não inerentes à própria atividade. Entretanto, esses motivos podem variar grandemente em relação ao seu grau de autonomia, criando, basicamente, três categorias dessa motivação: a) aquela de regulação externa: quando o comportamento é regulado por premiações materiais ou medo de conseqüências negativas, como críticas sociais (este tipo de motivação pode ser observado no âmbito esportivo quando o treinador impõe penas aos atletas se não realizarem as tarefas propostas); b) aquela de regulação interiorizada: quando o comportamento é regulado por uma fonte de motivação que, embora inicialmente externa, é internalizada, tais como aqueles realizados por pressões internas como a culpa, ou como a necessidade de ser aceito (este comportamento pode ser visto quando alguém realiza uma atividade por "descargo de consciência"); c) aquela de regulação identificada: quando um sujeito realiza uma tarefa (ou comportamento) que não escolheu, mas que é considerada importante (o sujeito reconhece a importância da tarefa) e faz, mesmo que não lhe seja interessante. Este tipo de comportamento é visualizado, por exemplo, no diálogo de um atleta que diz que aulas de alongamento são importantes porque seu treinador disse, e mesmo não gostando de executar ele o realiza.
Ryan e Deci (2000a), também citam a desmotivação (amotivation), construção motivacional percebida em indivíduos que ainda não estão adequadamente aptos a identificar um bom motivo para realizar alguma atividade física. Segundo esses indivíduos, tal atividade não lhes trará nenhum benefício ou não conseguirão realizá-la de modo satisfatório (Brière e cols., 1995).
Entretanto, convém serem feitas algumas ressalvas. Petherick e Weigand (2002) sugerem que a simples divisão entre motivação intrínseca e extrínseca pode gerar uma dicotomia simplista entre as duas. Também é necessário que se diga que ser motivado extrinsecamente não corresponde a um comportamento negativo. De acordo com Ryan e seus colaboradores (1997), os motivos extrínsecos podem possuir um grande grau de autonomia. Porém, motivos intrínsecos possuem caráter fundamentalmente autodeterminável.
Por exemplo, um sujeito, logo após sofrer uma ameaça de enfarto, tem uma longa conversa com o médico, que explica detalhadamente a importância de mudanças nos seus hábitos de vida como forma de diminuir as chances de novas intercorrências. Disposto a diminuir os riscos a que está exposto, o sujeito passa a seguir rigorosamente as recomendações médicas na adoção de um estilo de vida mais saudável. Na situação descrita, a motivação do sujeito, embora seja extrínseca, é suficientemente intensa para garantir a manutenção do comportamento. Este tipo de situação é um típico exemplo de motivação extrínseca do tipo regulação identificada, onde ouve uma avaliação e endosso dos objetivos da atividade por parte do sujeito (Ryan & Deci, 2000a).
Medidas da motivação à prática de atividade física
As medidas são fundamentais no estudo da motivação. Diferentes instrumentos têm sido usados para medir este construto. No âmbito internacional, um importante instrumento foi desenvolvido por Gill e colaboradores (1983) com a construção do Participation Motivation Inventory (PMI-30). O PMI-30 é um instrumento composto por 30 itens que descrevem motivos para participar de um esporte, respondido em uma escala de tipo Likert em três pontos, indo de "nada importante" (1) a "muito importante" (3). O PMI-30 mede oito dimensões da motivação (auto-realização/ status, a=0,76; prática em grupo, a=0,78; forma física, a=0,75; gasto de energia, a=0,65; razões sociais, a=0,49; desenvolver habilidades, a=0,44; relações amistosas, a=0,30; busca de distração, a=0,23). Embora este inventário apresente consistência interna insatisfatória (a<0,70) em cinco das suas oito dimensões, ele tem sido largamente utilizado em vários estudos nos EUA (Brodkin & Weiss, 1990; Gould, Feltz & Weiss, 1985; Klint & Weiss, 1987).
