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Estilos da Clinica

versão impressa ISSN 1415-7128versão On-line ISSN 1981-1624

Estilos clin. v.9 n.16 São Paulo jun. 2004

 

DOSSIÊ

A relação mãe criança: esboço de um percurso na teoria psicanalítica

 

The mother-child realtionship: an analysis according to the psychoanalytical theory

 

 

Cynthia Nunes de Freitas Farias*1; Glaucineia Gomes de Lima**2

*Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina - Universidade de São Paulo
** Instituto de Psicologia - Universidade de São Paulo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

As autoras analisam o estatuto da relação mãecriança na teoria psicanalítica. Apresentam a concepção de Freud, que liga maternidade e castração, postulando que o filho é um substituto do falo. Discutem a via seguida pelos pósfreudianos, que entendem que o filho viria como resposta para o ser mulher. Demonstram que Lacan retoma a via freudiana e religa maternidade e castração, operando uma disjunção entre ser mãe e ser mulher.

Palavras chave: Psicanálise, Castração, Édipo, Relação mãe-criança, Feminilidade.


ABSTRACT

The aim of this paper is to analyze the statute of the mother-child relationship, according to the psychoanalytical theory. The authors discuss both the Freudian concepts, which link the maternity to the castration and postulate that the son is a substitute for the phallus, and the post-Freudian publications, which state that the son represents an answer to the femininity. The authors also report the concepts of Lacan regarding the maternity and the castration as a separating factor between the mother and the woman.

Keywords: Psychoanalysis, Castration, Oedipus, Mother-child, Relationship, Femininity.


 

 

Em algumas teorizações psicanalíticas, relaciona-se a maternidade à feminilidade, postulando o ser mãe como resposta ao ser mulher. Na tentativa de abordar o tema, se partirá das seguintes interrogações: qual o estatuto da relação mãe-criança na teoria psicanalítica? E em que medida a maternidade poderia responder ao enigma do feminino?

Segundo Brousse (1993), de Rousseau aos médicos higienistas do século XIX e início do século XX, desenvolveu-se um discurso marcado pela definição da feminilidade pela maternidade. No entanto, alerta a autora, este discurso mesmo não foi capaz de saturar a distância que existe entre o ser mãe e o ser mulher, pois a maternidade não pode responder ao enigma da feminilidade.

Badinter (1985) mostra que até o século XVIII a criança era tratada com indiferença, frieza e aparente desinteresse, pois era considerada inacabada e imperfeita. Havia uma grande mortalidade infantil, e deduzia-se que a indiferença era uma forma de a mãe se proteger da provável perda de seu filho, devido à fragilidade da criança, nos primeiros anos de vida. Concluiu-se, posteriormente, que a alta mortalidade infantil devia-se justamente ao desinteresse dos pais, especialmente da mãe, pelo filho.

Segundo essa autora, no final daquele século, surgem inúmeras publicações que operam uma revolução das mentalidades, modificando radicalmente a imagem da mãe, seu papel e sua importância, impondo à mulher a obrigação de ser mãe e engendrando o mito do instinto materno ou do amor espontâneo da mãe pelo filho. Os cuidados maternos e a maternagem passaram a ser considerados fundamentais para a sobrevivência e o desenvolvimento da criança.

É comum ouvir expressões do tipo “instinto maternal”, “amor de mãe”, “mãezona”, “coração de mãe”. O que pode levar ao questionamento do que há de instintivo e natural na maternidade e de se há algo que responda a como ser uma boa mãe. A teorização freudiana que indica a equivalência pênis-criança tem sido o fio condutor para alguns teóricos da relação mãe-criança. Examinar a teorização freudiana a respeito destas questões é o que faremos a seguir.

 

A POSIÇÃO FREUDIANA

Para refletir sobre a relação mãe-criança, o eixo teórico a ser privilegiado, em Freud, será a importância que ele deu ao complexo de Édipo e de castração para a assunção da sexualidade. Ele evidencia a não equivalência, na vivência destes complexos, entre meninos e meninas. Para Freud, de início, ambos têm a mãe como primeiro objeto amoroso, tendo com ela um apego muito forte, um vínculo de amor. No entanto, o destino desse amor assume formas diferentes para os dois sexos.

No menino, a mãe continua sendo esse objeto amoroso, e, à medida que ele vai percebendo a natureza das relações entre o pai e a mãe, elege o pai como seu rival. Na menina, há um “desligamento” da mãe e um deslizamento em direção ao pai. Na visão freudiana, a menina deverá abandonar não apenas a mãe como objeto original, mas deverá, também, trocar de zona erógena. Ela deve abandonar o clitóris em favor da vagina.

