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Estilos da Clinica

versão impressa ISSN 1415-7128versão On-line ISSN 1981-1624

Estilos clin. vol.24 no.1 São Paulo enero/abr. 2019

https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v24i1p134-146 

DOI: 10.11606/issn.1981-1624.v24i1p134-146

ARTIGOS

 

As transformações corporais na adolescência através de tatuagens, piercings e alargadores

 

Las transformaciones corporales en la adolescencia por medio de tatuajes, piercings y alargadores

 

The corporate transformations in adolescence through tattoos, piercings and extensions

 

 

Sybele MacedoI; Maíra Lopes AlmeidaII

IPsicanalista. Doutoranda em "Estudos Linguísticos: Linguagem, texto e discurso" e membro do Grupo de Estudos em Linguagem e Subjetividade (Gels) do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia (Ileel/UFU), Uberlândia, MG, Brasil. E-mail: sy.macedo@gmail.com
IIPsicóloga clínica. Mestre em Psicologia e membro do Grupo de Estudos em Linguagem e Subjetividade (Gels) do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia (Ileel/UFU), Uberlândia, MG, Brasil. E-mail: maira.lpalmeida@gmail.com

 

 


RESUMO

Tatuagens, piercings e alargadores tornaram-se comuns entre os adolescentes na contemporaneidade. Essas práticas de modificação corporal, embora tenham sido historicamente relacionadas a culturas exóticas e, mais recentemente, a grupos marginalizados, têm adquirido um novo status social. Além da questão estética, é necessário problematizar essas práticas e o que elas desvelam da adolescência moderna. O objetivo deste artigo é, então, discutir tais transformações corporais na adolescência a partir da psicanálise de Freud e Lacan. Considera-se que essas transformações corporais podem funcionar como estratégia pra lidar com as mudanças corporais decorrentes da puberdade e constituir um corpo que possa circular socialmente, ao mesmo tempo que diferencia o eu e do outro.

Palavras-chave: transformações corporais; adolescência; psicanálise.


RESUMEN

Los tatuajes, piercings y alargadores se volvieron comunes entre los adolescentes en la contemporaneidad. Aunque estas prácticas de modificación corporal han sido históricamente relacionadas a culturas exóticas y, más recientemente, a grupos marginales, estas transformaciones corporales han adquirido un nuevo status social. Además de la cuestión estética, es necesario problematizar esas prácticas y lo que ellas desvelan en la adolescencia moderna. El objetivo de este artículo es discutir estas transformaciones corporales en la adolescencia a partir del psicoanálisis de Freud y de Lacan. Se considera que estas transformaciones pueden funcionar como una estrategia para lidiar con los cambios corporales de la pubertad y constituir un cuerpo que pueda circular socialmente, al mismo tiempo que diferencia yo y otro.

Palabras clave: tatuaje; adolescencia; psicoanálisis.


ABSTRACT

Tattoos, piercings and tapers have become common among teenagers in contemporary times. Although these forms of body modification have been historically related to exotic cultures and, more recently, to marginalized groups, these body transformations have acquired a new social status. Beyond the aesthetic matter, it is necessary to problematize these practices and what they reveal of modern adolescence. The aim of this article is to discuss body transformations in adolescence from the perspective of the psychoanalysis of Freud and Lacan. It is considered that such transformations can act as a strategy to deal with the changes in the body resulting from puberty and to constitute a body that can circulate socially, whilst it differentiates the self from the other.

Keywords: body transformations, adolescence, psychoanalysis.


 

 

Em todas as épocas e regiões do mundo, o homem utiliza o corpo como linguagem, escrevendo na pele as memórias de sua vida. Ao longo da história, intervenções corporais como tatuagens, piercings e alargadores foram considerados arte proibida, componente de rituais sagrados e decoração corporal pagã. Sobretudo no Ocidente, essas intervenções estavam fortemente associadas à marginalidade econômica e social (Leitão, 2004).

Atualmente, é comum nos depararmos com corpos tatuados e perfurados nos mais diferentes ambientes, o que demonstra que essas intervenções vêm ganhando adeptos de todas as idades a todo o momento. Segundo pesquisa realizada pela revista Superinteressante (1º CENSO, 2014), a maioria das pessoas que têm tatuagens no Brasil são jovens com ensino superior e renda financeira considerada alta. Em concordância com esses dados, Pérez (2006) aponta que essas marcas deixaram de se relacionar apenas com a exclusão econômica e social, adquirindo novos sentidos e contextos sociais.

