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Estilos da Clinica
versão impressa ISSN 1415-7128
Estilos clin. vol.2 no.3 São Paulo 1997
ARTIGO
O sujeito na psicanálise e na educação
Maria Cecília Galletti Ferretti
Psicanalista; membro da Escola Brasileira de Psicanálise; membro da Associação Mundial de Psicanálise; Doutoranda da FEUSP
"Mas, é preciso insistir não somente porque o uso, mas que a forma lógica dada a este saber (a ciência) incluio modo de comunicação como suturando o sujeito que ele implica".
(Lacan, 1965, p. 877)
Lacan endereça uma crítica contundente à ciência: ela su-tura o sujeito1. Sutura designa a relação do sujeito com a cadeia da qual foi excluído, a ciência busca deixá-lo de lado, mas os efeitos de sua presença se farão sentir. A crítica de Lacan á ciência é de fundamental interesse para a educação, na medida em que se quer delimitar o seu campo.
Considera-se, com demasiada freqüência, que a educação resulta do en-trecruzamento e da articulação das conquistas de disciplinas que gravitam em torno da ciência, constituindo-se assim, num campo interdisciplinar. Se nos perguntarmos pela implicação do projeto de uma ciência educacional, podemos dizer que "o empreendimento para universalizar e tornar científica a educação foi um projeto iluminista (...) facilitado ainda mais, no curso do século XIX, pelas emergentes disciplinas da Psicologia, da Sociologia e da Ciência Política. Essas ciências humanas estabeleceram, inicialmente de forma simples, mas com crescente sofisticação, as metodologias empíricas e cientificamente verificáveis que identificariam objetivamente sistemas sociais mais racionais, apropriados à modernidade, os quais as Ciências Físicas e suas concomitantes descobertas tecnológicas tinham facilitado" (Jones, 1995, p. 112).
Embora Lacan insira-se num projeto iluminista, propõe para a psicanálise uma formalização que difere daquele das ciências físicas. A crítica que faz à ciência, interessa de modo particular para o estabelecimento de um projeto educacional, já que não se trata de considerar a educação integrada às, assim chamadas, "ciências humanas", termo que Lacan critica por razões de fundo.
Aqueles que propõem para a educação o campo da interdis-ciplinaridade, na maioria das vezes, acostumaram-se a buscar na filosofia uma explicitação dos fundamentos do que preconizavam. Insiste-se, que cabe à filosofia uma reflexão e um esclarecimento sobre a teoria do sujeito que subjaz, seja à didática, seja à psi-copedagogia. É fácil perceber que essas disciplinas partem, necessariamente, de uma teoria do conhecimento e que, além disso, essa teoria nem sempre é explicitada. Caberia, então, à filosofia, a tarefa desta explicitação.
Canguilhem, autor citado por Lacan em A ciência e a verdade, quando se questiona sobre "O que é a psicologia?", ao criticar a visão instrumentalista da ciência no que concerne ao sujeito, objeta à psicologia a separação que ela opera em relação à filosofia. Canguilhem pede, na verdade, que a psicologia procure fundamentar-se no conhecimento filosófico para que adquira coerência entre os conceitos e reflita sobre a sua ética.
Mas, partir da psicanálise para a reflexão sobre o sujeito e sobre o estatuto da ciência, na sua relação com a educação é coisa de outra ordem. Lacan não fala como filósofo, utiliza a filosofia com extrema liberdade, tendo em vista a transmissão da psicanálise.
Ele nos fala como psicanalista que retira sua ética e seus fundamentos teóricos do funcionamento do aparato psicanalítico. Colette Soler, vai mostrar que insistiu "suficientemente sobre a posição epistêmica de Lacan, posição ética e epistêmica ao mesmo tempo, que consiste em encontrar seu apoio nas implicações da estrutura" (1988, p.17) e afirma também que a norma instaurada por Lacan "consiste, no fundo, em impulsionar até suas últimas conseqüências as implicações do dispositivo" (Soler, 1988, p.21).
Para a educação este ponto é importante, não lhe é indiferente o fato de que a "experiência psicanalítica forneça uma teoria e uma ética, cabendo afirmar que a dimensão clínica confunde-se com a epistemológica e vice-versa" (Lajonquière, 1994, p.58).