No entanto, a relação de exclusividade com a mãe não será, de todo, abandonada. Ela vai marcar as relações posteriores da menina com o pai, o marido e a maternidade. As mulheres se detêm nessa relação original com a mãe e não realizam uma mudança verdadeira em direção aos homens. O acento dado por Freud à relação original da menina com a mãe e seus efeitos aponta para uma desarmonia entre mãe e filha.

Freud (1932) examina o ponto fundamental dessa desarmonia, ou seja, o abandono da mãe como objeto de amor pela menina. Não se trata de uma simples troca de objeto devido às inúmeras frustrações, visto que o menino está tão sujeito a essas frustrações quanto a menina, e nem por isso deixa de tomar a mãe como objeto de amor. Trata-se, então, diz Freud, de “um passo que se acompanha de hostilidade; a vinculação à mãe termina em ódio” (1932, p. 122).

Como se dá, então, a trajetória edípica e a sexuação (significante utilizado por Lacan para designar o advento do sexo nos seres humanos) na menina? O que estará no centro da relação mãe-criança é a frustração, gerada a partir de alguns acontecimentos importantes, como a interdição da prática de masturbação ou o ciúme do irmãozinho que nasceu, que vão frustrar a criança em sua exigência de “amor ilimitado e posse exclusiva que não se contenta com menos que tudo” (Freud, 1931, p. 266). A demanda de amor ilimitado da criança vai acabar, necessariamente, em desapontamento e dará lugar a uma atitude hostil.

O fator determinante para a menina afastar-se da mãe e dirigir- se ao pai surge do efeito que o complexo de castração tem sobre os seres desprovidos de pênis. Freud toma o complexo de castração como um fator específico na sexuação da menina.

Inicialmente, o clitóris toma, para a menina, o lugar de um pequeno pênis. Na comparação com o pênis, ela percebe que foi “injustiçada”, o que fundamenta o sentimento de inferioridade em relação ao sexo oposto. Acredita que, quando se tornar adulta, adquirirá um órgão maior, o que é caracterizado por Freud como o complexo de masculinidade. Ao deparar com sua “deficiência”, embora hesite e relute em aceitá-la, encara-a como um fato consumado. Diferentemente do menino, para quem a castração é vivida como uma ameaça.

Num primeiro momento, encara a castração como um infortúnio pessoal, que, posteriormente, será estendido a algumas crianças e adultos. Essa compreensão de que nem todos são dotados de pênis fará com que ela deduza a castração de sua própria mãe e, com isso, passe a depreciá-la.

Ao final da primeira fase da ligação mãe-filha, vai emergir a censura à mãe, a quem ela supõe responsável pela ausência de um pênis apropriado, por tê-la trazido ao mundo como mulher. A essa censura, será seguida a reprovação de que ela falhou em ser uma boa mãe, não lhe tendo dado o órgão genital correto, que não lhe deu bastante leite, que a obrigou a dividir o amor materno com outros, não atendendo sua expectativa de amor ilimitado. A mãe é censurada pela filha por ter despertado sua atividade sexual e depois a ter proibido.

No entanto, Freud comenta, essas justificativas apresentadas pelas mulheres em análise para explicar as razões dessa hostilidade não passam, na maior parte das vezes, de racionalizações, e a origem dessa hostilidade permanece desconhecida. Ele localiza o fator responsável pela hostilidade e o ódio à mãe no fato de a menina considerar a mãe responsável por seu “defeito”.

É a inveja do pênis que impele a menina a assumir uma nova posição, a mudar tanto de objeto como de zona erógena e a ingressar no complexo de Édipo. Sendo a castração considerada um fato cumprido, ela não está sob o efeito da ameaça de castração, que põe fim ao complexo de Édipo para o menino. A situação edipiana nas meninas pode durar muito tempo. Como diz Freud, “as meninas permanecem nele por tempo indeterminado, destroem-no tardiamente e, ainda assim, de modo incompleto” (1932, p. 129).

O complexo de castração representa um marco decisivo na sexuação da menina, e Freud (1932) propõe três linhas de desenvolvimento a partir dele, ou seja, três respostas possíveis à castração: a inibição sexual, o complexo de masculinidade e a feminilidade normal. Segundo Freud, a feminilidade só é estabelecida quando o desejo do pênis, que marca essas três respostas, pode ser substituído pelo desejo de um bebê.