O corpo na contemporaneidade tem sido convocado à adaptação às normas e padrões culturais, como demonstrado pela indústria dos cosméticos e cirurgias plásticas (Leitão, 2004). Piercings e tatuagens não são mais exclusivos da marginalidade desde as décadas de 1950 e 1960, quando começam a ser utilizados pelos movimentos hippie e punk. Ainda nessa época, carregavam significados políticos, éticos e estéticos contrários à norma social vigente. No entanto, nos dias de hoje é possível perceber que essas intervenções corporais também se constituem enquanto formas de modificação da aparência socialmente aceitas que se distanciaram de seu caráter transgressivo.

Esse distanciamento é tangenciado pela construção de um novo cenário cultural. Fonseca (2003) sugere que esse ambiente que aceita e avaliza socialmente a tatuagem é fruto de um mercado publicitário que a divulga nos meios de comunicação de massa como um ornamento estético.

Essas marcas ocupam os corpos como enfeites da moda, novas formas de criar beleza e talismãs modernos, mas também emitem sinais de rebeldia, apego ao passado e, até mesmo, prova de resistência à dor (Araujo, 2005). Fisher (2002), ao discutir a prática da tatuagem, identifica quatro funções primárias: 1) ritualística: remete a práticas tribais de marcar o corpo para assinalar uma mudança de status – como a passagem da infância para a vida adulta –, assim funcionariam primeiramente como marca de um evento importante para o sujeito, como a conquista de um troféu esportivo, a cura de uma doença ou a entrada em uma universidade; 2) identificatória: estabelece no corpo símbolos de pertencimento a uma tribo, a um grupo ou ainda a um(a) parceiro(a) amoroso; 3) protetora: uma vez que as tatuagens podem funcionar como um símbolo ou amuleto protetor; e, finalmente, 4) meramente decorativa.

Independente da função psicossocial das tatuagens, elas revelam um traço essencial do ser humano: a necessidade de processar suas vivências e experiências e lhes dar alguma forma de expressão. O corpo se transforma em um manifesto da história de vida do sujeito e de seu estilo de vida e a pele, num pergaminho onde ele escreve sua história. Para Alvarez, Castro e Lasky (2016), a pele é considerada uma tela em que se projeta o material psíquico constituinte do inconsciente. Nesse sentido, a tatuagem, marcada no corpo enquanto espaço de inscrição simbólica, ocupa a função integradora e identitária, mas também possui caráter de comunicação entre o mundo interno e externo (Vannucchi et al., 2016).

Costa (2002) atenta para os perigos de a tatuagem ser compreendida apenas como uma questão estética, afinal é mais que isso, pois trata-se de "suportes corporais". Essas manifestações apresentam-se como formas de linguagem que apontam para a subjetividade, estando implicadas com as questões identitárias e constituindo-se expressão do sujeito (Moreira, Teixeira & Nicolau, 2010).

A comunicação através do corpo atravessa a história e, apesar das mudanças decorrentes do tempo e das diferenças geográficas e culturais, as transformações corporais continuam a desempenhar funções de identidade, memória, poder e beleza na maioria dos povos. A disseminação das práticas de intervenção corporal entre jovens vem chamando a atenção nas últimas décadas e sendo objeto de investigações e pesquisas em vários campos, dentre eles a psicanálise.

O objetivo deste artigo, então, é articular as transformações corporais no período da adolescência, a partir da psicanálise de Freud e Lacan. Para isso, retomamos algumas considerações da psicanálise acerca da adolescência, em especial no que se refere ao corpo, para, então, pensar as peculiaridades das intervenções corporais nos adolescentes.

 

O corpo como pergaminho: está tudo escrito na pele

Para Freud, as metáforas escriturais têm grande importância na descrição do funcionamento psíquico. Por meio dessas metáforas, o autor discute a relação entre linguagem e funcionamento mental, embora não tenha formalizado tais questões.

Antes mesmo de nascer, a criança é submetida à linguagem pelo intermédio do outro, lugar geralmente ocupado pelo agente materno. É esse contato que permite a configuração do aparelho psíquico; ou seja, a formação do inconsciente, o desenvolvimento do eu e a concomitante constituição subjetiva.

O bebê, ao vir ao mundo, não passa de um pedaço de carne, com necessidades biológicas que visam sua sobrevivência. Entretanto, ao nascer e dar sua primeira mamada o ele recebe mais que leite, nutriente essencial à sua sobrevivência. Junto ao alimento, o bebê tem sua primeira experiência de prazer, ao sugar o seio da mãe e ser também por ela sugado. O que era estritamente da ordem da necessidade, do instinto, agora dá lugar à pulsão, que Freud definirá como conceito limítrofe entre o psíquico e o somático (Freud, 1905/2016). A pulsão é um estímulo para o psíquico, uma força constante, uma invenção que só pode ser pensada quando colocada no campo representacional.