Outro importante instrumento é o Intrinsic Motivation Inventory (IMI). Elaborado por Ryan em 1982, foi inicialmente utilizado por ele e seus colaboradores (Plant & Ryan, 1985; Ryan e cols., 1983), entretanto, pouco tempo depois sofreu modificações e teve as suas qualidades métricas melhoradas por McAuley, Duncan e Tammen (1989). Trata-se de um instrumento composto por quatro subescalas (Interesse-envolvimento, a=0,78; Percepção de competência, a=0,80; Esforço-importância, a=0,84; Pressão-tensão, a=0,68) com um total de 23 itens respondidos em uma escala de tipo Likert em sete pontos, indo de "concordo plenamente" a "discordo plenamente". Esta escala tem sido utilizada em diferentes estudos (Hassandra, Goudas & Chroni, 2003, Kavussanu & Roberts, 1996, Newton & Duda, 1999) e a sua validade foi novamente discutida e confirmada em 1995 (Duda, Chi, Newton, Walling & Catley, 1995).
Outra escala elaborada para a avaliação da motivação é o Exercise Motivation Inventory (EMI), elaborado por Markland e Hardy (1993). Não diferente dos outros, sua escala foi amplamente revisada e absorveu varias críticas que resultaram em uma nova versão, o EMI - 2 (Markland & Ingledew, 1997). A segunda versão do EMI foi validada por meio de cinco análises fatoriais confirmatórias. Cada uma delas avaliou a validade de uma das cinco áreas cobertas pelo teste (motivos psicológicos, motivos interpessoais, motivo de saúde, motivos relacionados ao corpo e motivo de forma física), que se subdividem em 14 fatores: afiliação (a=0,91), aparência (aparência física; a=0,86), desafio (desafio pessoal; a=0,86), competição (a=0,95), diversão (na atividade por si mesma; a=0,90), pressão saúde (pressões provenientes de uma recomendação médica ou por uma condição médica específica; a=0,69), prevenção saúde (prevenir problemas de saúde em geral; a=0,90), agilidade (a=0,90), promoção de saúde (promoção de bem-estar; a=0,88), revitalização (senti-se bem após o exercício; a=0,83), reconhecimento social (a=0,88), força e resistência (a=0,86), controle do estresse (a=0,92) e controle do peso (a=0,91). Os 51 itens respondidos em uma escala de tipo Likert em seis pontos, vão de "absolutamente falso para mim" (0) a "muito verdadeiro para mim" (5). Esta escala tem sido usada nos EUA (Ingledew, Markland & Medley, 1998; Ingledew & Sullivan, 2002) e fora dele (Capdevila, 2000; Capdevila, Niñerola & Pintanel, 2004).
Existe ainda, na verdade, um grande número de escalas, tais como a Sport Motivation Scales (SMS) (Butt, 1987), com cinco escalas de cinco itens cada, que medem agressão, conflito, competência, competição e cooperação, a L'Échelle de Motivation pour les Sports (ÉMS) (Brière e cols., 1995), com sete fatores que medem diferentes aspectos da motivação intrínseca, extrínseca e da desmotivação. Ainda existem escalas que medem dimensões específicas da motivação, como a Social Motivational Orientations Scale for Sport (SMOSS) (Allen, 2003); entretanto, parecem ser escalas de menor impacto na literatura internacional (em virtude do número reduzido de artigos encontrados nos indexadores disponíveis).
No âmbito nacional, alguns estudos têm procurado desenvolver escalas adequadas à cultura local (que não sejam simples traduções das escalas internacionais) e que tenham propriedades métricas que recomendem sua utilização. Um esforço neste sentido deu origem ao Inventário de Motivação para a Prática Desportiva (IMPD) (Gaya & Cardoso, 1998). O IMPD é uma escala com 19 itens distribuídos em três dimensões: competência esportiva (a=0,61), amizade-lazer (a=0,64) e saúde (a=0,64).