A renúncia ao pênis só é tolerada mediante uma compensação que a menina espera obter do pai. A menina continuará demandando algo que a restitua da injustiça que sofreu. Assim, vai aparecer na menina o desejo de ter um filho do pai. Esse filho será tomado como um objeto capaz de reparar a falta de pênis. Nas palavras de Freud:

“Ela desliza – ao longo da linha de uma equação simbólica, poderse- ia dizer – do pênis para um bebê. Seu complexo de Édipo em um desejo mantido por muito tempo de receber do pai um bebê como presente – dar-lhe um filho. Tem-se a impressão de que o complexo de Édipo é então gradativamente abandonado, uma vez que esse desejo jamais se realiza. Os dois desejos – possuir um pênis e um filho – permanecem fortemente catexizados [optamos por manter como está na tradução para o português] no inconsciente e ajudam a preparar a criatura do sexo feminino para seu papel posterior” (1924, pp. 223-4).

Como vemos, o desejo de ter um filho está ligado ao complexo de castração. A teorização de Freud liga maternidade e castração. É por ter deparado com o fato de não ter um pênis que a menina poderá deslizar da decepção em relação ao órgão de que não é dotada para o desejo de ter um filho. O desejo de um filho é derivado da inveja do pênis, portanto, caudatário da função fálica. Longe de ser uma relação de completude, a maternidade, na acepção freudiana, é um dos nomes da castração (Brousse, 1993).

A demanda de um filho, por ser uma reivindicação fálica, está sempre articulada à castração e à falta. A maternidade é uma via de substituição, para a menina, do desejo de ter o pênis. “Com muita freqüência, em seu quadro combinado de ‘um bebê de seu pai’, a ênfase é posta no bebê, e o pai fica em segundo plano. Assim, o antigo desejo masculino de posse de um pênis ainda está ligeiramente visível na feminilidade alcançada desse modo” (Freud, 1932, p. 128).

Destarte, seguindo as indicações freudianas, a maternidade tem a ver com o “apetite” da mulher pelo falo faltoso. Com Freud, vimos ser o desejo pelo falo o desejo feminino par excellence. O filho representa um substituto para responder a esse desejo, um objeto em uma série (pênis- filho-seio-dinheiro), e não o objeto, per si, capaz de solucionar a falta fálica na menina.

 

A RELAÇÃO MÃE-CRIANÇA

Como foi apresentado, anteriormente, Freud situa a maternidade como uma das saídas para a castração, o que está ancorado na noção de que há uma falta na mãe e que a criança viria como o objeto capaz de reparar a falta do pênis. Os teóricos pós-freudianos, apoiados em tais idéias, entendem que há uma harmonia na relação mãe-criança.

Para Helen Deutsch (1925), a relação mãe-filho é recuperada no coito, enquanto, para Melanie Klein, dá-se o contrário, pois, na relação mãe-filho, o coito é reconstruído. Na visão de Deutsch, a mulher realiza o desejo de voltar ao útero materno, identificando- se com o bebê que leva no ventre. O parto, para a mulher, implica o domínio do trauma do nascimento. É no parto que a mulher vive o auge do prazer sexual, e, se ela encontra prazer no coito, é por ser este um prelúdio do parto. Conclui, assim, ser o parto uma orgia de prazer masoquista. No aleitamento, é restituída a fusão rompida com o nascimento e, ao dar o peito, a mãe supera o trauma do próprio desmame.

Deutsch (1925) entende que as duas grandes tarefas da mulher como mãe são estabelecer uma unidade com seu filho de forma harmônica e dissolvê-la harmonicamente, em um período posterior. Ela acredita que as tendências instintivas da mulher transformam-se em ternura maternal, sua agressividade transforma- se em atividade protetora, e sua necessidade excessiva de ser amada é ativamente satisfeita pelo amor maternal.

Jones (1927) questiona a preponderância da bissexualidade inata na relação mãe-filha. Embora a mãe seja ainda considerada o primeiro objeto de amor para a menina, na concepção de Jones, a menina é, desde o início, mais feminina que masculina. A substituição do seio pelo pênis não é ainda o amor pelo pai, mas por um objeto parcial que pertence à mãe. É na metade do primeiro ano de vida que a menina começa a desenvolver um amor verdadeiramente feminino pelo pai e a rivalizar com a mãe, e um complexo de Édipo precoce anuncia-se. Para Jones, o ódio da menina pela mãe não é apenas alimentado por esta não lhe ter dado um pênis, mas também por ter guardado o pênis do pai para si. A visão do pênis não se configura como um trauma decisivo que levaria a menina à feminilidade.