A pulsão inscreve-se em três tempos: um ativo, quando o bebê chupa o seio materno; um passivo, uma vez que ao mesmo tempo que chupa, o bebê é chupado; e um terceiro tempo, chamado médio, no qual o bebê se faz chupar, colocando-se como objeto e oferecendo-se ao desejo da mãe. Assim, organiza-se o circuito pulsional que, com a incidência da linguagem, configura as zonas erógenas. Essas zonas funcionam como uma ancoragem e localizam-se nos pontos de abertura do organismo, ou seja, em seus orifícios, lugares que permitem uma comunicação entre o corpo-organismo e o mundo exterior, entre o dentro e o fora.

Os primeiros meses de vida do neonato são marcados pelo autoerotismo, caracterizado por pulsões parciais e pela vivência de um corpo fragmentado pela ação destas, que se originam e são satisfeitas dentro de uma mesma zona erógena. Não há ainda um eu, que será criado a partir da incidência de uma nova ação psíquica que fará com que o narcisismo se constitua (Freud, 1914/2010). Essa nova ação é chamada por Lacan de estádio do espelho (1949/1998) e consiste no movimento da criança frente ao espelho e seu júbilo ao ver sua imagem refletida. Essa operação é mediatizada pelo simbólico e discursivizada pelo outro, estabelecendo a matriz simbólica em que o eu se precipita.

A vivência do corpo fragmentado dá lugar à formação de uma imagem unificada de corpo, possibilitando a precipitação de uma nova instância psíquica: o eu (Freud, 1914/2010). Este é, para Freud (1923/2011), "antes de tudo, corporal, a projeção mental de uma superfície" (p. 32). É como se a pele viesse envelopar carne e conteúdos psíquicos promovendo a constituição de uma imagem unificada de si e possibilitando que a criança venha a enunciar na primeira pessoa do singular, estabelecendo a distinção eu/outro.

A imagem de si como um corpo é constituída e recortada pela linguagem, por significantes que incidem sobre o bebê antes mesmo de seu nascimento. É a linguagem que lhe permite articular as experiências corporais de gozo com a imagem (Brousse, 2014). As zonas erógenas possibilitam o laço entre a imagem do corpo e o corpo fragmentado do autoerotismo; ou seja, o laço entre imagem e organismo tem a ver, essencialmente, com as experiências de gozo.

O corpo, para a psicanálise, não coincide com o organismo, com o ser biológico, objeto da medicina e da biologia. O bebê não nasce com um corpo, mas o constrói por meio de operações psíquicas, desencadeadas a partir de sua relação com o desejo do outro, que lhe permitem transitar de um estado de corpo fragmentado para uma imagem unificada de si. A constituição do eu e da ideia de si como um corpo estão, então, inexoravelmente condicionas à imagem do corpo próprio que se dá a partir do encontro do bebê com sua imagem especular, mediatizada pelo outro.

Nesse sentido, o corpo é simultaneamente origem e sede dos conflitos pulsionais que o sujeito experimenta psiquicamente como sensações e só é sexualizado porque se oferece ao olhar do outro. Assim, podemos entender o narcisismo como a constituição de uma imagem própria capaz de ser investida de libido. Secundário, o corpo é efeito da carne (real) e da imagem que se articula no simbólico. Essa carne encorpada é articulada entre simbólico e imaginário e toma a forma de uma narrativa, de um discurso, e por isso é inacessível ao sujeito em sua totalidade. Só é possível ao sujeito reconhecer seu corpo quando o reconhece pelo olhar do outro. Esse olhar, entretanto, não espelha somente a imagem do sujeito como um corpo, mas também o que esse outro espera, deseja ou exige dessa imagem.

Isso instaura um descompasso, um sentimento de discordância em relação ao corpo próprio. Originado da amarração imagética e simbólica, perpassado e constituído pelo olhar do outro, esse corpo jamais é totalmente conhecido. Além das mudanças que se dão em decorrência do real da carne, o sujeito se vê também diante da incidência de novas imagens e significantes que o capturam. A pulsão faz borda no corpo e recorta os orifícios a partir dos quais constituímos nossa erogeneidade. Por ser contínua, a pulsão implica que seja constantemente necessário refazer esses orifícios corporais e (re)demarcar suas bordas.

Assim, estabelecido a partir das relações primárias, o corpo será constantemente feito e refeito, uma vez que imagens e significantes não cessam de incidir sobre ele, como fica claro na passagem adolescente. A pele é encarnação da libido, ela envelopa tanto os conteúdos corporais quanto os mentais (Anzieu, 1989). Por meio dela, é possível dar corpo a algo inapreensível, como o traço unário que funda a desnaturação do sujeito, e às imagens, que o constituem como eu. A pele constitui-se, então, como um pergaminho e nela se inscreve e se escreve a história do sujeito.