Outra escala recentemente construída no contexto nacional é o Inventário de Motivação para a Prática Regular de Atividade Física e/ou Esporte (IMPRAFE-126) (Balbinotti, 2004). Trata-se de um inventário que pretende avaliar seis das possíveis dimensões associadas à prática regular de atividade física e/ou esporte. São 120 itens agrupados 6 a 6, seguindo a seqüência das dimensões mais freqüentemente mencionadas na literatura (Barbosa, 2006), a saber: controle do estresse (ex.: liberar tensões mentais), saúde (ex.: manter a forma física), sociabilidade (ex.: estar com amigos), competitividade (ex.: vencer competições), estética (ex.: manter bom aspecto) e prazer (ex.: meu próprio prazer).
As respostas aos itens deste inventário são dadas conforme uma escala bidirecional, de tipo Likert, graduada em cinco pontos, indo de "isto me motiva pouquíssimo" (1) a "isto me motiva muitíssimo" (5). O inventário conta ainda com uma escala de verificação que permite a avaliação do nível de atenção do sujeito durante a aplicação. Seis itens, um de cada dimensão, tomados aleatoriamente, são repetidos no final do inventário. A medida da validade da aplicação é obtida através da análise das diferenças entre as respostas. São precisamente as qualidades métricas (validade fatorial confirmatória e consistência interna) desta escala que se avaliarão neste estudo.
Questão central desta pesquisa
Partindo-se dos planos teóricos e empíricos apresentados anteriormente, foi possível formular a seguinte questão de pesquisa: a partir de dados colhidos na população de praticantes de atividades físicas gaúchos, poder-se-ão encontrar índices de validade confirmatória e fidedignidade adequados para o uso do IMPRAFE-126? Para bem responder a esta questão, foram empregados procedimentos metodológicos, éticos e estatísticos. Esses procedimentos serão apresentados a seguir.
Método
Procedimentos, Sujeitos e Instrumentos
Os praticantes de atividade física regular foram contatados em diferentes contextos sociais onde atividades físicas regulares são realizadas (clubes, academias, escolas, etc.). No contato inicial, o pesquisador se identificou, explicou o tema e o objetivo da pesquisa. Quando se mostrou necessário, foi agendada uma visita onde outras explicações eram apresentadas, sempre a pedido do praticante. Após, os convidados, especificamente aqueles que aceitaram participar, assinaram o consentimento informado. Por fim, considerando que não era exigida a identificação por nome dos participantes, os praticantes foram assegurados da confidencialidade de suas respostas.
Assim, um total de 1.377 praticantes de atividade física regular, de ambos os sexos, e com idades que variaram de 13 a 83 anos, responderam o IMPRAFE-126. Destaca-se que esta amostra foi escolhida pelos critérios de disponibilidade e acessibilidade (Maguire & Rogers, 1989). Com o intuito de melhor informar o leitor, a Tabela 1 apresenta a freqüência de ocorrência dos sujeitos nos grupos de acordo com sexo e idade.
A informação sobre a idade dos sujeitos foi apresentada de forma resumida, agrupada conforme sugerido por Papalia, Olds e Feldman (2006), a saber: de 13 a 20 anos (adolescente, 55,7%), de 21 a 40 anos (jovem adulto, 27,5%), de 41 a 65 anos (meia-idade, 13,2%), e de 66 a 83 (terceira-idade, 3,6%). Destaca-se que esta amostra é composta por 48,1% de sujeitos do sexo masculino e 51,9% do sexo feminino.
Quanto aos instrumentos, foram utilizados dois: um Questionário Biossóciodemográfico Simples (QBSDS), apenas para controle das variáveis sexo e idade, e o Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física e/ou Esporte (IMPRAFE-126), que já foi anteriormente descrito.