Para Melanie Klein (1937), há um verdadeiro relacionamento amoroso da mãe com seu bebê, na mulher que conseguiu atingir uma personalidade maternal. Desde criança, a menina tem fantasias inconscientes de que o corpo de sua mãe está cheio de bebês, colocados lá pelo pênis do pai. Os desejos experimentados durante a infância persistem na idade adulta e influenciam o amor que a mulher grávida tem pelo filho, o que a restitui da frustração por não ter podido receber um filho de seu pai, na infância. Por ter realizado este desejo, a mulher intensifica sua capacidade de amar o filho.

Segundo Klein (1937), o desamparo e a necessidade de cuidados maternos por parte da criança solicitam uma grande dose de amor da mãe, o que vai ao encontro das inclinações amorosas e construtivas da mãe. Este desamparo da criança desperta na mãe o desejo de reparação que provém de fontes variadas e que pode relacionar- se a esse bebê esperado, representando a realização dos anseios maternos primitivos.

Segundo Lacadée (1996, p. 74), os pós-freudianos, orientados pela relação de objeto, pela relação primária mãe-criança e pelo narcisismo primário, consideram que a relação mãe-criança é essencialmente dual. A criança é vista, por estes teóricos, como um ser em via de desenvolvimento, um objeto parcial, pronto para a satisfação com o objeto “adequado e harmonioso” que a mãe deve ser, ao aprender a interagir com a onipotência da criança. O centro desta teorização está na interação e adaptação da criança a seu meio, e é necessário ensinar a mãe a ter uma capacidade “elevada” de interagir com a criança.

Se Freud introduz o desejo de ter um filho na dialética edipiana, ele não cessa de mostrar que há uma ligação entre a maternidade e castração, assim como não deixa de insistir em que a feminilidade é um enigma que resta aberto para a mulher, mesmo com a maternidade. Tal questão parece tomar outro destino para os pós-freudianos, que concebem poder a criança vir a ser o objeto capaz de reparar a falta na mãe, como se houvesse uma completude possível, a ser reconstruída na relação mãe-criança.

Retomando as considerações freudianas, podemos concluir que desejar um filho é desejar ter aquilo que falta, o pênis. Se o desejo de ter um filho é derivado da inveja do pênis, ser mãe situa a mulher como fálica, portanto, numa posição masculina, mas deixa sempre um resto, a questão que não cessa de não se inscrever: o que é uma mulher?

 

LACAN: A MATERNIDADE E O MAIS ALÉM DO FALO

O retorno à obra freudiana promovido por Lacan permite retomar alguns conceitos elaborados pelo mestre vienense e situar a relação entre a mulher e o filho, no drama edipiano, regido pela lógica da castração.

O falo, Lacan o demonstra, não deve ser confundido com o pênis. Tem uma função decisiva, que parece ser mais relevante para as mulheres que para os homens. Seguindo o percurso freudiano, ele indica o fato de, entre as faltas de objetos essenciais para a mulher, estar o falo, estreitamente ligado a sua relação com o filho: “Se a mulher encontra na criança uma satisfação, é, muito precisamente, na medida em que encontra nesta algo que atenua, mais ou menos bem, sua necessidade de falo, algo que a satura” (Lacan, 1957-8b, p. 71).

Segundo Brousse (1993), a subversão lacaniana foi religar a maternidade e a castração, e desfazer o mito de uma satisfação primordial, na qual a diferenciação sujeito-objeto fosse abolida pela criança e pela mãe. Não uma harmônica solução de completude, mas uma relação marcada pela falta.

A criança, posta no lugar de objeto, não pode ser tomada como o objeto adequado para preencher a falta da mãe. A criança, conforme aponta Miller (1997), se tem relação com o falo, é como outro objeto qualquer, que faz suplência à falta.

Lacan (1956-7) postula que o objeto de que se trata é um objeto faltoso. Retomando a acepção freudiana de que o objeto não passa de um objeto perdido, um objeto a se reencontrar, ele aponta o fato de, no âmago da relação sujeito-objeto, haver uma tensão fundamental: o que é procurado não coincide nunca com o que será encontrado.