 

A encruzilhada adolescente

é sempre mais difícil ancorar um navio no espaço
Ana Cristina César, "Recuperação da Adolescência"

A adolescência não é um processo natural, invariável, a-histórico e acultural. Trata-se de um produto da modernidade e do Romantismo, um conceito inventado pela cultura ocidental ao final do século XIX para designar o período da vida do indivíduo situado entre a infância e a idade adulta. O surgimento e a consolidação desse conceito coincide com o momento em que as esferas pública e privada encontram-se bem delimitadas, cabendo ao adolescente questionar a passagem entre ambas (Coutinho, 2009). É também um momento marcado por um contexto sociocultural individualista, no qual é dada a cada um a responsabilidade de administrar seu próprio destino, inserindo-se no laço social da maneira que lhe for preferível. Trata-se muito mais de um momento lógico do que cronológico, ou seja, não podemos circunscrever a adolescência a um determinado período, que termina ao se atingir uma idade pré-determinada ou um ponto pré-estabelecido de maturação orgânica. Por ser uma operação psíquica que se fez necessária na contemporaneidade, a adolescência pode se estender por vários anos, até que o sujeito possa aceder a uma posição adulta.

A visão da adolescência como fase crítica, que envolve complexas operações psíquicas que, não raro, acabam acarretando sofrimento, é algo típico das culturas ocidentais modernas e contemporâneas. Em outras culturas, não há adolescência e sim um momento de transição da infância para a fase adulta, muitas vezes marcado por cerimônias e rituais que têm por finalidade oficializar o acesso à maturidade e à sociedade. Esses ritos, muitas vezes, são marcados no corpo, como ocorre entre os Carajás, que tatuam o rosto com dois círculos em um doloroso processo artesanal para marcar a passagem da infância para a adolescência. Sem os rituais de iniciação, a passagem à vida adulta se faz gradualmente. O abandono das tradições que promoviam a travessia para o mundo adulto, mapeando os significantes e viabilizando a ocupação de um lugar no simbólico, deixa aos jovens a responsabilidade da tarefa que era anteriormente desempenhada pelos rituais, infligindo nos adolescentes um trabalho psíquico. E, retomando o poema de Ana Cristina César, é, realmente, sempre mais difícil ancorar um navio no espaço, ou seja, é muito mais difícil fazer a passagem adolescente sem rituais e cerimônias que a demarquem (como ainda acontece nos bailes de debutantes, bar-mitzvás e outras celebrações).

As elaborações freudianas centraram-se na infância como momento primordial na constituição do sujeito, fazendo apenas algumas referências à puberdade, definida, na maioria das vezes, em função da maturação das zonas erógenas genitais e em suas implicações psíquicas. Freud optou, em seus trabalhos, pelo uso do termo puberdade, uma vez que na Alemanha da época a palavra "adolescente" tinha um caráter pejorativo e negativo. Em um dos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905/2016), Freud, no texto intitulado "As transformações da puberdade", trata da puberdade como a passagem da sexualidade infantil para a adulta, através do complexo de Édipo. Trata-se de um período de reedição de questões relativas à sexualidade infantil, sobretudo naquilo que diz respeito aos primeiros objetos amorosos, entretanto, o autor não chega a discutir os mecanismos envolvidos nesse processo.

Na adolescência, o sujeito é invadido por um excesso pulsional para o qual desconhece o meio de satisfação, ainda que parcialmente, ao mesmo tempo que é convocado pela sociedade a ocupar um novo lugar na divisão dos papéis e funções sociais. É também um período de reedição do estádio do espelho, descrito por Lacan (1949/1998) como um momento psíquico e ontológico da evolução humana, situado entre os seis e os 18 meses de vida, durante o qual a criança antecipa o domínio de sua unidade corporal por meio de uma identificação com a imagem do semelhante e da percepção de sua própria imagem refletida no espelho, discursivizada pela figura materna. Essa operação imaginária é mediatizada pelo simbólico e, através do toque, do manuseio e da fala, o adulto vai "desenhando", escrevendo com significantes o corpo imagético e articulável que o pequeno infante vai assumindo via identificação. A criança então se vê, se identifica e se localiza no outro, via imagem e, com isso, configura-se em seu psiquismo um eu e um outro. É a fundação do eu pela imagem especular e, também, condição para a emergência do sujeito a partir do que diz o outro, tomado como lugar de referência do eu.