Resultados e discussão
Para responder adequadamente à questão central desta pesquisa, procedeu-se à exploração dos escores obtidos pelo IMPRAFE-126, segundo princípios norteadores comumente aceitos na literatura especializada (Angers, 1992; Balbinotti, 2005; Bisquera, 1987; Bryman & Cramer, 1999; Cronbach & Meehl, 1955; Dassa, 1999; Nunnally, 1978; Pestana & Gageiro, 2003; Reis, 2001; Trudel & Antonius, 1991; Vallerand, 1989). Caminho feito, apresentam-se, sucessiva e sistematicamente, os resultados do índice alfa de Cronbach (para estudo da consistência interna da escala) e da análise fatorial confirmatória (para o estudo da validade de construto do inventário).
Índice alfa de Cronbach
Antes de se chegar às análises propriamente ditas dos índices alfa de Cronbach obtidos por esta amostra, foram conduzidas estatísticas preliminares que fundamentam este índice de consistência interna. Destaca-se que a apresentação formal destas estatísticas, neste estudo, tem por objetivo único demonstrar a confiabilidade dos valores das médias observadas; pois estas, por poderem sofrer efeitos negativos pela presença de casos extremos (Pestana e Gageiro, 2003), poderiam não ser representativas dos comportamentos inven-tariados, diminuindo o valor das conclusões (Balbinotti, 2005).
Assim, destaca-se que as médias encontradas para cada um dos 120 itens, estudados individualmente, variaram entre 1,71 e 4,37 (=3,25); com desvios padrão (DP) associados variando entre 0,95 a 1,57. Interpretam-se esses resultados preliminares como sendo satisfatórios, pois não houve uma aderência predominante (seja positiva ou negativa) a nenhum dos itens isolados; diga-se, itens com médias iguais ou extremamente próximas aos valores extremos (1 ou 5). Destaca-se, ainda, que a variabilidade dos resultados foi restrita, denotando-se, assim, certa homogeneidade na dispersão avaliada, independente do item individualmente estudado.
Quanto às médias encontradas nas dimensões, estas variaram de 56,23 a 74,43 (sendo que a média esperada era de 60 pontos), com desvios padrão (DP) associados variando entre 14,66 a 19,33. Considerando a escala de resposta, os valores esperados por cada uma das seis dimensões poderiam variar de 20 a 100 pontos. Efetivamente, foram observadas variações de 20 a 100 pontos em todas as subescalas, denota-se que os valores extremos observados são idênticos àqueles esperados.
Finalmente, os índices das correlações item-dimensão apresentaram-se bastante satisfatórios em todas as dimensões: controle do estresse (variando de r=0,36 a r=0,72), saúde (variando de r=0,37 a r=0,68), sociabilidade (variando de r=0,32 a r=0,78), competitividade (variando de r=0,38 a r=0,80), estética (variando de r=0,35 a r=0,73) e prazer (variando de r=0,35 a r=0,66). A partir dessas importantes constatações, que garantem a base do cálculo de consistência interna, o coeficiente alfa de Cronbach pode ser calculado.
O coeficiente alfa foi obtido a partir do SPSS (versão 13,0 para Windows), verificando-se a consistência interna do IMPRAFE-126. Foi utilizado o modelo proposto por Cronbach e seus colaboradores (Cronbach, 1951, 1988, 1989, 1996; Cronbach & Meehl, 1955; Cronbach, Rajaratnam & Gleser, 1963). Basicamente, eles consideram que, por um lado, cada item deve estar satisfatoriamente correlacionado com sua própria dimensão (ou fator) e, por outro lado, não devem existir correlações negativas entre um item e a escala total. Garson (2005), Pestana e Gageiro (2003), Nunnally (1978) e Taylor e colaboradores (2003) recomendam que a adequação e a satisfatoriedade do modelo alfa sejam testadas usando-se os seguintes critérios: índices alfa superiores a 0,80 são considerados desejáveis; índices superiores a 0,70 são considerados recomendados; índices superiores a 0,60 devem ser aceitos apenas para uso em pesquisa (desaconselhável o uso clínico). Sendo assim, qualquer resultado superior a 0,60 pode ser interpretado como uma consistência interna satisfatória, no enquadramento desta pesquisa.