Se Lacan não fala como filósofo, mas a partir do aparato psicanalítico e além disso, faz uma crítica à ciência, como se coloca a psicanálise frente ao modelo científico de conhecimento?
A questão da cientificidade da psicanálise, é tema freqüente em Lacan. Ele dirá, por exemplo, que "não basta colocar em fórmulas uma ciência para que o problema seja resolvido, pois, uma falsa ciência, assim como uma verdadeira, pode ser posta em fórmulas. A questão, portanto, não é simples, uma vez que a psicanálise, como suposta ciência, aparece com características que podemos dizer problemáticas" (Lacan, 1979, p.17).
As características problemáticas da psicanálise para que possa ser inserida no universo científico, não impedem, no entanto, que Lacan possa ser incluído no interior do "Século das Luzes". Sobre isso, podemos ler na contracapa dos Escritos: "É preciso haver lido esta compilação, para constatar que aí se segue um só debate, sempre o mesmo, já que, como se fez evidente, se reconhece por ser o debate das luzes".
Lacan, ao propor para a formalização da psicanálise, os maternas, o "discurso sem palavras", pensa na transmissão integral de que é capaz, a escrita. O uso da linguagem matemática e o da lógica, aproximam a psicanálise de um pensamento científico, mas não do modelo experimental e positivista.
A TEORIA DO SUJEITO E A CRÍTICA À CIÊNCIA
A importante crítica feita pela psicanálise ao pensamento científico e que é fundamental para as questões da educação, prende-se a uma teoria do sujeito. Dito de outro modo: é porque na psicanálise há uma determinada teoria do sujeito que o modelo científico e seus ideais, são criticados.
Lacan é radical ao dizer que toda a teoria sobre o sujeito deve partir da descoberta freudiana. Ao falar sobre o novo estatuto do sujeito, estabelece como balizas, a castração e o desejo. E este sujeito que a ciência é acusada de suturar, enquanto que a psicanálise permitirá a ele, levar um saber á verdade.
No Seminário XI, Françoise Dolto em uma intervenção, observa que não vê como descrever a formação da inteligência antes dos três ou quatro anos, sem levar em conta os estágios do desenvolvimento. Lacan, responde que a "descrição dos estágios, formadores da libido, não deve ser referida a uma pseudo-maturação natural, que permanece sempre opaca. Os estágios se organizam em torno da angústia da castração" (Lacan, 1979, p.65). A introdução da sexualidade é traumatizante porque a angústia da castração incide sobre a, assim chamada, percepção.
Quanto ao desejo, Lacan dirá que é o "cogito freudiano", dando a ele o lugar pivô de toda a teoria sobre o sujeito. É no ponto do desejo que a ciência será inquirida. Ao perguntar pelo desejo do analista, estende a pergunta ao cientista: qual é o desejo presente na ciência moderna? A história da ciência mostra que essa pergunta só é feita emo momentos de crise; porque esperar que os efeitos da bomba atômica se façam sentir para perguntar pelo desejo da física moderna? Oppheimer, o cientista, visava o quê? Vê-se que ética e desejo se mesclam, na psicanálise.
Lacan percorre a história da filosofia a propósito da questão do sujeito e do desejo; nos diz que Sócrates foi o primeiro a formular que nada sabia, "a não ser o que diz respeito ao desejo" (Lacan,1979,p.20). Ponto teórico fundamental para que possamos compreender a crítica de Lacan à ciência e consequentemente compreendermos a posição da educação neste debate: o desejo não é posto em posição de subjetividade por Sócrates, mas em posição de objeto. Também em Freud, mostrará Lacan, trata-se do desejo como objeto.
Se Lacan assim vê a filosofia socrá-tica, considera, por outro lado, que A-ristóteles quando segue pela via dos pré-socráticos estabelece "um caminho que a experiência analítica impõe que se retifique, porque ele evita o caminho da castração" (Lacan, 1979, p.78).
Mas, suas referências a esta problemática, não se dirigem apenas à filosofia antiga. Citando Merleau-Ponty, faz notar que há um avanço desse filósofo em direção à descoberta freudiana, mas no entanto, há um recuo. Cito Lacan: "as referências que ali se fazem, muito especialmente ao inconsciente psicanalítico, nos deixam perceber que ele estaria, talvez, se dirigindo para uma pesquisa original em relação à tradição filosófica, para essa nova dimensão da meditação sobre o sujeito que a análise permite, a nós, traçar" (Lacan, 1979, p. 82).