O outro se oferece como signo da imagem com a qual o eu se identifica imaginariamente e lhe fornece o significante – o traço – ao qual o sujeito se identificará de modo simbólico. Para Lacan (2003), o traço é a primeira marca do surgimento do sujeito a partir do significante. A noção de traço único, apresentada por Freud em sua teoria das identificações para descrever a identificação parcial a um traço do objeto (Freud, 1921/2011), é transformada por Lacan em traço unário, fundamento da diferença, demarcando o conceito de identificação pela via simbólica. Através do traço unário, uma identidade perde seu caráter imaginário e passa a admitir a diferença, tal como ocorre com o nome próprio, que se situa como marca distintiva e que não se traduz. Se o objeto é reduzido a um traço, explica Lacan (1992), isso se deve à intervenção do significante. O traço unário, portanto, não é apenas aquilo que subsiste do objeto, mas, também, aquilo que o apagou.

A passagem da adolescência implica as seguintes instâncias, como assinala Backes (2004): 1) real, que surge como acontecimento e que se faz notar nas modificações corporais decorrentes da puberdade e que não encontram um controle possível; 2) imaginária, sustentada pela imagem que o outro, especular, inicialmente mantém; 3) a necessidade de uma inserção na via discursiva, uma transmissão via significante – palavra, linguagem –, ou seja, a necessidade de uma ordem simbólica. Há um saber em questão que reconfigura o corpo do adolescente, possibilitando-lhe uma afirmação subjetiva através de mediações simbólicas e da reiteração da metáfora paterna.

A ideia da adolescência como período de reatualização do estádio do espelho foi desenvolvida por Rassial (1999) a partir das ideias de Lacan. Esse tempo é marcado pelo luto do corpo infantil e pela constituição psíquica do corpo adulto, pela passagem do eu especular para o eu social. Nesse período, o jovem tem que lidar com a morte simbólica do outro primordial que lhe forneceu a imagem e os traços de seu corpo infantil (em geral, representado pelas figuras parentais) e passa a interrogá-lo. A projeção mental do eu como uma superfície vacila ao passo que o sujeito vê suas referências deslocarem-se da esfera privada para a ordem pública, do campo familiar para o social. É um tempo de passagem de um corpo pulsional, que adquiriu sua representação na infância, para um, também pulsional, que, na adolescência, precisa incluir o exercício de uma posição sexuada.

Rassial (1999) toma a adolescência como uma afecção imaginária do eu sob o golpe do real da puberdade, um momento lógico de efetuação de uma operação simbólica: o "desfazimento" do corpo infantil e a assunção do adulto. Essa passagem marca o momento da reapropriação egóica do corpo que passou a ser ameaçador e que explode e transborda de modo incontrolável: esse é o real da puberdade, a ideia de si como um corpo, ou seja, o eu sofre um abalo em função das transformações orgânicas que a puberdade lhe impõe. Faz-se necessária, então, a resconstrução e resignificação de um corpo que, de fato, nunca deixou de pertencer ao adolescente. É como se o corpo infantil houvesse sido despedaçado e precisasse ser novamente contido, reescrito por significantes. Trata-se, assim, do luto pelo corpo da infância e assunção de um outro, adulto e sexuado.

O adolescente, geralmente, vê-se em dificuldade diante da assunção dessa nova imagem corporal. Tornar-se grande, adulto, implica abandonar o corpo infantil, o primeiro constituído diante do espelho, e reconstruir a imagem daquele que a puberdade não só modificou, mas trocou de valor e de estatuto. Há também uma mudança de referências: o olhar e a voz maternos que davam sustentação e contorno ao corpo infantil serão agora substituídos pela voz e olhar do semelhante e novas identificações deverão se processar. A adolescência, como operação psíquica, acarreta um abalo das âncoras narcísicas, um desligamento dos pais e um encontro com o real do sexo que faz furos e convoca o sujeito a se posicionar diante da sociedade e da cultura.

O jovem sujeito sente-se ameaçado em sua identidade. O outro especular que fornecia a identidade imaginária e era encarnado pelas figuras parentais é interrogado e passa a caber ao adolescente validar ou invalidar aquilo que o espelho lhe oferece. Essa nova identidade, sugere Backes (2004), será construída a partir da invenção de um lugar na passagem do familiar para o social, da afirmação de si, do falar em nome próprio e de uma nova simbolização dos traços que o espelho ofereceu.

O jovem, ao adentrar a adolescência, já tem um caminho percorrido, marcado pelas identificações estabelecidas e se vê confrontado com um real que o obriga a reposicionar-se para dar conta dos novos elementos que surgem a sua frente. Se na infância as identificações simbólica e imaginária são primordialmente ligadas às figuras parentais, na adolescência outras importantes identificações ocorrerão, agora com os semelhantes, os grupos e os parceiros amorosos.

