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Estilos da Clinica

versão impressa ISSN 1415-7128versão On-line ISSN 1981-1624

Estilos clin. v.8 n.15 São Paulo jun. 2003

 

EDITORIAL

 

Foi com surpresa que a equipe editorial da revista Estilos recebeu o resultado da última avaliação feita pela comissão CAPES/Anpepp encarregada de avaliar os periódicos da área de Psicologia. Tínhamos a notícia de que nossa pontuação geral havia aumentado, graças aos esforços que havíamos feito para melhorar ainda mais a normatização da revista, o que nos fazia pensar que conservaríamos a avaliação "Nacional A", obtida na anterior. Ledo engano. A revista Estilos obteve uma avaliação "Nacional C" no período 2000-2001. Mais que isso: também a "Psicologia USP", revista do Instituto de Psicologia da USP, mereceu a mesma nota, embora seja uma revista de primeiríssima qualidade.

Depois do susto, pus-me a investigar as razões que haviam levado a um rebaixamento tão grande em uma revista que não apenas havia melhorado sua normatização como conservava sua qualidade editorial, mantida desde o primeiro número. O IX Encontro Nacional da ABEC (Associação Brasileira de Editores Científicos), do qual participei em novembro de 2003, foi, para essa investigação, bastante esclarecedor.

Ali, aprendi que a comissão avaliadora introduzira uma mudança no peso dado ao ítem autoria, que avalia a concentração de artigos da mesma região geográfica em que a revista é publicada. Para a comissão, era necessário evitar a endogenia, ou o antigamente chamado fenômeno do "inbreeding", prejudicial para a boa circulação das idéias, da pesquisa e do conhecimento veiculados pelas revistas científicas. Estilos mantém uma proporção de 50% de autores do Estado de São Paulo, e os 50% restantes são artigos de autores de outras unidades da Federação (UF) e de outros países. Mas para a Comissão, é necessário haver apenas 25% de autores da UF em que a revista é editada.

Os debates travados durante o Encontro ajudaram na reflexão sobre o que a endogenia significa. Para nós, do grupo de São Paulo que ali se encontrava, endogenia não coincide com geografia. A publicação de autores de outros Estados que estejam inteiramente alinhados com um pensamento único porque foram criados de modo dogmático em São Paulo não evitará os efeitos certamente nefastos da endogenia. E, de outro lado, publicar um texto de colegas que trabalham na sala ao lado da minha na Universidade de São Paulo não significa que estejamos respirando o mesmo ar acadêmico. Ao contrário, é bem possível que ele pense de modo radicalmente diferente do meu _ o que, aliás, é muito bom. Assim, foi possível verificar que são necessárias ainda muitas discussões para chegar a critérios mais acurados de avaliação da endogenia nas revistas científicas.

Também a inexistência de uma versão on-line da Estilos colaborou para o seu rebaixamento. Não posso deixar de concordar que a publicação na Web dá a uma revista uma visibilidade e uma penetração que a mídia impressa não permite. Mas também não se pode deixar de ponderar que, em muitas regiões desse imenso país, há universidades cujas bibliotecas mal têm um acesso estável à Internet, o que faz duvidar que a Grande Rede, pelo menos por enquanto, apenas por si mesma, seja um instrumento tão altamente democrático e decisivo de difusão de conhecimento.

Enquanto isso, continuaremos a manter a qualidade da Estilos, cuja linha editorial é justamente a de abrir espaço para diferentes estilos de clinicar, educar, escrever...e de fazer uma revista científica.

Maria Cristina Kupfer

Editora

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