Lacan, ao mesmo tempo que acusa a ciência de esquecer a forma como nasceu, indica que a história do pensamento deve ser recuperada: a noção de ciência verdadeira se degradou "na viragem positivista", onde as ciências experimentais serviam como modelo. Cito: "esta noção provém de uma via errada da história da ciência, fundada sobre o prestígio de um desenvolvimento especializado da experiência" (Lacan, 1966, p.284).
Assim, há um desmascaramento da ilusão do projeto científico nos moldes positivistas, o que interessa de muito perto à educação. De qual sujeito fala o educador?
A crítica de Lacan à ciência é correlata á sua teoria sobre o sujeito. O educador não deverá proceder como na ciência, onde as tentativas de suturar o sujeito acabam por "aferrolhar a verdade".
A ciência para se constituir, exige que se negue a Spaltung do sujeito. Em A ciência e a verdade, Lacan vai mostrar que a sutura do sujeito feita pela ciência, a redução pela qual procede, é uma redução que constitui propriamente seu objeto. Ele nos fala dos "dramas que vão por vezes até à loucura", desses sábios que vivem o impossível das crises da ciência. Foi preciso a psicanálise para renovar a questão do saber, ao evidenciar que há um saber que não se sabe.
Jacques-Alain Miller observa, em uma intervenção no Seminário XI, que "à diferença dos discursos que prece- dem seu surgimento, a ciência não se funda na combinatória inconsciente. Ela se instaura, por estabelecer como inconsciente uma relação de não-relaçâo. Ela é desconectada. O inconsciente não desaparece dela, contudo, e suas incidências continuam ali a se fazer sentir" (1979, p.152).
As conexões da psicanálise e as questões da transmissão psicanalítica
As críticas de Lacan à ciência, no entanto, não pressupõem preconizar para a psicanálise um lugar isolado, tendo em vista os demais setores do conhecimento. A articulação da psicanálise com as ciências afins foi algo previsto por Lacan, desde o momento em que medidas institucionais foram tomadas para a fundação de uma Escola, onde a formação de analistas tivesse lugar. "Era necessário propor um agrupamento para as pessoas que se dedicam à psicanálise, que fugisse a esse modelo clássico dos grupos que evitam o real, forcluinclo-o ou mascarando-o. Ele "inventa" um agrupamento onde o destaque é o que se pode saberia transmitir da psicanálise. O termo escola privilegia a relação com o saber, enquanto que sociedade, o laço entre as pessoas" (Forbes, 1992, p.ll).
As questões referentes à transmissão - aqui, mais um elo com a educação - constituem temas freqüentes no âmbito psicanalítico. Quando se pensa na transmissão existente nos cartéis, uma forma privilegiada na psicanálise, pergunta-se pelo tipo de discurso que aí impera. Também, as mudanças provocadas no sujeito através do tratamento analítico, embora em tudo se distancie de uma transferência de conhecimento, são efeitos de um elo social estruturado pelo materna do discurso analítico. Discurso este, onde se visa a levar um saber à verdade. Necessariamente, ao abordarmos as relações da educação com a psicanálise e destas com a ciência, te- mos que adentrar os lugares e os termos do discurso analítico.
Além disso, o que se passa na supervisão psicanalítica em termos de "aprendizagem"? E com o sujeito que transmite e seu público? Essas indagações constituem capítulo à parte. Lacan, em Televisão, afirma que fala do lugar do sujeito barrado, estando, o seu público, no lugar do objeto a, causa do desejo. Poderíamos preconizar para o professor o lugar do $ e para os alunos, a posição de objeto a?
A questão da transmissão na Escola, é tratada por Lacan como sendo de extrema importância, na medida em que uma prática, no caso, a analítica, não pode ser aquela de uma experiência inefável. Deve-se "providenciar a divulgação dos princípios dos quais a praxis analítica vai tirar da ciência o seu estatuto".