Embora a adolescência como período evolutivo seja uma ideia relativamente recente, é impossível não observar que ela é o ideal dos nossos tempos. Kehl (2000) chama atenção para a dificuldade dos pais em ocupar o lugar de transmissão das referências, tradições e experiências de vida, transmitindo os elos da cadeia do discurso. O conflito adolescente é justamente com as referências parentais, do mundo e de sua geração. É preciso que o jovem combata os que o antecederam, teste seus limites e estabeleça novidades, isso tudo enquanto tenta dar conta das mudanças infligidas pelo real do corpo. Entretanto, com a relutância ou dificuldade dos adultos em ocupar seu lugar, os adolescentes não mais encontram oponentes a quem contestar, tampouco amparo que os ajude a contornar as pulsões que transbordam.

Como, então, pensar as transformações corporais na adolescência?

 

Corpo-ficção: (re)construindo a imagem de si

O corpo existe porque foi feito
Por isso tem um buraco no meio

Arnaldo Antunes, "Momento VIII"

O corpo, para a psicanálise, é carne e ossos moldados em uma imagem, desenhada e recortada pela linguagem. Essa imagem é feita de significantes e sentido, mas também de um resto, um buraco na prótese imaginária que é o corpo e que aponta para a impossibilidade de uma representação total. Há sempre um desencontro entre a projeção imaginária que chamamos de corpo e aquilo que é carne, organismo. Nos versos de Arnaldo Antunes, "O corpo existe porque foi feito / Por isso tem um buraco no meio". Quando perdemos uma representação que ampara nosso corpo – como ocorre na passagem da adolescência – precisamos reconstruir os orifícios que o organizam em uma erogeneidade, refazer suas bordas. É a partir da silhueta recortada da realidade do mundo que nos diferenciamos dos outros objetos que o habitam, estabelecendo um interior e um exterior e possibilitando a circulação de um corpo social.

Em uma entrevista ao canal HBO, a atriz, roteirista e diretora Lena Dunhan contou que, na adolescência, começou a engordar e seu corpo alcançou formas que ela não reconhecia. Lena, que hoje ostenta várias tatuagens – muitas delas com ilustrações de livros infantis – explicou que começou a tatuar-se para tentar retomar o controle do próprio corpo, que sentia ter perdido na puberdade, na tentativa de apropriar-se de sua carne e de inscrever, no simbólico, as mudanças pelas quais estava passando, como o real irrompendo na carne, um acontecimento que não encontra um controle possível, como explica Backes (2004). Em outra entrevista, mais recente, Lena, após uma batalha contra uma doença crônica e uma grave endometriose, atribui às tatuagens um senso de agenciamento do próprio corpo e diz que elas lhes dão uma sensação de controle e propriedade em relação a um corpo que está, frequentemente, fora de seu controle, tal qual se deu em sua passagem pela adolescência. Remetendo-nos ao que assinala Rassial (1999), é como se Lena, ao ver-se afetada pelo real da puberdade, tivesse encontrado nas tatuagens uma forma de reapropriar-se de um corpo que estava fugindo de seu controle, no qual ela não mais se reconhecia como "eu".

A necessidade de tomar posse do próprio corpo e de seus desejos ganha destaque na adolescência, uma vez que é pelo corpo que encontramos o outro, que negociamos nossa semelhança e nossa diferença em novos grupos e espaços sociais (Lemma, 2010). Agora, separando-se do olhar familiar, o adolescente busca novas identificações nas quais se ancorar. Quando surgem na adolescência, as marcas corporais, como as tatuagens, parecem designar um suporte para a circulação do corpo social e têm a ver com a (re)constituição do corpo pulsional, fazendo com que ele seja libidinizado, mas também, fundamentalmente, representado. A libidinização e a representação imagética do corpo são o que permite que circulemos socialmente. Ana Costa (2004) aponta, então, para uma dupla função da tatuagem – que pode ser pensada também em relação a outras modificações corporais: coletivizar e singularizar os sujeitos ao passo que marca e recorta o corpo assim como fazer bordas corporais. São essas bordas que possibilitam nossa relação com o ambiente, com o outro e com a realidade. Entretanto, elas não são constituídas de uma vez para sempre, precisam ser constantemente recortadas e é desse modo que vamos reconstruindo nossos suportes corporais.

Freud (1923/2011) afirma que a primeira representação de um dano narcísico na criança se dá por uma perda corporal, o que nos leva a concluir que as perdas marcam o corpo. Entretanto, apesar dessas perdas – ou por causa delas – é possível construir a imagem de um corpo adulto enaltecido. Em um relato ao programa LA Ink1, Sydney, uma jovem de 18 anos, conta ser portadora de uma grave doença chamada hipersonia idiopática, que a faz sentir-se constantemente cansada e sonolenta sem que se saiba o porquê. No longo processo diagnóstico, Sydney teve a pele perfurada e espetada por incontáveis agulhas para fazer uma série de exames diferentes, além de ter passado um bom tempo sem ir à escola e sem poder encontrar seus amigos. A jovem procura um estúdio de tatuagem para fazer um desenho de uma Bela Adormecida envolta em rosas e espinhos (Macedo, 2014).