Nesse momento, Lacan vai tratar da sexualidade feminina no que se refere à relação da mulher com o falo, e não em relação a seu gozo, sobre o qual ele vai teorizar posteriormente. A criança é tratada como uma solução para a falta feminina, já que o falo é o significante que faz da mulher um ser em falta. Ser mãe é correlato da falta do objeto essencial para a mulher: o falo.

Para a mãe, a criança, longe de ser apenas a criança, é também o falo. Ao tomar este valor de falo, ela se identifica com o significante do desejo materno. Resta saber de que modo a criança vai se instalar na relação da mãe com sua falta-a-ter do falo. Como a criança vai se engajar, se introduzir e se substituir ao apetite materno pelo falo faltoso. Para Lacan, há uma diferença significativa se a criança ocupa o lugar de metáfora do amor da mãe pelo pai ou se ela funciona como a metonímia do desejo materno pelo falo.

A frustração é considerada, por Lacan, como o centro verdadeiro da relação entre a mãe e o filho. Ele faz a distinção entre a frustração, a castração e a privação. Instala uma seqüência, em que ele, inicialmente, trata da frustração imaginária de um objeto real. Este objeto é o seio materno, sendo a mãe simbólica o agente desta frustração. Ao tornar real a mãe simbólica, ele faz uma torção, pois a mãe simbólica, mediando o par presença- ausência, vai frustrar o bebê do objeto real, o seio materno. A criança vai se situar entre um agente, a mãe, inscrita na ordem da simbolicidade, e o par de opostos presença-ausência, a conotação mais-menos, que vai dar o primeiro elemento de uma ordem simbólica.

Seguindo a argumentação lacaniana, ele nos diz que, quando a mãe não responde mais, ou só responde a seu critério, ela tornase real, transforma-se numa potência, uma potência real, fora do jogo simbólico. Então, o objeto real perde sua materialidade, e a resposta da mãe torna-se um signo de amor. Aqui, a situação é polarizada pela frustração de amor (cujo objeto é a presença materna) e diferenciada da frustração de gozo (ligada ao seio materno, que é o objeto real).

Lacan vai definir a insatisfação constitutiva da mulher como insaciabilidade da mãe, que é uma fera e pode devorar: “Esta mãe insaciável, insatisfeita, em torno de quem se constrói toda a escalada da criança no caminho do narcisismo, é alguém real e está ali e, como todos os seres insaciados, ela procura o que devorar, quaerens quem devoret. O que a própria criança encontrou outrora para anular sua insaciabilidade simbólica vai reencontrar possivelmente diante de si como uma boca escancarada. A imagem projetada da situação oral, vamos reencontrá-la também no nível da satisfação sexual imaginária. O furo aberto da cabeça da Medusa é uma figura devoradora que a criança encontra como saída possível em sua busca de satisfação da mãe” (Lacan, 1956-7, p. 199).

No Seminário V (1957-8b), Lacan vai formular que a criança é frustrada não só do seio materno. Ela também é frustrada da mãe como objeto. Ambos, mãe e filho, sofrem a incidência da operação da castração.

Para Lacan, a mãe não tem com a criança uma relação tão “elevada” e harmônica assim. É uma relação marcada pela falta, duplicada “(...) de um lado, pela necessidade de uma certa saturação imaginária, e, de outro, por poderem existir ali, com efeito, relações reais eficientes com a criança, num nível primordial, instintual, que permanece definitivamente mítico. Existe sempre para a mãe algo que permanece irredutível no que está em questão...” (Lacan, 1957-8b, p. 71).

Uma das versões que Lacan dá para a mãe é a de que ela é insaciável e ameaçadora por seu poder sem lei. Esta insaciabilidade refere-se ao modo próprio de a mulher tentar tamponar a falta, substituindo o falo pelo filho, operação que vai fracassar, pois vai sempre haver um resto irredutível de insatisfação.

Lacan (1957-8b) afirma que a mãe é uma mulher que chegou à plenitude de capacidade de devoração. É neste momento que ele faz o pai entrar em jogo como o quarto elemento para intervir na relação mãe-criança-falo, no nível da articulação do pai e da mãe enquanto homem e mulher.

A mãe opera de diferentes maneiras nos três tempos do Édipo. No primeiro tempo, ela é como uma lei incontrolável e onipotente, mas, ao mesmo tempo, faz a mediação da simbolização primordial. A criança identifica-se com o objeto de desejo da mãe, mas seu desejo guarda uma ambigüidade. De um lado, está fora da lei do pai e, do outro, está sob a égide da castração da mãe, que é anterior à experiência da maternidade.