Vê-se desde logo, que ele põe em conexão a ciência e os princípios da prática analítica; dirá que assim como as ciências podem receber "inspiração complementar" da psicanálise, esta última poderá usufruir o que do "estruturalis-mo instaurado em certas ciências" (Lacan, 1964, p. 85), lhe for útil. Tratar-se-á de desenvolver, no momento oportuno, o que significa utilizar-se do estru-turalismo instaurado em certas ciências.
Lacan nos fala também de uma "ordem de afinidades desenhada pelas ciências, que denominamos conjeturais" (Lacan, 1964,p.85). Desta forma, o tema das conexões da psicanálise nos toca de muito perto, quando buscamos refletir sobre a educação a partir do ponto de vista psicanalítico; como se posiciona a educação frente às ciências conjeturais?
A CRIANÇA EDUCADA E O "EVENTO FREUD"
A criança é tema privilegiado no âmbito educacional. É também no inte- rior da questão sobre o objeto, causa do desejo, que a criança pode ser considerada. O tema sobre o sujeito na psicanálise e na educação deve, necessariamente, abordar esse objeto que todo o sujeito um dia foi. O sujeito "tem que emergir da causa do desejo da mãe, ao menos da "causa" com o que este desejo estava feito (...), os dados clínicos que Lacan toma, estão destinados, sem dúvida, a indicar a importância primordial da acolhida realizada pela mãe a esse que será seu produto" (Miller, 1987, p. 178).
O conceito de objeto a, causa do desejo, adquire, na psicanálise, a força de um conceito fundamental. Além do mais, trata-se de um conceito de muita riqueza interdisciplinar: "a terapia familiar também percebe a função decisiva do que, em nossa linguagem, formulamos como "o que o sujeito foi para o Outro em sua ereção de ser vivo", responsável, por exemplo, pela tendência ao suicídio das crianças não desejadas, assinalada por Lacan" (Miller, 1987, p. 178).
Porém, ao lado do par mãe-crian-ça, a que fomos levados pelo conceito "objeto causa do desejo", importa igualmente à educação, outra dupla, a que se estabelece entre o pai e a criança. Freud, no texto Psicologia das massas e análise do eu, diz que, contrariamente ao que poderia parecer, não é a mãe o primeiro objeto de amor e sim, o pai.
Freud introduz na história do pensamento uma nova criança, ao mostrar que ela goza de maneira perversamente polimorfa, o que "faz subir à cena com essa criança suja é o pai, mas o pai enquanto inconsciente, isto é, a ser construído" (Clastres, 1991, p. 138).
Lacan vai apontar que o "evento Freud" é impensável antes da realização deste novo elo social em torno da criança educada...". Mas, antes de Freud, não se tratava da mesma criança. Essa crian- ça, "tal como acreditamos conhecê-la, tal como polariza hoje todas as atenções dos educadores, dos psicólogos, dos médicos, dos analistas, essa criança nem sempre esteve nesse lugar" (Clas-tres, 1991, p. 137).
É apenas nos séculos XVI e XVII que surge a preocupação educativa. Na Idade Média, a criança não tinha o lugar particular que passa a ter. No século XVIII, com a publicação do Emile de J.J. Rousseau, o "século das luzes" fez notar sua incidência na educação. "Esta obra fez com que seu ator fosse cognomina-do o Copérnico da Educação, na história da pedagogia, visando a reforma social através da educação" (Lima, 1975, p. 85).
Desse modo, a crítica que Lacan faz à ciência, assentada sobre o que é o sujeito para a psicanálise, pede que a ciência não esqueça como nasceu, não esqueça o seu passado. É preciso examinar o quanto as teorias educativas estão atreladas aos seus momentos históricos, revelando a concepção de sujeito aí subjacente.
Sua censura à ciência, faz com que os educadores revejam o estatuto epis-temológico da educação, o lugar que ocupa frente a outros setores do conhecimento humano. E, deve-se ter em mente, que a crítica psicanalítica ao conhecimento científico, só é possível porque há uma determinada concepção sobre o sujeito. Por isso, a conexão estabelecida entre a psicanálise e a educação deve ser assunto de nossos dias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1 Sobre o conceito de "sutura", Eric Laurent nos informa em Lacan y los discursos, (Buenos Aires: Manantial, 1992) que ele não existia no discurso de Lacan , até que J.A. Miller fizesse seu artigo "A sutura". Lacan imediatamente incorporou o conceito em "A ciência e a verdade".