A doença parece ter imposto a Sydney uma perda que necessita ser inscrita no corpo para que a jovem consiga (re)construir uma imagem unificada de si. Mais que uma função ornamental e, portanto, identificatória – uma vez que Bela Adormecida, a personagem tatuada, passa vários anos em sono profundo, remetendo à doença de Sydney –, a tatuagem parece aqui carregar algo que também remete ao gozo, já que a jovem escolhe incluir espinhos em seu desenho para representar todas as picadas que levou durante os inúmeros exames e, para isso, tem sua pele novamente furada (ou picada) pela máquina de tatuar, apontando, aqui, para a compulsão à repetição e nos remetendo, portanto, à pulsão.

Vemos, no relato de Sydney, a marca corporal como forma de produzir zonas e recortes em um corpo que parecia despedaçado em função da doença que a acometeu na passagem da adolescência e que a confinou em casa por um longo período. Os recortes possibilitados pela tatuagem representam, simultaneamente, limites e traçados, constituindo orifícios que funcionam como bordas e que compõem a erotização resultante do funcionamento das pulsões.

Na adolescência, como já apontado, as marcas corporais aparentam designar um suporte para a circulação social do corpo, reconstituindo o circuito pulsional e fazendo com que o corpo seja libidinizado e, essencialmente, representado para o outro, na captura do seu olhar. Esse processo permite dois movimentos, como aponta Costa (2008): o de pertença a um grupo e o de expressão de um erotismo.

O jovem Arthur relata, também no programa LA Ink, ter procurado o estúdio para tatuar uma águia americana no meio do peito. Arthur, que já tem várias outras tatuagens, conta que escolheu a águia pois ela está "no topo da cadeia alimentar" e representa o povo americano. O jovem é filho de uma imigrante coreana e, apesar de ter nascido nos Estados Unidos, cresceu em um ambiente coreano, porém marcado pela influência americana. Arthur também conta que, ao mesmo tempo que a águia é um símbolo americano, ela representa também, para ele, todos os homens de sua família que serviram o exército, incluindo seu pai, falecido há dois anos em decorrência de um infarto (Macedo, 2014).

Para Arthur, o desenho da águia marcado em seu peito porta a promessa de pertença tanto à cultura americana, quanto à tradição dos homens de sua família que serviram o exército. O jovem não só revisita sua história, ao escolher a imagem da ave, mas também acredita que ela possa dizer do que ele próprio seja capaz, de sua bravura e coragem, como as do pai e do avô. A tatuagem, aqui, parece carregar em si um valor totêmico que faz com que o corpo – e sua representação – seja ao mesmo tempo coletivizável e singular, além de sulcar na pele a memória dos homens da família. A tatuagem de águia é, para Arthur, recurso de memória e signo de pertença, algo que, aos moldes de um traço unário, parece marcá-lo, buscando semelhança ao pai e ao avô e inscrição na cultura americana, mas que também o diferencia, tornando singular sua apropriação do próprio corpo.

Retomando as funções descritas por Araujo (2005) e Fisher (2002), em Arthur encontramos a tatuagem funcionando como um talismã que remete a seu passado e tem caráter decorativo, mas também identificatório, que ao mesmo tempo que singulariza Arthur, insere-o no grupo dos homens de sua família, ainda que não tenha servido o exército como o pai e o avô.

O que pode explicar, então, o aumento e a difusão consideráveis das práticas de transformação corporal entre os jovens ocidentais?

Como dito anteriormente, as transformações corporais, como piercings e tatuagens, estiveram presentes desde os primórdios da civilização, excluindo sua referência a uma espécie de causalidade contextual ou modo sazonal. Entretanto, por um longo período, essas práticas provocaram mal-estar na sociedade ocidental, restringindo-se a guetos e grupos marginais, como marinheiros e prostitutas. Seu uso havia sido proibido com a vigência do monoteísmo, que associava essas práticas a rituais e cerimônias pagãs. Na Idade Média, as marcas corporais eram sinônimo de infâmia e marginalidade, constituindo-se em fonte de desonra.

Jamais completamente abandonadas, essas práticas de intervenção corporal retornaram à cultural ocidental, primeiramente encarnando o fascínio pelo estrangeiro, trazido ao ocidente nos tempos das grandes navegações, sendo depois adotada pelos marinheiros, responsáveis pelo seu retorno. Com a queda do monoteísmo e o declínio da moral cristã, a utilização de piercings, tatuagens e alargadores se disseminou na cultura ocidental aos modos de um retorno do recalcado, tomando sua força do tempo de proibição pela religião.