Com base nesses dados preliminares apresen-tados, pode-se indicar o coeficiente alfa para as dimensões do inventário em estudo, a saber: controle do estresse (a=0,92), saúde (a=0,90), sociabilidade (a=0,93), competitividade (a=0,94), estética (a=0,92) e prazer (a=0,89). Estes resultados indicam índices desejáveis de consistência interna para o IMPRAFE-126. Assim, pode-se dizer que os itens contitutivos das seis dimensões do IMPRAFE-126 apresentam precisão em suas medidas (quando analisados em suas próprias dimensões).
Na verdade, o conjunto dos resultados relativos à consistência interna obtido para o IMPRAFE-126 é melhor do que aqueles observados em outros estudos tanto no âmbito internacional, onde os índices de consistência interna variaram, respectivamente, de 0,23 a 0,78 (Gill e cols., 1983), de 0,68 a 0,84 (McAuley e cols., 1989) e de 0,69 a 0,95 (Markland & Hardy, 1993; Markland & Ingledew, 1997), quanto no nacional (Gaya & Cardoso, 1998), onde esses índices variaram de 0,61 a 0,64. Sendo assim, o IMPRAFE-126 destaca-se pela satisfatoriedade de seus resultados relativos à consistência interna.
A fim de saber se o modelo em seis dimensões é suficiente para avaliar o construto "motivação à prática regular de atividade física e/ou esporte", é indicado que se teste sua validade de construto com ajuda do modelo fatorial confirmatório (Anderson & Gerbing, 1984).
Análise fatorial confirmatória
Antes de se chegar aos cálculos relativos à validade fatorial confirmatória propriamente dita, uma análise preliminar foi realizada a fim de verificar a adequação dos dados à análise. Trata-se precisamente da verificação da existência de casos aberrantes (outliers), já que a inexistência desses casos é um pressuposto para esta análise (Balbinotti, 2005). Com o auxílio do "Gráfico de Bigodes" (obtido com a ajuda do SPSS) foi possível descartar a presença desses casos e concluir tratar-se de dados adequados ao procedimento da análise fatorial confirmatória.
Sendo assim, o modelo de seis fatores do IMPRAFE-126 (ver Figura 1) foi testado a partir do pacote AMOS (versão 4.0 para Windows), verificando-se sua adequabilidade (Berry, Poortinga, Segall & Dasen, 1992). Foi usado o modelo proposto por Bagby, Taylor e Parker (1992), que considera que cada item deve aferir apenas um fator, diferenciando-se, portanto, do modelo fatorial exploratório (onde cada item apresenta saturações fatoriais nos diversos fatores com valores próprios superiores a 1).
Assim, partindo-se da hipotética associação entre as seis dimensões do construto avaliado para a amostra de praticantes de atividade física regular e/ou esporte, seguindo as recomendações de Cole (1987), Watkins (1989) e Briggs e Cheek (1986), a adequação do modelo fatorial confirmatório foi testada usando os cinco seguintes critérios: qui-quadrado, razão entre qui-quadrado e graus de liberdade, GFI (Goodness-of-fit Index), AGFI (Adjusted Goodness-of-Fit Index) e a raiz quadrada média residual (RMS).
Critérios múltiplos foram utilizados uma vez que cada índice apresenta diferentes forças e fraquezas na avaliação da adequação do modelo fatorial confirmatório (Taylor, Bagby & Parker, 2003). São eles: o teste Qui-quadrado deve ser não-significativo; a razão entre qui-quadrado e graus de liberdade deve ser menor que 5 (em valores nominais) ou, desejavelmente, menor que 2; o GFI deve apresentar um índice superior ou igual a 0,85; o AGFI deve apresentar um índice superior ou igual a 0,80; e, finalmente, o RMS deve apresentar um índice inferior ou igual a 0,10 (Anderson & Gerbing, 1984; Balbinotti, 2005; Cole, 1987; Marsh, Balla & McDonald,1988).