No segundo tempo, o pai exerce uma dupla privação, instaurando para a criança a proibição do incesto e interditando a mãe de reintegrar seu produto, de o devorar. É necessário o consentimento da mãe em ser privada pelo pai de seu objeto-criança e que este consentimento seja subjetivado pela criança.

No terceiro tempo, o pai deve sustentar a promessa fálica, para que a criança possa assumir sua escolha sexuada. O falo é reinstaurado como objeto do desejo materno, não se reduzindo a um objeto do qual o pai possa privar.

Em “De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose”, publicado nos Escritos (1957-8a), Lacan formula que a mãe funciona, em um primeiro tempo, como um desejo sem lei – escrito por ele como DM – articulado ao significante Nomedo- Pai. Ele enfatiza que é necessário o lugar reservado pela mãe ao Nome-do-Pai, que é importante o modo pelo qual a mãe leva em conta a autoridade e a palavra do pai.

Para Lacan, o pai e a mãe são dois significantes, e vai haver uma operação de substituição do significante do desejo da mãe pelo Nome-do-Pai. Ao falo, é atribuído o significado enigmático do desejo da mãe. É introduzida uma distância entre o objeto de desejo, o falo, e a criança, distância que significa que o falo não recobre totalmente a criança. Como afirma Tendlarz (2002), o desejo da mãe como mulher excede o filho, fazendo retorno na criança como enigma do desejo do Outro.

A metáfora paterna tem a função de dividir o desejo materno, ou seja, fazer com que a criança não seja tudo para a mãe, fazendo-se necessário à mãe encontrar o significante de seu desejo no corpo de um homem. Como conseqüência da metáfora paterna, surge a metáfora infantil do falo (Miller, 1997), ou seja, a equivalência entre a criança e o falo, que diz respeito à formulação freudiana de que o desejo de pênis pode ser satisfeito pela substituição do desejo de um filho. Esta metáfora só será bem-sucedida se for preservado o não-todo do desejo feminino, se o ser da criança não recobrir o desejo da mulher.

“A metáfora paterna remete, a meu ver, a uma divisão do desejo, a qual impõe, nessa ordem do desejo, que o objeto criança não seja tudo para o sujeito materno. Quer dizer que há uma condição de não-todo, que o objeto criança não deve ser tudo para o sujeito materno, mas que o desejo da mãe deve se dirigir para um homem e ser atraído por ele. Portanto, isso exige que o pai seja, também, um homem” (Miller, 1997, p. 8).

Lacan (1957-8b) vai dizer que o sexo feminino é pouco sensível à perversão porque a mulher tem filhos, ou seja, ela encontra no filho o objeto que acalma ou satura sua necessidade de falo, que vela sua faltaa- ter do falo. Miller (1997) propõe haver uma perversão normal para a mulher, que é o amor materno, na medida em que ele pode chegar a fetichizar a criança.

Miller (1997) retoma a afirmação lacaniana de que a mulher não deve ser dissuadida de encontrar o significante de seu desejo no corpo de um homem. Por outro lado, destaca que a função do pai deve ter incidência sobre o desejo da mãe, não permitindo que a criança sature para a mãe a falta sobre a qual se apóia seu desejo. Caso contrário, o pai pode constranger a criança a encontrar refúgio no fantasma materno, fantasma de uma mãe negada como mulher.

Toda a teorização da dialética fálica, retomada por Lacan, articula a demanda de um filho à castração e à falta. No entanto, Lacan toma outra via, a partir da noção da criança como objeto do fantasma materno, e não apenas como uma reivindicação fálica da mulher.

No texto “Duas notas sobre a criança”, Lacan (1969) afirma que a criança pode ocupar o lugar de sintoma do casal parental ou pode realizar a presença do objeto a no fantasma materno. No primeiro caso, houve a articulação do par conjugal, com a presença de uma mãe, que, pela via de suas próprias faltas, abriu um lugar para a mediação paterna, para a presença de um pai que pode vetorizar a transmissão de um desejo, que não seja anônimo.

No segundo caso, a função do pai não operou e não houve substituição metafórica, e a criança, como correlato do fantasma da mãe, vem saturar o “modo de falta em que se especifica o desejo (da mãe), qual quer que seja sua estrutura especial: neurótica, perversa ou psicótica” (Lacan, 1969, p. 5).