Essas marcas, em especial a tatuagem, reaparecem, então, como uma tentativa de representar o irrepresentável, de bordejar o organismo e constituir um corpo capaz de circular socialmente, mas também como tentativa de tamponar o buraco – a falta – que nos é constitutiva, como escreve Arnaldo Antunes. É preciso pensar também nos modos como a tatuagem – assim como as demais formas de transformação corporal – se inserem no laço social, em especial na sociedade de consumo. Enquanto na segunda metade do século XX, o uso de tatuagens, piercings e alargadores pelos adolescentes era signo de rebeldia e de identificação com a contracultura e com as tribos de hippies, punks e motoqueiros, no século XXI, é inegável seu caráter de produto, comumente associado à moda e a grifes, encarnados nas mãos de um ou outro tatuador famoso. Seu uso alastrou-se por todas as camadas da sociedade, estabelecendo um lucrativo mercado em seu entorno e elevando seu status ao de (mais) um objeto de consumo desejado por jovens e adultos, dos grandes centros e das periferias.

A insistência na produção de marcas definitivas no corpo ao longo da história e sua recente popularização, apontam Ferreira e Dupim (2016), nos indicam que essas práticas precisam ser pensadas para além de um mero adorno ou fenômeno sociocultural, mas como uma necessidade e invenção inerentemente humana. Se tatuagens, piercings e alargadores possibilitam que o adolescente se inclua na circulação simbólica, cabe ressaltar que isso não vale para todos, tampouco essas transformações corporais conseguem substituir completamente a necessidade de representações simbólicas, embora possam constituir um território que venha a ser um lugar representacional – como nos casos, meramente ilustrativos, de Lenna, Sydney e Arthur –, possibilitando a passagem do corpo a um lugar de enunciação como "eu". As marcas corporais na adolescência podem ser suporte de uma singularidade, de uma separação necessária das figuras parentais. Podem, também, ser uma tentativa de tornar o corpo coletivo, fazendo-o circular socialmente, muitas vezes através de marcas que assinalam o pertencimento a um grupo ou uma tribo.

Essas marcas parecem ser, então, um suporte corporal que tenta dar conta da falha no espelho, característica da passagem do corpo infantil ao corpo adulto. Se rituais e cerimônias antes demarcavam a passagem da puberdade, assinalando o lugar social a ser ocupado pelo jovem adulto, o abandono das tradições e o enfraquecimento do grande outro, amplamente discutido por autores como Lebrun (2008) e Melman (2008), marcado na falência de instituições como a Igreja, a Escola e o Estado, coloca nas mãos do jovem a responsabilidade de se haver com o enigma que é a passagem para a vida adulta. Esse tempo de espera, de adiamento, que é a adolescência, nada mais é que o período psíquico que permite integrar as transformações orgânicas, induzidas pela puberdade, às novas exigências sociais. É um tempo de construir um corpo adulto, operação para a qual as práticas de transformação corporal parecem apontar.

Nesse sentido, as modificações parecem possibilitar um rearranjo entre o real do corpo em transformação na passagem da adolescência e a imagem narcísica que não mais corresponde àquela do eu infantil e que precisa adequar-se para que esse novo corpo possa circular socialmente. Assim, o conflito entre o tempo infantil e o tempo adulto que se expressa no corpo, encontra na prática da tatuagem um recurso para a elaboração do excesso psíquico decorrente desse processo. Entretanto, como destacam Macedo, Gobbi e Waschburger (2009), as marcas corporais, mais que uma experiência de ressignificação, não raro expressam um fracasso desse processo. Na adolescência, para as autoras, encontra-se um "sujeito que se vê diante da exigência de processar psiquicamente um excesso que ora o invade desde fora e ora o ataca desde dentro" (p. 97).

As transformações corporais contam uma história cuja trama muitas vezes encontra-se, não em sua superfície, mas sob a pele. Mais que um meio para expressar faltas e excessos, comuns na adolescência, essas transformações ajudam a dar contorno a um corpo assolado pelo real da puberdade e permitem que o sujeito encontre novas ancoragens identificatórias, separando-se das figuras parentais. Apontam, mais, para a singularidade presente nas escritas corporais, constituindo-se como um modo de subjetivação.

Cabe a nós, portanto, olhar para essas práticas para além de seu caráter ornamental e escutar aquilo que elas podem nos dizer sobre a constituição subjetiva dos adolescentes na contemporaneidade.

 

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Recebido em abril/2018 – Aceito em março/2019.

 

 

1 Exibido no Brasil pelo canal TLC.

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