A amostra avaliada apresentou (ver Tabela 2) um qui-quadrado significativo (p<0,001) e a razão entre o qui-quadrado e graus de liberdade insatisfatório (x2/gl>5). Resultados insatisfatórios, como esses, são tipicamente encontrados em grandes amostras. Por essa razão, alguns autores (Cole, 1987; Marsh e cols., 1988) têm descartado, especialmente o qui-quadrado, de suas análises, pois se trata de uma estatística extremamente sensível ao número de sujeitos da amostra.
No que diz respeito à razão entre o qui-quadrado e graus de liberdade, um procedimento simples foi conduzido com vistas a verificar se o resultado insatisfatório ocorreu, de fato, pela grande amostra utilizada na análise ou se, realmente, não há adequação dos dados ao modelo. Por meio do comando "Select Cases" do SPSS, foram aleatoriamente selecionados 20% dos casos da amostra inicialmente utilizada. A nova análise conduzida com estes casos mostrou resultado satisfatório (x2/gl=2,52). Esse procedimento foi repetido por seis vezes; todos os resultados mostraram-se satisfatórios (variando de 2,34 a 2,76).
As demais importantes medidas de adequação ao modelo estão em acordo com os critérios padrões, o que permite assumir a validade de construto do inventário. Dessa forma, uma vez que a validade de construto, pelo viés da análise fatorial confirmatória do inventário, foi estabelecida para a amostra total, análises independentes por sexo foram conduzidas.
Sendo assim, obteve-se um qui-quadrado significativo para os dois sexos (p<0,001), como já era esperado (em função do n amostral). As demais importantes medidas de adequação ao modelo apresentaram-se em acordo com os critérios padrão (ver Tabela 2), o que permite assumir a validade do inventário para os dois sexos.
De forma geral, estudos de validade de medidas da motivação têm usado o modelo fatorial exploratório (Butt, 1987; Gill e cols., 1983; Markland & Hardy, 1993; McAuley e cols., 1989), que é um importante método de avaliação da validade de construto de questionários, inventários e/ou escalas (Dassa, 1999; Pestana & Gageiro, 2003). Entretanto, foram encontrados alguns pequenos problemas (e outros não tão pequenos) em alguns desses estudos. Uma análise pormenorizada dos estudos citados neste manuscrito indica que, em alguns casos (Gaya & Cardoso, 1998; Gill e cols., 1983; Ryan e cols., 1997), os autores incluíram diversos itens complexos (itens com saturação fatorial superior a 0,30 em mais de um fator) ou com saturação fatorial insuficiente (itens com saturação fatorial inferior a 0,30), o que não é recomendável (Dassa, 1999; Pestana & Gageiro, 2003), principalmente considerando o n amostral. Tais aspectos reduzem a confiança nos resultados (Balbinotti, 2005).
O estudo realizado por Markland e Ingledew (1997) utilizou o modelo fatorial confirmatório e preocupou-se em verificar a validade do modelo de medida da motivação para a amostra total e para os sexos masculino e feminino (o que é raro). Entretanto, cabe salientar que, neste estudo, os autores optaram por não testar todo o modelo de uma vez. Ao invés disso, os autores optaram por reagrupar as 14 dimensões do inventário em cinco grupos de dimensões (agrupadas por afinidade de conteúdo) e testar a validade de cada um desses grupos, independentemente. Com esta estratégia, os autores sabiamente reduziram os riscos de ver o seu modelo rejeitado. Problemas e opções metodológicas como estas reforçam a importância dos resultados encontrados com o IMPRAFE-126. O rigor metodológico e a satisfatoriedade dos resultados obtidos neste estudo colocam o instrumento avaliado em posição diferenciada.