Ao saturar o modo de falta da mãe, a criança dá-lhe corpo por meio de um traço particular ou de seu próprio corpo, oferecendo- se como objeto condensador do gozo da mãe, condensando sobre seu ser a verdade do objeto materno. A criança é, no início da sua “ereção de vivente”, não um sujeito, mas o objeto do Outro materno. Ao nascer, surge para a mãe no real, como objeto de sua existência. O que pode ser articulado com o que Lacan nomeia real, irredutível, irrepresentável na relação entre a mãe e a criança.

Segundo Colette Soler (1993), Lacan situa a mãe tendo um gozo que o homem não tem, pois o surgimento de seu filho, no real, faz aparecer o objeto mesmo da sua existência, o objeto que o sujeito-mãe tinha sido, impossível de ser alcançado para cada sujeito. Nesse ponto, vê-se a diferença entre a mãe que toma o filho como substituto do falo, como propõe Freud, e a mãe que encontra no filho “a presentificação real do mais impossível de dizer” (Soler, 1993, p. 131).

Em RSI, Lacan (1974-5) mostra que a posição do homem e da mulher, enquanto par conjugal, determina o lugar da criança na estrutura. O pai deverá estar père-versamente orientado, ao fazer de uma mulher o objeto a, que cause o seu desejo. A pèreversion indica uma versão, uma orientação rumo ao pai. Sauret (1997) comenta que essa père-version se substituirá à perversão na mulher, que é ter filhos, o que permite haver uma subtração de gozo da mulher, que vai poder ser transmitido à criança.

Aqui, a versão do pai está orientada, vetorizada, fazendo valer uma versão de objeto não pela transmissão do falo, pela via da metáfora paterna, a partir do Nome-do-Pai. A mulher, por sua vez, se ocupará dos outros objetos, que são as crianças, em estreita relação com sua falta-a-ser, sem cristalizá-las em seu fantasma, como objeto condensador de gozo.

A teorização lacaniana, no Seminário XX (1975), vai apontar para o fato de que a função fálica não vai responder ao enigma do que é ser uma mulher. Neste texto, ela trata das diferenças entre os sexos, levando em conta a realidade discursiva. Ele nos fala de um gozo próprio ao ser que fala, que é o gozo fálico. Esse gozo pressupõe a operação de castração e a inscrição da falta, o que faz com que o falo simbolize o objeto do desejo para o ser falante.

Os falantes que se inscrevem do lado da função fálica se inscreverão em uma posição masculina. No entanto, nem todos os falantes vão estar inseridos de todo nesta função fálica. Estes seres que não se encontram totalmente inscritos na função fálica, mas se inscrevem também do lado não-todo, inscrevem-se na posição feminina. Há uma duplicidade para o sujeito feminino. Ela insere- se em parte na função fálica, permitindo-lhe uma inscrição como falante. Mas parte dela não se inscreve e fica do lado do não-todo, que diz respeito a um outro gozo, mais-além do falo, chamado por Lacan de gozo suplementar, gozo que tem a ver com o indizível, com o vazio, com o nada.

Ao introduzir as fórmulas da sexuação, Lacan indica a impossibilidade de construir um universal do feminino, pois falta o significante d’A mulher. Esta ausência de um significante para A mulher vai fazer Lacan formular que “A mulher não existe”, como conseqüência de que não existe relação sexual. Ou seja, como falta o significante que representa a mulher, não vai haver um encontro harmonioso entre os sexos. Por outro lado, as mulheres, como não se inscrevem totalmente na função fálica, vão ter uma relação particular com um outro gozo, que está mais além do falo.

A mulher é, por conseguinte, situada entre a função fálica e a ausência do significante d’A mulher. Assim, ela é não-toda inscrita no regime fálico. Como qualquer ser falante, ela entra na mesma ordem fálica que todos os falantes. No entanto, como não-toda inscrita, ela pode aceder a esse gozo mais-além do falo.

O homem está inscrito no lado do gozo fálico e toma a mulher como objeto de seu desejo. O gozo fálico faz obstáculo a que ele goze do corpo da mulher. Em conseqüência, ele goza somente do seu órgão, o que acontece também com a mulher, na medida em que ela está igualmente confrontada à função fálica.

Segundo Brousse (1993), o universal da castração agrupa todos os falantes, e, na qualidade de falante, a mulher está inscrita no registro da castração. A maternidade inscreve o sujeito feminino do lado masculino do quadro da sexuação, pois o põe como fálico. Assim, no registro da castração, a inscrição possível para uma mulher é como mãe, já que lhe falta um significante para representá-la.