Conclusões
Este estudo teve por objetivo verificar importantes qualidades métricas (alfa de Cronbach e modelo fatorial confirmatório) do IMPRAFE-126 com praticantes de atividade física gaúchos. Para poder-se responder adequadamente à questão central desta pesquisa, inicialmente, postulou-se, teoricamente, que um sujeito pode ser motivado em diferentes níveis (intrínseca ou extrinsecamente), ou ainda, desmotivado durante a prática de uma atividade qualquer. Após, apresentaram-se os instrumentos de medida utilizados nos âmbitos internacional e nacional, para avaliar a motivação. Esses tópicos formaram a base para a elaboração da questão central desta pesquisa.
Quanto às conclusões relativas ao cálculo alfa de Cronbach, verificou-se que o IMPRAFE-126 é consistente, o que significa que as correlações interitens foram satisfatórias quando consideram-se os praticantes de atividades físicas que compuseram a amostra deste estudo. Destaca-se que não houve correlações negativas entre os pares de itens das dimensões. No mais, destaca-se que o conjunto de índices de consistência interna encontrado para as dimensões do IMPRAFE-126 (a entre 0,89 e 0,94) é melhor do que aquele encontrado em outros estudos, com outros instrumentos. Quanto às conclusões relativas à análise fatorial confirmatória, verificou-se que o IMPRAFE-126 apresenta índices de validade fatorial confirmatória satisfatórios, tanto para a amostra geral quanto para os sexos (separadamente). Esses resultados permitiram assumir a validade de construto do modelo de avaliação da motivação proposto pelo IMPRAFE-126.
Antes de finalizar, cabe destacar que esses resultados podem ser particularmente úteis para psicólogos do esporte, personal trainers e outros profissionais interessados por assuntos relacionados à atividade física e exercício com adolescentes, jovens, adultos e idosos (de 13 a 83 anos), que visam avaliar (explorar) seus níveis de motivação à prática regular de atividade física e/ou esporte. Então, o IMPRAFE-126 apresenta-se como uma promissora forma de avaliação da motivação à prática regular de atividade física e/ou esporte, e as dimensões deste construto (controle de estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer) parecem ser uma fonte importante de informação para esses profissionais, permitindo que eles entendam melhor como esses elementos se integram na dinâmica geral de funcionamento daqueles que se beneficiam.
Por fim, destacam-se algumas das importantes limitações desta pesquisa: não tratar-se de dados colhidos aleatoriamente e os praticantes de atividade física serem todos gaúchos. Novos estudos deveriam dar conta dessas limitações ao mesmo tempo em que testar outras importantes propriedades psicométricas do IMPRAFE-126 a fim de torná-lo publicável em um futuro próximo. Ressalta-se, ainda, a importância de novos estudos com amostras de populações específicas de praticantes de atividades físicas brasileiros (como aqueles com necessida-des especiais, por exemplo).
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Endereço para correspondência
E-mail: mbalbinotti@hotmail.com
Recebido em maio de 2007
Reformulado em abril de 2008
Aprovado em abril de 2008
Sobre os autores:
* Marcos Alencar Abaide Balbinotti é PhD em Psicologia pela Universidade de Montreal e pós-doutor em variáveis afetivas (Universidade de Montreal, 2000-2001) e em desenvolvimento de carreira (Universidade de Sherbrooke, 2006-2008). Desenvolve estudos com variáveis relacionadas a escolha e desenvolvimento profissional, educação à carreira, psicologia do esporte e psicometria. É pesquisador do Centro de Pesquisas Interuniversitárias sobre a Educação e a Vida no Trabalho, órgão canadense; professor do Pós-Graduação em Estudos de Carreira na Universidade do Quebec em Montreal, pesquisador em licença dos Mestrados em Ciências da Saúde (Unisinos) e Ciências do Movimento Humano (UFRGS), coordenador do Núcleo de Orientação Vocacional da Universidade do Vale do Rio dos Sinos e professor associado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Pedagogia do Esporte (NEPPPE/UFRGS).
** Marcus Levi Lopes Barbosa é doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH-UFRGS) e mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Desenvolve estudos em Motivação Humana, Variáveis Relacionadas à Motivação e Performance de Atletas, Psicometria. É pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Pedagogia do Esporte (NEPPPE/UFRGS).