Para Brousse (1993), a maternidade é uma posição que consagra na mulher o sacrifício do gozo, implicado pela castração, pois, para ser mãe, foi preciso abrir mão da reivindicação do pênis faltoso, mudar de zona erógena e substituir o amor da mãe pelo desejo de ter um filho do pai. Assim, não há criança que não concretize para a mãe a realização da castração.

Ser mãe entrecruza a posição masculina, ou seja, é a partir do falo que ela se orienta em direção ao filho. A mulher, por sua vez, põe o filho em posição de objeto. Se a maternidade repousa sobre a substituição do filho ao falo, ela pode também, pelo fato de o filho fazer semblante de objeto, dar lugar ao horror de um encontro com o real. Segundo Brousse (1993), o que se costuma chamar de depressão pós-parto tem seu surgimento num maisde- gozar que se realiza no momento mesmo em que aparece, tamponando a falta-a-ser, pondo em plena luz o horror do encontro com a castração.

Para Lacan, na relação sexual, o homem entra ligado ao gozo fálico, à castração, e a mulher entra como mãe, já que nela os caracteres secundários que primam são os da mãe: “...a mulher não será jamais tomada senão quoad matrem. A mulher só entra em função na relação sexual enquanto mãe” (Lacan, 1975, p. 49).

Em Televisão (1974), Lacan afirma que, para o homem, a mãe contamina a mulher. Esta afirmação pode ser entendida a partir da seguinte formulação: em conseqüência da incidência edipiana, uma mulher só pode ser vista por um homem como mãe, pois esta é a única inscrição possível para a mulher, no registro da castração. Para um homem, a mulher funciona como o protótipo do objeto primordial, que é a mãe, o que a tornará objeto causa de desejo.

Por outro lado, segundo Brousse (2001), o desejo de um filho é uma suplência do lado da primazia do falo para a ausência do significante d’A mulher. A maternidade é o nome dado à Mulher, que não existe, no campo já marcado pela castração.

Há uma divisão no gozo da mulher que é não-todo, pois é dividido entre o gozo fálico e o gozo suplementar. Se, por um lado, a mulher se endereça a um homem, em busca do falo que lhe falta, por outro, ela porá o filho como suplência ao não-todo sobre o qual repousa seu gozo. “Para esse gozo que ela é, nãotoda, quer dizer que a faz em algum lugar ausente de si mesma, ausente enquanto sujeito, ela encontrará, como rolha, esse a que será seu filho” (Lacan, 1975, p. 49).

Segundo Tendlarz (2002), a partir de sua posição não-toda, a mulher na maternidade veicula algo de seu gozo suplementar, o que é abordado por Freud como o ódio da mãe, esse resto inassimilável na relação com a mãe, seja o ódio da mãe pela filha, ou o ódio da filha em direção à mãe. Este ódio é visto por Freud como a fonte do sentimento de perseguição na filha.

Em Lacan, esse resto será abordado como uma insaciabilidade, uma voracidade, um desejo sem lei. Entendemos que há, na relação com a mãe, algo de excessivo, de suspenso, um resíduo inassimilável. Esse resto vai ter incidência na forma como cada mulher vai se situar em face do ser mãe e em como cada criança vai se incluir para acalmar o apetite da mãe pelo falo faltoso. A maternidade, longe de ser uma resposta para o que resta de enigmático da sexualidade feminina, é uma versão, uma suplência para a ausência do significante d’A mulher, para a falta de resposta ao enigma da feminilidade.

O estatuto da relação mãe-criança, sob a égide do drama edipiano e da castração, é de uma radical separação entre o sujeito e o objeto, e não de uma pretensa relação harmoniosa entre a mãe e o filho. Não há relação de completude entre a mãe e o filho, pois é uma relação estruturada entre um a menos, a falta fálica, e o outro lado da moeda, o excesso, o mais de gozo. Na relação mãe-criança também não é possível um encontro harmonioso, sem mal-entendidos, ou desencontros, pois nesta relação há o encontro com a falta, com a castração, seja do lado da mãe ou do lado da criança.

 

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Endereço para correspondência
Cynthia Nunes de Freitas Farias
cyfreitas@ig.com.br

Glaucineia Gomes de Lima
glaucigomes@uol.com.br

Aceito em dezembro/2003
Recebido em outubro/2003

 

 

1 Psicóloga do Hospital das Clínicas da FM-USP e psicanalista.
2 Psicanalista e doutoranda em Psicologia pelo IP-USP.

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